
“ComCiência” de Piccinini, no CCBB/RJ
Ainda inspirado em “Uma tarde no museu” do meu colega e colaborador de blog, Carlos Magno Gibrail, me deparei com a reportagem publicada pelo site de O Globo, na qual estão listadas as dez exposições mais populares de 2016. Curiosamente, quatro estão aqui no Brasil, três no Rio de Janeiro e apenas uma delas em São Paulo. Os dados são do site The Art Newspaper e o ranking leva em consideração o número médio de visitantes por dia.
Foi o Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio, que ocupou o topo da lista ao receber as três exposições mais populares do ano, segundo critérios do ranking: “O triunfo da cor: o pós-impressionismo”, teve 9,7 mil visitantes por dia; “ComCiência”, de Patricia Piccinini, 8,34 mil; e “Castelo Rá-Tim-Bum”, 8,28 mil. Todas as mostras são de graça no CCBB.
São Paulo aparece em sexto lugar com a exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México”, montada no Instituto Tomie Ohtake, com média de 6,5 mil espectadores por dia.

Tabela reproduzida do The Art Newspaper
Os números chamam atenção e devem ser comemorados, mesmo que se tenha de levar em consideração o fato de outras mostras pelo mundo terem levado muito mais pessoas às suas dependências , porém como ficaram abertas por mais tempo tiveram a média diária empurrada para baixo.
Exemplo: “Picasso Sculpture”, no Museu de Arte Moderna de Nova York, foi a exposição que, conforme o próprio ranking, recebeu o maior número total de visitantes, com 851 mil pessoas, apesar de aparecer apenas em nono lugar no ranking com 5,8 mil visitantes por dia.
Outro exemplo: a mostra do “Castelo Rá-Tim-Bum” teve 410 mil espectadores durante os seis meses no MIS, em São Paulo, e 38,2 mil, no CCBB no Rio. Só os números do museu carioca aparecem com destaque na lista.

Frida Kahlo foi destaque positivo em SP (foto divulgação)
A presença de turistas para os Jogos Olímpicos e o fato de ser a mais conhecida cidade brasileira no exterior colaboraram para que o Rio de Janeiro se destacasse no ranking. O protagonismo do CCBB, sua localização privilegiada e ingressos de graça, também. De qualquer forma, é importante pensar sobre os motivos que deixam São Paulo mais atrás nessa classificação, mesmo tendo um número relevante de museus e rico acervo artístico.
O esvaziamento do MAC SP, citado por Gibrail em seu texto aqui no Blog, é perceptível em outros espaços. O MASP, mesmo diante da riqueza de suas obras, tornou-se irrelevante.
Para meu colega de rádio José Godoy, a quem pedi ajuda para refletir sobre o tema, “São Paulo passa por uma crise importante em seus principais museus”.
As salas vazias possivelmente ecoam o abandono da gestão e a falência do Estado. O mal do MASP pode ser visto também no Museu de Arte Moderna e na OCA, que tiveram passado glorioso na cidade, mas estão cambaleando. Assim como a Pinacoteca que após conquistar o coração do paulistano tornou-se secundária.
A acessibilidade desses espaços, seja pelo transporte seja pelo preço, é fundamental para que se redescubra a riqueza das obras nos acervos à disposição. São Paulo ganha na cultura, na educação e na renda se investir no setor.
O turismo cultural é importante para o desenvolvimento econômico e não pode ser negligenciado. Explorar todo e o seu melhor potencial é preciso.