Como será o carro do futuro ?

 

Motores mais econômicos, carros mais leves, mais compactos e com materiais menos agressivos ao meio ambiente fazem parte do desenho do carro do futuro. Couro, metal e plástico estão sendo substituídos por produtos oriundos do coco, por exemplo (veja a foto enviada por um ouvinte-internauta sobre o tema).

De acordo com o presidente da Sociedade da Engenharia da Mobilidade do Brasil, Besaliel Botelho, os veículos produzidos atualmente são 10 vezes menos poluentes do que aqueles colocados no mercado na última década. Para o engenheiro, o Brasil está na vanguarda do desenvolvimento de motores mais limpos e o maior exemplo é a criação do carro flex. Segundo ele, enquanto outros países tem a necessidade de investir muito dinheiro na eletrificação ou na tecnologia para veículos híbridos, o Brasil já tem uma solução para a redução do CO2, nos próximos 10 anos, com os motores a etanol e biodiesel.

Ouça a entrevista de Besaliel Botelho, presidente da Sociedade da Engenharia da Mobilidade do Brasil

Tecnologia dá vida à rede aérea

Por Adamo Bazani

A situação do trólebus não é  fácil no Brasil, onde várias cidades o aboliram completamente. Em São Paulo, discussões e desentendimentos entre operadores, gerenciadores e administrações públicas já viraram uma marca da atual fase deste modelo de transporte de passageiros. Mas é no campo de tecnologia que se pode encontrar a saída para a continuação dos trólebus como veículo capaz de reverter o quadro cada vez pior de poluição sonora e do ar.

Quem garante é o administrador de contratos da Eletra, única fabricante cem por cento nacional de ônibus com tecnologia limpa, José Antônio do Nascimento.

Jose Antonio do Nascimento e Adamo no trólebus

José Antônio diz que o mundo está no caminho da tração elétrica para os transporte urbano. Ele conta que na cidade de Nova Iorque já existem mais de 500 ônibus híbridos (motores de partida a diesel e motores de funcionamento a energia elétrica) em operação; e na China e boa parte da Europa, os administradores locais em parcerias com a iniciativa privada voltaram a investir no trólebus com rede aérea.

“Posso garantir que em corredores exclusivos, o trólebus de rede aérea ainda é melhor alternativa que o híbrido. Na empresa Eletra, que nasceu do Grupo da Viação ABC de Transportes, de São Bernardo do Campo, percebemos que a procura pelo híbrido é cada vez maior, afinal ele possui uma flexibilidade maior que o trólebus e igual ao ônibus a diesel, mas, pelo fato de o trólebus durar mais e não gerar nada de poluição, em corredores segregados, ele é opção ainda melhor”.

“Num corredor segregado, a rede aérea não produz a mesma poluição visual que no meio da rua, onde há entrocamentos e cruzamentos de fios de outros serviços, como de telefone e energia elétrica residencial e comercial. Além disso, o híbrido pode poluir até 90 por cento menos que o ônibus comum a diesel, mas o trólebus polui 100 por cento menos. O Brasil deve estar atento a outro fato de vantagem de veículos com tração elétrica: diferentemente de muitas regiões do mundo, que produzem eletricidade em usinas movidas a carvão e óleo, nós produzimos por água, ou seja, não poluímos e gastamos menos para produzir eletricidade.”

Sendo bem realista, num cenário em que apesar de ser mais barato que metrô e que o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o corredor segregado de ônibus pouco cresce, José Antônio afirma que a solução de curto prazo está no investimento da rede aérea já instalada e em sistemas nos ônibus que ocasionam menos quedas de pantógrafo (alavanca que liga o ônibus até os fios aéreos). Para isso é necessário repotencializar a rede. Ele conta que uma boa parte dos trólebus que circulam na cidade de São Paulo são veículos reformados e reencarroçados, que foram produzidos entre os anos de 1979 e 1981. Entre 1994 e 1996, os veículos passaram por uma atualização, mas a rede aérea não.

E quando José Antônio fala em corredores, ele quer dizer vias segregadas mesmo, não apenas faixas pintadas nas vias, com o mesmo asfalto, com as mesmas ondulações, passando pelos mesmos semáforos que os carros comuns. Os corredor entre São Mateus / Jabaquara, via ABC paulista, é considerado bom exemplo por José Antônio:

“Boa parte é segregada totalmente e o piso é de concreto”

Mas enquanto corredores não saem do papel, a solução, para José Antônio é investir em veículos e sistemas cada vez mais modernos. Já está desenvolvido até mesmo um sistema que evita ou diminui drasticamante a queda dos pantógrafos, além de um corredor 100 por cento eletrificado de grande distância, sendo o primeiro “corredor verde” no mundo.

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Fui aprovado na inspeção veicular

Imagens no centro de inspeção Barra Funda

Cheguei 15 minutos depois do horário agendado, 7h30, na segunda tentativa para fazer a inspeção veicular obrigatória no centro de atendimento na Barra Funda, zona oeste. Na primeira, falhei porque dormi demais e imaginei que se não estivesse na hora marcada perderia o direito à inspeção. Aprendi que o atraso pode ser de até 30 minutos, desde que não atrapalhe o agendamento dos demais. Aprendi, também, que para remarcar não seria necessário pagar nova taxa. Uma surpresa.

Desta vez, mesmo saindo mais cedo, o chuvisco da manhã atrapalhou o caminho, mas havia saído com folga e, assim, minha entra no centro de inspeção deu-se dentro do previsto. Placa do carro confirmada no computador e a cancela se abriu. Orientado pelo funcionário fui a uma das sete filas que não tinham mais de três carros cada uma. Eram 7h50.

Foram nove minutos entre parar na fila e chegar a faixa amarela onde outro funcionário me aguardava. Um menino, ou com cara de menino, mascarado. Pediu para abrir o capô, deixar o carro com a chave e me sentar nas cadeiras ao lado do posto de inspeção. Enquanto esperava meu carro ser levado ao local, outro veículo era inspecionado. O dono tinha olhar curioso e apreenssivo. Acho que todos ficamos assim.

Às 8h07 era minha vez. Fiquei na cadeira fazendo de conta que aquilo era a coisa mais normal do mundo. Mas me sentia como pai que leva filho ao vestibular. Sabe que ele estudou tudo direitinho, toda  a vida se preparou para aquele momento, e o teste que vai fazer nem é dos mais difíceis. Vai que não passa ?

Um olhar por baixo do carro com aqueles espelhos de policial de filme americano que procura bomba; capô escancarado, óleo checado, rotação em baixa, acelerador pisado no fundo, um cabo no motor e uma sonda enfiada no escapamento. Os dois analistas não fazem nenhuma expressão. Nem se sim, nem se não. Homens frios diante daquela angústia.

Tudo não levou mais de três minutos. Isso mesmo, às 8h10, fui chamado por um dos analistas que levou meu carro mais à frente e me entregou uma papeleta azul. Era o boletim de notas. Na hora não consegui prestar atenção se o aluno havia tirado 0 ou 10. Apenas ouvi a recomendação dele para guardar os dados com os documentos, mostrou-me um número que seria útil para fazer o licenciamento e solicitar a devolução da taxa de inspeção no site da prefeitura. “Está perfeito”.

Havia passado com menção honrosa, soube mais tarde ao pedir explicação a um técnico da área sobre os resultados registrados no boletim escolar que eles chamam de “certificado de aprovação”.

São três os índices identificados a partir de duas medições realizadas em marcha lenta e com rotação de 2500 RPM. O índice tolerado de Monóxido de Carbono (CO), resultado da queima do combustível, é de 1%. Marquei 0,10%. Muito bem, meu filho.

A quantidade máxima aceitável de hidrocarboneto, parte do combustível líquido não queimada, é de 700 ppm (partículos por milhão). Tasquei 35 em alta rotação. Boa, meu garoto.

O resultado mínimo do cálculo final para identificar o percentual de diluição – não me pergunte a fórmula usada para chegar a este número porque é muito complicada – é 6%. E não é que bati a casa dos 15%. Mais do que o dobro. Orgulho do pai.

De volta a Barra Funda: Com um agradecimento pela atenção me despedi do funcionário e entrei no carro que comigo sorria orgulhoso da sua performance. Depois de alguns anos de convivência, sempre cuidadoso na manutenção, trabalhando dentro das recomendações de fábrica e gasolina abastecida nos mesmos postos, ele correspondia a todo meu esforço.

Apesar de tudo sei que meu carro, assim como tantos que andam na cidade, mesmo atendendo as especificações previstas em lei, é responsável por parte da poluição na capital paulista. Não me iludo com o resultado da inspeção. Muito menos me envergonho de ter me sentido um cidadão melhor.

Fretado questiona uso de combustível limpo em ônibus

A lei que trata das políticas de mudança climática prevê redução em 10%, a cada ano, do uso de combustíveis fósseis pela frota de ônibus do sistema de transporte públicos da capital paulista. Ou seja, até o fim de 2008, cerca de 1.500 ônibus deveriam estar circulando com combustível mais limpo.

Presidente do sindicato que reúne os ônibus de transporte fretado, Jorge Miguel dos Santos, questiona o cumprimento dessa meta pelas concessionárias que exploram o serviço em São Paulo. Entende que os fabricantes não terão condições de atender esta demanda.

Jorge Miguel falou sobre o assunto durante entrevista ao CBN SP quando perguntei a ele se o setor de fretados estaria disposto a assumir compromisso com a cidade de São Paulo e reduzir também o uso de combustíveis fósseis na frota que opera neste serviço.

Disposto, estaria. Mas duvida que haja condições de atender a lei aprovada no mês passado na capital paulista que, diga-se de passagem, na inclui os fretados, pois estes atuam na Região Metropolitana e não há lei estadual neste sentido.

Ouça a entrevista com Jorge Miguel dos Santos, da Transfretur

Seminário e audiência pública discutem poluição veicular

Na mesma data, na mesma hora e em dois locais diferentes, autoridades e técnicos discutirão os efeitos da poluição provocada pelos carros na cidade de São Paulo. Conforme informamos, ontem, aqui no blog, o Ministério Público promoverá audiência pública na qual questionará o resultado do programa de inspeção ambiental veicular, em vigor desde o ano passado na capital paulista, nessa quarta-feira, às duas da tarde, na sua sede no centro da cidade.

Mais para o lado do Ibirapuera, na sede da Assembléia Legislativa, também às duas da tarde, a qualidade do combustível que abastece a frota paulista será debatida pela Petrobrás, fabricantes de carros, ministérios Público Federal e do Meio Ambiente, Cetesb e o Movimento Nossa São Paulo.

A procuradora federal Ana Cristina Bandeira Lins poderá explicar o termo de compromisso assinado com o objetivo de implantar no Estado a distribuição de combustível menos poluente que deveria ter se iniciado em janeiro de 2009, mas por irresponsabilidade do Governo Federal, Petrobrás e Anfavea, teve de ser parcialmente adiado. Com isso se perderá ainda mais tempo no programa de combate a poluição veicular nos grandes centros urbanos.

Petrobrás e Anfavea, provavelmente, repetirão a desculpa que tem usado para se defender do fato de não cumprirem com a resolução nº 315 do CONAMA que previa a utilização do diesel S-50 na frota de São Paulo. No Brasil, o diesel queimado por caminhões, por exemplo, tem 2 mil partículas por milhão de enxofre, enquanto o diesel previsto na resolução tem 50 partículas por milhão de enxofre.

O seminário “Poluição Veicular. Controlar é Possível – A Importância de Combustíveis Menos Poluentes e o Futuro do Programa de Controle de Emissões Veiculares (PROCONVE)”  é promovido pelo deputado estadual Donisete Braga (PT-SP).

O interesse pelo tema se justifica quando se sabe que, segundo o laboratório da poluição da USP, são 12 pessoas por dia as que morrem vítimas da poluição na cidade de São Paulo.