Por Milton Ferretti Jung
Duas notícias, por serem incomuns, chamaram, particularmente, a minha atenção. Confesso que me senti tentado a voltar a um assunto que já preencheu alguns textos anteriores por mim digitados para este blog: trânsito. Escrever sobre tal tema, porém, é chover no molhado. Torna-se repetitivo. Referindo-se a acontecimentos de segunda-feira, por exemplo, Zero Hora, na sua vigésima sexta página, pôs em manchete: ”Trânsito fatal. Dia trágico deixa dez mortos”. Trata-se isso de alguma novidade? Claro que não. Acidentes trágicos registram-se com indesejável frequência. Geralmente envolvem automóveis e caminhões. Com a chusma de veículos que circulam por este país, muitos comprados em longas prestações, acidentes graves já não são de espantar. Perdão. Passo de imediato para o que hoje fez a minha cabeça.
Maria Nunes da Silva, de 87 anos, quebrou a perna esquerda ao cair no pátio de sua casa. Esperou 13 dias para fazer uma cirurgia pelo SUS – que novidade! – a fim de corrigir a fratura. Enquanto aguardava, ficou internada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. A operação, depois da pressão feita por um de seus filhos para que o procedimento fosse realizado sem mais tardança, ocorreu na última sexta-feira. Cirurgia executada,foi colocada em sua perna uma placa de platina. Ao perguntar a uma enfermeira do bloco cirúrgico se estava tudo bem com a sua mãe, foi informado tinha dado tudo certo com a operação da perna direita de dona Maria. Perna direita?!? Caiu a ficha da família. A senhora idosa havia quebrado a perna esquerda e não a operada. Erro crasso! E eu me pergunto como um médico pode se enganar tão redondamente, logo ele que teve diante de seus olhos o corte cirúrgico que, imagino eu, não mostrava osso rompido na perna direita da paciente. O Hospital Municipal de Novo Hamburgo, em nota da sua direção,confirmou o erro. O prontuário indicava lesão no fêmur da perna esquerda. No dia seguinte, ou seja, no sábado, dia 8 do corrente, Maria Nunes da Silva teve operada a perna certa. “Falha Humana”, rezou a nota da direção. O caso foi parar na Delegacia Distrital de Novo Hamburgo.
Caso de polícia virou, também, o episódio protagonizado pelo casal de catadores de lixo que achou, em sacos, 20 mil reais roubados do restaurante Hokkai Sushi, aí em São Paulo (lembro que escrevo de Porto Alegre e, por isso, o aí), Rejaniel de Jesus Silva Santos e Sandra Regina Domingues, que andou sendo ameaçado de morte pelos ladrões. No Brasil, pelo jeito, ser honesto como esses dois, apesar dos maus exemplos dados por gente grandona de nossa República Federativa, é altamente perigoso. Ainda bem que os proprietários do restaurante assaltado, em razão das ameaças sofridas pelos dois honestíssimos atores deste episódio urbano, os colocaram em um hotel, ofereceram-lhes um curso de qualificação para trabalharem em uma das unidades da empresa ou, se preferirem, lhes darão passagem a fim de que se mudem para o Maranhão, onde vive a família de Rejaniel.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

