Por Maria Lucia Solla
Ouça De compaixão e dó na voz da autora
Olá
É difícil aceitar o outro, se não aceitamos a nós mesmos.
É difícil entender a dificuldade do outro,
se não olhamos a vida de frente e não reconhecemos a nossa verdade.
É dificílimo sentir compaixão, quando só o que sabemos é sentir dó e paixão.
Levante a mão quem nunca deixou de aceitar, de entender ou de sentir compaixão.
Sofremos porque no cardápio da vida, entre amor e paixão, preferimos a apimentada, que apesar dos fogos de artifício nos faz sentir sós, mesmo com a casa lotada.
Paixão é íntima da solidão.
Compaixão não; a compaixão é íntima do amor;
Faz que entremos na arena para derrotarmos com o outro, a dor.
Ouvir dizer a torto e a direito, que alguém está apaixonado, enlouquecido,
é corriqueiro,
mas você já ouviu dizer que alguém esteja compadecido?
E olha que a palavra não pertence a idioma estrangeiro.
Na compaixão é impossível se sentir sozinho. Ela traz o “com”, com ela.
É como o sonho do Raul, que se sonha junto.
Compaixão contém paixão, e tem, sim, uma pitada de dó, mas seu ingrediente principal é simpatia.
E simpatia leva você a entrar na realidade do outro, sem armas, sem julgamento, mesmo que de sair não tenha nenhuma garantia.
Dó humilha, vem de cima e te deixa envergonhado
Compaixão não; fica ali, aconchegante, do teu lado.
Dó afasta, mantém distância para não se contaminar.
Compaixão traz a certeza de que o outro não vai te abandonar.
Compaixão é aquele estar ali do amigo, que quando te vê chorando não diz:
“Não chora; para com isso. Isso é jeito ser?”
Ah, então me diz como sofrer e aproveita o embalo, e me ensina a viver.
Eu, estou aprendendo a desistir de explicar os motivos que me fazem chorar, e aqueles que me fazem celebrar.
Não quero convencer ninguém de como dói a minha dor.
E sabe o que mais? Não sou aluno, mas também não quero ser professor.
Assim que eu entender melhor a vida, me despir do ego e deixar minha alma gritar no meio da praça, cada dia meu terá mais motivos de celebração,
e cada dia meu será menos povoado de aflição.
E você, o que me diz disso tudo?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de lingua estrangeira e escreve aos domingos no Blog do Mílton Jung sempre com paixão.
