Avalanche Tricolor: Como de costume

 

Grêmio 4 x 2 Cruzeiro
Gaúcho – Olímpico Monumental


Choveu forte em São Paulo. E o caminho para casa complicou. A água encheu avenidas e ruas. Nada que não estejamos acostumados nesta cidade despreparada para o verão. Para evitar problema maior, parei o carro e esperei a situação ficar mais amena. Com a CBN sintonizada, busquei alguma informação sobre a partida do Grêmio lá em Porto Alegre. Ouvi apenas sobre a dificuldade para o jogo se iniciar no Morumbi. Estava um charco.

Com todos os problemas para andar na cidade, cheguei em casa quando o Grêmio já vencia por 1 a 0 e a partida estava no intervalo. Alguns poucos lances mostraram que o primeiro tempo não havia enchido os olhos dos torcedores, apesar da vitória parcial.

Em compensação, o segundo tempo foi interessante.

Mesmo desgastado pela viagem à Colômbia, o Grêmio tocou bola com rapidez e variou os caminhos para chegar ao gol. Ora pela direita – com Gabriel se destacando -, ora pela esquerda – principalmente com a entrada de Bruno Colaço -, o time apresentou um elenco de boas jogadas.

Ora com velocidade, ora com exagerada elegância, sempre teve o controle da partida, mesmo contra um time que chegou ao Olímpico com a banca de quem tirou gente grande da disputa.

Verdade que se descuidou na defesa permitindo que o adversário esboçasse algum perigo. Nada, porém, que colocasse em risco a classificação para a final do primeiro turno.

Borges foi o principal destaque com os três gols marcados. Fez o que se espera de um goleador, aproveitou as chances que surgiram e decidiu o jogo. Está renascendo na temporada, e será fundamental para as conquistas que buscamos.

O Grêmio, por sua vez, segue à risca aquilo que se espera dos grandes times, impôs respeito, jogou mais e garantiu presença na final. Assim como a chuva no verão paulistano, nada que não estejamos acostumados.

Avalanche Tricolor: Sofrer na internet

Grêmio 3 x 1 Avaí
Copa do Brasil – Olímpico Monumental

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São cerca de 300 canais à disposição e passei um por um em busca das imagens do Grêmio. Havia nove emissoras transmitindo quatro jogos diferentes: da Libertadores, da Copa do Brasil e mais um VT de times que não guardei o nome. Nenhum acompanhando o time quatro vezes campeão e que mais finais fez na competição.

Que os canais abertos estivessem mais atentos às partidas de São Paulo, não há o que discutir. São emissoras comerciais, sobrevivem graças a audiência e não faria o menor sentido se não estivessem com os clubes paulistas na tela. Mas a TV fechada teria de ser a opção. Poderia muito bem oferecer esta oportunidade aos torcedores. Preferiram disputar público com eles próprios, inclusive abrindo os canais de PPV para partidas que estavam na concorrente.

Foi-se, porém, o tempo em que na falta da televisão, me obrigava a levantar a antena de um rádio Transglobe que ficava escondido no armário durante a semana e de lá somente era retirado para sintonizar as emissoras de Porto Alegre em dias de jogos do Grêmio. Deixava-o escondido, pois temia algum boicote da família incomodada com a chiadeira emitida nos 90 minutos de partida. Às vezes, não conseguia entender direito o nome do autor do gol, mas a força do grito do narrador sinalizava ao menos se era o time da casa que havia marcado.

Com a internet, o “radião de pilha” ficou abandonado. Transferi minhas emoções para a tela do computador, onde após três, quatro, cinco tentativas se encontra algum link com capacidade de trazer até você cada segundo de esforço dos seus craques, de estratégia do seu técnico e vibração da sua torcida que lota as arquibancadas – isso quando o time em campo e os torcedores no estádio lhe oferecem tudo isso, é lógico.

Hoje, a torcida me transmitiu esta energia cantando, nos fones de ouvido de meu computador, desde seus gritos de guerra até seu hino de paixão que, no caso do Imortal Tricolor pode ser tanto o criado por Lupicínio Rodrigues, conhecido mundialmente pelo refrão “Até a pé nós iremos”, ou o Rio-Grandense, uma marca dos gaúchos nos campos de futebol.

O Grêmio também fez a sua parte com Jonas e Borges mostrando que formam dos melhores ataques do Brasil e Vítor, indiscutivelmente, defendendo o título de melhor goleiro. Muito mais do que isso não fizemos e parece que o time não irá fazer mesmo, apesar de esboçar boas jogadas e trocas de passe.

É uma sina que nos persegue na TV, no rádio, na internet ou em pé na “geral”: sofrer acreditando na vitória quando estamos em desvantagem no placar e temer pelo pior mesmo quando a diferença de gols nos é favorável.

Vá entender este coração tricolor !

Avalanche Tricolor: Um time se constrói

 


Grêmio 4 x 1 Inter SM
Gaúcho – Olímpico Monumental

Foram 13 finalizações, quatro gols marcados, somente dois chutes contra e apenas cinco minutos para decidir o jogo e se habilitar a primeira final da temporada, domingo que vem, quando estará em disputa o 1º turno do Campeonato Gaúcho. Estes são os números que resumem a história de mais uma vitória do Imortal Tricolor diante de sua torcida e embaixo de um insuportável calor que fez o time impor ritmo despretensioso no segundo tempo.

Mesmo assim haverá críticas ao fato de, em mais uma partida, termos tomado um gol, o décimo-quarto em 11 disputadas neste ano. Lembrarão que em praticamente todas o time saiu em desvantagem(e virou o placar na maioria, mas isto não parece ser levado em consideração). E, claro, alguém colocará em dúvida a capacidade do técnico Silas comandar o Grêmio (até concordo que ainda terá que mostrar muito mais até convencer a todos).

No jogo dos números se esquece de olhar a alma de uma equipe, o movimento de seus jogadores, o esforço medido de acordo com a necessidade de cada momento e o olhar cúmplice de colegas que estão juntos há pouco mais de um mês. Não aparece o carrinho para buscar a bola que escorrega pela lateral, a dividida com o adversário que arrisca a própria integridade física para não perder a jogada e coloca em risco a sequência no campeonato ou a troca de passe qualificada, com velocidade e para frente.

Foram nessas cenas que apareceram isoladas nos 90 e poucos minutos da partida – a maioria jamais será reprisada na transmissão da televisão – que a história de um time se constrói. E foram elas que me chamaram atenção nesta noite infernal (34º) no estádio Olímpico em que os torcedores cantaram e aplaudiram quase o tempo todo, pois identificaram – assim como eu – que algo de muito bom está para acontecer neste ano.

Os gols de Rafael Marques, Borges (11 em 11 jogos), Fábio Rochemback e Hugo apenas ilustraram o que o Grêmio fez em campo, serviram para abrir os olhos de quem comenta com o preconceito e a desconfiança – estes sentimentos que, historicamente, encaramos e somos obrigados a superar a todo momento.

Domingo que vem – pouco me interessa quem será o adversário – estaremos em campo mais uma vez para mostrar que há um amadurecimento e estamos a caminho de um grande conquista. Que pode ocorrer daqui uma semana ou no decorrer do ano, mas que irá ocorrer. Temos um time.

Avalanche Tricolor: A primeira decisão do Mário

 


Grêmio 4 x 2 Veranópolis
Gaúcho – Olímpico

Foi a primeira decisão do ano, jogando em casa, precisando apenas do empate e contra um adversário que talvez você nunca tenha ouvido falar.  E o que estava em jogo era apenas uma vaga na semifinal do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Apenas?

Seja sincero. Quando seu time entra em campo toda e qualquer partida tem importância. Ninguém quer perder, ouvir o torcedor adversário que senta na mesa ao lado corneteando no seu ouvido ou abrir o jornal do dia seguinte e ler os comentarista criticando a sua equipe. Imagine, então, se este jogo é eliminatório. Perdeu, está fora. Vai ficar em casa assistindo aos demais disputando a competição para voltar apenas no segundo turno.

Desculpe-me se você desdenha momentos como esse. Eu, não. Por isso, desde cedo tenho anunciado: hoje é dia de decisão. E decisão em ritmo de copa é com o Grêmio mesmo. Time que neste ano havia jogado nove partidas e em oito saído atrás no placar.

Foi com este espírito – o de decisão – que o Imortal Tricolor entrou no estádio Olímpico, onde há um ano e cinco meses não perde uma partida sequer. E logo de cara nossos atacantes mostraram  porque estão entre os goleadores do campeonato: Jonas, com drible e oportunismo, e Borges com categoria e esperteza deixaram as suas marcas, mais uma vez. (Borges já fez 11 gols na temporada; quantos o Washington marcou, mesmo ? Quatro ?). Hugo que entrou faltando 10 minutos também fez um e tem muito a agradecer pela jogada do colega Borges.

Dedico o último parágrafo desta Avalanche para falar do terceiro gol gremista. Contrariando a natureza, o grandalhão Mário Fernandes é habilidoso com a bola nos pés. Hoje, aos 38 minutos do segundo tempo, o menino que ainda vai completar 19 anos marcou o primeiro gol como profissional. Não foi um gol qualquer. Foram sete cuidadosos toques na bola em jogada que se iniciou fora da área, com a cabeça erguida, desafiando o marcador que recuava a cada passo que ele dava, gingando o corpo para desviar do zagueiro, livrando-se dele com leve toque de pé esquerdo que o deixou diante de seu objetivo. Preciosista ainda deu mais uma ajeitada com o pé direito para concluir cruzado e correr para a torcida que já o tem no coração.

E esta foi apenas a primeira decisão que o Mário disputou. Que Mário ? Calma, um dia você vai conhecê-lo melhor.

Avalanche Tricolor: De Rondonópolis para o Japão 2011

 


Araguaia 1 x 3 Grêmio
Copa do Brasil – Rondonópolis (MT)

Quatro vezes campeão, sete vezes finalista, copeiro. Poucos sabem tanto quanto o Grêmio como são complicadas as estradas que levam ao título da Copa do Brasil. Neste ano, começou em Rondonópolis, 210 quilômetros de distância da capital Cuiabá, no sudoeste do Mato Grosso, apenas metade do caminho de onde veio o primeiro adversário, Alto Araguaia, terra de gente valente, lutadora.

É preciso coragem pra dividir a bola com um zagueiro que encara este como o último jogo de sua vida ou um atacante que enxerga a rede como a única garantia de que terá comida no prato no dia seguinte. Por isso, é quase um ato de bravura entrar em campo nestas primeiras rodadas da Copa. E para premiar os bravos, a CBF oferece a oportunidade de eliminar a segunda partida em casa se houver vantagem de dois gols de diferença jogando fora.

O Grêmio saiu atrás no placar, empatou, virou e se classificou para a próxima etapa por antecipação. Antes disso, assistiu a mais uma excelente atuação de Vítor; demonstrou que Mário Fernandes é o melhor defensor que temos; pela primeira vez comemorou alguma coisa boa dos pés de Rochemback – duas, se contar a sola que deu em uma dividida de bola (desculpa, eu vibrei !); e comprovou que Borges tem o espírito de goleador.

Fez dois gols na partida, dez na temporada e dá de goleada na disputa paralela com Washington, do São Paulo: 10 a 2. E não me venham com este papo de desqualificar o adversário.

O homem é matador. Tá na cara. Tanto quanto o Grêmio nasceu para ser campeão da Copa.

Já comecei a arrumar minhas malas para Japão 2011.

Avalanche Tricolor: Agora é a Copa !

 

Gremio Ataque

Universidade 1 x 5 Grêmio
Gaúcho – Canoas (RS)

Havia cinco adversários dentro da área. Uma muralha vermelha para conter Borges. O atacante recebeu a bola ainda do lado de fora acossado por um zagueiro. Não lhe deu bola e girou em direção ao gol. Tentaram derrubá-lo mesmo que isso resultasse em penâlti, mas a bola seguia no seu pé. Puxaram-lhe a camisa para impedir que seguisse em frente. Manteve-se equilibrado apesar de tudo. O goleiro também estava a seus pés, outros dois corriam desesperados para dentro da goleira. O camisa 9 ainda levantou a cabeça, olhou confiante para seu objetivo e conclui quase sem ângulo.

Era o sétimo gol de Borges no Campeonato Gaúcho, o terceiro dele e o quinto do Grêmio na partida em que confirmamos classificação para o quadrangular final do primeiro turno com uma rodada de antecedência.

No primeiro gol de Borges, um chute forte da entrada da área, sem perdão. Marcado com a raiva de quem havia desperdiçado dois pouco antes. No segundo, a cobrança de falta de Douglas encontrou a perna esticada do atacante que desviou para a rede. Em todos, a marca do goleador.

Jonas também fez o seu, de peito, desajeitado como só ele. Teria feito o segundo, não tivesse o zagueiro atrapalhado e recém-chegado ao jogo ter se antecipado e de cabeça marcado contra.

Na partida desde fim de tarde, em Canoas, terra de Luis Felipe Scolari, ainda tivemos o prazer de ver Douglas vestir a camisa 10 e mostrar o quanto será importante para a campanha que se iniciará nessa quarta-feira. Sim, porque é agora, na Copa do Brasil, que começará a temporada 2010.

E para este ano, já temos um ataque, armamos um meio de campo e estamos com um time em construção para sair bem na foto.

Que venha a Copa !

Avalanche Tricolor: O entrosamento dos meninos

 

Mário Fernandes do Grêmio (Foto: Diego Vara)

Santa Cruz 1 x 2 Grêmio
Gaúcho – Santa Cruz do Sul (RS)

Uma dor forte no pescoço me incomoda no momento em que escrevo este texto. Reflexo de uma das muitas brincadeiras com os meninos durante a Campus Party, na tarde de quarta-feira. Com movimentos bruscos consegui ótima pontuação no painel eletrônico, eles devem ter achado curioso ver o pai seguindo o ritmo do rock pesado que soava no estande e ganhei mais alguns pontos com a turma, afinal alcancei o nível mais alto da categoria. Mas que dói, dói. E cansa, pois as duas áreas do pavilhão na Imigrantes estavam cheias.

O encontro de aficcionados em computador e informática tem coisas bem interessantes, muitas complicadas para o meu conhecimento e outras sem nenhuma graça. Gostei de ver a maneira como aqueles jovens se entendem em meio ao caos sonoro e visual proporcionado pela mistura de palestras, jogos, promoções e computadores decorados e iluminados. Há um entrosamento quase natural não fosse boa parte no formato digital.

Alguns dos geeks que encontrei por lá tem a idade do grandalhão Mário Fernandes, 19, que nesta noite mais uma vez me enche os olhos com seu futebol de raça e habilidade, pouco comum a jogadores com o porte físico dele. Outros são até mais velhos do que Mithyuê, 20, ex-craque do futsal que ensaia jogadas de gente grande desde que entrou no segundo tempo.

A diferença desses jovens gremistas para os que encontrei na Campus Party é a falta de entrosamento. O time ainda está em formação e comete erros, mas tem mostrado uma capacidade incrível de se recuperar deles. Tanto é verdade que comecei a escrever este artigo antes mesmo de o jogo se encerrar. O Grêmio ainda perdia por 1 a 0, mas eu tinha convicção da virada.

É a terceira partida em quatro disputadas que o Imortal Tricolor justifica o apelido. Mais uma vez com a presença marcante de seus atacantes. Jonas fez o quarto gol na temporada ao dar um chapéu no zagueiro que começou na perna direita e terminou com a esquerda fulminando o goleiro adversário. E Borges, no estilo centroavante bom de bola, sacramentou minha previsão (Borges 3 x 1 Washington).

A propósito, lá na Campus Party, contei quatro meninos e uma menina vestindo a camisa do Grêmio contra apenas um fardado de vermelho. Um bom sinal levando em consideração que domingo tem Gre-Nal – e até lá minha dor no pescoço já terá passado.