Por Maria Lucia Solla
Ouça “D’Ele e de nós” na voz e sonorizado pela autora

Olá,
para que coisas boas peguem o rumo que nos interessa, depositamos fé onde dá. Fé que não costuma estacionar por muito tempo num lugar. Fé andarilha, a nossa; vagueia ao sabor do oriente e ocidente, do céu, terra, das estrelas, do ar, do fogo e da água. Tudo Deus.
Segundo uns, o ano é do Dragão, segundo outros, dos orixás que tomam a frente na tarefa. Oxum favorece a liderança das mulheres e lhes oferece filhos inesperados, e Oxalá enxuga lágrimas, limpa o ranço que foi deixado para trás e acena a bandeira da paz. Dizem também que o Papa, Sumo Sacerdote, um dos arcanos maiores do Tarot de Marselha, assume o leme e colhe o crescimento da consciência de cada um para espalhá-la por onde ainda é escassa.
A numerologia aponta para o cinco, que é a soma de 2 + 0 +1 + 2. O cinco alerta, nesta caminhada não tem atalho lateral; ou nos desfazemos do que não serve mais, ou a vida vem e leva embora, feito vendaval. É ano de mudança, mas vai além da mudança; pede a consciência atenta, a cada mudança que ocorre, porque só assim a mudança se instala. Querer mudar é coisa do passado, agora o ritmo é de assumir a mudança, de deixar que ela se instale, e crescer com ela. Haja disposição.
Dizem também que a Lua, rege o planeta neste período, o que nos leva a Iemanjá, que lhe corresponde. Dizem que Xangô vem pôr tudo abaixo para que dos escombros possamos resgatar força, disciplina, coragem, transparência, e a opção consciente de cada segundo da nossa realidade, porque tudo é Deus.
O que pensamos, o que sentimos, o que está à nossa volta e dentro de nós; tudo é Deus. O ritual, os aromas, as cores e sons servem para falar com Ele. O silêncio, o isolamento, o mantra, a música de bamba e a Escola de Samba, também. Tudo é Deus.
Vale a pedra do ano, a cor e o número dele, o bicho, o orixá, o planeta; vale a reza e a oração, a oferenda e a contrição. Vale tudo. O meu amor por você é Deus. A impossibilidade e a possibilidade dele também são Ele. A pétala da flor amarela que caiu para tocar a mesa é Deus. A descrença, o desânimo, a derrota e o desamor são estradas que levam a Ele, estradas feitas d’Ele, que vêm d’Ele e que levam até Ele.
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.
Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung
