Por Carla Zambelli
Fundadora do Movimento NASRUAS CONTRA CORRUPÇÃO
Essa discussão toda sobre esquerda e direita é hipócrita. Esquerdistas batem no peito para defenderem a coletividade acima de qualquer coisa, mas são os primeiros a fecharem suas portas para pedintes. Direitistas não acompanham a mudança e têm dificuldade de respeitar a diversidade entre as pessoas. E assim vamos vivendo, brigando e divergindo enquanto milhares morrem por diversos motivos imbecis.
Não importa quem tem mais razão, se Delfim ou Bobbio, mas as teorias extremistas não acompanham a vontade da maioria, nunca.
O mundo deveria ser menos taxativo, menos carimbo ou nomenclaturas e mais solução. Sempre haverá os mais ricos, os milionários. Os carros de luxo, helicópteros, casas e hotéis padrão cinco ou seis estrelas, conglomerados, fortunas e por outro lado sempre haverá os menos privilegiados.
O que não deveria mais existir é, de um lado, o derrame do erário pela corrupção, dinheiro que vem fácil porque se compra o setor público, que por outro lado tira do mais pobre, tornando-o cada vez mais miserável, dando ao mais rico e arrancando a oportunidade de estudo e consequente crescimento do que não nasceu em berço esplêndido.
Por que não podemos ter sim o luxo, que sustente e faça rodar a máquina administrativa pública e privada para o bem dos menos favorecidos, oferecendo a estes um bom estudo, infraestrutura de qualidade com saneamento, transporte público funcional, lazer e cultura, saúde de qualidade, coisas básicas, conseguidas com o imposto que as grandes empresas pagariam sem que houvesse a necessidade de corrupção?
Por que as empresas não podem concorrer a uma licitação da mesma forma como apresentam orçamentos para clientes privados, com o menor preço de fato? Com qualidade e garantia do serviço?
Por que nossos impostos, um dos mais altos do mundo, não conseguem pagar um ensino integral para que as mães possam trabalhar e deixar seus filhos, tranquilamente nas escolas, com atividades extras, alimentação e banho?
Por que o miserável tem que sofrer sem esgoto e água tratada, sem banho quente, e tem que receber os bolsas esmolas da vida, quando na verdade deveria receber educação e ter oportunidade de concorrer de igual para igual às vagas em universidades públicas para, então, terem chance no mercado de trabalho?
Por que o nosso governo tem que gastar milhões em publicidade para mostrar o que faz, quando na verdade faz algo muito aquém de suas obrigações?
Por que não podemos valorizar o lado bom do capitalismo e o que ele nos dá, que é a oportunidade de crescer, mas fazê-lo de forma ética e responsável, cuidando dos pobres, lhes dando o mínimo de conforto e segurança, e deixando a força de vontade de cada um fazer a diferença ao invés da lei do ganha-ganha?
Há sim uma forma intermediária, sem extremos, sem excessos para se fazer um país dar certo. O Brasil poderia continuar a trilhar o caminho da boa economia e até da Copa do Mundo, mas fazendo tudo isso de forma limpa, transparente, com um preço justo para que o povo recebesse o fruto do seu suado trabalho em forma de infraestrutura, educação, segurança e saúde.
E o mais importante, tudo isso sem necessariamente distribuir esmolas de um lado e de outro aprovando automaticamente na escola para que o aluno saia mais estúpido e alienado do entrou na escola.
Temos que ensinar nossas crianças de verdade, com qualidade, com profundidade. Ensinar o que é cidadania, ética e educação política, de forma integral, para que nossas crianças saiam das ruas e entrem para um novo mundo. Um mundo sem esquerda e direita, mas com democracia e possibilidade de um futuro brilhante para todos, de verdade, para que aqueles que realmente se dedicam, façam a diferença pelo esforço e não pelo suborno.
E quem sabe assim, teríamos um país uno em seus tratamentos para com o próximo e justo para com os que se destacam por esforço próprio e de forma ética. Há projetos tramitando na Câmara dos Deputados, neste sentido. O povo aguarda ansiosamente que coloquem em pauta e aprovem o que pode ser a solução do Brasil, formando cidadãos de verdade, pois a solução mais profunda e certeira para o que se tornou nosso país está na educação.