Por que livros emprestados não são devolvidos

Foto de cottonbro no Pexels



Uma biblioteca pública, de Massachusetts, nos Estados Unidos, foi surpreendida ao receber de volta o exemplar de um livro que havia sido emprestado há 50 anos —- “isso, 50!” escreveu a leitora em uma carta manuscrita em papéis de caderno espiral. Além do livro e da carta, a moça, que não se identificou, enviou U$ 20 para tentar compensar a multa das cinco décadas de atraso. 

Pelo texto criativo, tendo o livro em primeira pessoa, a ‘escrivinhadora’ gostava mesmo de ler. E justificou-se dizendo que foi levada a se mudar muitas vezes de lugares, e para longe da cidade Plymouth, o que a fez postergar o desejo de devolver a cópia de “Coins You Can Collect”. Garante, porém, que o exemplar sempre esteve acompanhado de vários outros livros. 

Como toda notícia publicada na internet —- esta é do portal G1 —, links para fatos semelhantes se destacam e, através deles, fico sabendo que já houve casos de livros devolvidos até 52 anos depois do empréstimo.

A sequência de informações, que inspirou o bate-papo desta manhã, com Gabriel Freitas, do CBN Primeiras Notícias, e a minha colega de apresentação, Nadedja Calado, logo me remeteu a um hábito há muito tempo esquecido (e não me refiro ao hábito de esquecer de devolver livros).  Falo do hábito de retirar livros em biblioteca. Talvez a última vez que fiz essa retirada foi na época da escola. Lá no Colégio Rosário, em Porto Alegre. Depois, exemplares emprestados, apenas de amigos. Todos, se não me falha a memória, devidamente devolvidos. Hoje, o mais comum é comprá-los. geralmente em livrarias. Mais recentemente, em lojas eletrônicas de livros.

Já que estamos falando em memória: lembro de pesquisa do IBGE, publicada em 2018, na qual se identificou dados alarmantes: as livrarias estão sumindo da paisagem urbana do Brasil. Em 2001, quase 43% das cidades brasileiras tinham ao menos uma livraria. Em 2018, eram apenas 18%. E se olharmos bibliotecas públicas, o quadro não é nada alentador. Se em 2014, tínhamos 97% das cidades com ao menos uma biblioteca pública; em 2018 —- último levantamento oficial –, o índice caiu para algo próximo de 87%

Menos livrarias, menos bibliotecas. Não me surpreende que quando pegamos um livro emprestado, não queiramos mais devolver. Vai que eles também deixem de existir.

Me dá um dinheiro aí !

 

Por Abigail Costa

Experimente contar um problema pra alguém.

– Isso não é nada!
– Imagine que….

Como se problema tivesse dimensão de mais ou menos, maior ou menor.
É problema e pronto.
Simples ? Não.

Fulano tem uma dívida, você ganha um pouco mais do que ele.
Logo, você vai dar uma força para cobrir a conta bancária do camarada.
Isso é o que ele espera, claro o teu salário é maior!
Mas e as suas despesas ? Elas também não são maiores ?

Tenho vivido fases parecidas.
Não se iluda, não falo de “gordos rendimentos”, mas dos que ainda acreditam que a obrigação é sempre dos outros.

Esse era um assunto que realmente não me incomodava. Deixava rolar.
Passou a incomodar quando começei a perder amigos e dinheiro.

É assim:

– Preciso da sua ajuda. No fim do mês, eu pag….

Sempre no fim de um mês que nunca chega.
Ele fugindo de você, e você sem jeito de cobrar.

E vem o pensamento:
– Por que não apliquei esse dinheiro na bolsa, lá se perdesse sabia do risco.

Passei por uma saia justa outro dia.
Eu e ele.
Quando desliguei o telefone, fiquei com raiva de mim.
Repeti em alto e bom som:
– Eu não aprendo !

Do fim do mês vai ficar para o dia 15.
Você acredita?
Quer apostar?
Não faça isso.
Corremos o risco de perder.
De novo.

Abigail Costas é jornalista, escreve às quintas-feira no Blog do Mílton Jung e, que fique claro, nunca me emprestou dinheiro.