Rio Tietê transborda (Foto: Pétria Chaves/CBN)
Confira mais fotos da enchente em São Paulo na manhã desta terça-feira.
Rio Tietê transborda (Foto: Pétria Chaves/CBN)
Confira mais fotos da enchente em São Paulo na manhã desta terça-feira.
Instigado pela afirmação do secretário das Subprefeituras de que São Paulo está preparada para as enchentes, o ouvinte-internauta Douglas Nascimento me convidou a visitar o álbum digital dele no Flickr para ver fotos feitas durante o temporal da semana passada, na região do Bom Retiro, tradicional área de comércio popular na capital.
A morte de pessoas, o alagamento de casas e carros, os enormes congestionamentos provocados pelo temporal de quinta-feira, em São Paulo, não foram suficientes para a prefeitura admitir que a cidade não tem infraestrutura para enfrentar esta situação. O secretário da Coordenação das Subprefeituras Ronaldo Camargo disse que as ações necessárias para impedir enchentes e deslizamentos na capital tem sido adotadas.
Em entrevista de pouco mais de 15 minutos, enquanto fazia vistoria em uma das áreas atingidas na capital paulista, Ronaldo Carmago não aceitou a ideia de que a falta de limpeza das bocas de lobo teria impedido o escoamento da água da chuva provocando enchentes em pontos que há muito tempo não passavam por este problema. Lembrou que a cidade tem investido em piscinões e realizado operações pontuais para combater as enchentes.
Chamou-me atenção de que ao menos três vezes, o secretário agradeceu à Deus pelos estragos não terem sido maiores nem o número de pessoas mortas.
Ouça as justificativas do secretário Ronaldo Camargo, das Subprefeituras
A chuva mal havia começado no meio da manhã, nesta segunda-feira, e a repórter Cátia Toffoletto já se deparava com alagamento da rua da Cantareira, próximo do Mercado Municipal de São Paulo. Sujeira nas calçadas e bocas de lobo entupidas davam sinais de que seguimos despreparados para os temporais na capital paulista.
A cidade de São Paulo começou os testes com um asfalto que absorve a água da chuva e pode ajudar a combater as enchentes na cidade. Engenheiros que acompanham o trabalho afirmam que o piso usa material poroso e teria capacidade de “enxugar” até 1 litro de água em 26 segundos. Ao CBN SP, porém, o superintendente da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras da prefeitura Pedro Algodoal foi mais cauteloso. Não falou em número e apresentou algumas dificuldades para implantação do projeto.
O novo tipo de pavimento precisará, também, de um solo permeável para absorver a água sob o risco dela se acumular no asfalto. O exemplo que Algodoal usou para explicar o problema: o gramado absorve a água, mas dependendo a quantidade de chuva e qualidade da drenagem logo o alagamento se forma. Portanto, não bastará usar o piso é preciso mudar o solo, também.
O asfalto anti-enchente é mais caro, custaria em torno de R$ 230 por m2 contra os R$ 195 gastos com o asfalto comum usado na cidade. Será necessário, também, adaptar as usinas da prefeitura e melhorar – e melhorar muito – a qualidade do serviço de pavimento. O projeto avaliado em R$ 400 mil, desenvolvido pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, somente terá resolvidos mais concretos no ano que vem.
O temporal pegou muitos torcedores da Fórmula 1 a caminho do autódromo de Interlagos, no meio da manhã. A Cátia Toffoletto que acompanha a chegada do público, o movimento do trânsito, a ação dos fiscais e dos vendedores ambulantes também foi surpreendida. Nem a capinha de plástico, vendida a R$ 5, salvou a turma que teve de pisar fundo e correr para as áreas com abrigo.
A chuva forte, a terra deslizando, os barracos caindo e famílias mortas são cenas que ainda fazem parte do cenário brasileiro, onde as contruções irregulares e muitas vezes incentivadas por políticas públicas de habitação capengas e por homens públicos inconsequentes ainda persistem. Osasco, na região metropolitana de São Paulo, foi o último caso, mas outros mais estarão no noticiário nos próximos temporais aqui ou em qualquer região do Brasil. Durante toda a manhã, a repórter Cátia Toffoletto acompanhou o trabalho na busca dos corpos de três das crianças que estavam em um das casas que despencaram durante a terça, 09.09.
 
Eram quatro e 55 da tarde quando o ouvinte-internauta e colaborador do Blog, Armando Italo, fez esta foto na zona sul de São Paulo. Pela manhã, a Patrícia Madeira, da Climatempo, havia anunciado que o tempo iria fechar. E fechou mesmo. Aliás, anoiteceu bem mais cedo, caiu aquele pé de água e mais uma vez os alagamentos voltaram a brotar por todos os cantos.
Problemas na licitação prejudicam o serviço Tapa-Buraco na região do Butantã, zona oeste de São Paulo, segundo justificativa da subprefeitura em resposta às reclamações feitas por ouvintes-internautas na série de reportagens sobre “Os Buracos na Cidade”. O excesso de chuva é outro ponto destacado na nota que explica a buraqueira encontrada nos bairros atendidos pelo órgão.
Reproduzo aqui as informações passadas, por e-mail, à CBN pela Subprefeitura de Butantã:
“Devido ao grande número de reclamações que a Subprefeitura do Butantã tem recebido a respeito dos buracos na região esclarecemos que existem dois fatores relevantes que estão dificultando o serviço de tapa-buracos.
1- Estamos numa época de chuvas atípicas que causam mais deterioração no asfalto, atrasam o serviço de tapa-buracos e criam impossibilidade de realização de diversos trabalhos.
2- Estamos com problema administrativo na contratação de equipes de tapa-buracos. A Subprefeitura Butantã não tem hoje equipe própria devido a problemas na ultima licitação em realização pela Secretaria de Coordenação de Subprefeituras, pois empresas licitantes entraram com recursos e estamos com impedimento de contratação em caráter de emergência.
A SPUA (Superintendência das Usinas de Asfalto) tem nos ajudado na medida do possível com equipes e material, embora não sendo suficiente para suprir toda região do Butantã.
Quanto aos buracos da Avenida Eliseu de Almeida, uma das vias mais reclamadas, vale ressaltar que é uma local onde está sendo executada a obra de canalização do córrego Pirajussara tendo assim um grande tráfego de caminhões pesados e escavadeiras, e ainda é uma via que tem muita infiltração de água. Ao final desta obra, que irá melhorar as enchentes que antes eram freqüentes no local, já está programado o recapeamento de toda a extensão desta avenida não sendo possível fazer agora por causa do ritmo da obra que é executada durante o dia e a noite”
Por Maria Lucia Solla
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Olá,
Tem chuva que é persistente;
teimosa.
É um som de O Rappa
Com cadência controlada para não deixar cair a munição carregada.
E cuidado aí, meu irmão, que munição também quer dizer provisão.
O temporal, não.
Já chega derrubando.
Morre exaltando sua glória, sob canhões de luz
e o rufar seco e ensurdecedor dos surdos
que lhe abrem alas.
É o abrir e fechar do samba, sem a história do recheio.
Ele vem, cai, mas derruba em cheio.
E tem também a garoa que é marota
pisa leve e dança como ninguém.
Não espante; encanta.
Não ataca; acata.
A Natureza toda se abre e lhe dá as boas-vindas.
Às vezes ela chega de mãos dadas com o sol
e riem; e fazem rir.
Noutras, se enreda num papo-cabeça com a lua.
Um adágio que traz consigo
solidão.
E você, que chuva é?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.
Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung que, mesmo em férias, faz questão de compartilhar o texto dela com os leitores, faça chuva ou faça sol.