Avalanche Tricolor: o dia em que Marlon, em nome do Grêmio, disse “basta!”

Bragantino 1×0 Grêmio

Brasileiro – Bragança Paulista/SP

Reprodução da imagem do canal Premiere

É precisa e definitiva a entrevista do lateral e capitão interino Marlon, ao fim da partida contra o Bragantino. Talvez uma das mais importantes que algum representante do Grêmio concedeu nos últimos tempos. Pois causa indignação assistir ao Grêmio ser mais uma vez prejudicado por erros de arbitragem – Kannemann foi expulso injustamente, ainda no primeiro tempo, e o pênalti marcado no último lance da partida não existiu.

Da fala de Marlon faço esta Avalanche:

O Grêmio FBPA está sendo categoricamente roubado desde que começou o campeonato. A gente vive numa liga em que você quer melhorar o calendário, mas não tem nem profissionalização dos árbitros. A gente vem de anos e anos de corrupção numa federação onde você não consegue legalizar as coisas. E isso tem muita influência direta no futebol.

Esse pênalti que foi marcado hoje aqui, o que aconteceu com o Grêmio, foi uma baixaria. Isso é sem tamanho, porque não tem critério nenhum. Eu estou com o braço colado. Se eu faço amplitude, a bola bate e volta para frente. A bola desvia no meu peito e vai para fora.

Esse mesmo árbitro marcou uma falta contra a gente, no jogo com o Mirassol, que originou um gol. E o cara do Mirassol está em impedimento, ele vai no VAR e confirma. Na expulsão do Kannemann, ele marca uma jogada que não existe e expulsa o Kannemann, porque já está bravo com ele pelo jogo passado.

Nós tivemos dois pênaltis marcados no clássico Gre-Nal, onde não existe pênalti. Já começa por aí. Foram três pênaltis no jogo. O último pênalti, a gente não pode falar nada porque realmente é. Agora, a gente foi prejudicado contra o São Paulo, contra o Santos, hoje novamente. Tu pode tirar por baixo uns 16, 17 pontos do Grêmio na competição



Não, eu não tenho receio de ser punido. Eu tenho que brigar pela minha instituição. O que está acontecendo com o Grêmio aqui, eu vou falar categoricamente: o Grêmio está sendo roubado, prejudicado. E não só o Grêmio, são outras equipes também. 

Depois o PC Oliveira, que foi um excelente árbitro, diz categoricamente que não é pênalti para o Grêmio, e ele vai dizer hoje que não é pênalti para o Grêmio, como já aconteceu várias vezes. O problema é que isso se repete, repete, repete

Repórter —Ele já disse que não foi pênalti. 

Ele já disse que não foi pênalti, mas isso não vai voltar atrás. Porque daí depois a pressão é dos jogadores que perderam os pontos, é no treinador que perdeu os pontos e a equipe é prejudicada. 

Eu digo, isso não acontece só com o Grêmio. Acontece com outras equipes também e já aconteceu de forma vergonhosa.

CBF profissionalizem os árbitros, melhore a qualidade do teu produto, porque não tem condição de jogar mais assim“.

Avalanche Tricolor: o acidente e a intenção

Santos 1×1 Grêmio
Brasileiro – Vila Belmiro, Santos/SP

Edenílson fez o gol do Grêmio. Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O que é, afinal, acidental?
No dicionário, acidente é aquilo que acontece por acaso, sem intenção. No futebol, porém, o acaso é muitas vezes interpretado pela ótica da conveniência.

O Grêmio saiu na frente com Edenilson e resistiu até os 44 minutos do segundo tempo a um bombardeio que parecia não ter fim. Gabriel Grando não contou com o acaso: foram mãos firmes, pés atentos, reflexos treinados para enfrentar as intempéries de um jogo assim. Quando não era ele, surgiam a trave, o travessão ou a linha de cal, todos cúmplices da resistência gremista. No fim, a bola entrou — acidental ou não, inevitável.

No primeiro tempo, porém, o “acidental” virou sentença contra nós. Alysson marcou um golaço daqueles que mudam o rumo de uma partida. O árbitro, no entanto, enxergou irregularidade no toque de mão de Edenilson segundos antes. Especialistas em arbitragem foram claros: a bola bateu de forma acidental, sem qualquer intenção de vantagem. A regra é simples — se não houve intenção, não há falta. Mas no futebol, o que está escrito nem sempre vale tanto quanto o que é interpretado.

O empate na Vila deixa a pergunta suspensa no ar: quantas vezes, dentro e fora de campo, transformamos o acidental em culpa, e a intenção em desculpa? Talvez o futebol sirva de metáfora para a vida. Há quem use a palavra “acidente” como fuga, há quem a use como condenação. O Grêmio, mais uma vez, conheceu o peso dessa escolha.

Avalanche Tricolor: o dia em que o Grêmio voltou a ser Imortal!

Inter 2×3 Grêmio
Brasileiro – Beira-Rio, Porto Alegre/RS

A foto é do mago das lentes: Richard Dücker @ducker_gremio

É difícil até saber por onde começar. Talvez pelas lágrimas que encheram meus olhos no apito final — daquelas que há muito tempo os resultados e o futebol jogado não me proporcionavam. Penso, porém, que seria egoísta começar por esse sentimento tão meu, após uma partida em que a força do coletivo se expressou de forma gigantesca.

Imagino que muitos artigos de jornais e mesas redondas de fim de domingo se dedicarão às decisões do árbitro que marcou três pênaltis contra o Grêmio. Três! Dois deles sequer percebidos em campo. Ainda expulsou Arthur ao reverter o cartão amarelo que ele mesmo havia considerado correto no momento da jogada. Vamos convir: ao fim, as marcações controversas só tornaram nossa conquista ainda maior. Não gastarei mais do que este parágrafo com esse descalabro.

Poderia começar pelo fim de uma sequência de oito Grenais sem vencer — a última vez havia sido em maio de 2023, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro, época em que Suárez era nosso craque (3×1). Na casa do adversário, a distância de uma vitória era ainda maior: março de 2022 (0x3). Mas, convenhamos, o que são estatísticas senão números de um tempo que já passou? O passado é referência, eu sei. Mas não é suficiente para explicar a alegria do presente.

Os personagens do clássico deste fim de tarde de pôr do sol exuberante talvez merecessem o destaque inicial desta Avalanche. Carlos Vinícius, que marcou um gol após um ano e meio, logo em seu primeiro Gre-Nal, empatando a partida depois de termos sofrido o primeiro pênalti. E, para tornar tudo mais dramático, saiu lesionado em seguida. Ou André Henrique, o centroavante com a cara da humildade, que apareceu entre os zagueiros e empatou de cabeça após o segundo gol de pênalti deles — eles só fizeram gol de pênalti, né?

Ou Alysson, que precisou de apenas 45 segundos em campo para disparar, driblar os marcadores e mandar a bola no “fundo do poço” (saudade de ti, pai!). Apenas o segundo dele no time principal. O da virada. O da vitória — mesmo com mais um pênalti para eles antes do apito final.

Ou Willian, que estreou no Gre-Nal, participou diretamente dos dois primeiros gols e pode se transformar em peça importante na arrancada final do campeonato.

Ou Thiago Volpi, que fez ao menos três defesas muito difíceis, especialmente no segundo tempo, e impediu o empate quando já estávamos com um a menos. Teve ainda a sorte de ver a bola explodir no poste no último pênalti cobrado pelo adversário. Sim, foram três pênaltis contra o Grêmio!

Caro e cada vez mais raro leitor: começar esta Avalanche pelas minhas lágrimas, pelas decisões do árbitro, pelo fim de uma invencibilidade ou pelo brilho individual de quem vestiu a camisa do Grêmio não seria justo o suficiente para o feito deste domingo.

Se há algo que precisa ser exaltado logo de início é a retomada de uma mística. Aquele fenômeno que nos acompanha ao longo da história. Que surge quando o possível já não basta. Quando tudo conspira contra nós. Porque nada é maior do que o Grêmio, que volta a ser Imortal.

Sim, o Grêmio Imortal é que deveria abrir esta Avalanche. Mas é melhor eu encerrar por aqui, antes que o árbitro marque mais um pênalti contra a gente.

Avalanche Tricolor: árbitro erra e sempre contra o nosso time

Bahia 1×0 Grêmio

Brasileiro, Fonte Nova, Salvador/BA

Imagem reproduzida da Sportv

O árbitro erra. E erra sempre contra nosso time. Se erra para os outros, com certeza erra mais contra nós. E quanto mais meu time perde, mais erros comete. O cara ou a cara que escolheu essa profissão sabe a que veio. É bode expiatório. É meu culpado preferido. É do jogo, mesmo que nada disso esteja previsto lá na regra 5 das leis do futebol.

Com o tempo, o árbitro deixou de errar sozinho. Se no início tinha dois auxiliares para cometer suas barbaridades, agora tem um quarto árbitro fora do campo com direito a dar pitacos pelo radinho e mais um monte de quase-árbitros sentados na salinha do VAR, sempre prontos para anular os gols do meu time ou flagrar irregularidades que jamais admitirei dos meus jogadores.

O árbitro escalado para a partida de sábado à noite, em Salvador, na Bahia, Bráulio da Silva Machado, foi mais um a cumprir com perfeição o papel de algoz. Soubemos que, ontem, ainda contou com ajuda extraordinária.  E o fez de maneira sórdida, perspicaz. Porque não errou o lance fatal, o pênalti que definiria o placar, naquela cena explícita que a imagem da televisão registra e escancara para todos os torcedores – disso também já fomos vítimas na partida de estreia do Campeonato Brasileiro. Foi no varejo. No lance menor. Ali no meio de campo. Na escapada do contra-ataque. Na inversão de valores. 

Ao longo da partida, deixou passar faltas claras, sinalizou outras inexistentes. Puniu com o rigor da lei os que se atreveram a identificar seus erros. “Não tá gostando? Amarelo”; “Achou ruim? Vermelho!”! Sim, o árbitro tem o monopólio do erro no campo do futebol. Só ele detém o poder de errar e não ser punido. E punir. De desequilibrar o resultado da partida e voltar para a casa com o dever cumprido (e blindado pelos escudos de aço da polícia).

O Grêmio marcou mal, atacou mal, escalou-se mal, especialmente no primeiro tempo, e quando ajustou seus males não teve tranquilidade para fazer o placar a seu favor. Estava nervoso porque, você caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche, sabe bem: juiz ruim gera insegurança, e se transforma em campo fértil para a tensão, que desestabiliza e cega os jogadores, o treinador e os torcedores. 

Árbitro ruim tem esse poder, também: nos torna incapazes de enxergarmos nossos erros pontuais e defeitos que se repetem desde o ano passado quando perdemos o Brasileiro, graças aos pontos desperdiçados nas partidas fora de casa. Até daria para ter sido campeão, mas naquele jogo contra o Corinthians, na casa do adversário, o árbitro entendeu que o jogador, dentro da área, com o braço aberto e para o alto, estava fazendo um movimento natural. 

Só nos resta protestar, sair de campo, abandonar o banco de reservas e pedir para que a CBF passe a escalar árbitros bons nas nossas partidas. Apesar de que árbitro que é se preza, bom ou ruim, erra. E erra sempre contra o nosso time. 

Avalanche Tricolor: criticar os críticos; pode isso, Sandro?!?

São Paulo 0x0 Grêmio

Brasileiro — Morumbi, São Paulo-SP

Pepê disputa jogada no ataque, em flagrante de LUCAS UEBEL/GRÊMIOFBPA

 

Dois colegas na mesa de debate começaram os trabalhos criticando as críticas gremistas ao árbitro e a utilização do VAR ouvidas ao fim da partida desse sábado à noite. A crítica contra os críticos veio ilustrada por um lance logo no início do jogo em que Pepê caiu dentro da área quando recebia a bola em direção ao gol. Os dois decidiram em comum acordo em favor do árbitro. “Lannnnce leeegaaaal — teriam gritado se fossem Mario Vianna, ex-árbitro e  primeiro comentarista de arbitragem que trabalhou na Globo e na Tupi, nos anos de 1960. 

(Para ser preciso —- antes que alguém peça para conferir no VAR, ops, no Google —-, o grito de Vianna era “goooool leeegaaaal”)

Sim, comentaristas de árbitro existem desde aquela época, apesar de terem ficado famosos mesmo com a chegada da função à televisão, em 1989, quando o árbitro Arnaldo César Coelho foi convidado por Armando Nogueira, diretor de jornalismo da TV Globo, a assumir a função. Foi da parceria de Arnaldo com Galvão Bueno que surgiu outro bordão marcante nas narrações esportivas: “pode isso, Arnaldo?”, momento em que o ex-árbitro esclarecia o que havia acontecido no lance.

Hoje é comum todos os programas esportivos contarem com a presença de ex-juízes de futebol comentando os lances mais polêmicos  — alguns difíceis inclusive de tomar uma decisão após ser visto por vários ângulos, o que sempre leva à inocência o árbitro de campo. Na Justiça se diria “in dubio pro reo”. No futebolês: se na tela da TV já foi difícil de decidir, imagine no calor da partida. Verdade que com a tecnologia à disposição, auxiliando nos momentos em que a regra permite, a vida do árbitro no gramado ficou mais fácil. Caiu na área, teve dúvida, o VAR confere e se suspeitar de irregularidade, chama o árbitro de campo para assistir na casinha; caiu na área, o árbitro marcou, o VAR discordou, chama para o cantinho e entram em acordo.

Na partida desta noite, a turma do VAR não estava muito afim de trabalhar —- foi a impressão que tive (ou foi a pressão que os cartolas do adversário tinham feito na semana, a ponto de a escalação da arbitragem sofrer mudanças pela CBF?). Nem tanto pelo lance de Pepê, que por ter ocorrido fora da área, apesar dele ter caído dentro, não existe motivo de revisão do VAR, mesmo que o árbitro tenha se enganado na marcação. Esse é o típico lance em que o erro é do árbitro e o VAR não pode salvar. Mas houve erro? Para os comentaristas de futebol, lembrados no primeiro parágrafo desta Avalanche, não. Tanto que usaram o lance para justificar as críticas que faziam aos críticos gremistas. Usaram o lance errado. Durante a partida, o comentarista de árbitro Sandro Meira Ricci havia sido taxativo: foi falta, fora da área e passível de cartão vermelho porque Pepê seguia em direção ao gol. 

O lance em que o VAR não trabalhou —- e que me deu a impressão de que a turma da cabine estava incomodada por já ser tarde da noite, em São Paulo, e a temperatura estar baixa, pensando que seria muito melhor estar em casa com a família e sem sofrer pressão da cartolagem — foi outro, bem distante daquele, no outro lado do campo e no segundo tempo. Refiro-me a falta que teria ocorrido sobre Geromel em uma bola alçada na área adversária. Nosso zagueiro que raramente recebe cartão amarelo, perdeu a pose, reclamou de nada ter sido sinalizado no momento da jogada e sequer ter havido revisão do VAR.

(Que fique claro, só tem revisão se aquela turma da cabine chama — aquela que eu desconfio não estava muito disposta a fazer sua tarefa no jogo por frio ou por medo. Ou seja, nem o juiz viu em campo nem o VAR, na cabine)

A jogada que foi esquecida pelos críticos dos críticos, e não foi vista nem pelo árbitro nem pelo VAR, segundo Sandro Meira Ricci também foi ilegal. Para ele, Geromel foi derrubado, deveria ter sido sinalizado pênalti e como não o foi, o VAR teria de ter alertado o árbitro. Nem uma coisa nem outra. O juiz Rafael Traci fez cara de bravo, mandou seguir o jogo e na primeira parada puniu a crítica de Geromel com o cartão amarelo.

Além do amarelo de Geromel — que mesmo com razão, exagerou na reclamação —-, Kannemann também foi amarelado em outro lance no qual o VAR não podia interferir e em que o juiz decidiu punir a vítima. Na cobrança de falta quase na linha da área, a barreira adversária claramente avançou, o juiz mandou voltar o lance, e a barreira continuou avançando, tanto que o árbitro insistia para que voltasse à posição correta. Desrespeitado, em lugar de amarelar o homem base da barreira —- como manda a regra —, destinou o cartão ao zagueiro gremista que reclamava para a regra ser cumprida.

Evidentemente que estou dedicando esta Avalanche a falar de comentaristas e de arbitragem porque o futebol ficou em dívida com o torcedor, mesmo que o Grêmio tenha sabido desarmar a principal arma do adversário, depois de sofrido muito nos primeiros 20 minutos de jogo para segurar o toque de bola rápido e envolvente do time da casa. Tivéssemos marcado em alguns dos lances de ataque e saído de campo com os três pontos, meu olhar agora estaria brilhando de alegria, o que se refletiria neste texto. Não foi o que aconteceu, então decidi compartilhar com você, caro e raro eleitor desta Avalanche, meu mau humor com os comentaristas —- que, aliás, admiro muito —- e com os árbitros —- destes, confesso, nunca fui muito fã. 

Sem bom futebol, me restou criticar a critica aos críticos. Pode isso, Sandro?

Avalanche Tricolor: cuidado com as palavras e apuro na bola jogada

 

Fluminense 1×1 Grêmio
Brasileiro – Volta Redonda/RJ

 

27332093930_35602f8842_o_l

Bobô na disputa pelo alto, em foto de Nelson Perez/Gremio.net

 

O caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche sabe bem o cuidado que tenho com as palavras. Tanto porque aprecio as benditas assim como tenho medo do poder das malditas, aquelas que proferimos na emoção de um lance, no momento de explosão do gol ou diante da injustiça imposta pela autoridade em campo.

 

Pensei bem antes de escrever esta Avalanche, mesmo assim por várias vezes me peguei digitando algumas linhas tortas e as apaguei em seguida.

 

Desde que deixei as quadras de basquete, e isso faz muitos anos, decidi controlar meus gestos e emoções. Naquela época, explodia de alegria, de raiva, de choro e de indignação. Fui guerreiro mas fui injusto e descontrolado muitas vezes. Os árbitros eram meus alvos principais. E seria o árbitro meu alvo nesta Avalanche se insistisse em escrevê-la ainda sob o impacto da partida de sábado.

 

Convenhamos, aquele cidadão agiu de maneira um pouco estranha. Se por um lado enxergava pouco por outro ouvia demais. Os olhos toleravam o que o ouvido não aceitava; o que talvez explique não ter enxergado duas mãos na bola em um mesmo lance – e, portanto, deixado de marcar pênalti a favor do Grêmio – nem visto falta em um “carrinho temerário” quando Edílson escapava pela direita, o que provocou a reclamação de Ramiro. Seu ouvido sensível, porém, foi ultrajado com as palavras de nosso volante e, sem dó nem advertência prévia – que resultaria em um cartão amarelo – colocou-o para fora causando mais um grave prejuízo ao Grêmio.

 

Como disse anteriormente, porém, não quero aqui me ater a influência do árbitro nem aos motivos que o levaram a cometer tantos erros contra o Grêmio – apesar de já tê-lo feito no parágrafo anterior (eu não consigo me conter).

 

Prefiro olhar nossos méritos. E que méritos: lá atrás Bruno no gol, Geromel e Wallace dentro da área, Edílson e Marcelo Hermes pelas laterais, apesar do gol sofrido, foram gigantes para suportar a pressão do adversário. Lá na frente, a troca de passes que nos proporcionou o gol, mesmo quando já estávamos com “dois a menos” (se é que você me entende), foi lance de alta categoria.

 

Diante da área e da defesa adversária, com velocidade e precisão, Giuliano passou para Bobô que, sem pestanejar, encontrou Marcelo Hermes entrando por trás da defesa. Nosso menino da lateral esquerda deu um toque elegante embaixo da bola, fazendo-a cair dentro do gol. Coisa linda de se ver, que mostra bem o nível do futebol que temos jogado.

 

Neste fim de semana, ganhamos um ponto e nos tiraram dois. E quem nos tirou os pontos, levou junto a possibilidade de encerrarmos esta sétima rodada na liderança.

 

Se me permitem uma sugestão: independentemente das injustiças proporcionadas pelo apito, dentro de campo, vamos esquecer o árbitro e seguir jogando a bola que sabemos. A performance de nossa equipe é suficiente para nos oferecer a esperança de que logo estaremos na ponta novamente. 

O que taxistas e árbitros de futebol têm em comum

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

Carlos

 

As recentes manifestações de taxistas e os depoimentos de árbitros de futebol defendem a manutenção das condições atuais de suas funções e atribuições, repudiando a inovação que ora lhes é apresentada. É coerente, mas não é inteligente.

 

O naturalista Charles Darwin já demonstrou que a preservação das espécies é efetivada pela adaptação às mudanças. Mais recentemente o economista Joseph Schumpeter alertou que as novas tecnologias destroem antigos modelos de negócios e profissões, mas é inevitável.

 

O tema é recorrente, pois uma análise do passado reflete a repetição deste processo (inevitável) de inovação.

 

Não é difícil apostar no predomínio do Uber contra os taxistas, do WhatsApp contra as telefônicas, da Netflix contra as TVs a cabo. É o novo contra o velho. Ou será que as pessoas irão preferir médicos, remédios e hospitais sem tecnologia?

 

Os taxistas de São Paulo teriam melhor caminho se absorvessem a tecnologia em benefício próprio, e entendessem que o Uber é o futuro, enquanto o ponto será coisa do passado. Por bem ou por mal.

 

De outro lado, a proposta da CBF, de experimentar o uso da tecnologia simples, agregando um árbitro com recurso da imagem para dirimir dúvidas, recebeu dura oposição de árbitros notáveis.

 

Estes árbitros-personagens, com espaço nobre nas TVs, antes de criticar, deveriam estudar outros esportes que utilizam os recursos eletrônicos como tênis, handebol, vôlei, futebol americano e atletismo. Mesmo porque a tecnologia criou uma emoção adicional, por exemplo, no tênis, quando se espera a imagem de um desafio que pode decidir uma partida.

 

As cidades e o futebol esperam em breve a tecnologia que ora lhes é negada, com a dúvida de quando virá, mas a certeza que virá.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

 

A foto do taximetro capelinha é do Blog FuscaClassic

 

A foto do árbitro de futebol é do álbum de Andrea Re Depaolini no Flickr

Avalanche Tricolor: vaga na Copa do Brasil ainda está em jogo, apesar de gol mal anulado

 

Grêmio 0x1 Criciúma
Copa do Brasil – Arena Grêmio

 

Time precisa agora de todo o apoio do torcedor (foto do Grêmio Oficial no Flickr)

Time precisa agora de todo o apoio do torcedor (foto do Grêmio Oficial no Flickr)

 

É impressão minha ou todo mundo achou que o erro do árbitro ao anular o gol de Pedro Rocha foi normal? Que não influenciou na partida? Que pouca diferença faria no desempenho das duas equipes? Ouvi alguns comentaristas durante a transmissão e pouco se citou o fato, para mim crucial no jogo. Houve até quem, a princípio, validasse a decisão do juiz.

 

Eram 22 minutos quando Rocha, em meio aos zagueiros e em velocidade, tabelou com Luan e, na entrada da área, recebeu passe preciso, em jogada que tem marcado o futebol gremista nesses tempos de Roger, para com apenas um toque deslocar o goleiro e por a bola dentro do gol.

 

Vamos ser sincero: era desnecessária a linha digital que as emissoras de televisão usam nas transmissões – aliás, demoraram para usar nesta terça-feira – para perceber que o atacante estava em posição legal. O auxiliar, que está lá só para ver esse lance e trabalha recomendado pela Fifa a, na dúvida, dar sequência à jogada, não entendeu dessa maneira e levou o árbitro ao erro.

 

Como agora é proibido reclamar do juiz, mesmo diante de erros crassos, aos jogadores cabe apenas indignar-se em silêncio, enquanto os algozes seguem sua vida sem qualquer punição. Um erro que pode custar a desclassificação desta Copa, pois exigirá vitória em Criciúma na partida de volta – o que, convenhamos, não é difícil, desde que as finalizações voltem a ser mais certeiras.

 

Um gol naquela altura mudaria o cenário da partida, pois obrigaria o adversário a abandonar sua postura defensiva, desmontaria a retranca montada para surpreender o Grêmio e abriria espaço para jogar. Sem o gol, o Grêmio teve dificuldade para trocar bola com mais objetividade e foi punido com um erro na saída de bola da sua defesa.

 

O Grêmio não perdeu a partida somente por causa do árbitro, mas também por causa dele, e precisa acertar sua forma de jogar contra equipes retrancadas, pois com sua ascensão na temporada tende a ser essa a postura dos próximos adversários. Porém, analisar o resultado do jogo e nosso destino na competição sem levar em consideração a anulação do gol no primeiro tempo é injusto. Assim como o foi a vaia de alguns torcedores ao fim da partida. Pois, mesmo com a derrota, o que o time precisa agora é de todo o apoio para se recuperar na próxima partida e, novamente, revelar-se Imortal.

Avalanche Tricolor: “juiz ladrão!”

 

Grêmio 0 x 1 São Paulo
Campeonato Brasileiro – Arena Grêmio

 

Gremio x Sao Paulo

 

Calma lá! Este gremista que lhe escreve ainda não perdeu por completo as estribeiras. Foi-se o tempo no qual me travestia de atleta e, em quadra ou em campo, aprontava poucas e más com os árbitros de futebol e basquete com os quais mantive relação belicosa e, provavelmente, injusta, pois nem eles eram tão ruins como eu os acusava nem eu era tão inocente quanto me fazia passar. Não me orgulho das brigas que tive enquanto joguei os dois esportes, sempre vestindo a camisa do Grêmio, apesar de hoje, ao contar as histórias daquele tempo, achar graça das cenas que repasso na memória. Tenho consciência que faziam parte de uma personalidade competitiva que se construía sob a influência de hormônios adolescentes. Mudei muito desde que deixei de jogar pra valer, isso lá pelos anos de 1980. Sou muito mais controlado nas minhas reações e, beneficiado pela experiência, tento canalizar aquela energia que beirava a violência para minhas tomadas de decisão e desenvolvimento das funções que preciso exercer no jornalismo e na vida. Bem verdade que o esporte ainda mexe comigo e, às vezes, diante da televisão ou nas raras oportunidades em que vou ao estádio me pego esbravejando contra o árbitro. Para que ele não se sinta perseguido, adianto que o alvo da minha ira muda dependendo a situação. Pode ser o craque que perde gol feito ou o zagueiro que erra feio. O adversário, é claro, tem preferência nessa lista.

 

Hoje, o árbitro Felipe Gomes da Silva concentrou boa parte das minhas reclamações, especialmente porque a precisão de seu olhar funcionou tão bem a ponto de perceber Rhodolfo tocando o pé do adversário na dividida de bola, dentro da área, o que resultou em pênalti, mas não teve a mesma competência para ver que a bola lançada para Barcos, em condições de marcar o gol que abriria o placar, ainda no primeiro tempo, saiu do pé de outro adversário e, portanto, não havia nenhuma irregularidade. Veja que reclamo do juiz porque errou ao anular jogada legal para o Grêmio tanto quanto porque marcou de forma acertada pênalti contra o Grêmio. Nós torcedores somos assim mesmo. Injustos e intempestivos no momento de encontrar culpados para as coisas que não estão dando certo. Reclamamos porque o juiz deu cartão amarelo para nosso jogador em uma entrada mais forte e pedimos cartão à primeira falta que um dos nossos recebe. Xingamos porque o auxiliar enxergou o impedimento milimétrico e nos impediu de fazer o gol (tava pouca coisa na frente!) e voltamos a xingar porque não levantou a bandeira quando nossos zagueiros já não eram mais capazes de segurar o contra-ataque, mesmo que a reprodução na TV mostre que ele estava correto.

 

Cabeça no lugar, tempo para pensar e razão retomada. Tudo isso ajuda a ver melhor os motivos que impedem seu time de conquistar a vitória esperada. Percebe-se que o erro do juiz não foi maior do que do atacante que desperdiçou a oportunidade de marcar logo no início da partida, como aconteceu com Luan, mais uma vez. Entende-se melhor que falta precisão nas cobranças de falta e escanteio, fato que nos tirou a fama de ser um time forte nas bolas paradas (muitas vezes usada de forma pejorativa, como se fosse nossa única arma). Impossível não incluir nessa análise o potencial do adversário que sabe usar a experiência e qualidade do passe de alguns de seus jogadores. Teve o juiz, também, claro que teve. Foi inseguro, trocou marcações e fez aumentar a intranquilidade de um time que há algumas rodadas ronda o G-4 e não o alcança em definitivo. Mas não a ponto de chamá-lo de ladrão.

 

Então, porque o título desta Avalanche? – deve estar se perguntando você, caro e raro leitor. Por que lembrei do meu colega de rádio CBN e torcedor do São Paulo, Carlos Alberto Sardenberg, depois do jogo deste sábado. Ele costuma brincar que só existem dois resultados no futebol: ou meu time ganha o jogo ou o juiz é ladrão. O time dele ganhou. O meu … você já sabe.
Foto do álbum oficial do Grêmio no Flickr

Palavras no rádio e na TV que não consigo digerir

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Olho para trás e me dou conta de que passei a maior parte da minha vida trabalhando como radialista. Exerci várias funções,pasmem,atuando em apenas duas emissoras:a Rádio Canoas (que mudou de nome e virou Rádio Clube Metrópole ao receber concessão para funcionar em FM) e na Rádio Guaíba. Essa,inaugurada em 1957. Era um sonho dos locutores,na época,ser contratado pela rádio que se firmou no ano seguinte,1958,por ter transmitido a Copa do Mundo da Suécia com equipe própria:Mendes Ribeiro,Flávio Álcaraz Gomes e Francisco Antônio Caldas. De lá para cá,a Guaíba só não se fez presente na deste ano que os brasileiros preferem não lembrar por motivos para lá de óbvios. Além de locutor comercial,comecei a narrar futebol e,em 1964,passei a apresentar o Correspondente Renner que,modéstia à parte, foi durante muitos anos a principal síntese informativa da Guaíba.

 

O leitor – se é que tenho algum,especialmente fora do Rio Grande do Sul – não pode imaginar o que o Correspondente Renner representou,em uma época que o radiozinho de pilha era companheiro sempre presente dos agricultores. Até hoje,encontro quem diga que os pais de família não permitiam que os filhos falassem enquanto o Correspondente Renner estivesse no ar. Fiz esse intróito para dar ao leitor – insisto,se existir algum – uma ideia sobre este que lhes escreve e que vai,daqui para a frente,digitar algumas coisinha que,tanto no rádio quanto na TV atuais,não consegue digerir.

 

A grande maioria,sempre que se refere ao juiz de uma partida,diz que a arbitragem acertou ou errou. Ocorre que não é arbitragem que faz isso ou aquilo.O jogo é arbitrado só pelo juiz. Os seus auxiliares,por mais importantes que sejam,a rigor,não passam disso. O árbitro – e repito – apenas ele, é o indivíduo responsável, por fazer cumpriras regras,o regulamento e o espírito do jogo. A arbitragem é,digamos assim,o conjunto da obra. Quem manda,porém,insisto,é o que chamam,quando não fazem direito o seu trabalho,de “sopradores de apito”. Creio que os chefes desses moços que não sabem a diferença entre árbitro e arbitragem bem que poderiam ser alertados pelos seus superiores.

 

Outro erro, que já estou cansado de ouvir, é informar que “o estádio está completamente lotado”. Trata-se de um pleonasmo,isto é,repetição,na mesma frase,das mesmas ideias por meio de palavras. Narradores,comentaristas,repórteres e assemelhados,cometem os tipos de erros que citei. O pior é quando vejo que a mídia brasileirsa,com raríssims exceções,até agora não se decidiu entre chamar a maravilhosa Nova Iorque de Nova York. Que se use o nome em completamente em inglês ou todinho aportuguesado. Não pode,na minha modesta opinião,grafar o nome de maneira híbrida:Nova York.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)