Avalanche Tricolor: de desalojados, desequilibrados e injustiçados

Grêmio 1×2 Botafogo

Brasileiro – estádio Kleber Andrade, Cariacica/ES

Du Queiroz arrisca de longe em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Pelo calendário oficial, ao Grêmio caberia o mando de campo na partida deste início de noite. Como é sabido por todos, estamos impedidos de jogar na Arena desde as enchentes de maio. E o retorno à casa não se dará antes de agosto. Até lá, seremos apenas um time de itinerantes, desalojados. 

O preço que pagamos é alto e jamais será coberto pelo milhão depositado na conta do Grêmio com a venda do mando de campo, que nos levou ao Espírito Santo, neste domingo. Além do acúmulo de jogos, devido a parada por cerca de 30 dias, e a disputa de partidas decisivas pela Libertadores, viagens incessantes têm causado desgaste extraordinário no elenco.

As dificuldades se somam a carência de substitutos, especialmente no comando do ataque. Mas não somente nesta posição. Verdade que esse é um problema que teríamos a despeito das ocorrências relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul. Enfrentar três competições, por si só, seria um desafio enorme e exigiria muita criatividade do comando técnico, diante do grupo de jogadores disponíveis. Com as atuais condições, os riscos se potencializaram. 

Estamos participando de um campeonato, e aqui me refiro ao Brasileiro, dos mais disputados do mundo. E somos obrigados a jogá-lo nas condições precárias que o destino nos proporcionou. Em um escancarado desequilíbrio técnico que até aqui prejudicou apenas a nós. Cabe ao Grêmio se resignar e reagir em campo recuperando-se com uma sequência de vitórias.

O que provavelmente os demais clubes não perceberam é que alguns deles também serão vítimas desse desequilíbrio. Porque haverá times que terão vantagem sobre os outros ao disputarem seis pontos contra o Grêmio sem precisar passar pela Arena — é o caso do Botafogo que com a vitória de hoje assumiu a liderança da competição. Considere nessa análise o fato de que, na temporada passada, foram especialmente os resultados obtidos em Porto Alegre que nos levaram ao vice-campeonato brasileiro. Nem todos os adversários, porém, serão submetidos ao fenômeno transformador que a Arena proporciona. E isso torna a disputa injusta.

Pressão faz vereadores de Vila Velha rever aumento de salário

 

Quando insistimos com a ideia de que a pressão da opinião pública pode mudar a política brasileira tem quem seja descrente. E há muitos fatos que justificam este comportamento. De vez em quando, porém, somos surpreendidos com atitudes que nos incentivam a seguir defendendo a presença do cidadão no Legislativo. Em Vila Velha, no Espírito Santo, os vereadores decidiram recuar no aumento de salário e de vagas que haviam aprovado há algumas semanas depois da repercussão negativa na sociedade e na mídia.

A Câmara Municipal de Vila Velha havia reajustado o salário dos vereadores de R$ 7.430 para R$ 12 mil, valor que seria pago a partir de 2013. A nova legislatura também contaria com 21 vereadores em lugar dos atuais 17, em aumento permitido por lei aprovado no Congresso Nacional que levou os legislativo municipais de todo o Brasil a recalcular o número de parlamentares. Nesta semana, o presidente da Câmara, Ivan Carlini (PR), teve de explicar as duas decisões em entrevista ao jornalista Mário Bonella, do Bom Dia Espírito Santo, da TV Globo, e protagonizou uma das performances mais caricatas que já vi nestes últimos tempos.

A imagem dos vereadores da cidade capixaba não anda muito bem desde que tiveram seus nomes envolvidos no Escândalo da Moqueca, no qual auditoria do Tribunal de Contas do Estado identificou gastos irregulares de R$ 1,1 milhão com as verbas de gabinete, em 2009. Parte do dinheiro comprou moqueca, casquinha de siri e doces. O presidente da Casa, por exemplo, pagou R$ 466 em bombons, dinheiro que, segundo ele defendeu na entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, foi muito bem gasto, pois as guloseimas serviam para atender melhor o povo que vai até o gabinete – e os jornalistas e auditories do TCE, também.

Não deixe de assistir a reportagem que você acessa neste link

Inúmeras reclamações levaram o prefeito Neucimar Vargas a se reunir com um grupo de vereadores, nessa segunda-feira. De lá, os parlamentares saíram convencidos de que o melhor era recuar e cancelar o reajuste de 61,8% nos vencimentos e o aumento no número de vagas, na Câmara. De acordo com Neucimar foi possível mostrar aos parlamentares de que a cidade não teria condições financeiras para arcar com o custo que as duas mudanças provocariam. A decisão deve ser ratificada em sessão, quinta-feira, na Câmara.

Mesmo quando voltam atrás, os vereadores de Vila Velha revelam um traço comum e triste de parte dos Legislativos, no Brasil, que é a forte relação que mantém com o Executivo, apesar de serem poderes que deveriam atuar de maneira independente. Destaco que isto não é privilégio da cidade capixaba, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal o cenário é muito semelhante.

Há uma semana, a indignação do eleitor fez com que surgisse o primeiro vereador “adotado” em Vila Velha. A iniciativa foi do ouvinte-internauta Jonas Lorenzini que decidiu acompanhar e fiscalizar o trabalho do vereador Almir Neres (PSD), também citado no Escândalo da Moqueca.

Que novos cidadãos sigam esta ideia.

Gentileza gera gentileza, diz fiscal de trânsito

 

O agentes de trânsito de Vila Velha, no Espírito Santo, Jobson Meirelles, foi referência em campanha na Semana Nacional de Trânsito, em setembro. Por indicação dos próprios condutores e pedestres pelo trabalho desenvolvido no município ele foi homenageado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES) com uma placa de honra ao mérito e um vídeo que mostra seu trabalho como guarda na Praia da Costa.

Cidadão adota vereador do Escândalo da Moqueca

                                              

 

Há pouco mais de um ano da eleição municipal, cidadãos começam a pensar como melhorar o legislativo de sua cidade. Incentivado pelo Adote um Vereador, o ouvinte-internauta Jonas Lorenzini decidiu fiscalizar o trabalho legislativo do vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Velha (ES), Almir Neres (PSD). Não precisou muito esforço para descobrir que o nome de seu “adotado” fazia parte de lista de vereadores suspeitos de participarem do Escândalo da Moqueca:

“Levantamento feito pelo Tribunal de Contas na Câmara de Vila Velha, referente ao ano de 2009, apontou gastos irregulares no valor de R$ 1,1 milhão. Entre as despesas dos parlamentares com a verba de gabinete de R$ 7 mil tinham pagamento de casquinhas de siri, moqueca e churrasco” – registra reportagem no site da Rádio CBN de Vitória.

Jonas pede algumas dicas para desenvolver seu trabalho de cidadão. E eu aproveito para reforçar a receita simples do Adote um Vereador:

1. Escolha o nome de um vereador;
2. Levante informações sobre ele no Google, nos jornais, nas emissoras de rádio e nos programas de televisão;
3. Procure dados sobre o vereador no site da Câmara: projeto de lei, presença em plenário, participação em comissões, gastos com verba indenizatória;
4. Mande e-mail e faça perguntas sobre planos para a cidade e outros assuntos que sejam do seu interesse;
5. Ligue para o gabinete e peça explicações sobre o comportamento dele;
6. Publique estas informações em um blog;
7. Divulgue seu blog nas redes sociais

Importante, também, que o “padrinho” dê sua opinião sobre os temas publicados no blog, exercitando sua capacidade de reflexão. Todo este conteúdo ajudará outros eleitores a pensar melhor sobre o seu voto na próxima eleição.

Um último recado para o Jonas: não deixe de nos avisar quando seu blog estiver no ar para que nós possamos inclui-lo na rede do Adote um Vereador

O espírito santo de orelha

 

Por Milton Ferretti Jung

O comandante deste blog, Mílton Jung, se transferiu, em 1991, para São Paulo, com armas e bagagens (armas no sentido figurado, claro;as bagagens não exigiram nada além uma valise, se bem me lembro). Lá – escrevo de Porto Alegre, como sempre, o que explica o uso do advérbio lá – fez carreira, primeiro na televisão, depois no rádio – creio que os leitores concordam – e se transformou, mais tarde, em excelente chefe de família. Daqui, levou a saudade dos que deixou na sua cidade natal e sua paixão pelo Grêmio, ambas imensas. A propósito, ele deixa que esta fique evidente, aqui mesmo neste blog, ao escrever sob o título Avalanche Tricolor o que pensa sobre cada jogo do seu time. Admiro sua capacidade de, sempre que necessário, driblar a realidade, no seu texto, sempre que esta não corresponda ao seu desejo de ver o Grêmio vitorioso.

Foi numa dessas ocasiões, faz pouco – quem leu aquela Avalanche deve estar lembrado – que o Mílton contou ter sido, no tempo em que era gandula no Olímpico, pombo-correio de Ênio Vargas de Andrade. Ênio, que não costumava fazer mis-en-scène à beira do gramado, algo comum hoje em dia, passava ao então gurizinho a instrução que queria fazer chegar a algum jogador ou a determinado setor da equipe. Miltinho corria até o goleiro Picasso e lhe dava o recado do treinador. Ele só não contou na sua Avalanche Tricolor que, quando o Grêmio não era feliz no jogo, Ênio tinha de consolá-lo no vestiário, onde o falso gandula se debulhava em lágrimas.

A tecnologia, porém, chegou ao futebol. Os técnicos, agora, postados durante a maior parte dos dois tempos do jogo dentro de área que lhes é destinada à margem dos gramados, passam a partida inteira berrando instruções e fazendo gestos que, tenho lá minhas dúvidas, esperam que seus jogadores compreendam. Talvez os gritos, em sua maioria, caiam em ouvidos moucos. Imagino, entretanto, que a finalidade dos “professores” acabe sendo atingida, isto é, passam para os torcedores a idéia de que estão dirigindo seus atletas como se tivessem nas mãos a batuta de um maestro de orquestra sinfônica. Calma, chego agora à tecnologia a que me referi no início do parágrafo.

Os pombos-correios, graças aos celulares e aos hand-talkies, já não são mais necessários. Não sei se ainda existem técnicos capazes de dispensar os espíritos santos de orelha. Os que assim chamo, ficam em cabinas nos estádio ou, pelo menos, em posições mais elevadas do que a dos treinadores. Confesso que, como nunca ouvi a conversa entre o chefe e seu subalterno (dizem os linguarudos que, às vezes, esse entende mais de futebol que aquele) desconheço o teor do papo deles. O que eu sei é que no tempo do meu inesquecível amigo Ênio Vargas de Andrade, sobre o qual só ouvi elogios ao ser humano que era e à sua competência, seja como jogador, seja como técnico, não havia acessórios eletrônicos e, com certeza, se existissem naquela época, profissionais como ele e Telê Santana, por exemplo, dariam preferência ao tête-à-tête com os jogadores, no vestiário, antes e após as partidas. E dizer que os antigos não recebiam as polpudas somas pagas hoje a, me desculpem, muitos que não mereceriam receber salário mínimo.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)