Por Maria Lucia Solla
Olá,
Em que curva da estrada ficou a leveza de viver? Hoje, viver é perturbador. Muitas vezes, e cada vez com maior frequência, a vida traz a sensação vertiginosa da roda gigante, da montanha russa, e meus plexos se manifestam o tempo todo; não descansam, não se aquietam, nem mesmo enquanto durmo.

Ouça “Do Tempo” na voz e sonorizado pela autora
A gente hoje tem internet e pode conhecer, assistir, estudar tudo que quiser, sem sair de casa, a hora que bem entender. Biblioteca pública é um termo que criança desconhece. É evidente que podem deduzir da receita do termo, mas não têm ideia do que seja estar lá dentro. Sem saudosismo bolorento, mas é uma sensação que provavelmente nunca terão. Falar baixinho, de preferência não falar porque o sussurro mais tímido pode voar cegamente, atropelando, no vazio, o quase-absoluto silêncio.
Passava-se lá, uma tarde ou uma manhã inteira, selecionando fonte, lendo, selecionando e copiando dos livros o que se precisava estudar. Não havia máquina copiadora. Era no braço, mesmo. Uma pesquisa levava um tempão, isso se a gente pesquisasse um só autor. E não adiantava fazer na base do garrancho porque a gente não entendia depois e o trabalho era árduo demais para se atirar ao vento.
A gente hoje tem e-mail, que deixou no esquecimento o hábito de escrever à mão, enviar cartas, o correio, envelope, selo. Não é mais preciso enfrentar fila numa das agências, lamber o selo, colar no envelope e jogar a carta na caixa adequada; nacional, internacional, aérea…
Hoje temos carros velozes e estradas que, enquanto durarem, permitem que se desenvolva velocidade não permitida. E a gente tem cada vez menos tempo, está cada vez mais ansioso, sobrecarregado, irritado, sem-paciência, atropelando e sendo atropelado.

Há poucos anos, ninguém podia imaginar que um dia a gente se comunicaria instantaneamente, de e para os lugares mais longínquos da Terra, e que isso tudo seria feito através de uma rede internacional de máquinas que levam nossa palavra escrita, nossa voz, nossa imagem para encontrar outras imagens, outras vozes, outras escritas; sem fronteira, sem visto de entrada ou saída.
Vivemos tempo de mudança rápida e radical. Não tem como negar. E nos queixamos da falta de tempo, sem mesmo saber o que é o Tempo. Tempo é o tempo da música, sua batida, seu ritmo, ao qual é preciso se harmonizar se quisermos dançar. Entender o Tempo é entender a harmonia cósmica das fases da Lua, da sua influência nas águas, fora e dentro de nós. Tempo é a harmonia dos ciclos da Natureza, da qual nos afastamos para nos entregarmos de corpo e alma ao materialismo plástico. É triste, mas sempre há tempo.
Os Maias usavam o tempo para se harmonizarem, não para se engajarem numa competição com ele. Afirmaram que no dia 22 de dezembro de 2012, a Humanidade terá sua última oportunidade de escolher: sucumbir ou evoluir. Também predisseram que, de 1992 até 2012, teríamos tempos de tribulação, dificuldades que nos dariam a oportunidade de perceber nossa real relação com o Todo, e de eliminar medo e desenvolver, ou adquirir, respeito por si e pelo outro. Em tudo. Sempre.
Previram o eclipse solar de agosto de 1999, e que sua sombra delimitaria áreas de guerra, terrorismo e barbárie. E assim foi.
Dizem algumas profecias que nosso planeta entrará na Quinta Dimensão, ou seja, no tempo do não-tempo, quando estaremos preparados para entender que o tempo não é linear, nem medido pelo relógio, mas concomitante. Passado, presente e futuro vivendo
em harmonia.

Quando comecei a ter contato com esses pensamentos, tive dificuldade de entender. Hoje entendo um pouco melhor e vejo na psicanálise de vidas passadas, não uma regressão na linha do tempo material, mas um reconhecimento de todos os momentos que existem em nós, do passado, do presente e do futuro. Profecia, filosofia, pensamento religioso e alternativo vêm, há muito, anunciando o fenômeno que mexe com o campo magnético da Terra. Agora a ciência, mais cuidadosa e santomé, concorda com o pensar dos leigos e explica os porquês.
A mesma rede internacional de que falamos nos oferece um cardápio de possibilidades para que a gente navegue pelo assunto, escolhendo fontes que mais agradar. Você mesmo vai se conduzir e encontrar o caminho, se quiser.
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.
PS: Vamos comemorar a Limpeza na Prefeitura de Jandira. Há esperança! Que venha a meada atrelada ao fio.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung