Avalanche Tricolor: orgulho e alegria diante de mais uma façanha alcançada

Grêmio 1×1 Estudiantes

Libertadores – Couto Pereira, Curitiba/PR

Festa no Couto Pereira em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Havia a magia do nosso torcedor transformando o cenário na cidade de Curitiba. No entorno do Couto Pereira, a festa travestia as ruas com o azul, preto e branco que estamos acostumados em dia de jogos em Porto Alegre, na nossa combalida capital. Proporcionamos uma invasão tricolor e levamos a maior presença de público já vista este ano ao estádio do Coritiba. 

Muito além disso, as mais de 30 mil pessoas que tomaram as arquibancadas levaram o desejo de cada um de nós que não estivemos presencialmente ao lado de nosso time. Carregaram o orgulho de quem viu seu clube do coração se reerguer em tão pouco tempo. 

Estávamos diante de apenas o quarto jogo após a tragédia com as chuvas de maio. E retornávamos a Curitiba com a classificação garantida à próxima fase, o que parecia inacreditável diante dos resultados iniciais na Libertadores e do baque sofrido com as enchentes no Rio Grande do Sul. 

O empate na noite deste sábado, mesmo depois de termos a vitória nas mãos desde o início do segundo tempo, em nada frustra um torcedor que sabe valorizar o que fizemos nestas últimas semanas. Ter tido a alegria de abraçar o time, de saber que seguiremos em frente na Libertadores e de temos jogadores valentes para superar as mais difíceis batalhas do campo e da vida são conquistas imensuráveis frente aos sofrimentos que nos marcarão para sempre.

Teremos muito a fazer ainda. A energia que teve de ser gerada nessas últimas semanas de drama e sofrimento cobra um preço. Estamos com jogadores extasiados que precisão ter tempo para a recuperação. Ainda não temos um elenco forte o suficiente para se sustentar diante de todos os desafios da temporada. Nada disso, porém, nos importa agora. Tínhamos uma façanha a ser alcançada e o Grêmio nos proporcionou este feito. 

Avalanche Tricolor: vi, vivi e venci a Batalha de La Plata

Estudiantes 0x1 Grêmio

Libertadores – estádio  Jorge Luis Hirschi, La Plata ARG

Nathan comemora “vitória impossível” em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Nathan Fernandes e Gustavo Nunes talvez nunca entenderão o que protagonizaram na noite de hoje, em La Plata. A escapada em alta velocidade, no contra-ataque, o talento com que conduziram a bola, a despeito da marcação impiedosa dos adversários, e a maneira como estufaram a rede têm um simbolismo que nenhum deles alcançará. 

O Grêmio sofria com a expulsão de Villasanti. Já havia assistido a perda de seu capitão, Geromel, com lesão no ombro. Assistia à pressão do time da casa, empurrado pela torcida local. O torcedor vislumbrava o pior dos cenários. O risco da desclassificação prematura da competição se apresentava. Aos 31 minutos do segundo tempo, em um lance único e certeiro, os dois garotos que haviam entrado em seguida da expulsão, encarnaram a imortalidade que nos caracteriza.

Nenhum deles era nascido quando nós torcedores havíamos sofrido a dor de uma partida que ficou conhecida por Batalha de La Plata, em 1983. Até hoje, pensamos como foi possível cedermos o empate depois de estarmos vencendo por 3 a 1 e com quatro jogadores a mais em campo. Sim, sabemos das agressões em campo e no intervalo da partida e até das ameaças de morte. Mas foi um sofrimento apenas superado porque nos amadureceu para conquistar a primeira Libertadores de nossa história e nos levar ao Mundial, naquele ano. Nos despedirmos da Libertadores no mesmo palco daquela Batalha seria injusto para nossa história. 

Marchesín, João Pedro, Geromel, Rodrigo Ely, Kannemann, Fabio, Pepê, Villasanti, Cristaldo, Dodi, Galdino, Soteldo, JP Galvão, Gustavo Martini e, claro, Nathan Fernandes e Gustavo Nunes incorporaram a alma daquele Grêmio que começava a escrever sua Imortalidade no futebol sul-americano. Que nos fez ser respeitado onde desembarcamos nesse continente. Quando tudo parecia impossível, nos mantiveram vivos e venceram uma partida que pode reescrever nossa história nesta edição da Libertadores.

E eu, vi, vivi e venci esta Batalha de La Plata. Obrigado, Grêmio!