Avalanche Tricolor: o Grêmio renasce nas águas de Chapecó

Grêmio 1×0 Vasco

Brasileiro – Arena Condá, Chapecó SC

reprodução canal Premiere

O Grêmio escolheu Chapecó e sua Arena, símbolos de superação e resiliência, diante de um desastre que marcou o futebol e nossas vidas, para enfrentar o adversário desta noite de domingo. Sabia da importância do resultado e do impacto que teria no ânimo e nas possibilidades do time para o restante da temporada. Avizinham-se as decisões da Copa do Brasil e da Libertadores. Encarar as duas competições fora daquela zona-que-você-sabe-qual-é no Campeonato Brasileiro seria fundamental para nossas pretensões.

Como se a pressão do resultado e as dificuldades enfrentadas devido à tragédia ambiental no Rio Grande do Sul não fossem suficientes, nos deparamos mais uma vez com uma tempestade no caminho. Já havia sido assim em momento decisivo da Libertadores, quando garantimos passagem à fase seguinte, em junho, no Chile. Hoje, um temporal se formou, tornando o futebol uma batalha arriscada e marcada pela lama e coragem.

Forjado no drama da enchente, o Grêmio parece se agigantar nesses momentos, apesar das dificuldades técnicas. Mesmo com o gramado encharcado e o domínio da bola sendo um desafio extraordinário no campo de jogo, o time se impôs. Fez o que pôde para ameaçar o adversário e se colocar em condições de marcar. Esteve quase sempre com a bola no pé e com o domínio da partida. 

Apesar de uma defesa consistente, com três zagueiros deixando pouco espaço ao adversário, e um meio de campo que logo entendeu como deveria jogar frente às intempéries, ninguém foi maior do que Soteldo. O venezuelano secou o gramado por onde passou, como bem disse Ledio Carmona, em transmissão do Premiere. No primeiro tempo, jogou pela direita e entortou quem se atreveu a marcá-lo. Trocou de lado no segundo tempo, e foi por lá que encontrou o gol que deu a vitória para o Grêmio.

Soteldo é polêmico por onde passa. Atrasou seu retorno ao time após a Copa América. E na última partida esbravejou ao ser substituído. Quando está em campo, porém, não há do que reclamar dele. Tem sido decisivo, especialmente depois de se recuperar da lesão que o afastou dos gramados, ainda no Campeonato Gaúcho. Fez gol domingo passado, quando abriu o placar para vencermos o Vitória, e voltou a marcar neste domingo. Foi fundamental nesse primeiro alívio que tivemos desde que entramos naquela zona-que-você-sabe-qual-é.

Sabemos que novas batalhas teremos pela frente e precisaremos de muito mais futebol para vencê-las. Os reforços estão chegando e os lesionados, especialmente Diego Costa, estão se recuperando. Nossa Arena, em breve ,estará reaberta. Das águas de Chapecó, renasce a esperança de tempos melhores em nossa caminhada. O Grêmio está vivo!

Avalanche Tricolor: derrotas acontecem, algumas sob controle; outras, nem tanto

 

Chapecoense 1 x 0 Grêmio
Brasileiro – Arena Condá/Chapecó (SC)

 

Desta janela, na Via del Corso, em Roma, assisti ao Grêmio, em Chapecó

Desta janela, na Via del Corso, em Roma, assisti ao Grêmio, em Chapecó

 

As coisas nem sempre saem como programadas. Em meio às minhas férias, os dois últimos dias estiveram reservados a Roma. Chegamos na quarta-feira pela manhã, pouco menos de duas horas após deixar Ansedonia de carro, por uma estrada de qualidade aquém da esperada para a fama europeia, apesar de ser muito melhor do que a maioria das que costumamos andar no Brasil. Verdade que pela quantidade de obras em andamento, o que também nos atrasou no trajeto, logo o piso estará devidamente recomposto.

 

Na capital, que já conhecemos de cima à baixo, pois a Itália é nosso lugar preferido nas férias de meio de ano, fomos muito bem surpreendidos com os quartos de um hotel butique em plena Via del Corso, no centro comercial da cidade. Dali, sem precisar andar muito, encontramos restaurantes com comida farta e bebida, idem. Nos deparamos ainda com lojas das mais famosas marcas de roupas e bolsas. Certo, também, que algumas estavam fechadas e em reforma. Não sei explicar se isso é o sinal de um país empobrecido ou em recuperação. Torço pela segunda opção.

 

A passagem por Roma foi especial como sempre, a despeito do programa agendado para a madrugada italiana. Com a diferença de horário, aqui estamos cinco horas à frente do Brasil, o Grêmio entrou no gramado do estádio em Chapecó pouco depois da meia-noite no meu relógóio. Na tela do meu Iphone, fiz as conexões necessárias para assistir ao jogo pelo aplicativo do Premier, que havia funcionado razoavelmente bem na partida anterior, contra o Santos. Mas, como escrevi na abertura desta Avalanche, nem sempre as coisas saem como programadas.

 

O sinal de internet não estava lá essas coisas, o que fez com que as imagens transmitidas do Brasil travassem muito. No primeiro tempo até que foi possível ver a partida sem muitos transtornos. Foi preciso “ligar” e “religar” poucas vezes. No segundo, a coisa desandou e exigiu muita paciência deste torcedor-internauta. Quase uma metáfora do que foi o Grêmio em campo quando teve boas chances de vencer no primeiro tempo, e produziu pouco no segundo, além de ter vacilado na marcação. Estávamos naquela noite (madrugada por aqui) em que, por mais que nos esforçássemos, nada daria muito certo. Duas bolas na trave na sequência é um bom (ou mal) sinal disso.

 

Apesar de tudo, o placar final não foi suficiente para estragar meu ânimo. As férias seguem por mais alguns dias, antes de chegar em São Paulo, e o Grêmio terminou a rodada na mesma posição em que começou, graças a combinação de resultados. Teve um, inclusive, que pouco mexeria na nossa classificação, mas, certamente, deixou muito conterrâneo de cabelo em pé – e outros tantos felizes da vida.

 

Já havia escrito na Avalanche anterior que, em uma competição tão longa e disputada como o Brasileiro, as derrotadas aconteceriam aqui e acolá. Devem servir, inclusive, para ajustes no time. Só não podem se repetir nem permitir o distanciamento dos que disputam o título conosco.

 

Sábado que vem, ainda em férias e, espero, com melhor desempenho da internet e do meu time, teremos a oportunidade, em casa, de reafirmar nossa boa performance.

Aeroportos e estradas, tem de privatizar !

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

Num momento em que estádios de futebol particulares recebem doações estatais, parece distante esta saudável premissa de entregar à iniciativa privada aeroportos e estradas. Em São Paulo, exemplo maior do sucesso rodoviário entregue às empresas particulares, prefeitura e estado ordenadas pela FIFA doam capital público ao privado para a COPA 14. Ainda assim, a qualidade das estradas paulistas e a eficácia do sistema não deverá permitir a volta da administração pública ao sistema rodoviário.

 

E já era hora deste exemplo ter se alastrado pelo país afora, evitando episódios como o que Chapecó vive. Seu aeroporto foi interditado pela Anac por falta de manutenção. Por 75 dia, desde 21 de abril, os 25 mil passageiros que mensalmente o utilizam deverão optar por alternativas. Todas incluindo as rodovias. Enquanto isso o Prefeito Caramori – DEM, que é dono de empresas de ônibus na região, e a oposição trocam acusações a respeito do fechamento. Senti in loco este desconforto ao ir na quarta feira à Chapecó, quando desci em Passo Fundo e, de automóvel, vivi o problema das rodovias nacionais. Não há sinalização quase nenhuma, inclusive indicativa de Chapecó. Ou se usa GPS ou se é nativo. A pista com trechos em estado compatível provavelmente à do aeroporto interditado. Além disso, vários caminhões com caçambas proibidas. Transportando gado em carrocerias de madeira, o que não é autorizado por facilitar a transferência de doenças. Ou frangos sendo carregados em pequenas caixas plásticas, que ao primeiro tranco podem se espalhar na pista e causar graves acidentes. Neste caso, o inacreditável é que nesta região de Chapecó, 400mil habitantes com metade só na cidade, estão grandes indústrias que fabricam estas caçambas. Para gado, porcos e frangos.

 

A cidade de Chapecó aguarda ansiosa a reabertura do aeroporto, as eleições e melhoria nas rodovias. Não será fácil, pois elas envolverão colocar a mão no bolso. Assim como para usufruir dos bons hotéis, restaurantes e Shopping que possui

 


Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung