Dez Por Cento Mais: Diego Félix Miguel fala sobre os desafios das velhices LGBT+

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Não é o outro falar de nós, é nós falarmos sobre a nossa existência

Diego Félix Miguel

Uma geração de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, travestis e transgêneros chegou à velhice carregando marcas de rompimentos familiares, da epidemia de HIV/Aids e de um sistema de saúde que muitas vezes as afasta, em vez de acolher. Nesse cruzamento entre idade, gênero, orientação sexual e desigualdade, estão as velhices LGBT+, tema tratado por Diego Félix Miguel, doutorando em saúde pública e presidente do departamento de gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em entrevista à jornalista e psicóloga Abigail Costa, no programa Dez Por Cento Mais.

Velhices plurais, vulnerabilidades acumuladas

Diego propõe que o ponto de partida seja enxergar o envelhecimento como conquista coletiva. “Eu acredito que nós precisamos pensar na longevidade como uma grande conquista”, afirma. O aumento da expectativa de vida está ligado a avanços científicos, tecnológicos e ao acesso à informação. Essa conquista, porém, não é distribuída da mesma forma para todas as pessoas.

Ele lembra que desigualdades atravessam a vida inteira: raça, gênero, identidade de gênero, orientação sexual, classe social. “Quando falamos de velhices, nós estamos falando de pluralidade”, resume. A ideia de “velhices”, no plural, tenta corrigir a imagem homogênea da pessoa idosa e expõe grupos que chegam à longevidade sob maior risco de violência, violação de direitos e isolamento.

Ao tratar especificamente das velhices LGBT+, Diego volta no tempo. Ele lembra que o movimento ganhou mais visibilidade a partir dos anos 1960, quando parte da população LGBT começou a se colocar publicamente. Esse gesto teve custo alto: “Muitas pessoas romperam vínculos familiares, porque, ao invés de receberem conforto e segurança, encontravam violência”, explica.

Longe de suas famílias de origem, essas pessoas formaram redes afetivas também conhecidas por famílias de escolha. O alicerce dessa rede, porém, foi abalado nas décadas de 1980 e 1990, com a epidemia de HIV/Aids. “As pessoas sobreviventes desse episódio são as que chegaram na velhice hoje”, diz Diego. Muitas perderam amigos, companheiras e companheiros, e envelhecem com redes de apoio fragilizadas.

Idadismo, saúde e medo de buscar cuidado

Além da história marcada por perdas e exclusões, essas pessoas enfrentam um obstáculo que atinge toda a população idosa, mas com impacto específico sobre quem é LGBT+: o idadismo, o preconceito baseado na idade. “Um dos aspectos que o idadismo traz é a invisibilidade da sexualidade e do gênero na velhice”, aponta.

Na prática, isso significa ver a pessoa idosa como alguém sem desejo, sem vida sexual, sem identidade de gênero que mereça atenção. Se esse apagamento já pesa sobre idosos em geral, o efeito se agrava quando se trata de uma mulher lésbica, de um homem gay, de uma pessoa trans ou travesti.

Diego cita pesquisas que mostram um padrão preocupante: “Muitas pessoas LGBT deixam de frequentar os serviços de saúde, de fazer exames preventivos ou acompanhamento médico, justamente por medo de sofrerem violência”. Esse medo nasce de experiências anteriores, em que não foram tratadas pelo nome social, tiveram sua identidade de gênero desconsiderada ou ouviram comentários discriminatórios.

Quando finalmente procuram ajuda, costumam esperar até o limite da dor ou da doença. E ainda correm o risco de enfrentar um atendimento violento, explícito ou sutil. Diego descreve situações em instituições de longa permanência para idosos em que o acolhimento é condicionado à ideia de que a pessoa LGBT precisa “se encaixar” em uma norma que nega quem ela é. Em alguns casos, pessoas trans são pressionadas a destransicionar para serem aceitas pela instituição. “Isso é perverso, é violento, é sutil, é silencioso e dói tanto quanto uma violência física”, resume.

Segurança, trabalho e renda: o impacto da exclusão

A discussão sobre saúde se mistura com outra camada de vulnerabilidade: a segurança financeira. Muitos idosos LGBT viveram na informalidade. Diego lembra que a escola, para uma parte das pessoas trans, era um ambiente hostil; o mercado formal de trabalho, pouco acessível; a discriminação, recorrente.

O resultado aparece agora, na velhice, em trajetórias marcadas por baixa renda, aposentadorias insuficientes ou inexistentes e dependência de redes de apoio que nem sempre existem. “São pessoas que sobreviveram a múltiplos processos de violência e demandam um cuidado maior em saúde mental”, explica. Depressão, pensamentos suicidas e isolamento social surgem como sinais de alerta.

Diego reforça que o isolamento é um fator central para a perda de autonomia e independência na velhice, o oposto do que se busca quando se fala em envelhecimento ativo: viver com dignidade, com possibilidade de decisão e com apoio adequado depois da aposentadoria.

Ambientes seguros e o papel dos profissionais

Uma parte importante da conversa passa pela formação de profissionais e pelo modo como eles se apresentam aos pacientes. Do preenchimento de um formulário à maneira de fazer perguntas, detalhes revelam se aquele espaço é acolhedor ou excludente.

Diego destaca um ponto simples, mas decisivo: abandonar perguntas que presumem heterossexualidade, como “qual é o nome do seu marido?” ao atender uma mulher. Para ele, o cuidado começa ao abrir espaço para que a própria pessoa nomeie sua realidade. Quando o serviço se mostra preparado para isso, a percepção muda. “Quando pessoas idosas LGBT chegam em um ambiente e percebem que há profissionais assumidamente LGBT, elas se sentem mais confortáveis e confiantes”, observa.

Em alguns países, profissionais aliados exibem símbolos, como a bandeira do arco-íris, para indicar que aquele consultório é um espaço sem discriminação. O objetivo não é criar um rótulo, mas sinalizar que a conversa sobre gênero e sexualidade pode acontecer sem medo.

Isso, porém, não elimina o risco de reforçar estereótipos. Diego alerta que, na tentativa de “fazer o certo”, serviços podem criar soluções que, na prática, segregam — como reservar um “quartinho” específico para uma idosa trans dentro de uma instituição, em vez de garantir o direito de ela viver no espaço das mulheres, em condições de igualdade.

Representatividade e a recusa da neutralidade

A presença de pesquisadores e profissionais LGBT na produção de conhecimento sobre velhices LGBT é outro eixo que Diego considera decisivo. “Não é o outro falar de nós, é nós falarmos sobre a nossa existência”, afirma.

Ele menciona o movimento de pessoas trans que reivindicam o direito de estudar e pesquisar suas próprias experiências de envelhecimento. A defesa é direta: políticas públicas, práticas de cuidado e pesquisas ganham outra profundidade quando formuladas por quem vive na pele as consequências do preconceito.

Nesse contexto, Diego rejeita a ideia de neutralidade como valor. A referência a Paulo Freire ajuda a organizar o raciocínio. “A neutralidade nada mais é do que a covardia de não se ter um posicionamento”, diz. Silenciar diante da discriminação não elimina o conflito; apenas cede espaço para que a estrutura de poder vigente siga intacta.

Ele lembra que já existem projetos de lei no Congresso voltados à criação de uma política nacional para pessoas idosas LGBT+, com foco na integração entre SUS (Sistema Único de Saúde) e SUAS (Sistema Único de Sistemas Sociais) e na qualificação dos serviços que já atendem a população idosa. A ampliação do acesso à educação, inclusive por meio de cotas, também é citada como caminho para que pessoas LGBT ocupem universidades, campos de pesquisa e espaços de decisão.

A dica Dez Por Cento Mais

Na parte final da entrevista, Diego volta a um ponto que atravessa toda a conversa: a importância de transformar gênero e sexualidade em temas que possam ser tratados em família, sem segredo nem tabu. “Vale muito a pena perguntar sobre a vivência dessas pessoas, escutar mais e supor menos”, recomenda.

Ele relata casos de alunos que, após suas aulas, perceberam que nunca tinham perguntado a um irmão gay como ele se sente nos lugares que frequenta, quais medos carrega, de que mudanças precisa para se sentir seguro. A sugestão de Diego é simples e direta: trazer esse assunto para a mesa, inclusive em um almoço de domingo.

Para as famílias que têm filhos, filhas, netos ou netas LGBT+, o recado é claro: a escuta pode ser ponto de partida para uma velhice com mais dignidade, menos isolamento e menos medo. E, para profissionais de saúde e para a sociedade em geral, a entrevista funciona como um convite à responsabilidade: reconhecer as velhices LGBT+ como parte legítima da população idosa e ajustar práticas, protocolos e políticas a essa realidade.

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Dez Por Cento Mais: “Precisamos integrar o velho e o novo”, diz Fábio Betti sobre o futuro do trabalho e o papel das gerações


“O trabalho é uma das maneiras de mantermos nossa utilidade na vida, mas não a única.”

Fábio Betti, Age-Free.World

O mercado de trabalho não quer mais saber de fidelidade cega, nem valoriza currículos marcados por longas permanências em um mesmo lugar. Enquanto os mais jovens pulam de emprego em emprego em busca de sentido e equilíbrio, líderes experientes questionam se ainda cabe a eles atuar em um modelo que exige energia de super-herói e uma dedicação que sacrifica a vida pessoal. Esse movimento de transformação — que atinge todas as gerações — foi tema da entrevista com Fábio Betti, que está à frente da age-free.world, no programa Dez Por Cento Mais, apresentado por Abigail Costa.

Entre gerações: rupturas e aprendizados

Para Betti, que também atua na Corall Consultoria, “envelhecer no mercado não deveria ser sinônimo de se tornar descartável”. Ele alerta que muitas empresas continuam presas a parâmetros que exigem velocidade e entrega constante, ignorando a experiência acumulada ao longo dos anos. “Muitos líderes chegam aos 55, 60 anos e dizem: ‘Eu não aguento mais’. Não porque falte energia, mas porque não faz mais sentido atuar em um ambiente desumanizador”, afirma.

A busca por um trabalho com propósito também não é exclusividade da nova geração. Para os mais velhos, surge a necessidade de se reinventar. Segundo Betti, mais de 40% das novas empresas no Brasil em 2019 foram abertas por pessoas com mais de 45 anos, mostrando que empreender também é uma alternativa para quem deseja continuar contribuindo, mas em outro formato. “A sensação de inutilidade adoece. Encontrar novas formas de se sentir útil é fundamental para a saúde mental”, destaca.

As novas gerações, por sua vez, querem clareza. “O jovem quer uma relação mais pragmática: ele quer saber como crescer, quanto vai ganhar e o que precisa fazer para chegar lá. E muitos líderes não sabem conversar sobre isso porque construíram suas carreiras em um modelo que pedia sacrifício absoluto”, pontua Betti.

Essa convivência entre cinco gerações no mesmo ambiente — boomers, X, Y, Z e alfa — intensifica os choques e, ao mesmo tempo, abre espaço para conversas importantes. “Precisamos integrar o velho e o novo, porque ambos têm valor. A evolução não é destruir o modelo anterior, mas entender o que manter e o que transformar”, explica.

O humano versus a máquina

Betti também observa que o avanço da inteligência artificial escancara a crise do trabalho automatizado. “Se o trabalho que fazemos pode ser substituído por uma máquina, o que resta de humano?”, questiona. Ele defende que a reflexão sobre o sentido do trabalho é urgente, já que o modelo atual, centrado em controle e metas incessantes, está “sobrevivendo por aparelhos”.

Para ele, o papel dos líderes deveria incluir cuidar das pessoas de forma integrada, não apenas fora do ambiente corporativo. “Vejo líderes que correm maratonas e falam sobre autocuidado, mas dentro das organizações continuam reproduzindo discursos de cobrança e desconfiança. Como integrar essas duas vidas?”, provoca.

No fim, a mudança depende de disponibilidade para ouvir e de coragem para criar um ambiente em que todos — jovens ou veteranos — possam pertencer e contribuir de maneira autêntica. “O grande desafio é lembrar que ninguém quer estar em um lugar onde a desconfiança é a base”, conclui.

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O decreto que ameaça milhões de ítalo-descendentes

A colônia italiana está em polvorosa — ou, como diria a Zia Olga lá dos altos de Caxias do Sul, in subbuglio. Ela sempre me recebia com fartura: abraço apertado, comida farta, vinho à mesa (mesmo que pela idade não me coubesse tal prazer) e aquele sotaque carregado de afeto e história. Hoje, se estivesse viva, certamente estaria indignada com o que se desenha no horizonte dos ítalo-descendentes.

Não faltam motivos. O recente decreto-lei nº 36, proposto pelo governo da Itália, pretende restringir o direito à cidadania por sangue (jus sanguinis) apenas a filhos e netos de italianos nascidos em solo italiano. Se aprovado como está, esse novo critério cortará o vínculo jurídico direto de milhões de descendentes, incluindo grande parte dos brasileiros que herdaram a italianidade com afeto, não com carimbo de cartório. Afinal, o grande fluxo migratório aconteceu ainda no século 19. Somos, na maioria, bisnetos, trineto, tataranetos — descendentes de um tempo de esperança e travessia.

Tomo a liberdade de compartilhar a origem do Ferretti que carrego no sobrenome — honestidade que permitirá a você, caro e cada vez mais raro leitor de blog, julgar esse texto considerando os vieses que influenciam minha escrita. Veio de Ferrara, na Emília-Romagna, e desembarcou no Brasil em 1897. Vitaliano Ferretti — meu bisnonno — passou por Minas Gerais, antes de chegar ao Rio Grande do Sul onde casou-se com Elvira e teve onze filhos. Entre eles, minha avó Ione. Essa linhagem me basta para afirmar: sou italiano, mesmo sem passaporte europeu. Nunca entrei com pedido de cidadania. Minha relação com a Itália se alimenta das viagens que faço, das lembranças de família, da música, do idioma que tento aprender e da honra de ter recebido, no ano passado, o título de Cavaliere Dell’Ordine Della Stella D’Italia, concedido pelo presidente Sergio Mattarella.

Entendo, por isso, a frustração de milhares de famílias brasileiras que vivem há anos no limbo consular, à espera de exercer um direito historicamente reconhecido. É uma legião. Un sacco di persone que preserva, em suas casas, as festas, os sabores, as orações e a língua herdada dos antepassados. Gente que se sente italiana — não como pose, mas como identidade.

O governo italiano, por meio do ministro Antonio Tajani, líder do Forza Italia, afirma que o objetivo do decreto é combater fraudes que teriam transformado o processo de cidadania em um negócio lucrativo. Mas há uma visão distorcida nesse argumento: punir coletivamente, por causa de irregularidades pontuais, é caminho curto para a injustiça. Críticos apontam que a medida é discriminatória, desrespeita a Constituição italiana e rompe um elo cultural construído por gerações.

Em vez de encurtar o fio da história, seria mais eficaz aprimorar os mecanismos de controle e punir os que burlam as regras — sem penalizar quem apenas quer reatar os laços com suas raízes. O decreto, na prática, exclui milhões da possibilidade de reconexão com a cultura que os formou. É como fechar a porta da casa onde ainda vivem as vozes dos bisavós, suas receitas, sua fé, sua língua, sua memória.

O texto ainda será debatido no parlamento italiano e já encontra resistência, inclusive dentro da própria base governista. Do lado de cá do oceano, a comunidade ítalo-descendente segue em vigília. Porque o que está em jogo não é apenas um documento — é o direito de seguir pertencendo à história de onde nossas famílias vieram.

Participe: encontro discute efeito do decreto Tajani

Inscreva-se (de graça) e participe do encontro que discutirá o efeito do decreto que limita a cidadania italiana e prejudicará milhões de ítalo-descendentes, no Brasil. O jurista Walter Fanganiello Maierovitch, o Conselheiro do CGIE (Consiglio Generale degli Italiani all’Estero) Daniel Taddone e Giuliana Patriarca Callia, tradutora juramentada e diretora da AEDA, estarão reunidos no dia 29 de abril, a partir das 19hs, no auditório do Colégio Dante Alighieiri, em São Paulo.

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É prematuro e irresponsável culpar eólica pelo apagão, diz presidente da Abeeólica

Faltava energia elétrica em boa parte do país e já surgiam hipóteses sobre o que teria provocado o apagão em 25 estados e no Distrito Federal. Dentre elas, um fluxo de geração de energia eólica e solar no Nordeste do país. Especialistas ouvidos na CBN disseram que como essas fontes são intermitentes, não trazem segurança de um fornecimento de energia contínuo. O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, também não descartou a possibilidade — assim como não o fez com nenhuma das outras hipóteses apresentadas. Vale lembrar que até ação criminosa está no horizonte do ministro que convocou a Polícia Federal e a Abin para investigarem o caso.

No Jornal da CBN, conversamos com Elbia Gannoum, presidente executiva da Abeeólica — Associação Brasileira de Energia Eólica, que disse que embora a energia eólica já tenha desempenhado um papel crucial no sistema durante momentos de escassez de energia, como durante a seca de 2021, a afirmação de que o excesso de energia eólica foi a causa direta do apagão é prematura e irresponsável.

Ontem, no momento em que o apagão ocorreu, de acordo com Élbia, havia geração de energia eólica na ordem de 16,9 gigawatts — um pouco acima da média que é de 15 gigawats e ainda assim abaixo dos recordes alcançados no ano passado. No período de “safra de vento”, que vai de agosto a setembro, a expectativa é que as eólicas consigam alcançar a marca de 20 gigawatts, disse a executiva

O Sistema é Robusto, mas Sobrecarga de Linha Pode Ter Contribuído 

Elbia Gannoum enfatizou a robustez do sistema de energia no Brasil, especialmente em relação às linhas de transmissão que atendem à necessidade de geração e carga. Ela ressaltou que a ocorrência do apagão, que afetou a região Nordeste, mais especificamente no Ceará, parece ter sido causada por perturbações no sistema, possivelmente devido a falhas simultâneas em duas linhas de transmissão. E alertou alertou contra a precipitação ao atribuir a causa a um aumento na geração de energia eólica.

Redundância e Proteção na Geração Eólica

A executiva destacou a redundância presente tanto nas linhas de transmissão quanto na geração de energia, incluindo a energia eólica. Essa redundância é uma característica do sistema elétrico brasileiro para garantir a segurança e o suprimento de energia. Ela explicou que os aerogeradores — usados para a captação e geração de energia eólica — modernos possuem mecanismos de proteção para evitar sobrecargas e perturbações no sistema.

Investimentos e Futuro da Geração Eólica

O Brasil investe regularmente em sua infraestrutura de geração e transmissão de energia para evitar problemas como apagões, disse Élbia. O sistema elétrico brasileiro é considerado robusto e eficiente, mas, devido ao tamanho do país, qualquer problema pode ter proporções significativas. Ela observou que, com o aumento constante na capacidade de geração de energia, é necessário também investir na expansão das linhas de transmissão.

Atualmente, a energia eólica representa cerca de 14% da capacidade instalada no Brasil, sendo a segunda maior fonte, após a hidrelétrica. Élbia prevê um crescimento contínuo das fontes de energia eólica e solar no país, impulsionado pela competitividade e sustentabilidade dessas fontes.

A Necessidade de Investir em Energias Renováveis

A presidente da Abeeólica finalizou destacando a importância das energias renováveis, como a eólica e a solar, para a redução das emissões de carbono e a sustentabilidade global. Ela enfatizou que o desafio é investir em fontes limpas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Ouça a entrevista completa de Élbia Gannoum ao Jornal da CBN:

Mundo Corporativo: Beatriz Sairafi, da Accenture, mostra as vantagens que a chegada da geração 50+ traz às empresas e aos jovens

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“A liderança é a primeira que precisa abrir as portas. Não adianta a gente fazer isso num cantinho da organização. Tem que ter de fato apoio e,  muitas vezes, você começa com um grupo de pessoas apoiando e depois os outros se contagiam e a agenda avança” 

Beatriz Sairafi, Accenture

Um administrador, com 63 anos, que fez toda sua carreira na área ambiental e, desde 2017, estava fora do mercado de trabalho. Uma advogada que, aos 54, já havia dedicado parte de sua vida profissional a uma multinacional e estava desempregada há dois anos. Dois exemplos de pessoas que, mesmo estando desempregadas e tendo passado dos 50 anos, tiveram talento e conhecimento reconhecidos pelo programa de diversidade geracional implantado pela Accenture, no Brasil. Os dois, assim como cerca de 130 colaboradores com mais de 50 anos, foram contratados durante a pandemia. Ao apostar na maturidade profissional, a empresa de consultoria e tecnologia, de atuação global, deu segmento às políticas afirmativas que começaram há 15 anos, e já abriram as portas para mulheres, deficientes, negros e pessoas LGBTQIA+. 

Beatriz Sairafi, diretora de Recursos Humanos da Accenture, em entrevista ao programa Mundo Corporativo, explicou que a decisão de investir na diversidade surgiu quando se percebeu que eram diversos, também, os públicos com os quais a empresa trabalhava:

“Nós atendemos e trabalhamos com vários segmentos de clientes, no setor financeiro, de consumo, de varejo, de saúde, de  recursos naturais. Imagina a diversidade de clientes que o nosso negócio atende. E para isso eu preciso ter de fato pessoas diversas. Se eu não tiver pessoas que realmente tem uma especialidade diferente da outra, a gente não vai conseguir fazer o melhor pelos nossos clientes”. 

A despeito de Beatriz ser do setor de Recursos Humanos, ela explica que a agenda de transformação das empresas não depende do RH, tem de ser uma agenda dos líderes porque, além de fazer parte de um planejamento de longo prazo, é necessário uma mudança ampla na cultura corporativa e isso só acontecerá diante de gestores humanizados e engajados nas mudanças. Esse movimento não se resume a abrir vagas, exige ambientes apropriados, profissionais abertos ao novo e diverso e uma comunicação efetiva entre os setores: 

“Somos uma organização em que 60% são milênios, 20% são ‘centênios’. E a gente falou: ‘puxa vida, será que o grupo mais jovem vai apoiar’.  Nossa. super apoiou e teve muito orgulho de fazer parte de uma jornada de transformação para o mercado e não só para nós”.

E, convenhamos, não haveria porque não apoiar. Profissionais conscientes tendem a perceber rapidamente as vantagens que a convivência geracional proporciona para toda a equipe de trabalho:

“Muitas vezes falta uma experiência técnica, mas a maturidade emocional e as competências pessoais; já terem vivido e passando por tanta coisa, faz com que em uma situação que parece urgente, a pessoa fala: ‘não, calma!’. Isso traz maturidade emocional e uma perspectiva de vida, uma experiência complementar aos jovens. É uma troca muito rica, onde todos têm aprendido um com o outro. E a gente ainda tem muito a explorar essa relação”.

O programa de incentivo aos profissionais 50+ seguiu modelo semelhante aos implantados em anos anteriores para outros segmentos: começa pelo recrutamento; identificação de líderes influenciadores, que são chamados de sponsors (ou patrocinadores);  formação de comitês com pessoas que se voluntariam a trabalhar com o tema; diálogo permanente para ouvir as necessidades; capacitação dos profissionais contratados; e, finalmente, aplicação de métricas para identificar de forma precisa os resultados alcançados. 

Para Beatriz, entender as demandas dos públicos que se pretende alcançar é fundamental para que se tenha o engajamento dos colaboradores:

“Então, a gente percebe que o índice de engajamento cresce muito quando as pessoas simplesmente podem ser quem elas são, porque não dá para você contribuir com o seu melhor e dar o seu melhor também para a empresa, com as suas ideias, com o seu talento, com toda a sua bagagem, se você tiver que entrar no script. Se você tiver que não falar algumas coisas porque pode ser mal interpretado”. 

Engajamento que fica evidente na fala de nossa entrevistada quando provocada a tratar da atuação dela dentro da empresa, onde consegue, a partir de seu trabalho, alcançar seus propósitos. Dentre eles, o interesse em fazer a diferença e construir um mundo melhor:

“A gente tem uma responsabilidade muito grande de mudar o nosso entorno. Acho que esse essa é uma missão minha mas de RH como um todo”.

Para entender como é possível levar essa discussão e implantar programas em favor da diversidade dentro da empresa em que você atua, vale a pena assistir à entrevista completa do Mundo Corporativo, com Beatriz Sairafi, da Accenture:

O Mundo Corporativo tem a colaboração de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.

Mundo Corporativo: Dante Mantovani diz como o líder deve se portar diante da pandemia e dos Millennials

 

“A tendência é que a gente cada vez mais tenha um ambiente multigeracional e cada um tenha seus valores diferentes, sua visão de mundo. E a convivência é um desafio. Ela é possível, mas a gente precisa entender e não julgar os valores dos outros”  — Dante Mantovani, consultor.

Que as transformações vinham ocorrendo em alta velocidade, sabíamos. Que a pandemia fez empresas pisarem fundo no acelerador tecnológico para se safarem da crise, sabemos. E como os líderes devem se portar nesse cenário pouco conhecido? Teremos de aprender. Especialmente se considerarmos que, além de estarem diante desse desafio inédito, ainda precisam comandar equipes multigeracionais, com suas diferenças e necessidades. Em busca de uma resposta para essa situação, entrevistamos no Mundo Corporativo, Dante Mantovani, engenheiro e consultor de desenvolvimento humano, mestre pela FEA com tese em que estudou o comportamento dos Millennials. 

Antes de continuar essa conversa, vale diferenciar: o Dante Mantovani que entrevistamos não tem nada a ver com o maestro, ex-presidente da Funarte e candidato frustrado à prefeitura de Paraguaçu Paulista, que já disse ser o rock coisa do capeta. Eles são apenas homônimos. E só.

De volta ao que importa: os Millennials que foram foco do estudo de Dante Mantovani são aqueles que nasceram depois de 1986, uma turma que tem entre 24 e 34 anos, que por aqui só conheceu o Brasil pós-Democracia e em um período de prosperidade. São jovens que buscam empregos que façam sentido para eles —- não apenas para pagar as contas —- e empresas que tenham propósitos claros. 

“O estudo de gerações não é para colocar dentro de uma caixinha e rotular; é para você entender uma característica comum de comportamento”

Dante lembra que foi estudar os Millennials para enxergar o papel dos líderes e a mudança de comportamento que essa relação exige das empresas. Somaram-se a isso as lições aprendidas na pandemia que exigiu forte adaptação no ambiente de trabalho e nos processos de produção. Para o consultor, o que vivemos hoje deixará sua marca na forma de se comandar equipes de trabalho:

“O modelo de líder do futuro vai ser um líder mais colaborativo, que sabe não ter todas as respostas, mas tudo bem: ele será capaz de entrar na sala e dar um norte e fazer com que as pessoas tenham uma disciplina de encontrar essa solução; e aí existem varias metodologias  para as pessoas construirem esse caminho juntos”

Já que falamos do capeta, agora há pouco, vale destacar o que nos disse Dante sobre a importância que o líder tem na dinâmica do trabalho e no desejo de as pessoas quererem ou não ficar em uma empresa. Para ele, a vida pode ser o céu ou o inferno dependendo o tipo de liderança que é exercida na organização:

“40% do comprometimento vem da ação do líder, outros 40% vem da própria pessoa e os 20% restantes são referentes a política da organização, ao clima organizacional benéfico e outros aspectos”

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, às 11 horas, em vídeo: no site, no Facebook e no canal da CBN no Youtube. O programa vai ao ar aos sábados, às 8h10, no Jornal da CBN e domingos, às 10 da noite, em horário alternativo Você também pode assinar o podcast do Mundo Corporativo.

É só sintonizar, não paga nada!

 

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“As novas gerações consomem informações jornalísticas pelo celular, preferencialmente pelas redes sociais e não estão dispostas a pagar para ter acesso a conteúdo informativo”

Esses são algumas das conclusões da pesquisa “A próxima fronteira da mídia”, realizada pela Comscore, a qual tive acesso através do site do Meio e Mensagem . O estudo mapeou as diferenças dos hábitos de consumo entre as gerações X, Y e Z.

 

Para não nos perdemos em letras e rótulos, vamos esclarecer que a turma da geração X passou dos 40 anos e abraça aqueles que já alcançaram os 60 — dentre os quais me encontro. O pessoal da Y, que também recebe o nome de Millenial, tem entre 25 e 40 anos. Enquanto o da Z é aquele que tem menos de 25 anos — onde meus filhos estão.

 

As gerações mais novas já abandonaram o desktop há algum tempo e se informam através do celular. Essa migração já é superior a 50% para o consumo da maioria dos diferentes segmentos de notícia —- de esporte à política, de entretenimento à economia.

 

Se os mais velhos dedicam mais tempo à leitura para entender o conteúdo disponível, os mais novos leem as notícias de forma rápida e superficial. Curiosamente, mesmo que o celular seja o aparelho preferido, os mais jovens ainda confiam na TV quando o assunto é jornalismo.

 

O que mais me chamou atenção nos dados divulgados é a baixa disposição dos jovens em, espontaneamente, pagar para ter acesso a conteúdo jornalístico. A maioria não quer saber de pagar para ter melhor informação. Foi o que disseram 85% na geração Z; 82% entre os millennials e 87% na geração X.

 

Como explicar então o sucesso de Netflix, Spotify e assemelhados? Simples, eles dizem que não querem pagar por qualquer informação, mas o farão se identificarem que a informação é relevante para a sua vida ou proporcionar entretenimento.

 

E por que gostei de saber que a gurizada não quer pagar para se informar? Porque desde sempre (ou quase sempre), o rádio ofereceu informação de graça. Ou seja, meninos e meninas, estamos à sua disposição. É só sintonizar, não paga nada!

Sua Marca: renove seu olhar sobre a geração com mais de 60 anos

 

 

 
 

 

 

“Os baby boomers têm demandas específicas e as empresas não podem abrir mão deles” — Jaime Troiano.

  

 

Apesar de algumas empresas e marcas já começarem a desenvolver estratégias para a geração nascida após a Segunda Guerra Mundial até a metade da década de 1960, a maior parte ainda não percebeu o grande potencial de consumo dessas pessoas mais maduras. Entre 2012 e 2016, o número de brasileiros com 60 anos ou mais cresceu 16% e, segundo a consultoria SeniorLab, esse grupo será responsável por 30,6% do consumo, até 2030. Em Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, Cecília Russo e Jaime Troiano chamam atenção para a necessidade de se renovar o olhar para as gerações mais antigas, pois, como os dados têm mostrado, além de numerosos, elas têm poder de compra.

  

 

“O Brasil sempre teve uma visão de país jovem, teve esse cultivo pela síndrome de Peter Pan”, diz Cecília para explicar a miopia em relação aos idosos. Ela alerta que a estratégia precisa mudar pois os idosos hoje têm renda discricionária maior, pois vivem mais e não precisam assumir a responsabilidade de custear gastos da época em que os filhos estavam em casa, transformando-se em um mercado interessante.

  

 

A PreventSenior, na área de saúde, é um exemplo de empresa que se dedicou às pessoas com mais de 60 anos, inclusive adotando a ideia da senioridade no nome. Jaime e Cecília citaram mais duas marcas que se voltaram aos idosos: Angels4You, que presta serviço de cuidador, e a Morar.com.vc, que trabalha com o compartilhamento de casa.

  

 

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, 7h55, no Jornal da CBN.

Mundo Corporativo: esteja atento para o que os novos líderes têm a ensinar

 

 

“Acho que a gente tem de preparar os nossos jovens, mas tem de saber entender as demandas que estão chegando, a gente está em um mundo acelerado, onde as transformações cada vez mais acontecem aos nossos olhos muitas vezes sem que a gente perceba. Então, temos que estar atentos a isso” —- Pedro Salomão, Radio Ibiza

 

Para ser um líder eficiente e pronto para os novos desafios é preciso estar atento ao que os jovens tem a nos ensinar e estar preparado para revelar a eles os caminhos possíveis na carreira. Conectar gerações tem sido uma das tarefas de Pedro Salomão, empreendedor e criador da Radio Ibiza, entrevistado por Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo da rádio CBN. Autor do livro “Lyderez, o exercício da liderança para conectar gerações”, Salomão provoca as pessoas a olharem de maneira diferente para o mercado de trabalho

 

“Eu gosto de trabalhar a ideia de que um dos caminhos para sermos bons líderes — e nós somos líderes e liderados o tempo inteiro — é inverter aquela lógica de viver pelo resultado … Eu acho que quando a gente aprende a se encantar pelo processo — que é mais longo, mais duradouro, tem caminhos mais tortuosos — do que pelo próprio resultado, a gente consegue ter um entendimento maior do macro. E a gente consegue ressignificar algumas coisas”

 

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, no site da CBN, no perfil @CBNOficial do Instagram e na página da Rádio CBN no Facebook. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10h30, em horário alternativo. Você encontra o programa também na lista de podcast da CBN. Colaboram com o Mundo Corporativo o Guilherme Dogo, o Rafael Furugen, a Débora Gonçalves e a Isabella Medeiros.

Se é proibido calar, então vamos falar!

 

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Contextualizando pauta e roteiro do livro ontem anunciado pelo Mílton Jung, cabe ressaltar o raro e grave momento em que o nosso país precisa deste fio de esperança.

 

Mílton tem absoluta razão a registrar, a feliz oportunidade de discutir os males causados pelo incessante individualismo vigente, açodado pelo infeliz desrespeito ao bem público, em benefício ao próprio bolso. Em sua fase mais aguda. Num tempo em que ainda há chance de mudança.

 

E dentro desse cenário gostaria de sinalizar e aplaudir, que tanto os pontos referendados da ética e da cidadania levantados teriam mesmo que ser levados à nova geração. E, o começo pelos filhos é providencial e genial.

 

Não tenho dúvida e nem esperança que a velha ou a atual geração hoje no poder possa ser modificada.

 

O caminho é o indicado pelo autor de “É proibido calar!”. Precisamos pregar aos nossos filhos, a civilidade plena. Ética e moral. Não podemos calar. Vamos falar.

 

E votar.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung