
“Essencial é fazer as perguntas certas. Olhar para os dados — antes de querer uma resposta pronta, é o que eu quero saber sobre o meu consumidor”
Mellina Azevedo, i-Cherry
Ao acessar este texto, você deixou sua digital. Em algum lugar, plataforma ou ambiente que tenha passado, seu comportamento foi registrado. O caminho que fez para nos encontrar por aqui, o tempo que permaneceu e a porta de saída que usou para deixar este espaço, oferecem informações que ajudam a entender o seu comportamento. Isso acontece sempre que você passa pela rede social, entra em um site ou usa um aplicativo.
A quantidade de dados que a sociedade contemporânea gera é incalculável. Ops, parece que conseguem calcular sim, ao menos foi o que fez o professor Martin Hilbert, da Universidade do Sul da Califórnia, que diz ter chegado ao incrível número de 295 exabytes de informação. Era o ano de 2007 quando ele apresentou esse estudo, o WhatsApp ainda não havia chegado entre nós, o que nos faz pensar que o volume de dados atualmente é ainda muito maior (o fenômeno e os riscos que isso tudo gera estão descritos lá no meu livro Escute, expresse e fale!).
Administrar todas as informações e entregar produtos e serviços que atendam a expectativa e necessidade do consumidor é uma das funções da i-Cherry, empresa que tem como diretora de operações Mellina Azevedo, entrevistada do programa Mundo Corporativo, da CBN. A despeito dela viver “mergulhada” nos registros deixados por onde os consumidores passam, Mell (é como ela prefere ser chamada) faz questão de ressaltar que o negócio da i-Cherry são as pessoas:
“Quando a gente fala de dados, a gente está falando de pessoas. E pessoas são únicas, comportamentos são únicos, necessidades são únicas. Obviamente quando eu estou gerenciando uma estratégia de mídia, uma estratégia de SEO para uma marca, eu não estou observando o comportamento individualizado, mas eu estou observando o comportamento agrupado de pessoas que demonstram interesses, capacidades e necessidades em comum”.
A i-Cherry, da qual Mell faz parte, se apresenta como uma martech, nome que une “marketing” e “tecnologia”, e tem sido usado para definir as agências que cuidam de tudo que envolve o comportamento digital e a interação das marcas com os consumidores online. É uma forma de colocar a tecnologia à serviço do marketing através de plataformas digitais e inteligência estratégica.
Apesar dos termos “digital”, “virtual” ou “artificial” fazerem parte do dia a dia de Mell Azevedo, voltamos a lembrar: é de pessoas que ela está falando. E para as pessoas que estão à frente de pequenas empresas e negócios, nossa convidada sugere que estes empreendedores se aprofundem um pouco mais nas informações que os clientes deixam nos diferentes canais de contato com a marca: Facebook, Instagram, WhatsApp ou Twitter, por exemplo, oferecem um retorno de informação a respeito do consumidor. Todas essas plataformas podem ser gerenciadas no Google Analytics, que é uma ferramenta acessível de análise para monitorar com eficiência o comportamento online e, claro, traçar estratégias sustentáveis — tendo, inclusive, uma versão gratuita. A Mell que sugere é a Mell que alerta: use os dados do cliente para conhecer seu comportamento sempre respeitando a LGPD — Lei Geral de Proteção de Dados.
Deixe-me voltar a relação dados x pessoas! A segunda parte da nossa entrevista seguiu essa trilha para aproveitar outro mérito revelado pela nossa entrevistada: a capacidade de liderar equipes de alta performance. Atualmente, a i-Cherry trabalha no formato “híbrido opcional”, que foi como Mell definiu o modelo implantado na empresa, em que os profissionais podem trabalhar no escritório ou em casa, conforme suas necessidades:
“As pessoas vêm quando elas querem ou quando elas estão motivadas, quando elas têm um porquê de vir aqui. Vir ao escritório tem a ver com troca de ideias, tem a ver com aprendizagem, tem a ver com fazer com que as coisas aconteçam de forma mais rápida, mas não significa que o online não funciona. Funciona, também!”.
A medida que se tenha uma boa metodologia de trabalho, Mell entende que é possível fazer com que o “olho no olho” digital alcance os resultados esperados. Mais importante do que o meio pelo qual ocorre a interação entre os profissionais da empresa, é fazer com que essa relação seja sincera e transparente e se mantenha a equipe motivada na busca de seus propósitos. Ela ressalta que o online fez com que se ganhasse tempo com a família, uma alimentação mais saudável e uma vida com mais qualidade e, atualmente, ninguém quer abrir mão dessas conquistas.
Antes de discutir o método e os processos usados para que se tenha um time engajado, mesmo à distância, Mell diz que o líder precisa lembrar que as pessoas têm sentimentos:
“Ninguém perde o prazo de um relatório e sente muito pelo relatório ou sente muito por uma planilha que não foi entregue. Mas, provavelmente, se você falhou com o combinado que você tenha feito com um colega, que estava esperando a sua planilha para iniciar um planejamento, isso vai gerar um constrangimento consigo mesmo”.
Os métodos existem para facilitar o acompanhamento e o desenvolvimento das pessoas. Na i-Cherry, são aplicadas, por exemplo, ferramentas de desempenho individual, de feedback, de integração e de grupo focal dentro das equipes para ouvir o que pensam. Mas os recursos digitais não podem tirar a capacidade de o líder ler a equipe e entender o que funciona para cada pessoa:
“Encontrar o sentimento que motiva a equipe é importante”.
Um dos papeis do líder, de acordo com Mell, é encontrar “pessoas incríveis” porque quando você está rodeado pelos melhores é compelido a oferecer também o seu melhor. E o faz não pela competição mas pelo desejo de pertencer aquele grupo de excelentes profissionais.
“… e o bom profissional também é caracterizado pela vontade genuína de compartilhar conhecimento”.
Para aprender mais com esta conversa, assista ao vídeo completo da entrevista que fiz com Mell Azevedo, diretora de processos da i-Cherry, a seguir. Antes, que a nossa equipe de incríveis no Mundo Corporativo tem o Rafael Furugen, o Bruno Teixeira, o Renato Barcellos e a Priscila Gubiotti.






A denúncia de que deputados estaduais vendem emendas parlamentares na Assembleia paulista expôs outra faceta da falta de transparência, no Estado de São Paulo. De repente se descobre que as informações sobre liberação de dinheiro público para atender os pedidos dos deputados não são públicas. Foi necessário surgir o interesse dos jornalistas em identificar para onde seguia o dinheiro das emendas para o Governo reagir, mesmo assim de forma parcial.