Como o lixo do condomínio recicla gente

 

Reciclando

Estou de volta ao lixo, assim como faz um sem-número de famílias pobres da cidade mais rica do país. Levo vantagem, porém, sobre todas elas. Volto por escolha e por retórica, enquanto essas são obrigadas a enfrentar a situação vexatória por sobrevivência.

Há duas semanas, escrevi sobre os lixões residenciais que se formam diante dos condomínios mais luxuosos da capital. Criados por gente que não se dá o trabalho de separar lixo seco do úmido nem se envergonha de ver pais e filhos esfarrapados sentados na calçada vasculhando os sacos depositados cheios da sujeira produzida por eles. De sujeira e de dinheiro, também.

Em cada um desses sacos plásticos, geralmente pretos, é possível encontrar lata de alumínio, garrafa PET, potes de vidro ou quantidade considerável de papel que não tenham sido contaminadas pelos restos de comida. Resíduos que levados à reciclagem se transformam em renda mínima capaz de sustentar famílias carentes.

A boa notícia é que há paulistanos convictos de que é possível mudar este cenário.

Há dez anos, Célia Marcondes e um grupo de vizinhos decidiram organizar a coleta seletiva nos bairros de Cerqueira César e Jardins. Convenceram donos de apartamentos a separar lata, garras, PETS, papel e plástico e colocar tudo em sacos de cores diferentes dos usados para o lixo. Conseguiram os caminhões que, desde então, recolhem este material que está armazenado em conteineres e fazem a entrega na sede Cooper Viva Bem, responsável pela triagem, separação e limpeza. Atualmente, 400 prédios integram esta rede.

“A gente pode resolver dois problemas de uma só vez: ambiental e social. Esse povo que vem rasgar saco na porta dos prédios, vem porque falta alternativa de vida. É o alimento que ele precisa para o dia-a-dia. Não podemos condenar este pobre coitado que vive de catar restos dos outros. Na cooperativa, ele tem dignidade e renda”- explica Célia.

Hoje, a Cooper Viva Bem tem cerca de 100 famílias reciclando em torno de 100 toneladas de resíduos por mês, suficientes para gerar a cada uma algo como R$ 800,00. Se a prefeitura ampliasse a área de coleta e aumentasse a quantidade de centrais de triagem, o número de pessoas beneficiadas seria bem maior na cidade de São Paulo.

Por enquanto, temos apenas 21 centrais que recebem o material coletado pelos caminhões das duas concessionárias contratadas da prefeitura, Loga e Ecourbis. Eles ainda não circulam em todos os 96 distritos da capital nem mesmo em todas ruas e avenidas dos 76 distritos que são atendidos pelo serviço. Mesmo assim, muitas vezes têm de deixar de coletar ou misturam no lixo comum o material reciclado por falta de espaço nos pátios das cooperativas.

De acordo com os dados oficiais da prefeitura, das 10 mil toneladas de “lixo” produzidas pelos paulistanos, todos os dias, cerca de 2 mil toneladas poderiam ser reaproveitadas. Deste total, cerca de 7% são coletados de forma correta. O resto desperdiçamos.

Em tempo: ambientalistas dizem que dos resíduos sólidos produzidos na cidade, no máximo 1,5% vai para as centrais de triagem.

Valdecir Papazissis, homem da prefeitura que tem o desafio de organizar a coleta seletiva na cidade, considera “lamentável a situação dessas famílias que vão para frente dos condomínios procurar material reciclável”. Ele mora em casa, faz a separação e entrega em um dos pontos de coleta da cidade que fica, aliás, no mesmo local em que trabalha, o Limpurb – o Departamento de Limpeza Urbana.

Não diz com todas as palavras, mas sabe que São Paulo poderia estar muito mais bem atendida pela coleta seletiva com mais famílias integradas ao sistema, se os contratos assinados pelas concessionárias não tivessem sido renegociados no início do governo Serra/Kassab. “Marcos foram postergados”, se limita a comentar o diretor de Coleta Seletiva do Limpurb.

Quando foi assinado, em 2004, pela administração Marta Suplicy, as duas empresas receberiam R$ 20 bilhões em 40 anos. José Serra achou caro de mais, pagou cerca de R$ 940 mil para FGV analisar os textos e negociou redução de 17% nos valores, em 2005. Aceitou, porém, mudar os prazos para a realização dos serviços propostos como distribuição de conteineres na cidade, recolhimento de lixo porta a porta em áreas de favela e coleta seletiva. Ou seja, pagou menos em troca de menos serviço.

A atual administração também tem sido lenta no sentido de expandir o programa, apesar de Papazissis insistir que os investimentos têm sido feitos. No ano passado eram 16 centrais de reciclagem, hoje temos 21, estão prometidas mais duas até o fim de 2011 e mais três até o ano que vem.

Sobre a participação dos condomínios, Papazissis diz que 1.870 aderiram ao programa da prefeitura e 3 mil conteineres estão disponíveis para a coleta. Quanto ao investimento para aumentar a participação dos donos de apartamentos, alega que existem explicações no site do Limpurb e que são realizadas palestras. Não parece ser suficiente, haja vista termos algo como 30 mil condomínios na cidade.

Não há previsão de campanhas pedagógica e publicitária para mudar o comportamento do cidadão.

“Infelizmente, a prefeitura não contribui como poderia. Estamos abrindo mão de matéria prima de alta qualidade e deixando de integrar esta gente à sociedade. É preciso que todos se convençam de que o maior avanço que temos neste trabalho é a reciclagem de pessoas” – ensina Célia Marcondes.

Deixo, assim, o convite a você que lê este texto agora: comece por reciclar o seu comportamento. Eu comecei, em 1991, quando adotei São Paulo como minha cidade.

A foto deste post é de autoria do jornalista Marcos Paulo Dias e faz parte do meu álbum digital no Flickr.

O poder do lixo

 

Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP

Catador de reciclável 1

Se houvesse um concurso de grafite no centro de São Paulo, o grafite no tapume que cerca a interminável e confusa reforma do Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, seria um dos escolhidos: a imagem de um catador de papelão com o peito estufado puxando a sua carroça carregada de recicláveis.

A grande verdade para muita gente que observa a obra de arte , está nos dizeres da carrocinha: ” Um catador faz mais que os Ministros do Meio Ambiente. Nada !”

Em meio aos recicláveis, ao lado de malas, a imagem de um homem mascarado e engravatado – com um cifrão no paletó – chama a atenção.

O tapume é assinado por Mundano_SP

Condomínios de luxo mantém “lixão doméstico”

 

Lixão residencial

O desmoronamento de parte dos 600 mil metros cúbicos de lixo amontoados no aterro sanitário de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, que ocorreu segunda-feira (25/04), é apenas uma das cenas que revelam a forma incompetente com que o Brasil administra os resíduos sólidos.

Despercebida pela maioria de nós, outra imagem desta tragédia urbana se reproduz diante de alguns dos mais ricos condomínios da capital paulista, todos os dias. São famílias pobres, muitas desgraçadas, que ficam a espera do “lixo” despejado pelos moradores de bairros como o Panamby e o Morumbi, na zona sul da capital.

Sacos se acumulam aguardando a empresa de coleta. Antes que o caminhão chegue, mães, pais e crianças pequenas cercam o local. Como se estivessem diante de gôndolas de supermercado – nem mesmo o carrinho para as compras é esquecido – escolhem o que de melhor têm a disposição.

Latinhas de cerveja e refrigerante são as preferidas da maioria, pois têm saída mais fácil. Garrafas PET e de vidro, também ajudam a formar a renda familiar. Os papéis nem sempre são aproveitados pois ficaram contaminados pela mistura com o lixo comum. Comida, muito pouco (ainda bem).

Em São Paulo, capital, conseguimos substituir os lixões por dois aterros sanitários que, hoje, esgotados, geram até 20 mega watts por hora de energia elétrica, cada um, a partir da captação dos gases metano e carbônico, numa demonstração de que poderíamos gerenciar melhor esta questão.

No entanto, ainda fazemos da porta dos condomínios uma espécie de lixão doméstico, sem que isto cause, aparentemente, constrangimento aos seus moradores. Gastamos fortunas para manter as salas de ginástica, quadras de tênis, áreas de lazer, piscinas enormes mas somos incapazes de nos organizarmos para a separação dos resíduos sólidos. Preferimos jogar tudo fora transferindo aos outros a responsabilidade pelo que consumimos.

E como o consumo está em alta, produzimos sete vezes mais lixo em 2010 do que no ano anterior, conforme estudo divulgado nesta semana pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Foram 61 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, em todo o Brasil. Você que lê este texto foi responsável por cerca de 378 quilos de lixo, em média. Se mora em São Paulo, acumulou 1,328 quilo por dia – pois vive na região que mais “sujeira” fez no ano passado.

Responsabilizar o aquecimento da economia pelo aumento da produção de lixo é varrer para baixo do tapete o verdadeiro problema enfrentado pelo País.

As prefeituras investem pouco em políticas de coleta seletiva. Na capital paulista, existem apenas 16 centrais de reciclagem para atender os 96 distritos – número que não cresce faz seis anos. Do material que é recolhido pelos caminhões da coleta seletiva mais de 1/3 vão parar no lixo comum. Faltam campanhas que incentivem a separação e programas pedagógicos que preparem a população. A cobrança da taxa do lixo, que poderia trazer pelo bolso a consciência que nos falta, quase causou uma revolução na cidade.

A esperança de que isto mude está na Lei de Resíduos Sólidos, a Lei do Lixo, em vigor desde o ano passado e que impõe responsabilidade aos municípios e ao poder público, mas também às empresas que fabricam e vendem, assim como às pessoas que compram e consomem.

Temos o compromisso de acabar com os lixões até 2014. Você pode começar a fazer isso agora na porta do seu condomínio.

Texto originalmente escrito para o Blog Adote SP, da revista Época SP

Condomínio e a lei antifumo

Lei anti-fumo

Recebi de uma das administradoras de imóveis da cidade uma relação de locais onde é proibido fumar nos condomínios, também afetados pela lei que entra em vigor sexta-feira, no Estado de São Paulo. Além do seu próprio apartamento, o fumante terá de pegar o elevador e encontrar uma área ao ar livre se pretende manter o “prazer” de uma tragada.

Aqui é proibido:

Halls de entrada, halls dos andares, salões de festas e de jogos, corredores, elevadores, garagem, espaço gourmet, Fitness Center (vulgarmente conhecido por academia), ciber room, office-room, home theater, sob qualquer tipo de toldos ou telhados, child car, piscinas cobertas, saunas e auditórios
Aqui não é:

Apartamento, jardins, terraços, sacadas e varandas

O que fazer:

Retirar cinzeiros e afixar avisos de proibido fumar nas áreas comuns.
E a multa que pode chegar a R$ 1.585,00 não será apenas para o caso de alguém ser pego fumando em local proibido. As administradoras avisam que pontas de cigarro, cinzeiros ou a falta de avisos indicativos da proibição também são considerados desrespeito à lei.

Cigarro no condomínio tem multa administrativa

Mesmo que a fiscalização do Estado tenha dificuldade de controlar o uso indevido de cigarro no interior de condomínios residenciais quem infringir esta regra corre o risco de sofrer multa administrativa. O controle das normas previstas na lei antifumo de São Paulo será feito muito mais pelos moradores e funcionários do condomínio do que pelo próprio Estado, no entender de Márcio Rachkorsky, comentarista do progama Condomínio Legal, que vai ao ar quartas e sextas, às 11 da manhã, na CBN.

Ouça as recomendações de Márcio Rachkorsky sobre a lei antifumo nos condomínios

Como decidir quem pode usar a piscina no condomínio

Os netos foram visitar a vovó que decidiu levá-los para brincar na piscina do condomínio. Os primos ficarão uma semana inteira hospedados no apartamento da tia e o sol está convidativo para um belo banho.

Neste segundo trecho da entrevista de Márcio Rachkorsky ao CBN SP, ele ensina como o condomínio deve se comportar diante deste caso. E também o melhor caminho para resolver os problemas com aquele vizinho que costuma causar a maior dor de cabeça. Ouça CLICANDO AQUI

Música, festa, cachorros … Durma-se com um barulho desses

A difícil vida em condomínio foi o tema do programa CBN São Paulo deste sábado, com a presença do advogado Márcio Rachkorsky, que apresenta o quadro Condomínio Legal. Ele responde a perguntas enviadas por ouvintes-internautas e um dos temas que mais incomodam nesta relação com os vizinhos é o excesso de barulho.

Para ouvir a primeira parte da entrevista com Márcio Rachkorsky CLIQUE AQUI

Mutirão do Condomínio no CBN SP

Deixe aqui no blog suas dúvidas sobre viver em condomínio que eu repasso para o Márcio Rachkorsky no CBN São Paulo, deste sábado, que começa às 10 da manhã. Até o meio-dia, ele conversa com a gente ao vivo e responde as questões feitas pelos ouvintes-internautas.

Márcio é advogado e comentarista do quadro Condomínio Legal que vai ao ar quartas e sextas, às 11 da manhã, na CBN

Tire suas dúvidas sobre condomínio, neste sábado, no CBN São Paulo

Com um de cada três paulistanos morando em condomínio não nos surpreende a quantidade de dúvidas e confusão que surgem entre quatro muros. Calcula-se cerca de 20 mil, comerciais e residenciais, na cidade de São Paulo, reunindo no mesmo lugar pessoas de personalidades, perfis e expectativas muito diferentes. O advogado Márcio Rachkorsky, há um ano comentarista do quadro Condomínio Legal, na rádio CBN, recebe um sem-número de mensagens eletrônicas com as mais variadas perguntas: do barulho provocado pelo salto do sapato da moça que mora no andar de cima ao cocô de cachorro depositado no jardim em frente ao prédio da cadelinha do primeiro andar. Tem coisas mais graves, também. E bem sérias.

Nos dois comentários que realiza por semana – quarta e sexta, logo após as 11 da manhã -, Márcio consegue atender a algumas dessas questões, no entanto muita gente acaba ficando sem saber como resolver o seu problema. Assim, neste sábado, durante duas horas, Márcio Rachkorsky participará do “Mutirão do Condomínio” promovido pela CBN São Paulo. As mensagens serão reunidas por temas e respondidas, ao vivo.

Você pode participar, deixando sua dúvida aqui no blog, na área reservada aos comentários. O programa CBN SP de sábado vai ao ar das 10 da manhã ao meio dia.