Tenho muito orgulho deles

 

 

Permita-me, caro e raro leitor deste blog, abrir espaço entre posts e comentários, para dividir com você as emoções que me aguardam neste fim de semana. Sei que pode parecer corujice, exercício muito praticado pelos pais em razão do sucesso dos filhos. Esta, porém, é na contramão de seu significado pois parte do filho para o pai e do marido para a mulher, também. Sim, em lugar de uma, farei duas corujices. Justificáveis, acredito, dadas as emoções com as quais me confrontarei.

 

A primeira, na noite desta sexta-feira, quando Abigail Costa, que você lê de vez em quando neste blog, minha mulher e mãe dos meninos, subirá ao palco do Esporte Clube Sírio para receber o Troféu Regiani Ritter, da Aceesp – Associação dos Cronistas Esportivos de São Paulo, pelos bons anos que dedicou ao jornalismo esportivo nas TVs Globo e Cultura, onde foi apresentadora e repórter. O prêmio especial é um reconhecimento ao pioneirismo de seu trabalho, iniciado na segunda metade dos anos de 1980, época em que não era comum a presença de mulheres no cotidiano do futebol e demais modalidades esportivas. Foi, também, uma das primeiras apresentadoras do Globo Esporte. A mesma sensibilidade com que cobria a chegada de craques nos clubes, vitórias e derrotas de torcidas e as muitas aventuras que vivenciou, anos depois, levou para a redação do jornalismo. A lembrança do nome dela por colegas chega em um momento importante de revisão, reavaliação do que fez, e de projeção, que poderá levar seu talento para outras áreas profissionais. Enquanto estiver aplaudindo a entrega deste troféu, vou lembrar de alguns domingos em que tive de deixá-la na porta do estádio para trabalhar e noites que fiquei acordado esperando sua chegada – oportunidades em que tentei demonstrar com gestos, e talvez não tenha conseguido transmitir para ela, o que sempre senti no coração: orgulho.

 

As emoções se estenderão ao domingo quando estarei ao lado de parte da família assistindo ao Gre-Nal, último jogo do estádio Olímpico Monumental, em Porto Alegre. Mais do que os acontecimentos no campo, estarei atento ao som do radinho de pilha, sintonizado na Rádio Guaíba de Porto Alegre, para relembrar os bons tempos de narração de Milton Ferretti Jung, este que você lê às quintas-feiras aqui no blog, também. A pedido de torcedores gremistas, a emissora o convidou para transmitir os primeiros 15 minutos do clássico em uma homenagem ao Grêmio, ao Olímpico e a todos nós que somos filhos, parentes, amigos e fãs do Milton Gol-Gol-Gol Jung. Vou retornar aos tempos em que, criança ainda, ficava sentado ao lado dele, na cabine da Guaíba, no Olímpico, assistindo ao jogo e orgulhoso de saber que era meu pai quem, com a voz incrível e precisão invejável, embalava as emoções dos torcedores gremistas, sempre a espera do seu grito original de gol-gol-goooooooooool !