São Paulo, 62 anos depois

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

catedral-da-se-rec

 

Assistindo às agressivas manifestações de repúdio ao Prefeito e ao Governador do Estado, na celebração do aniversário da Cidade, no mesmo local em que, há 62 anos, foi inaugurada a Catedral de São Paulo, comemorando também o aniversário da capital paulista, a comparação entre as épocas é inevitável, principalmente para quem vivenciou o passado.

 

E parece-me que São Paulo retrocedeu.

 

Em 25 de janeiro de 1954, com 12 anos, há sete chegado de Paraty, assumi a cidadania paulistana. Nos primeiros minutos do dia os sinos começaram a repicar, em seguida as sirenes das fábricas juntaram-se ao som que anunciava os 400 anos da aniversariante.

 

Participei do desfile cívico militar, no Vale do Anhangabaú, pelo Liceu Coração de Jesus, onde se deu a queima de fogos e a chuva de prata. O povo de São Paulo estava nas ruas. Em festa!

 

São Paulo começava a assumir a liderança econômica do país.

 

“Foi o ano da vanglória e do ufanismo paulistano” disse Roberto Pompeu de Toledo. “São Paulo se vingava em alto estilo dos muitos anos de atraso e ostracismo no panorama das cidades brasileiras”.

 

Durante todo aquele ano, houve eventos e inaugurações relacionados com o Quarto Centenário: Grande Prêmio em Interlagos, Companhia de Balé especial para a data, inauguração do Parque Ibiraquera, projetado por Oscar Niemayer, Feira Internacional da Indústria.

 

São Paulo destoava do todo. O país passava por grandes problemas políticos. O presidente Getúlio Vargas era acossado por Carlos Lacerda com graves denúncias de corrupção.

 

Se hoje no âmbito nacional a situação não é diferente, no municipal e estadual estamos diante de crise econômica, administrativa e de segurança ímpar.

 

É incompreensível, por exemplo, que depois de tantos flagrantes fotográficos e cinematográficos não se puna ninguém entre o Black Blocs. Ao mesmo tempo, a população não pode continuar a ser vitima de um punhado de adolescentes. E, é claro, a responsabilidade é das autoridades, que se não agirem rapidamente e a contento, estarão sujeitas a garrafas pet onde aparecerem.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

O rabugento e o Black Bloc

 

Por Milton Ferretti Jung

 

É possível que eu,com o passar dos anos, tenha me tornado um velho rabugento. Afinal,no dia 29 do mês que termina exatamente no dia em que esta coluna está sendo postada pelo meu filho,no blog que ele comanda,completei 78 primaveras,se é que aniversário de idosos faça jus a esse eufemismo. Por que estou fazendo a confissão sobre possível rabugice que se lê na primeira frase do meu texto? Explico:há coisas e loisas ocorrendo nas principais cidades brasileiras que não consigo suportar. Vou citar,para início de conversa,as mais preocupantes,isto é,os movimentos sociais que foram deturpados das mais diversas e assustadoras maneiras.

 

Quando, bem intencionadamente começaram,tenho certeza de que tiveram apoio da maioria. Bastava que fossem divulgados na internet, para serem vistos com bons olhos. Aos poucos,porém,a infiltração de maus elementos foi alterando o propósito dos jovens idealistas que estiveram na sua origem. O que se tem visto em matéria de imagens terríveis mostradas na internet,na mídia impressa e televisiva,forçosamente estão deixando todas as pessoas de bem preocupadíssimas e se perguntando como isso irá terminar.

 

Não existe metrópole em nossa terra que não venha vivendo maus momentos diante daquilo que testemunhamos com frequência inimaginável. Lembro aqui apenas dois exemplos dos desmandos cometidos pelo tal de Black Bloc e quejandos:o protesto,em São Paulo,chamado de Ato do Movimento Passe Livre,em meio ao qual um coronel da Polícia Militar foi agredido por manifestantes (?) e ainda teve a sua pistola e o radiocomunicador roubados. Em outro,mais apavorante,no mínimo dois caminhões foram incendiados e dois ônibus acabaram queimados na rodovia Fernão Dias,esse em protesto feito por moradores da Vila Medeiros pela morte de um adolescente,baleado por um PM.Eu poderia citar,também,o vandalismo que vem acontecendo na casa do prefeito de Porto Alegre,José Fortunatti. Sua residência tem sido pichada e apedrejada. Os seus vizinhos são igualmente prejudicados.

 

As Polícias Militares – é o que se nota em várias cidades – talvez por já terem sofrido críticas,em muito incidentes não reagem com o rigor que se faria necessário,tanto para evitar a ação dos vândalos quanto dos ladrões oportunistas que se aproveitam da destruição de estabelecimentos comerciais para roubá-los descaradamente.

 

Em um dos editorias do dia 29 de outubro,no jornal gaúcho Zero Hora,lê-se esta frase com a qual concordo:”Os depredadores já passaram do vandalismo à tentativa de assassinato e isso sociedade alguma pode aprovar. Será que apenas eu,agora um ano mais velho,não tenho carradas de razão para estar rabugento?

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)