Grêmio 1×1 Bahia
Brasileiro B – Arena Grêmio, Porto Alegre RS

“É ruim contra ruim” disse o filósofo esportivo das redes sociais, Casimiro, há algumas rodadas, após assistir ao time de coração dele perder para o meu time de coração. Do seu jeito, eloquente e hiperbólico, que conquistou o Brasil — e meus guris aqui em casa —- definiu bem a “Maior Série B de Todos os Tempos” — foi esse o título que o pessoal do marketing batizou a competição que reúne seis ex-campeões brasileiros e põe em jogo quatro vagas de acesso à primeira divisão. Esqueceu de combinar com os times.
Dentre a criatividade dos publicitários e a fala crua do comentarista, fico com esse último. É a realidade de um campeonato em que ver seu time jogar fora de casa tem se transformando em um martírio. Com a exceção de praxe que toda regra nos impõe, os clubes de melhor desempenho não têm muito mais do que 50% de aproveitamento como visitante. Uma performance mediana, sinônimo de medíocre. Por isso, garantir os três pontos em casa faz diferença na competição.
O Grêmio perdeu dois pontos hoje à tarde, depois de um primeiro tempo em que jogou melhor e desperdiçou seus ataques. Foi punido com um gol nos acréscimos, no único lance em que o adversário impôs perigo. No segundo tempo, foi um deus-nos-acuda: o Grêmio subia de maneira desorganizada, tomava decisões erradas e sequer conseguia desperdiçar gols, pois não era capaz de proporcionar perigo dentro da área adversária.
No raro momento em que fizemos uma jogada de linha de fundo, Guilherme, que entrou no intervalo e não precisou de cinco minutos com a bola nos pés para ser vaiado pelo torcedor, fez um cruzamento preciso para Thiago Santos concluir de cabeça. Nosso volante, outro que havia entrado no intervalo para desespero de parcela da torcida, que até hoje o vê como símbolo do rebaixamento (em tempo: há gente muito mais culpada pelo que aconteceu com o Grêmio), estava predestinado a marcar. Momentos antes havia concluído para as redes, em um gol anulado devido a um impedimento na origem da jogada. E não teve mais uma chance, naquele que poderia ter sido o gol da virada, porque Diego Souza se precipitou sobre ele na conclusão de um lance de área, nos acréscimos.
O resultado final só não foi lamentado porque a combinação da rodada conspirou a favor, com o empate entre os outros dois times que buscam à classificação —- um deles, o de Casimiro —, em jogo, aliás, que não se encerrou devido a violência de torcedores e a invasão de campo. Cenas de entristecer e desmerecer o título que os marqueteiros deram ao Brasileiro B.
A três rodadas do fim do Campeonato, o Grêmio está mais próximo do acesso. Nem tanto pelo que tem feito nessas últimas partidas. Muito mais pelo que seus adversários deixam de fazer. A preocupar, o fato de dois desses jogos serem fora de casa e o Grêmio terá de mudar a rotina da B fazendo ao menos três pontos no estádio adversário —- um deles o do Náutico, no Recife, domingo que vem, o mesmo cenário da Batalha dos Aflitos. Aflitos? Sim, aflitos é como estamos nós torcedores nesses momentos finais de uma disputa que, como diz o filósofo Casimiro, “é ruim contra ruim”.
