Avalanche Tricolor: ainda tem muita bola pra rolar neste ano!

 

Avenida 3×2 Grêmio
Gaúcho – Estádio dos Eucaliptos/Santa Cruz-RS

 

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Um jovem torcedor assiste ao Grêmio, em Santa Cruz (Foto de LUCAS UEBEL/Grêmio FBPA)

 

Esta quinta-feira é feriado aqui em São Paulo. Aniversário da cidade. Falso feriado para mim que trabalhei logo cedo no programa de rádio, que é nacional. Ainda mais com o noticiário pegando fogo e com a obrigação de explicar ao ouvinte o que acontecerá no Brasil após a condenação de Lula em segunda instância. Vale Ficha Limpa? Se vale por que se candidata? Se se candidata, o que vale? E cadeia? Só em segunda instância? Mas já foi em segunda! Mas tem recurso. Vá entender!

 

O futebol também é tema por aqui, neste feriado. Dia 25 de janeiro é a data da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Tradicional decisão que ocorre no estádio do Pacaembu. Foi meu primeiro programa esportivo quando cheguei à cidade, em 1991. Mal sabia o que me aguardava. O Grêmio decidiu o título contra a Portuguesa. E perdeu. Derrota acachapante diante de um adversário espetacular: 4 a 0. Nunca assisti a um jogo em que apesar de meu time sair derrotado e goleado, aplaudi. Para ter ideia: aquele time da Portuguesa tinha no comando do ataque um gênio da bola: Dener.

 

Certamente, você ouviu falar deste menino. Veloz, driblador, talentoso. Fantástico! Tanto quanto precoce. Dener foi campeão da Copa São Paulo aos 19 anos, convocado para a seleção brasileira aos 20, vestiu por três meses a camisa do Grêmio aos 22 e morreu em acidente automobilístico aos 23, quando ainda jogava pelo Vasco. Curiosamente, o único título que conquistou na vida profissional foi pelo Grêmio, campeão Gaúcho de 1993.

 

Naquele time do Grêmio que perdeu a final da Copa São Paulo – e de goleada – o goleiro era Danrlei, que dispensa apresentações. Enquanto escrevo essa Avalanche, olho para a camisa número 1 que está emoldurada e pendurada na parede de casa e ostenta o autógrafo do ídolo. Foi o mesmo goleiro que tive o prazer de assistir de perto caminhando com uma medalha na mão e um sorriso no rosto, no corredor do estádio do Morumbi, logo após o Grêmio conquistar o título de campeão da Copa do Brasil, em 2001.

 

O futebol é assim mesmo. Como a vida. Prega peças. Nos desvia do curso. Nos coloca em outro rumo. Nada do que acontece aqui – ou quase nada – é definitivo. O ídolo para o qual se projeta o paraíso, desaparece. O goleiro, envergonhado pela goleada, renasce.

 

Diante desses fatos, parece-me precipitado e perigoso tirar conclusões nesta altura do campeonato e acreditar que o que aconteceu nestes três primeiros jogos do Gaúcho – incluindo o da noite de ontem – sejam determinantes para o destino da maioria dos jogadores jovens ou estreantes que nos representam. Portanto, antes de opiniões definitivas e decisões intempestivas, tenha a certeza de que muita bola ainda vai rolar neste ano.

 

No futebol, na política e na sua vida!

Avalanche Tricolor: A emoção de ver Danrlei

 

Danrlei se despede do futebol, no Olímpico (Foto: Gremio.net)

Grêmio/95 4 x 3 Amigos de Danrlei

Amistoso – Olímpico Monumental


Com o cabelo molhado e um sorriso no rosto, Danrlei descia o longo corredor que dava acesso ao vestiário em minha direção. Algumas pessoas o cumprimentavam, gritavam seu nome, acenavam ou pediam autógrafo. Fiquei encostado na parede apenas assistindo a passagem dele. Já havia reclamado de algumas atitudes do goleiro gremista, bravejado por gols que não poderia ter tomado, mas aquele era o momento de reverenciar o ídolo. Fazia 10 anos que ele vestia a camisa tricolor com uma paixão rara neste futebol contaminado pelo o que há de pior no profissionalismo. E acabara de conquistar o título de campeão da Copa do Brasil de 2001, ao vencer o Corinthians por 3 a 1, em um lotado estádio do Morumbi.

Como torcedor, aquela foi uma conquista especial para mim, afinal ao contrário de todas as demais não estava apenas na arquibancada. A convite de Juca Kfouri, era narrador de futebol da Rede TV! e por estas coisas que o destino nos oferece, a emissora ganhou o direito de transmitir a Copa do Brasil, exatamente no ano em que o Grêmio iria vencê-la – o que não podemos considerar apenas uma coincidência, afinal nenhum clube venceu tantas Copas com o Imortal Tricolor. Foram sete finais e quatro títulos.

Ao ver Danrlei passar no túnel do Morumbi, vitorioso mais uma vez, tive vontade de agradecê-lo por tudo que havia feito pelo Grêmio. Dos tempos do futebol moderno, era o único jogador gremista capaz de tirar do sério o adversário. Ao contrário de outros ídolos que vestiram a camisa tricolor, Danrlei não era cobiçado pelos torcedores contrários, era odiado pelo olhar provocativo que tinha, pelo peito empinado e pelas brigas em que se envolvia. Por tudo aquilo que o fez amado no estádio Olímpico.

Neste sábado, 30 mil pessoas foram ao Olímpico Monumental abraçá-lo em partida que marcou, oficialmente, o fim da carreira deste que foi dos maiores goleiros que passaram pelo clube. Um time que desde sua origem sabe reverenciar os atletas que se atrevem a vestir a camisa número 1, a ponto de ter levado o nome de Eurico Lara, uma lenda, para o seu hino oficial.

Em campo, estava boa parte dos jogadores que conquistaram a Libertadores de 1995 e outros tantos craques que mereceram o título de Imortal Tricolor. Tarciso que com quase 60 anos ainda é capaz de correr a nos fazer lembrar dos tempos do Flecha Negra; Jardel que nos ofereceu mais um gol de cabeça em cruzamento de Paulo Nunes; Dinho que dividiu bola em jogo amistoso com a mesma seriedade de quem decide um título; Mazaropi que saiu nos pés dos atacantes mesmo com um barriga que não cabe mais no calção.

Que minha mulher e meus filhos não leiam esta Avalanche, mas assim como me emocionei ao ver Danrlei comemorando seu 12o. título pelo Grêmio, em 2001, hoje tive vontade de chorar pela homenagem prestada a ele e por ele. Danrlei, aos 36 anos e fora do futebol, ainda é capaz de provocar estas reações no coração de um gremista. E se não lhe cumprimentei, ao vivo, há oito anos, aproveito este espaço agora para deixar registrado meu agradecimento: Obrigado, Danrlei !