Você pode nos ajudar no Adote um Vereador

 

 

Fomos 43 pessoas em 2016. É o que mostra lista feita pela nossa ‘anotadora’ Rute Cabral. Uns foram nos conhecer e voltaram para casa. Outros, ficaram. E há os que passaram por lá de vez em quando. Tivemos até candidatos a vereador na nossa mesa.

 

Aliás, somos bem mais do que os 43. Bem mais se olharmos a pretensão de outros grupos pelo Brasil, como a turma de Cuiabá-MT que acaba de se lançar no Adote Um Vereador. E mesmo iniciativas aqui em São Paulo, como a do Gabinete 56, que, torcemos, deve deslanchar em breve.

 

Verdade que também somos bem menos do que os 43. Bem menos, se contarmos os que efetivamente seguem à risca a ideia de fiscalizar o trabalho dos parlamentares nas câmaras municipais.

 

Esse é um aprendizado nesse tempo todo de Adote, que se iniciou em 2008, em São Paulo. Por mais que muitos se indignem e vários reclamem, poucos fazem.

 

Por outro lado, por menos que sejamos, nunca desistimos pois sabemos também que se conseguirmos alcançar uma pessoa que seja, se formos capazes de provocar uma reação de um vereador que seja, fizemos nossa parte.

 

E temos feito nossa parte todo esse tempo, independentemente daqueles que recuaram, desistiram ou se curvaram.

 

Gente como o Ricardo Viana que chegou faz pouco tempo, juntou um ou dois amigos e já escolheu seus “afilhados” sempre nos faz acreditar que vale a pena insistir. Ele é do Jardim Felicidade, lá das redondezas de Pirituba, na zona Norte, e decidiu que ficará de olho nos vereadores Aline Cardoso e Eduardo Tuma, ambos do PSDB. Mandou recado para ela e vai escrever para ele. Quer informações prévias sobre o que pretendem fazer para planejar como acompanhar o mandato deles.

 

A propósito, a abordagem aos vereadores, os pontos que devemos prestar atenção no mandato deles e as questões que podem ser importantes para entendermos o desempenho na legislatura são ítens que vamos tratar em outros textos, em seguida. Pois, por sugestão do pessoal que esteve no primeiro encontro do Adote um Vereador, de 2017, nesse sábado, pretendemos elaborar um ‘manual de conduta’ para ajudar aqueles que têm duvidas da sua capacidade de fiscalizar o trabalho do vereador.

 

No total, temos 55 vereadores a espera de “padrinho”, na cidade de São Paulo. O ideal é que cada um tivesse no foco de ao menos um cidadão. Ficaremos contente se, com o grupo que se reúne mensalmente e mais uma turma que circula em torno do movimento, formos capazes de divulgarmos as coisas que acontecem na Câmara permitindo que as pessoas tenham um pouco mais de informação para avaliar a ação parlamentar.

 

A lista completa dos vereadores está disponível no nosso site: www.adoteumvereadorsp.com.br Caso você esteja interessado em adotar um vereador, deixe registrado por lá. Aliás, no site você também encontrará um passo a passo do que pode ser feito para fiscalizar o parlamentar e outras informações relacionadas à política.

 

Tem, também, nossa página no Facebook, onde reproduzimos o material do site e para a qual você é convidado a visitar, curtir e deixar sua colaboração.

 

Reunimo-nos, além do segundo sábado do mês no café do Pateo do Collegio, onde a cidade foi inaugurada, também pela internet no grupo de discussões do Adote no Facebook.

 

O Twitter do Adote é outro canal à serviço da participação do cidadão na política.

 

Mesmo que você não esteja convencido ainda de que tem condições de fiscalizar um vereador, nos acompanhe nas redes sociais, ajude-nos a espalhar essa ideia e motivar outros cidadãos a se unir no nosso movimento.

 

Se quiser montar um trabalho por conta própria tudo bem. É só arregaçar as mangas e mirar o seu olhar para os vereadores.

 

A gente agradece! A cidade, também!

O vereador e o seu dever de fiscalizar o governo

 

Por André Leandro Barbi de Souza

 

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Ao lado do dever de bem legislar, cabe ao vereador a responsabilidade de fiscalizar os atos e as ações do governo local. Essa responsabilidade é atribuída, pela Constituição Federal, ao vereador, porque ele, ao lado dos demais vereadores eleitos, são escolhidos, pela sociedade, para, por ela, se manifestar. O vereador não pode esquecer, portanto, que quando ele atua, não age por ele, mas pela comunidade que representa. Não há tolerância para a omissão! Aliás, no exercício do mandato parlamentar o custo da omissão de quem representa a sociedade é o lastro que o mau político precisa para a prática de fraude e de corrupção.

 

Na condição de quem representa a sociedade local, cabe ao vereador zelar pela preservação do interesse público. Daí o seu dever de exercer a fiscalização das ações e dos atos de governo. É importante lembrar que o governo não fabrica dinheiro, mas utiliza os recursos financeiros que são coletados, sob a via da tributação, junto a todos os habitantes do Município. O dinheiro que o governo lida, portanto, não é dele ou de ninguém, mas de todos os que residem no município. É a soma da proporção de cada um que, de forma direta e indireta, gera o todo da receita pública, que é base do orçamento do Município.

 

É oportuno frisar, contudo, que a fiscalização, a ser exercida pelo vereador, não pode ser confundida com o papel da polícia, do ministério público ou do tribunal de contas do estado. Sim, se o vereador identificar atos e ações que sinalizem prática de crime contra a administração pública, improbidade administrativa ou irregularidade nas contas públicas, cabe a ele fazer a respectiva denúncia ou até mesmo iniciar o processo de investigação, por meio de comissão parlamentar de inquérito. Mas a responsabilidade maior do vereador é a fiscalização dos resultados produzidos pelo governo. Mais do que fiscalizar “quanto” o governo gasta, cabe ao vereador fiscalizar “como” o governo gasta os recursos públicos que administra. A efetividade de resultados, a honestidade das ações e a qualidade do serviço que o governo local presta para a comunidade são os alvos a serem alcançados pelo vereador, no exercício de sua função fiscalizadora.

 

Cada eleitor sabe o quanto e o tanto que se descola do seu patrimônio pessoal para aderir à receita do governo. O Brasil é um país com alta carga tributária, que se dilui em várias vias, desde a compra do pão e do leite até a retenção na fonte pagadora do salário do trabalhador. Fugir do recolhimento do tributo não é uma possibilidade lícita, mas escolher alguém que tenha consciência e se comprometa em bem cumprir a tarefa de zelar pelo eficiente uso dos recursos públicos, pelo governo, é um dever de todo o cidadão. O direito de votar não será plenamente compreendido se a ele não se agregar o dever de bem votar.

 

Qual dos candidatos a vereador pode melhor cumprir essa missão constitucional de fiscalizar o uso qualificado de recursos públicos pelo governo local? Essa é a pergunta que o eleitor deve se fazer. A resposta: aquele que é honesto. O desafio: não ter dúvida. Talvez alguém diga: mas não há candidato honesto, ninguém presta…. Essa é uma redução perigosa que acomoda e abre espaço para a omissão. O eleitor que se omite e se desinteressa pela escolha de seu candidato se desabilita à crítica, pois é o descaso do seu voto que degenera a competência parlamentar. É da Bavária o ditado que diz: na omissão dos bons, os maus tomam conta!

 

André Leandro Barbi de Souza, advogado especialista em direito politico, sócio-diretor e fundador do IGAM e autor do livro A Lei, seu Processo de Elaboração e a Democracia

“Nosso poder não é de fiscalizar”, diz parlamentar. Como não, vereador?

 

 

Os vereadores têm duas funções importantes de acordo com a Constituição: fazer leis e fiscalizar o Executivo. É para isso que são eleitos. Parece, porém, que nem todos os vereadores sabem disso.

 

Sempre atento ao que dizem e fazem na Câmara Municipal de São Paulo, Alecir Macedo, que participa do Adote um Vereador, ficou intrigado com o discurso do vereador Salomão Pereira, do PSDB, no plenário da casa, em uma sessão realizada em setembro deste ano, que você confere no vídeo acima.

 

Durante o Grande Expediente, o parlamentar comentava situação que vivenciou durante o programa Câmara no Seu Bairro, realizado na Casa Verde, na zona norte da capital paulista. Uma senhora havia pedido que os vereadores encontrassem uma solução para a quantidade de ossadas, restos mortais e peças de roupas espalhadas nos arredores de um cemitério da região.

 

Na justificativa para a falta de ação, Salomão Pereira se saiu com essa: “o nosso poder não é de fiscalizar, o nosso poder é de criar leis pra que essa lei seja cumprida pra (sic) todos por aí”.

 

Opa! Salvo engano, o vereador esqueceu que além de criar leis, os legisladores devem, sim, fiscalizar e cobrar do poder executivo que tome as devidas providências. Pois havendo ou não lei que autorize a incineração de restos mortais – e ele disse que não existe -, me parece óbvio que a prefeitura obrigatoriamente tem de manter o local limpo. E se não o faz, cabe ao vereador cobrar do prefeito, do subprefeito, das secretarias responsáveis e da própria administração do cemitério. É trabalho dele, também!

 

E pelo que disse na tribuna, tempo é que não falta para que a fiscalização seja exercida. Ao reclamar da paralisia na apreciação de projetos de lei na Câmara paulistana, Salomão Pereira diagnosticou: “… precisa mudar o conceito aqui, porque fica a semana toda aqui enrolando mais do que trabalhando”.

 

Então, para de enrolar, vereador, e vai fiscalizar!

Como buscar informações para controlar seu vereador

 

Milton,

Eu queria “adotar um vereador“. Em quais fontes eu consigo informações seguras e atualizadas sobre eles?

Durval Salinas

 

É comum a dúvida do ouvinte-internauta Durval Salinas, enviada por e-mail. Ao mesmo tempo, é motivadora, pois revela o interesse do cidadão em acompanhar o trabalho dos vereadores na sua cidade. Vou, então, tentar ajudá-lo e, por tabela, todos aqueles que podem se engajar na rede Adote um Vereador.

 

No jornalismo temos a figura da fonte primária, ou seja, o personagem principal do fato, o protagonista da notícia. Em lugar de querer saber o que pensa a autoridade através de seus assessores ou pessoas de seu círculo pessoal, ouve-se diretamente a fonte. Nem sempre esta estratégia funciona devido a falta de acesso ou interesse da fonte em falar com o jornalista. Mesmo que fale e diga o que pensa, aquela opinião não está isenta de checagem, cabendo ao jornalista consultar outras pessoas que podem ajudar a entender se o que a fonte principal disse é o que realmente pensa ou se é o que quer que seja publicado. Esta prática é frequente, principalmente no mundo da política. O papel do jornalista é mediar todas as opiniões em busca da verdade.

 

O cidadão também pode fazer este exercício para controlar o seu vereador. Por isso, ouvir a opinião dele é importante e para tal pode-se ligar para o gabinete, ir até a Câmara ou, mais fácil, enviar-lhe um e-mail (os endereços costumam estar no site da Câmara). Pergunte sobre os temas que lhe interessam, os projetos de lei que apresentou ou estão em discussão, a forma como utiliza o dinheiro do gabinete, entre outros assuntos. Talvez você se surpreenda ao perceber que alguns vereadores respondem as mensagens, seja diretamente seja através de seus assessores. Se não responderem, você já tem um bom motivo para pegar no pé dele, pois se os vereadores são nossos representantes, são obrigados a prestar conta para o público.

 

Acompanhar o noticiário no rádio, na TV, nos jornais e na internet costuma ser uma boa alternativa para ter informações sobre o trabalho do vereador, principalmente os mais ativos ou os que ocupam cargos de comando. Aproveite, também, o serviço de alerta do Google e o programe para enviar-lhe e-mail sempre que surgirem citações com o nome do vereador. De vez em quando, dê uma busca nele.

 

O site da Câmara Municipal da sua cidade deve ser uma fonte de informação. Lá têm de estar listados os projetos de lei apresentados pelo vereador e o estágio que estes PLs estão (em discussão, nas comissões, aprovados ou rejeitados). Tem de ter ainda a lista de presença nas sessões e nas comissões. Lembre-se cada vereador integra uma das comissões da casa (finanças, constituição, transporte, saúde, etc). Seu vereador tem comparecido a todas as votações? De qual comissão ele participa? E como votou cada projeto? Tem de estar tudo registrado no site. Assim como é fundamental que estejam publicadas as contas do gabinete: quanto de dinheiro foram gastos para pagar funcionários, material de escritório, combustível, aluguel de carro, dentro outros custos. Caso você não encontre estas informações, que são um direito do cidadão, comece uma campanha cobrando o presidente da Câmara e o seu vereador.

 

Existem muitas outras formas de levantar dados sobre o vereador que você adotou, algumas você mesmo vai descobrir no decorrer do trabalho de fiscalização. Mas se usar os métodos citados acima, certamente terá um arsenal de dados que pode lhe ajudar a avaliar melhor o trabalho do parlamentar. Por favor, publique todas as informações em um blog, Tumblr, Facebook ou qualquer outra rede social, sempre exercitando o seu direito de crítica e análise.

 

Controle os políticos, antes que os políticos controlem você.

Vereança e Câmaras Municipais

 

Por Antônio Augusto Mayer dos Santos

 

O Vereador representa o povo junto à instância primeira da democracia representativa que é a Câmara Municipal. Congressistas, Deputados Estaduais, Governadores e Presidentes da República (Prudente de Moraes, Wenceslau Brás, Delfim Moreira, Artur Bernardes, Washington Luís e Tancredo Neves) iniciaram as suas trajetórias políticas pela vereança.“Os ocupantes da nobre função de vereador são a voz mais próxima do administrado e, nessa condição, devem velar para que sua atuação no trato de bens, pessoal e valores públicos sirva como exemplo aos integrantes da comunidade”, enfatizou a prestigiada Ministra Eliana Calmon em voto proferido no Superior Tribunal de Justiça.

 

O Legislativo Municipal é uma instituição política de caráter permanente que representa a sociedade. Embora eleito por seus simpatizantes, o vereador legisla em nome de toda a comunidade. No exercício desta representação popular, dispõe de competência para tratar de assuntos pulsantes vinculados ao cotidiano dos cidadãos, desde o valor das passagens do transporte coletivo ao número de andares dos prédios, passando pela fiscalização do Executivo, valor do IPTU e serviços públicos.

 

Com o advento da Constituição Federal de 1988 guindando os Municípios a uma autonomia condizente à sua importância, às Câmaras foram conferidas novas prerrogativas e responsabilidades foram ampliadas. Por conta disso, os Vereadores protagonizam, no mínimo, quádrupla função: deliberativa, fiscalizadora, julgadora e legislativa. Simultaneamente, foi-lhes estendida a inviolabilidade por opiniões, palavras e votos.

 

Neste aspecto, três abordagens esclarecem o perfil desta atividade. A primeira, que nenhuma representação política deve ser idealizada. Por conta disso, junto aos parlamentos, a diversidade social se encontra não somente representada mas efetivamente reproduzida. Do Vereador com doutorado aquele que não concluiu o primário, do decano ao novato, do abnegado ao relapso, todos exercem atribuições diversas e indelegáveis que, exatamente por conta disso, merecem fiscalização permanente.

 

A outra, que as Câmaras Municipais não podem prescindir de parlamentares que se distinguem positivamente. Exceções existem, sempre e em tudo que diz respeito à delegação popular de poder. Porém, aqueles que reúnem experiência e produtividade devem ser valorizados eis que acumular mandatos ou tarefas públicas não pode ser uma injusta coloração pejorativa que deprecie o trabalho parlamentar.

 

A última, que exercer mandato de Vereador não significa manter vínculo empregatício, profissional ou relação trabalhista com a Câmara Municipal. A representação parlamentar, em qualquer esfera legislativa, corresponde a uma realidade constitucional de natureza política que expressa a soberania popular (CF/88, art. 1º, Pár. Único). O povo, ao votar, delega poder e não emprego aos que são eleitos. Se o eleitor fiscaliza esta delegação isto é outra coisa. O Blog do Milton Jung, como se sabe, fiscaliza e também colabora.

 

Ao arremate, o óbvio: prestar contas e potencializar o postulado constitucional da transparência do mandato local corresponde a um agir que não somente fortalece as relações democráticas como amplia o respeito mútuo entre cidadãos, agentes políticos e instituições.

 

Antônio Augusto Mayer dos Santos é advogado especialista em direito eleitoral, professor e autor dos livros “Prefeitos de Porto Alegre – Cotidiano e Administração da Capital Gaúcha entre 1889 e 2012” (Editora Verbo Jurídico), “Vereança e Câmaras Municipais – questões legais e constitucionais” (Editora Verbo Jurídico) e “Reforma Política – inércia e controvérsias” (Editora Age). Às segundas, escreve no Blog do Mílton Jung.

Desistir de fiscalizar é entregar o ouro para o bandido

 

A aparição de movimentos instigados pelas redes sociais, a cobrança por transparência nas ações públicas e a necessidade de dialogar com a sociedade são realidades muito distantes de parcela da classe política no Brasil. Tentativas frustradas de cidadãos no contato com seus representantes no parlamento são os sinais mais claros desta realidade. Nestes dias, recebi ao menos duas mensagens de ouvintes-internautas descrevendo o descaso como foram atendidos.

Um deles é Marino Verardi que decidiu consultar os 513 deputados federais sobre qual havia sido o voto deles e a justificativa no pedido de cassação de Jaqueline Roriz, aquela moça que “tem a política no DNA” e entende que não há problema em ser corrupto, desde que tenha sido antes de eleita. Pesquisou no site da Câmara o e-mail de um por um e enviou mensagem a cada um deles, individualmente. Na primeira leva de mensagens fez a pergunta para 150 parlamentares, recebeu resposta de apenas três deles: Dr Rosinha (PT), Edinho Araújo (PMDB) e Eduardo Barbosa (PSDB). Todos disseram terem votado a favor da cassação. Desistiu de continuar o trabalho pois logo percebeu que seria malsucedido em sua iniciativa.

No outro caso, Fernanda de Andrade, moradora de Nova Lima, em Minas Gerais, se entusiasmou com a ideia do Adote um Vereador. Ela enviou mensagem para o vereador Marcelino Antonio Edwirges (PT) nos dias 10 e 22 de setembro. Se na primeira, não obteve resposta, na segunda o e-mail retornou, ou seja, sequer deve ter entrado na caixa de correio dele. Estava lotada ou inoperante – o que no fim das contas vai dar no mesmo. A tentativa dela agora será pelo site do vereador.

O cidadão, nos dois casos, não reivindica nada além de uma resposta, uma atenção, um respeito que seja. Mas os parlamentares parecem não estar dispostos – ao menos parte deles – a incentivar esta conversa. Este comportamento, contudo, não deve tirar o eleitor do seu propósito, é um direito dele cobrar, fiscalizar e monitorar seu representante. É obrigação do vereador, deputado ou senador justificar seu comportamento, ideia e voto. O cargo não o torna imune a críticas e cobranças, menos ainda ao diálogo.

Mesmo que as respostas não apareçam, aos dispostos a encarar a ideia do Adote um Vereador, minha sugestão é que pesquisem sobre o adotado por outros caminhos. No site da Câmara costuma ter os projetos apresentados por ele, uma boa oportunidade para desenvolver o olhar crítico sobre as ideias que o vereador defende. Dê um Google para ver o que está publicado na internet, o que os outros estão falando dele. Procure informações nos jornais da cidade, preste atenção no noticiário de rádio. Todo dado levantado pode virar um post no blog, de preferência agregando sua opinião sobre o tema ou um simples curti ou não curti, ao estilo Facebook.

Desistir de fiscalizá-los é entregar o ouro para o bandido – me perdoem, isto é apenas forma de falar, não tem nenhuma outra conotação a realidade política no Brasil.

Pesquisadores querem conhecer efeitos do Adote

 

adotePrestes a completar dois anos, o projeto Adote um Vereador reúne um número razoável de pessoas a controlar o trabalho de parlamentares, não apenas em São Paulo, além disso serve para dar publicidade a importância de o cidadão controlar os políticos. A mobilização interessou pesquisadores que indicaram o programa na rede Technology for Transparency, do Global Voices, que agora pretendem se aprofundar em um estudo de casos de impacto ligados a ideia do Adote.

Um dos resultados mais interessantes do envolvimento dos cidadãos no projeto foi a pressão exercida na Câmara Municipal para que os vereadores divulgassem os documentos fiscais que comprovam os gastos com a verba de gabinete.

Cada vereador pode usar até R$ 14.859,38 por mês para comprar material de escritório, correio, combustível, consultoria e transporte, além de cobrir os custos com telefone e aluguel de carro. O que não foi utilizado em um mês fica acumulado para os meses seguintes. O valor e a forma de utilizar a verba de representação estão previstas em lei. Os parlamentares eram obrigados apenas a divulgar onde usavam este dinheiro, mas o cidadão não tinha acesso as notas fiscais e recibos.

Havia uma série de reportagens na mídia sobre o assunto, envolvendo o Senado brasileiro devido a prestação de contas irregulares. O “adotador” Clóvis Pereira, morador do bairro de Perus, zona sul de São Paulo, através de e-mail, cobrou do seu “adotado”, o vereador e líder do Governo Kassab José Police Neto (PSDB), uma postura sobre o tema na Câmara paulistana. Pediu para que ele divulgasse os dados independentemente da existência de regras sobre o assunto na Casa. A resposta do vereador foi que ele era a favor da divulgação das notas fiscais, mas que havia um compromisso com os demais líderes de partidos para que isto somente fosse feito quando todos aceitassem adotar o procedimento.

A opinião do vereador José Police Neto, bastante influente na atual legislatura, ganhou projeção, pois o diálogo entre “adotado” e “adotador” foi enviado ao CBN São Paulo. Quando divulguei a resposta do parlamentar, questionei se o compromisso do vereador tinha de ser com os colegas de parlamento ou com o cidadão. Constrangido, José Police Neto levou a questão para a reunião de líderes e declarou no encontro que não iria ficar com o ônus da decisão de manter em sigilo os documentos fiscais, em nome do compromisso assumido internamente.

A partir daí, o colégio de líderes resolveu levar a público toda a documentação que, agora, é publicada com a prestação de contas no site da Câmara Municipal de São Paulo.

Com as informações à disposição, identificou-se a dificuldade para se realizar o cruzamento das contas de todos os 55 vereadores, pois a forma com que eram publicadas impedia o cruzamento de dados. O tema passou a ser discutido publicamente entre os integrantes do Adote um Vereador, através do CBN São Paulo, dos blogs que integram a campanha e nas reuniões mensais do grupo.

Motivado pelo debate, o programador Maurício Maia desenvolveu um programa pelo qual é possível ‘raspar’ os dados da prestação de contas facilitando a pesquisa do cidadão em relação a seu vereador, partido e empresa prestadora de serviço. O site tem visual simples e se torna fonte de consulta importante para quem pretende avaliar o comportamento dos parlamentares com a verba de gabinete (leia mais sobre o assunto).

Recentemente, graças a prestação de contas detalhada com a apresentação de notas fiscais e recibos, o jornal O Estado de São Paulo identificou que empresas contratadas por alguns vereadores tinham problemas de registro e não estavam regularizadas para prestar o serviço para o qual estavam sendo pagas com dinheiro público.

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Cartilha para vereador levar embaixo do braço

adote.pngPara quem pretende levar a sério a função de vereador, a Controladoria Geral da União oferece uma cartilha que ensina como fiscalizar os recursos públicos municipais. A sugestão chega pelas mãos de Joildo Santos, que adotou o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues (PR). Ele lembra que o vereador – todos os vereadores de todas as cidades brasileiras, sem exceção – tem papel fundamental para o controle da gestão dos recursos públicos.

Poderiam começar a tarefa dentro de casa, controlando os gastos da própria Câmara em vez de aumentar os custos como fez nessa terça-feira o legislativo de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Com aprovação de projeto de lei que cria mais de 90 cargos, os moradores terão de gastara mais em torno de R$ 3,6 milhões por ano.

A quem interessar possa, baixe aqui a cartilha “O Vereador e a Fiscalização dos Recursos Municipais”

Shopping Luz é o primeiro a levar “paulada” do Controle Urbano

Instalações elétricas inadequadas

“Dar paulada, desde que dentro da lei”, foi a orientação do secretário Orlando de Almeida quando assumiu a nova pasta de Controle Urbano, na cidade de São Paulo. E o primeiro teste foi nessa terça-feira, quando os fiscais fecharam o Shopping Fashion Center Luz, na Praça Júlio Prestes, no centro da capital. Instalações elétricas irregulares, falta de equipamento de segurança e infiltrações foram encontradas em meio a outras tantas irregularidades.

A “paulada pedagógica” não chega a ser novidade em São Paulo. Nos últimos quatro anos, as ações emblemáticas eram de autoria do secretário das Subprefeituras Andrea Matarazzo (PSDB) que chegou a posar de xerife da cidade na capa da revista Veja São Paulo, depois de fechar prostíbulos e emparedar lojas chiques. Orlando de Almeida (DEM) insiste que não pretende tirar a estrela de ninguém. E o prefeito Gilberto Kassab (DEM) jura de pés juntos que ambos se dão muito bem, obrigado.

Orlando de Almeida, porém, é o primeiro a declarar abertamente que as medidas que a prefeitura adota “são emblemáticas”. Midiáticas, para a aparecer na televisão, e ganhar espaço no noticiário, digo eu, a ponto de a assessoria de comunicação da secretaria de Controle Urbano fazer questão de distribuir imagens das irregularidades encontradas no Shopping. Fotos que publico aqui no blog e preocupam os frequentadores destes espaços públicos que fornecem a falsa imagem de segurança.

CPI das Igrejas causa discussão na Câmara de São Paulo

A morte de nove pessoas no desabamento do telhado da Igreja Renascer motivou o deputado “adotado” Adilson Amadeu (PTB)  a pedir a abertura de CPI para investigar a segurança nas sedes de igrejas, na capital paulista. A bancada evangélica se rebelou e disse que não há motivos para esta comissão.

O vereador Carlos Apolinário (DEM) pergunta por que investigar as igrejas se apenas duas até hoje tiveram algum tipo de problema, e ao mesmo tempo questiona a falta de investigação de outros estabelecimentos comerciais como os shoppings.

Antecipando-se a discussão que haverá na Câmara Municipal de São Paulo, o CBN SP promoveu, hoje, debate entre os dois vereadores. Ouça aqui o que eles pensam sobre a CPI das Igrejas. E dê sua opinião, também, enviando mensagem para o vereador ou registrando aqui seu comentário.