Por Carlos Magno Gibrail

Pesquisa Datafolha mostra que na comparação entre idosos e jovens, a percepção de 70% a 90% dos entrevistados é que os idosos são mais responsáveis, educados, honestos, atenciosos, compreensíveis, solidários, dedicados, tolerantes e éticos, do que os jovens.
Por outro lado, entre 5% e 31% dos entrevistados disseram que os idosos são menos criativos, preconceituosos, ambiciosos e preguiçosos, do que os jovens.
Do ponto de vista mercadológico, o idoso é um produto com potencial. Hoje apenas 26% estão ativos, trabalhando ou procurando emprego, mas a sua presença no mercado de trabalho evoluiu nos últimos 14 anos de 10% para 16%.

arte reproduzida do jornal Folha de São Paulo
Comprovando esta tendência, embora ainda de forma embrionária, cinco empresas, de acordo com reportagem da Folha que apresentou a pesquisa, iniciaram em 2017 a busca de idosos para funções especificas. De acordo com as habilidades que elas creditam ao perfil dos maiores de 50 anos.
A GOL, a Drogaria Pacheco e São Paulo, a PwC consultoria, a Tokio Marine seguros e a Telchep, as pioneiras em buscar idosos, apostam em qualificações especificas desta gente. Entre tantas:
– não se irrita facilmente
– compreende melhor as necessidades dos clientes
– apresenta baixo absenteísmo e rotatividade
– grau elevado de empatia
– aptidão para gestão
Ao mesmo tempo tentam neutralizar ou compensar alguns problemas como:
– não se submetem sempre ao protocolo
– são mais prolixos
– tem dificuldade com tecnologia
Neste contexto, acredito que a percepção do idoso esteja um pouco estereotipada.
Os atributos percebidos podem estar influenciados pela imagem do idoso antigo e inativo. Afinal, é fato preponderante considerar a longevidade que atingimos, e que ainda não foi assimilada nem pela burocracia nem pela realidade.
Embora seja inegável que a maturidade esmaeça a imagem mais agressiva, não creio que a idade possa mudar o essencial comportamental do indivíduo.
As notas altas dadas aos idosos pelas empresas que os contrataram podem refletir um grupo mais competente, que diante de preconceitos conseguiu adentrar ao mercado de trabalho e demonstrar a realidade de suas habilidades e conhecimentos.
Entretanto, é inegável que a experiência é um trunfo para grande parte das funções corporativas.
Considerando que o bônus demográfico brasileiro tem seus dias contados, pois em menos de 10 anos teremos menos jovens do que adultos este é um tema a ser bem estudado.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

