Grêmio 2 x 0 Coritiba
Brasileiro – Olímpico
O drible começou com a explosão muscular das pernas do colombiano Perea em direção a área adversária. Toda a força que impulsionou sua corrida não foi capaz de impedir um movimento brusco com o corpo que lhe fez fugir do marcador e lhe deixar ainda mais próximo do gol. Mas da maneira que partiu enxergava a goleira de lado, sem espaço para bola entrar, sem ângulo, como gritam os locutores de rádio. Precisaria arrancar a fórceps aquela muralha a sua frente e colocando o coração no peito do pé se ouviu nas arquibancadas do Olímpico Monumental mais uma explosão. Era a chuteira do atacante no encontro com a bola que disparou com uma velocidade que apenas as redes eram capazes de contê-la.
Gol de Perea. Desde sua volta após grave lesão, foi o primeiro com a cara do atacante que fez a torcida vibrar em fevereiro de 2008 quando chegou ao estádio Olímpico. Uma jogada que representa muito mais do que a abertura do placar de uma partida em que o Grêmio parecia inferior, mesmo estando em casa. É a esperança de que o colombiano e seu futebol estão de volta no momento em que mais precisaremos dele.
O goleador Jonas nos foi arrancado do campeonato com uma lesão definitiva para a temporada, semana passada. Assim como ele, Herrera está machucado. O guerreiro argentino Máxi também estará fora do time graças ao autoritarismo de um árbitro incapaz de enxergar a verdade diante do seu nariz. O mesmo árbitro e o mesmo lance que tiraram a alma do capitão Tcheco. Quando este foi substituído por Paulo Autuori já não estava mais em campo há algum tempo, desde aquele cartão amarelo. Era apenas carne e osso. E permanecerá do lado de fora no próximo confronto.
Se o gol de Perea não foi apenas um gol, o próximo jogo não será apenas um jogo. É uma partida que começa a ser disputada na segunda-feira desta que a imprensa gaúcha batiza de Semana Gre-Nal. A história será lembrada. O primeiro 10 a 0, a vitória tricolor no jogo do século e os gols que marcaram época. Ex-craques darão entrevista enquanto os atuais serão comparados. Pais de santos e adivinhos terão seus dias de glória fazendo previsões.
Para nós que cremos no Imortal, uma semana e tanto pois daqui até o fim do campeonato serão oito decisões, das quais cinco contra equipes que estão a nossa frente. Sem parte do time, desacreditados pelos demais e com a matemática conspirando contra nós. Ou seja, prontos para mais uma vez provarmos ao Brasil que nosso destino é driblar o improvável e dar um bico pra bem longe no impossível.
