Conte Sua História de São Paulo: meu espelho na estação Pinheiros

Por Thays Bertin Rodrigues

Ouvinte da CBN

Photo by Andre Moura on Pexels.com

No Conte Sua História de São Paulo, o texto da ouvinte da CBN Thays Bertin Rodrigues:

Minhas primeiras lembranças de São Paulo são da infância. Eu sabia que havíamos chegado à capital pelo obelisco imponente que nos recebia logo na entrada de quem vinha da Rodovia dos Bandeirantes — e pelo perfume nem tão agradável do Rio Pinheiros.

Observava a cidade através da janela do Escort branco da família, a caminho do litoral sul. Sentia uma mistura de ansiedade e euforia, uma energia que me arrepiava. Naquele momento, sem saber interpretar, já percebia uma conexão com a cidade, uma vibração dessa metrópole imensa — tão gigantesca quanto os sonhos de uma menina de oito anos, sem imaginar que, um dia, aquele cenário se tornaria seu destino.

Foi somente em 2018, na fase dos “de repente 30”, que me tornei residente da cidade. Nos anos seguintes, São Paulo me presenteou com muito: amigos, cultura, diversidade e até um Rio Pinheiros com um novo perfume, que passou a me acompanhar diariamente no caminho para o trabalho.

Depois, veio a pandemia, um período de restrições e isolamento. E, quando menos esperava, São Paulo me trouxe um marido de origem nordestina e, em seguida, o privilégio de gerar no meu ventre um futuro paulistano.

Hoje, às 18h, na Estação Pinheiros, enquanto faço a baldeação entre a Linha Amarela e a CPTM, olho para cima. Vejo os andares repletos de escadas rolantes, as pessoas indo e vindo, a cidade pulsando com sua funcionalidade, sua diversidade! Tudo aquilo me lembra um formigueiro — igual ao que vi no Planeta Inseto no último sábado, quando levei meu pequeno paulistano para conhecer.

É nessa grandiosidade da Estação Pinheiros que sinto, novamente, a mesma conexão e vibração que me arrepiavam quando era apenas uma menina do interior. É como um espelho: nessa São Paulo, reconheço quem eu sou. Amiga, diversa, funcional, alegre, forte e, ao mesmo tempo, doce. Grande!

E, nesse olhar ao espelho, me apaixono novamente. Pela minha vida. Por quem sou. Pela cidade que escolhi e que também me escolheu: São Paulo.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Thays Bertin Rodrigues é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é de Cláudio Antonio. Escreva o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite agora meu blog miltonjung.com.br ou vá até o Spotify e adicione entre os seus favoritos o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de SP: o relógio da Luz e o incêndio do Museu

 

Por Lucineti da Rosa Possacos Alves

 

 

Sou nascida no Paraná. Com o falecimento do meu pai, em 1973, minha mãe resolveu tentar a vida na cidade de São Paulo, onde já estava sua irmã. Chegamos aqui, minha mãe, meu irmão e eu, com apenas três aninhos, e vivemos no Jaçanã.

 

A história que me marcou foi em um marco de São Paulo: a Estação Rodoviária da Luz. Esperávamos ansiosamente pelo mês de julho, quando tínhamos nossa tão sonhada férias, para visitarmos nosso avó que morava em Santa Cruz do Rio Pardo.

 

E lá íamos nós para estação rodoviária:  eu ficava maravilhada com tudo, principalmente com o relógio. Com todo esforço, tentava saber as horas e quando sairia nosso ônibus. Julho era muito frio e esta era mesmo a cidade da garoa.

 

Apesar de bem agasalhada, minha boquinha tremia e os dentes batiam.  Para esquentar minha mãe nos levava em um bar e tomávamos uma média bem quentinha com famoso pão na chapa.  Ali ficávamos até o momento de embarcar.

 

Como eu era a caçula, tinha a preferência da janela. E lá estava eu admirando toda a cidade, principalmente o Rio Tietê, o qual tinha receio que o ônibus caísse dentro. Logo  era vencida pelo cansaço e adormecia. Quando chegávamos  ao destino já nascia a expectativa para voltar, pois o que mais me encantava era admirar aquela região.

 

Alguns anos depois, foi inaugurada a Rodoviária  do Tietê. Fiquei sem entender nada, agarrei minha mãe e falei que estávamos no lugar errado, chorei, mas não teve jeito, era dali mesmo que teríamos que sair, só fiquei mais calma quando avistei o Rio Tietê, mas já não era mais a mesma coisa.

 

Cresci, estudei e  após alguns anos aquela região se tornou meu trajeto para o trabalho. Por 14 anos, passar pela Tiradentes  e ver aquele cenário sempre me levou a um passado simples, porém muito feliz.

 

Um momento único para mim foi quanto tive o prazer de levar meu filho, Rafael, de 5 anos, para conhecer a região e o Museu da Língua Portuguesa.

 

Hoje, trabalho em Suzano, me livrei do trânsito, mas sinto saudades da lembrança!

 

Dia desses entrei na internet e tomei aquele susto, uma grande tragédia: o incêndio no Museu, como doeu meu coração, parecia que ali iria embora um pedaço da minha história.

 

Acompanhei cada segundo daquele drama e foi um alívio quando soube que o relógio, aquele que não marcou apenas horas, mas também um pedacinho da minha vida, não tinha sido atingido. A dor ficou um pouco menor.

 

No dia seguinte por ironia do destino, tive uma reunião na Zona Sul e por ali passei: a dor invadiu minha alma e chorei, com a esperança que venha a reconstrução e esse marco da cidade nunca deixe de existir.

 

O Conte Sua História de São Paulo tem sonorização do Cláudio Antonio e narração do Mílton Jung. O quadro vai ao ar, aos sábados, no CBN SP.

Conte Sua História de SP: o mágico trem de Prata

 

Por Marina Lopes da Costa
Ouvinte-internauta da rádio CBN

 

 

 

Lembro-me muito bem do famoso trem de prata, que passava na linha do trem em frente a minha casa. A visão era privilegiada, embora eu, com apenas cinco anos de idade, demorasse tanto tempo para chegar até a janela para ver o tão mágico trem passar. Não era muito de sair de casa, mas quando saía era sempre para ir aos mais belos e importantes pontos turísticos da cidade. A Estação da Luz foi o primeiro local que conheci. Tão linda e sofisticada. Atraiu-me o relógio, grande e fascinante ao mesmo tempo.

 

Contudo, caminho pelas ruas do Centro de São Paulo e vejo em cada canto vários tipos de artistas anônimos: músicos, poetas, caricaturistas, pintores, cozinheiros e artesãos.  Os artistas das ruas que lá estão desenham em suas telas de pintura, que se transformam em belíssimas criações, um mundo mágico por trás daquela tela branca surge. Em cada canto do centro há uma cultura. Como é interessante o Centro de São Paulo quando passeio pelas esquinas e cruzo com a famosa Ipiranga e avenida São João, que foram de inspiração para a letra da música de Caetano. O bar Brhama é o ponto de encontro  de casais, amigos e solitários, um espaço aconchegante onde se podem ouvir músicas de convidados especiais, como o Zeca Pagodinho.

 

Como não se apaixonar por São Paulo? Sua bandeira carrega seu emblema e as ruas suas histórias, cada uma mais interessante que a outra. Talvez esteja sendo exagerada. Não, não estou. Depois de Santos, a cidade que admiro e tenho orgulho de viver é a maravilhosa São Paulo. Apesar de termos graves problemas de superlotação nos transportes públicos, estes mesmo que às vezes nos deixam na mão, entre outros problemas sociais, não consigo me imaginar morando em outro lugar. Talvez  até mude, mas sempre vou guardar os bons momentos que vivi nela.  Aqui vivenciei momentos memoráveis: torci pelo meu peixe no Pacaembu e ouvi o som de Paralamas do Sucesso e Titãs, no Sesc. Como é bela esta cidade tão carinhosamente apelidada de Sampa, e como é gratificante morar aqui.

 

Marina Lopes da Costa é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você pode contar outros capítulos da nossa cidade: agente uma entrevista em áudio e vídeo no Museu da Pessoa, pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net. Ou mande seu texto para mim: milton@cbn.com.br.

 

Foto-ouvinte: a cara de São Paulo aos 459 anos

 

Estação da Luz

 

Se no passado, milhares de pessoas chegaram a São Paulo pela Estação da Luz, no presente, milhares viajam através dela dentro da própria cidade. Com seus trens e passageiros, a estação, no centro da capital, é a cara de São Paulo aos 459 anos no olhar do ouvinte-internauta José Eduardo F. Boaventura.

 

Veja as outras caras de São Paulo no álbum de fotografias enviadas pelos ouvintes-internautas do Jornal da CBN. Vai por mim, vale a pena conhecer a cidade assim.

Pernocas de fora e colorido anunciam nova estação

 

Por Dora Estevam

Elas estão espalhadas em vitrines, lojas de ruas e shoppings. São as flores da primavera. Nas ruas, as meninas se entregam para os shorts, vestidos e saias.

E para completar o cardápio floral e colorido a semana esteve recheada de desfiles da NYFW (New York Fashion Week). Com todas as tendências e propostas para a primavera de 2012, acreditem. Um dos desfiles eu já mostro aqui para você sentir como eles vão trabalhar com as cores “color block e neutras”. Destaque para os cabelos tié die (duas cores) modelos. A sala estava cheia e com as presenças de Anna Dello Russo e Tommy Hilfinger, entre outros.

Os sapatos usados neste desfile dão da estilista Charlotte Olympia que, aliás, lançou o vídeo da campanha dela. Incrivelmente sensual e sinistro ao mesmo tempo. Vale a pena assistir, é uma forma diferente de ver o produto.

Aqui, um pouco da proposta da marca Calvin Klein para refrescar os olhos.

O bom destes desfiles é que podemos usar a criatividade e já por em prática tudo o que foi apresentado.

Para finalizar, o colunista do New York Times Eric Wilson faz um apanhado geral do que foi a semana, das tendências emergentes às entrevistas com os mais renomados editores e consultores de moda.

Estilo e moda é aqui.


Dora Estevam é jornalista e escreve sobre moda e estilo de vida, no Blog do Mílton Jung

De estação

 


Por Maria Lucia Solla

O Vento vem agitado, gritando, assobiando um ritmo inquietante. Sem tentar interpretá-lo, percebo seu som e sua intensidade com meu corpo inteiro, o dia todo. Vento descabela, desarruma, desalinha, desarranja, destelha, desmantela, desatina, descalça. E a gente, faz o quê? Escancara-se e deixa que ele vire tudo de cabeça para baixo, fazendo arte, criancice, ou se fecha, se tranca, se esconde na saia da mesmice.

Independentemente da opção humana, o Vento chega trazendo a Primavera, como sempre fez. Cumprindo a missão sem fazer caso do papel, da escrivaninha desgarrado, no chão; sem se dar conta do desalinho que ficou para trás. Na mesa, na vida, no coração.

E ela vem entrando. Anunciada por ele, vai chegando linda, colorida, vestida de domingo. Primavera é Yin, feminina. Primavera traz novos e adormecidos amores, e põe em ebulição os humores.

No Tempo dela. É tempo de acordar a semente adormecida, e é tempo de plantar, de rasgar a terra e a fecundar, de novo e de novo. Ao menos, sempre que ela chegar. Ela é madeira, é a lenha do Verão. É nele que ela se inflama. No fogo dele. Na sua chama. É tempo bom para começos e recomeços; para se agarrar a mais uma chance de amar. É tempo de se cuidar, na hora de se alimentar. Acabado o Inverno, a lareira não precisa mais de tanta lenha; não há muito para esquentar. E, antes que eu me esqueça, especial atenção ao fígado, é muito bom oferecer. É tempo de limpar e não de empanturrar a víscera que gerencia nossas emoções viscerais. É tempo de acreditar em você, de olhos fechados e coração esbugalhado.

Seja muito bem-vinda, Primavera!

Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung

Foto-ouvinte: O próximo trem

 

Trem na estação de Utinga/SP

Esta é a estação Utinga da CPTM, em Santo André. Poderia ser qualquer outra por onde o trem passa, haja vista os relatos que todos os dias recebemos no CBN São Paulo. Desta vez, as imagens chegaram através do ouvinte-internauta William Marchiori. Mas poderia ter sido pelo celular de qualquer dos passageiros da linha Luz/Rio Grande da Serra, única ‘arma’ que o cidadão tem em mãos para protestar contra a situação que enfrenta diariamente para chegar ao trabalho.

William conta que semana passada “no desespero para não se atrasar, um homem caiu nos trilhos tentando entrar no trem. Depois da partida, ele subiu na plataforma e aguardou o próximo”. E assim estão os usuários da CPTM, aguardando o próximo trem.

Foto-ouvinte: Linha amarela do Metrô

 

A linha amarela do metrô de São Paulo passa a operar, em breve, no trecho Paulista/Faria Lima. O ouvinte-internauta Luis F. Gallo, diretor de fotografia e nosso colaborador, esteve no fim de semana visitando o local, devido a compromissos profissionais, e registrou para o Blog do Mílton Jung, imagens de como serão os trens, a estações e o centro de operações. Entusiasmado, escreveu: “Maravilhoso para mim paulistano da gema ver de perto a magnitude do projeto, áreas de embarque mais seguras, sistema de energia aéreo, os trens automatizados dispensando condutores, trânsito entre vagões, ar-condicionado perfeito e saída de emegência frontal. Paulistanos tão carentes por boas notícias, espero que essa seja um alento …”