TV Conmebol mostra que onde entra o futebol sai a ordem

Por Carlos Magno Gibrail

Ilustração do teste de padrão da TV no passado

 

A transmissão dos jogos de terça-feira pela Taça Libertadores da América, lembrou as improvisações dos primórdios da televisão — principalmente no quesito de atender o consumidor. Encantar, nem pensar.

Houve falhas ou foi a aplicação de técnica ultrapassada para provocar a compra, que interromperam por várias vezes a transmissão abruptamente?Modelos de degustação televisiva? Trailler?

O inusitado é que nos mercados de consumo tradicionais quando há diversificação na oferta, a qualidade, os custos e a distribuição ficam melhores devido à concorrência. Além de mais baratos. No futebol aparece uma quantidade maior de oferta e tudo fica confuso. 

De outro lado, como ficam os assinantes que compraram o pacote anterior que incluía os jogos da Libertadores, e agora terão de comprar o novo pacote?

A TV, aos 70 anos, mostrou através da transmissão Conmebol, que onde entra o futebol sai a ordem.

A experiência tem demonstrado que esse que é o maior esporte entre tantos  é, também, o mais confuso. É sempre um dos mais retrógados em termos de evolução e mudanças necessárias, a despeito da paixão exercida pelos títulos, camisas e cores no futebol. Um fenômeno inexplicável.

Recentemente, a adoção da tecnologia para ajudar os árbitros, o VAR, foi a mais demorada e discutida. Demora que pelo menos deveria ter propiciado a definição do melhor sistema e do mais completo equipamento. Não foi o que aconteceu. Ou os equipamentos adquiridos não tem qualidade suficiente ou os árbitros incumbidos de operá-los não tem habilitação necessária.

Não são raras as demoras excessivas para a tomada de decisão, bem como decisões erradas e solicitações descabidas para lances não protocolares.

Outro aspecto é o sistema adotado, pois, enquanto a maioria dos esportes entrega para os jogadores, como no tênis, o controle das solicitações para a intervenção da tecnologia, ou para os técnicos, como no voleibol, no futebol a chamada para a utilização é dos árbitros. A maioria desses esportes consegue fazer do recurso eletrônico mais uma atração das transmissões. O futebol americano abre a conversa dos árbitros para os torcedores, o que acrescenta ainda um toque de honestidade e marketing.

Enfim, o futebol é um mercado em que há grande oferta de jogadores, há consumidores efetivos e potenciais de forma crescente, mas carece de gestores. Talvez pela atração do jogo como jogo e não como negócio.

Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.   

Libertadores: o Brasil acuado e manipulado

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

O episódio do Corinthians no Pacaembu, há uma semana, quando dois gols foram anulados e uma penalidade máxima não foi marcada, já foi vivenciado por outros clubes brasileiros. E, se não bastasse o corriqueiro do evento, este fato de má-arbitragem é tão mais grave quanto a solução fácil do recurso eletrônico não ser adotada justamente para manter o poder amador dos árbitros e seus dirigentes.

 

Entretanto, ocorrências mais contundentes e que, certamente, comprovam uma situação de inferioridade no âmbito latino americano de nosso país têm acontecido. Como o regulamento proibindo times de mesma nacionalidade avançar às semifinais, criado depois de seguidas finais brasileiras – uma afronta ao esporte e diretamente ao Brasil, país mais poderoso do continente. Quer em termos de economia, de democracia e, principalmente, de futebol. O absurdo desta questão é que ao normatizar esta inovação, a Conmebol, entidade que congrega as 10 federações do futebol da América do Sul, não recebeu nenhum contra da CBF nem dos maiores times brasileiros.

 

Nesta mesma linha, os jogos acima da altitude de 2.000 metros ainda continuam. De vez em quando algum time tem reclamado e ameaçado não jogar, mas nada foi feito em conjunto, com a força evidente de camisas fortes e unidas de clubes brasileiros.

 

Mais recentemente, a Fox, empresa mexicana que dispõe dos direitos de transmissão, exigiu a inclusão de equipes mexicanas. Elas participam, mas não se classificam ao Mundial de Clubes, porque pertencem a América do Norte. Se forem campeãs, é o segundo colocado que vai ao Mundial.

 

A Conmebol manipula deixando de punir ou punindo em excesso, privilegiando os “amigos”. A Fox manipula incluindo times do país de seu dono e impondo o calendário que lhe fique melhor. Resta saber o que a Bridgestone, o novo patrocinador irá impor. E vamos todos aceitar. Vamos mesmo?

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.