Mundo Corporativo: Paulo Castello, da Fhinck, diz que pandemia mostra que trabalhamos mais do que precisamos

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“Nós fomos treinados a trabalhar em fábrica. Você  tem de repetir procedimentos. Agora tem uma migração para personalização. O trabalho vai ser pessoal, você vai ser o seu próprio CNPJ.”

Paulo Castello, Fhinck

Com o uso de recursos digitais, a empresa percebeu que um dos departamentos sempre apresentava queda de produtividade e foco no trabalho, no fim da tarde. Por cerca de um mês fizeram quatro testes para entender como melhorar o desempenho do grupo. Trocaram a disposição dos colaboradores, mexeram no desenho do escritório,  reduziram o expediente de oito para seis horas e depois para quatro horas. Tudo devidamente medido, a conclusão foi de que com apenas seis horas de trabalho, o grupo renderia melhor, manteria a mesma produtividade em todo o expediente e ainda ganharia duas horas de lazer.

Paulo Castello, CEO e fundador da Fhinck, contou essa história ao Mundo Corporativo, para sustentar a ideia de que trabalhamos mais do que necessitamos, uma tese que vem sendo defendida ao longo do tempo, desde que se passou a questionar o processo fabril que ainda molda as relações de trabalho em boa parte do mundo. O empresário sempre esteve conectado ao tema da inovação que, pelo que se percebe, não se restringe a tecnologia, apesar desta ser essencial nesses tempos.

Foi para encontrar soluções tecnológicas que permitissem a medição do desempenho operacional, da produtividade e da qualidade de vida dos colaboradores, que Paulo fundou a Fhinck Business Solution, em 2014, uma “startup brasileira”, como faz questão de ressaltar:

“A gente usa inteligência artificial. Nosso software coleta dados enquanto você trabalha, o tempo de cadeira, fora da cadeira, sistemas que usa, tendências e comportamentos”.

Uma das mudanças identificadas com a pandemia em que a maior parte das empresas mandou seus colaboradores para casa foi o aumento de até 22% do foco dos colaboradores no trabalho. Estudos desenvolvidos na Universidade de Harvard e pelo MIT já haviam mostrado essa tendência. Após o investimento em ‘open space’, que são os ambientes corporativos abertos, sem salas ou cubículos funcionando como estações de trabalho, aumentou a interação das pessoas e o fluxo de ideias. Por outro lado, as distrações cresceram na mesma proporção. Em casa, o profissional concentra-se por mais tempo e de forma mais efetiva. 

O problema é que a maioria dos profissionais não foi preparada para o home office e acaba perdendo o controle sobre a sua jornada, com danos psicológicos e físicos. Paulo conta que na própria Fhinck, um mês depois de todos os funcionários estarem em trabalho remoto, descobriu-se que a maioria não estava almoçando direito:

“Com nossa tecnologia travamos as agendas de trabalho de todos, do meio-dia às duas da tarde. Aumentamos o horário de almoço, porque em casa precisamos preparar a comida, ao contrário de quando estamos no escritório, que se vai ao restaurante”. 

Os dados ajudam a entender de uma forma mais ampla todas as tendências e padrões da jornada de trabalho, inclusive riscos trabalhistas:

“Se os RHs não prestarem muita atenção ou terão problemas trabalhistas ou terão problema de evasão de talentos para outras empresas que vão propiciar um ambiente de trabalho mais regular. Com uma rotina mais estruturada”

A previsão é que um dos legados da pandemia e do ‘home office’ forçado será o modelo híbrido na forma de trabalho, com parte das funções sendo realizadas em escritórios e outra à distância. No futuro, não muito distante, Paulo entende que os contratos terão de de se adaptar porque haverá uma mudança radical no formato atual, com expediente em horário comercial, das 8 da manhã às 5 da tarde. Haverá a possibilidade de os profissionais não serem exclusivos de uma empresa, mas fazerem aquilo que gostam e como gostam, em tarefas a serem contratadas através de plataformas digitais, com demandar específicas. 

“É importante não ficar preso a modelos do passado”

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às 11 da manhã, pelo site da CBN e pelas páginas da rádio no Facebook e no Youtube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN; domingo, às dez da noite, em horário alternativo, e pode ser ouvido a qualquer momento em podcast.

Startup: aparências e transparências

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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A Tesla, fabricante de carros elétricos de luxo vendeu no ano passado 76.000 veículos, com prejuízo de US$ 800 milhões. A General Motors, 10 milhões de carros com lucro de US$ 9,4 bilhões. Para os investidores, Tesla e General Motors têm praticamente o mesmo valor de mercado. Ou, para ser exato, US$ 50,6 bilhões para a General Motors e US$ 49,7 bilhões para a Tesla.

 

A Amazon ficou década no prejuízo. A WhatsApp tem bilhões de usuários, mas não tem receita. A operação é bancada pelo Facebook, que pagou fortuna pela sua compra e, também, inicialmente, não tinha como se manter, não fossem os aportes dos investidores iniciais.

 

O entendimento dessas aparentes incongruências está explicado na entrevista de Arthur Igreja, no Mundo Corporativo, da rádio CBN. Um professor que faz e mostra como fazer.

 

Após desmistificar a idade padrão dos empreendedores de sucesso, cuja faixa etária está acima dos 35 anos e não em pós-adolescentes; e de validar experiência anterior intensa, se possível com insucessos, Igreja diz que é recomendável ao empreendedor:

 

“é um profissional que consegue demonstrar capacidade de entrega, capacidade de execução; também se fala muito que é um profissional apaixonado pelo problema, ou seja, ele quer resolver um problema grande, um problema que muita gente passa e ele está absolutamente apaixonado em conseguir transformar este problema em uma solução mais simples”.

 

 

Nesse contexto, acredito que a resolução de problema, mais do que oportunidade futura é mais convincente.

 

Pessoalmente, experimentei há 17 anos vender roupa pela internet formando um marketplace. Não deu certo, pois achavam que roupa não seria vendida sem provar, ou que era melhor entrar individualmente.

 

Recentemente, tentei convencer os shoppings centers que deveriam fazer marketplaces, pois os lojistas que entravam na internet iriam em pouco tempo perceber a necessidade de se agrupar. Ainda estou tentando, e os lojistas já estão se juntando.

 

Mas, hoje, aprendi a lição. Estou lançando um produto que resolve um problema que observei durante 40 anos: a renovação do contrato de locação comercial. Espero que possa desempenhar a figura proposta por Arthur Igreja do empreendedor de sucesso.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Mundo Corporativo: juiz Marlos A. Melek dá dicas de como reduzir conflitos trabalhistas na sua empresa

 

 

“A tendência das empresas que passarem de dois anos, graças à Deus, é crescer. Daqui dois, três anos, daqui seis meses, talvez vocês não lembrem o que foi combinado lá atrás, aí começa a criar aquele conflito, aquela dúvida. O trabalhador diz: mas eu não fui contratado para isso, eu estou acumulando função. Então começa um grau de insatisfação,piora o clima organizacional da empresa e, por outro lado, começa a ter o conflito”. A afirmação é do juiz federal do trabalho Marlos Augusto Melek, em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, da rádio CBN. Melek faz inúmeros alertas sobre cuidados que empregados e empregadores devem adotar para que os problemas trabalhistas não contaminem o ambiente organizacional. Ele é autor do livro “Trabalhista. E agora?”, publicado pela EstudoImediato.com

 

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, no site cbn.com.br, às quartas-feiras, 11 horas. O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN. Participam do Mundo Corporativo Alessandra Dias, Carlos Mesquisa e Denis Willians Ferreira.

Varejo brasileiro precisa seguir Darwin, Drucker e os americanos

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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Se a qualificação de adaptação à mudança é essencial para a preservação de espécies, segundo Darwin, e negócios segundo Drucker, é hora de agir. As vendas do varejo nacional, que representa 22% do PIB e 20% dos trabalhadores, estão em queda, e os custos em alta.

 

Enquanto a indústria através da MP com o PPE – Programa de Proteção ao Emprego começa a equacionar a questão da mão de obra, o varejo precisa de legislação específica para o setor.

 

A jornada de 44hs semanais ou mesmo a de 6hs conveniadas em acordos coletivos não atendem às necessidades atuais do varejo. As equipes foram reduzidas e não correspondem às necessidades nas horas de pico. É preciso flexibilizar os períodos de acordo com o fluxo das lojas e oferecer oportunidade de trabalho aos jovens e idosos.

 

O varejo norte-americano, por sinal o maior do mundo, com 30% de participação no seu PIB, tem a prerrogativa de contratação flexível. A convergência entre o horário de oferta e demanda trará redução de despesa e aumento de venda. É por isso que um grupo de 15 entidades representativas do varejo, entre elas FACESP- Federação das Associações Comerciais de São Paulo, Fecomercio SP, SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, desde maio, estão pleiteando mudanças na legislação trabalhista. E,em reportagem de Claudia Rolli na Folha de segunda-feira citam que a Victoria`s Secret de New York tem 200 funcionárias flexíveis, bem como a Wal-Mart que contrata maiores de 55 anos como repositores de prateleiras.

 

Nelson Kheirallah da FACESP aposta no contingenciamento que habilitará os sindicatos trabalhistas e patronais na configuração das necessidades de cada momento. É por isso que as idas à Brasília têm sido frequentes. Kheirallah juntamente com o grupo dos 15 já visitaram o vice Michel Temer, o ministro Afif Domingos da Micro e Pequena Empresa, o ministro Manoel Dias do Trabalho, e esperam em breve estar com outras tantas autoridades quanto necessário para aprovar as melhores condições de trabalho específicas para o varejo.

 

Fazemos votos que as autoridades absorvam a sapiência de Darwin e Drucker e executem a eficiência norte-americana do varejo.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.