Novo livro de Wálter Maierovitch provoca reflexão sobre a indústria da guerra

Algumas frases atravessam os séculos e parecem ganhar vida nova a cada vez que são pronunciadas. “Si vis pacem, para bellum” — “se queres a paz, prepara-te para a guerra” — é uma delas. Wálter Fanganiello Maierovitch a toma como ponto de partida em “O Mercado da Morte: conexões e realidades” e a conduz até o presente, quando já não soa como advertência, mas como justificativa para uma engrenagem global que transforma guerras em negócios.

A opinião do autor, meu amigo de décadas, é direta: o que se convencionou chamar de “indústria de defesa” nada mais é do que a indústria da guerra, abastecida tanto por Estados quanto por traficantes, mercenários e organizações criminosas. Ao longo do livro, desfilam personagens emblemáticos, como Sarkis Soghanalian, o “Mercador da Morte”, e grupos como o Wagner, que na África trocam armas por diamantes. A fronteira entre interesses de Estado e crime organizado se dilui, revelando um mercado em que tudo se compra e se vende, inclusive vidas.

Outro eixo forte da obra é a espionagem. Maierovitch descreve como a “inteligência de Estado” se tornou prática oficializada, mas muitas vezes serve de cortina para assassinatos seletivos e negociações obscuras. O Mossad, a CIA, a Abin — cada qual aparece como peça de um tabuleiro no qual soberania e direitos humanos são frequentemente atropelados.

O livro não poupa as instituições internacionais. Meu colega do quadro “Justiça e Cidadania”, do Jornal da CBN, insiste que a primeira vítima das guerras é o Direito Internacional Público. O Tribunal Penal Internacional e a Corte Internacional de Justiça aparecem como instâncias frágeis, incapazes de conter crimes de guerra ou genocídios. Em vez de freio, funcionam como palco simbólico, em que ordens de prisão são ignoradas e Estados seguem agindo impunes.

Maierovitch traz ainda para o centro da narrativa os conflitos contemporâneos — Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas, a escalada com o Irã — tratados como laboratórios do “mercado da morte”. Drones, sistemas de defesa, armas nucleares, propaganda: tudo é testado em campo, e o lucro das empresas cresce na mesma proporção da destruição.

A “Coda” final sintetiza a visão impetuosa do autor. Citando Lampedusa, ele lembra que é preciso mudar tudo para que tudo permaneça como está. O que vale para a política italiana de O Leopardo serve também para o mercado da guerra: mudam-se os atores — gattopardos, leões, chacais ou hienas —, mas a engrenagem continua a mesma. O exemplo do Haiti, onde grupos armados dominam a capital, funciona como alerta de que não se trata apenas de conflitos entre Estados, mas de colapsos sociais que a comunidade internacional se mostra incapaz de conter.

“O Mercado da Morte” é um livro que incomoda, porque mostra que a paz armada é, no fundo, um grande negócio. A leitura sugere que a indignação é o mínimo que nos cabe diante de um sistema que se perpetua à luz do dia. E Maierovitch nos entrega todo esse conteúdo embalado em um texto escrito com esmero. Não me surpreendo: o autor já foi agraciado com o Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, com a obra “Máfia, poder e antimáfia — Um olhar pessoal sobre uma longa e sangrenta história”.

Participe do lançamento de “O Mercado da Morte”.

O livro “O Mercado da Morte: conexões e realidades” (Editora Unesp) será lançado no “Encontro com os escritores”, promovido pela Universidade do Livro, nesta sexta-feira, dia 26 de setembro, às 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, na rua da Consolação, 74, centro de São Paulo. Para participar, faça aqui a sua inscrição, de graça. Eu terei o privilégio de mediar esta conversa com Wálter Fanganiello Maierovitch.

Faltou combinar com os russos?

Por Augusto Licks

Primeira reunião entre Russia e Ucraniana desde o início da guerra

A expressão do título acima popularizou-se a partir de um comentário atribuído ao craque Garrincha, na Copa do Mundo de 1958, ao ouvir preleção do técnico Vicente Feola antes do jogo contra a seleção da Rússia. Virou lenda, por falta de prova material de que tenha realmente acontecido. A expressão pegou, sendo volta e meia empregada em situações cotidianas. Não poderia também ser aplicada à guerra da Ucrânia? 

Senão, vejamos:

Um país invade militarmente outro país, ferindo soberania e também o direito internacional, uma agressão sem dúvidas, a causar mortes e horrores típicos de uma guerra. É novidade? Não, não é, já vimos esse “filme” antes. Poderia ter sido evitado? Sim, poderia. Como? Bem, aí é necessário discernimento para entender-se as causas, filtrando-se de um esforço assim uma outra guerra, a das narrativas.

A cobertura jornalística ocidental naturalmente ressoa com o viés de narrativas ocidentais, dedicando atenção modesta às narrativas orientais. Não há novidade aí. Isso, porém, não nos impede de levantar dúvidas, na busca de algo mais próximo da verdade dos fatos. 

Seria Vladimir Putin igual a Osama Bin Laden e Saddam Hussein, “párias” que levaram os Estados Unidos a invadirem Afeganistão e Iraque? Ao menos é o que parecem pensar governos e mídia dos EUA e dos países da Europa ocidental. A demonização de um líder inimigo é um passo dentro de uma estratégia para obtenção de apoio popular para medidas extremas.

Bin Laden teria sido um terrorista treinado por norte-americanos mas que voltou-se como bumerangue nos atentados de 11 de setembro de 2001. Hussein não foi nada inteligente ao invadir o Kuwait, provavelmente mal orientado ao acreditar que pudesse ter alguma chance contra a inevitável represália dos EUA. Não, nenhum dos dois se encaixa no perfil do presidente da Rússia, e não há comparação possível com os dois países do Oriente Médio. Aqui, necessariamente, é outra história.

Por que, afinal, iria uma superpotência dar-se ao trabalho e ao desgaste público de atacar um país vizinho com o qual inclusive compartilha laços culturais e comerciais? Assim do nada, “out of the blue”, por pura insanidade de seu líder? Ah não, aí tem mais coisa!

Não há como ser simples nesse assunto. Para entender-se o que realmente causou a invasão russa é preciso no mínimo familiarizar-se com um contexto que é complexo, pois somam-se questões pontuais do país agredido com o grande jogo da geopolítica internacional.

Recomendo muito estudo a quem queira emitir uma opinião com alguma segurança. Eu aqui me limito a levantar dúvidas e colocar alguns elementos que tenho apurado nos meus estudos.

Vamos por partes. 

O mapa da Ucrânia foi sendo redesenhado ao longo da história por conta da 1ª e 2ª guerras mundiais e da inclusão no bloco soviético, e ainda antes em questões com nações vizinhas, que incluem a Polônia, outro país que também foi objeto de disputas territoriais e remapeamentos. Com alguma semelhança à antiga Iugoslávia, também a Ucrânia vivencia diferenças étnicas, gerando situações internas conflituosas. Some-se a isso o retrospecto de no passado o país ter enfrentado tanto os nazistas como os soviéticos, e temos aí alguma polarização. O lado oriental manteve-se mais identificado com a Rússia, enquanto o lado ocidental desenvolveu rejeição à Rússia e um anseio de associar-se ao ocidente europeu.

Percebe-se aí o divisionismo interno do país, embora isso não fosse impeditivo para que a Ucrânia se integrasse à União Europeia, que acolheria de bom grado uma nação a mais a compensar em parte o Brexit da saída da Grã-Bretanha. O problema não está aí.

O problema está na geopolítica, mais exatamente no “balance of power” que trata do equilíbrio armamentista entre grandes potências que se originou após a 2ª guerra mundial com a vitória aliada sobre o eixo Alemanha-Itália-Japão. Ali, a União Soviética separou-se dos aliados do mundo capitalista, e houve um realinhamento recíproco como necessidade para se evitar um conflito nuclear, que poderia extinguir a raça humana em nosso planeta. 

Naquele pós-guerra surgiu a “Guerra Fria” em que os dois blocos dominantes tratavam de se manter informados sobre o lado adversário através de espionagem. Tínhamos o Tratado de Varsóvia a unificar os interesses dos países militarmente alinhados com a Rússia, e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a fazer o mesmo com os países militarmente alinhados aos Estados Unidos.

Com a dissolução da União Soviética em 1991, como dominó desfez-se o Tratado de Varsóvia, mas não se desfez a OTAN. O fato de o regime socialista-leninista ter caído nos países do leste europeu não mudou a necessidade de interação econômica entre as vizinhanças. A criação da União Europeia não acolheu todos aqueles países. A Rússia, ainda poderosa, tratou de realinhá-los na cooperação comercial e cultural. No plano geopolítico, houve em 1990 o acordo pelo qual a Alemanha reunificada passaria a integrar a OTAN.

Em 2017, a universidade George Washington publicou documentos secretos recém-liberados por Estados Unidos, Rússia, Alemanha, França e Inglaterra. Revelavam que o secretário de estado dos EUA, James Baker, teria assegurado ao presidente russo Mikhail Gorbatchov que a OTAN não iria se expandir “uma polegada sequer” em direção ao leste europeu. Era a condição para o ingresso germânico na organização. No entanto, os historiadores debatem sobre isso, por não encontrarem registros impressos daquela garantia, apenas evidências de ter sido expressa verbalmente e, nesse caso, não cumprida. A partir de 1998, Polônia, República Checa, e Hungria passaram a fazer parte da OTAN e foram gradativamente seguidos por outros países do leste europeu. Os russos se sentiram traídos, reclamaram, mas não passou muito disso. 

Teria o acordo de 1990 sido uma lenda, tal qual a frase atribuída a Garrincha ?

Mais recentemente, a partir da segunda década do século 21, ao anseio do lado ocidental da Ucrânia em integrar-se à UE somou-se um segundo interesse, o de integrar-se também à OTAN. O documentário “Ukraine Burning” conduzido em entrevistas feitas pelo diretor norte-americano Oliver Stone oferece um pano de fundo diferente de típicas narrativas ocidentais. Ali são entrevistados o próprio Vladimir Putin e Viktor Yanukovich, o presidente deposto da Ucrânia no golpe de estado de 2014. 

As imagens e gravações telefônicas no filme sugerem uma importante influência norte-americana no país por ocasião dos protestos na praça Maidan, na capital Kiev. Na época, Biden era vice-presidente de Barack Obama. Yanukovich era acusado de corrupção e de ir contra a aproximação com a União Europeia. Os protestos, pacíficos no começo, acabaram sendo sabotados por provocações culminando num massacre com muitas mortes, aparentemente perpetrado por “snipers”, atiradores de elite em posições estratégicas, visíveis em imagens do documentário. Espalhou-se que a culpa pelas mortes fora das forças locais de segurança, e o decorrente clamor popular impulsionou grupos extremistas a derrubar o governo, não houve sequer impeachment. Yanukovich só não foi assassinado porque fugiu de helicóptero, enquanto os extremistas disparavam contra carros da comitiva presidencial, imaginando que estivesse em um deles.

O exilado presidente e Putin alegam que a partir de então o novo governo ucraniano manteve negociações com a Rússia e assinou vários acordos, mas simplesmente não os  cumpriu. Até aí, tolerável para os russos. Mas quando ficou clara a intenção do atual presidente ucraniano Volodimir Zelenski em associar-se militarmente à OTAN, acabou a paciência. Ucrânia é porta de entrada ao território russo, como então aceitar que se tornasse um inimigo com armas nucleares? Em 1961, os russos enviaram mísseis a serem instalados em Cuba, bem próxima aos EUA. Os norte-americanos aceitaram? Claro que não, e ali instaurou-se uma grave crise que poderia deflagrar uma guerra atômica que felizmente foi evitada pela diplomacia.

Essas minhas impressões não deixam de ser ainda superficiais, pois existem outros aspectos pontuais e importantes, como a própria questão da Crimeia. Algumas análises sugerem que o atual presidente dos EUA têm muita responsabilidade por as coisas terem chegado ao atual ponto. Biden já tinha contra si a contrariedade de muitos com a forma como as tropas norte-americanas deixaram o Afeganistão, humilhante para alguns. Mexer em vespeiro para ter a Ucrânia na OTAN foi um desafio que previsivelmente a Rússia não deixaria passar batido, e não deixou. Biden, empossado presidente, talvez tenha pecado também por auto-suficiência: teve a chance de formar aliança comercial com a poderosa Rússia ou com a rica China e não optou por nenhuma. Agora tem ambas contra si: a segunda maior potência armada, aliada à segunda maior potência econômica. 

Fica fácil portanto perceber que a Ucrânia tornou-se não mais apenas uma questão localizada mas também uma oportunidade útil para a Rússia, que apoiada pela China se propõe a dar cartas geopoliticamente, aproveitando-se do que identifica como queda de influência do ocidente.

Putin sabia que não poderia ser retaliado militarmente, pois a Ucrânia ainda não faz parte da OTAN. Biden também sabia e pouco fez para convencer Putin a mudar de ideia. Agora talvez esteja vivendo o dilema entre o que decidir: agir racionalmente com risco de perder ainda mais prestígio político-eleitoral no seu país, ou então precipitar-se numa aventura nuclear para se antecipar a um inconformado Donald Trump que possa conclamar seu povo a “fazer a América forte novamente”.  

Em geopolítica, não existem “bons”, nem princípios humanitários, e hoje nem ideologias contam mais. Tudo gira em torno de poder e riqueza. As mortes e os horrores de guerra, que acontecem diariamente, são tratados como mero dano colateral. Os próximos dias, críticos, irão dizer qual será o destino dos países envolvidos e, a rigor, de todos nós no planeta. 

Diria que existem umas 95% de chances de uma solução diplomática, em que os EUA aceitem a desmilitarização da Ucrânia e as tropas russas se retirem. Putin não teria como recusar isso, mesmo que a contragosto não obtenha quaisquer garantias de que a OTAN (leia-se EUA) não continuará se expandindo. Os 5% ficariam por conta de três possibilidades, sendo as duas primeiras para hipotética vantagem norte-americana: 

  1. o assassinato de Putin; 
  2. os EUA seduzirem a China com uma proposta irrecusável para uma aliança econômica, desfazendo o recente pacto sino-russo; 
  3. acontecer o infortúnio de alguém disparar míssil contra quem não deve, até por provocação forjada, detonando guerra mundial nuclear. “Shit happens …”, diz um ditado estadunidense. Obviamente nessa terceira hipótese não haveria vantagem para ninguém.

O resto é guerra de narrativas. Sanções comerciais são fortes mas podem não ser suficientes nessa queda-de-braço com uma super-potência que se alinhou a outra, muito rica. Assim, enquanto continua morrendo gente na Ucrânia, a lógica parece sugerir que, em vez de insistir “peitando” e tentando desacreditar Putin, os EUA talvez devessem combinar logo alguma coisa com os russos, para evitar que depois estejamos todos lamentando que “faltou”.

Augusto Licks é jornalista e músico

Na guerra, as crianças são as primeiras vítimas

Simone Domingues

@simonedominguespsicologa

Reprodução de vídeo em que pai se despede da filha na Ucrânia

Em 2014, quando eu fazia meu pós-doutorado na França, grupos jihadistas extremistas, como Al-Qaeda e Estado Islâmico, se envolveram na guerra civil que ocorria na Síria, desde 2011,  agravando a crise humanitária existente. Naquela época, diversos refugiados tentavam migrar para países da Europa, numa busca por sobrevivência. 

Recordo-me do dia que minha filha chegou em casa após a aula e, muito desolada, tentava compreender como uma colega de sala, que acabara de chegar na escola, poderia viver na França sem falar o idioma, com apenas 13 anos de idade e nenhum familiar por perto. Essa colega havia sido resgatada, após o barco no qual estava ter naufragado. Seus pais? Não conseguiram dinheiro para viajar com ela e, numa tentativa de salvá-la, optaram por lhe permitir uma vida melhor, longe dos conflitos em seu país.

Infelizmente, esse não é um relato isolado da colega de escola da minha filha, mas reflete um cenário catastrófico a que são submetidas todos os dias, milhares de crianças e adolescentes ao redor do mundo, vítimas de conflitos armados.

Quais os impactos que essas situações tão extremas, tão traumáticas, podem ter sobre a saúde mental de crianças e adolescentes? 

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, eventos traumáticos são situações experimentadas ou testemunhadas pelo indivíduo, nas quais houve ameaça à vida ou à integridade física própria ou de pessoas ligadas por laços afetivos. Na infância e adolescência, essas situações podem envolver abuso físico ou sexual, negligência, acidentes automobilísticos, assaltos, desastres naturais ou guerras.

Ao longo da vida, muitas pessoas vão experimentar eventos traumáticos e algumas poderão, inclusive, reagir de maneira resiliente. Entretanto,  vivenciar essas situações nos primeiros anos de vida, pode impactar o desenvolvimento infanto-juvenil em diferentes níveis, com alterações neurobiológicas, psicológicas e sociais, cujas consequências podem se prolongar na vida adulta. 

Apesar de não se manifestar da mesma maneira em todas as crianças, cerca de 20% daquelas expostas a eventos estressores irão apresentar alguma reação pós-traumática mais desadaptativa,  com grave sofrimento e perda de funcionalidade, tais como pesadelos, ansiedade, depressão, comportamentos suicidas, irritabilidade, comportamentos agressivos e baixo rendimento escolar.

As guerras prejudicam o acesso à educação; geram deficiências e limitações físicas por lesões ou perdas de membros, como braços e pernas. Geram falhas no crescimento e no desenvolvimento causadas pela desnutrição. 

As guerras separam famílias, distanciam pais e filhos que talvez nunca mais se encontrem.

Nas guerras, crianças são sequestradas, abusadas, recrutadas como soldados… Crianças são mortas!

Somente na Síria, mais de 9 mil crianças foram mortas ou feridas. Os conflitos no Iêmen, dizimaram a vida de 10 mil crianças.

Crianças e adolescentes, como Kim Phúc, a menina que em junho de 1972, aos nove anos, apareceu correndo com os braços abertos, o corpo nu queimado e a expressão de terror no rosto, após ser atingida por uma bomba química no conflito entre Vietnã e Estados Unidos. 

Crianças e adolescentes como Alan Kurdi, o menino sírio de três anos de idade que morreu afogado numa praia da Turquia, em 2015, quando seus pais tentavam fugir como refugiados do conflito na Síria.

O trauma da guerra pode ser tão devastador quanto o potencial bélico das nações: gera  medo… Encurta a vida.

Como explicar, como definir todo o sofrimento imposto pelos conflitos armados para vidas tão prematuras? Como explicar que colocar um filho num barco, sozinho, pode ser uma grande prova de amor? 

Talvez pela sorte e felicidade de não ter vivenciado algo parecido, minhas respostas devem ter sido simples e superficiais diante das indagações da minha filha. Não passei por essa dor e não consigo dimensioná-la.

O relato comovente da esposa do jogador Maycon, a mãe que conseguiu sair da Ucrânia juntamente com seus filhos, nos dá uma ideia dos horrores que a guerra produz: comeu o caroço das maçãs que tinha, uma para cada filho. Ela ainda cantou para eles, possivelmente no auge do seu desespero, numa tentativa de tranquilizá-los.

Lyarah Barberan, a mulher que não comeu a maçã, só o seu caroço para enganar a fome, não foi expulsa do paraíso. Apenas desejava fugir do inferno, enquanto protegia as suas crianças.

Assista ao programa Dez Por Cento Mais, todas às quartas-feiras, 20h, no YouTube

Simone Domingues é psicóloga especialista em neuropsicologia, tem pós-doutorado em neurociências pela Universidade de Lille/França, é uma das autoras do canal @dezporcentomais, no YouTube. Escreveu este artigo a convite, no Blog do Mílton Jung. 

 “Navio de guerra russo, vai se f….”

O palco da batalha foi um pequeno pedaço de terra, insosso, rochoso e isolado no meio do Mar Negro. Durou pouco tempo. O navio russo passava por ali e tinha coisa mais importante para fazer: estava a caminho do porto de Odessa, alvo principal da frota que iniciava a invasão da Ucrania. Deparou com 13 guardas de fronteiras que prestavam serviço no local. E sem muita disposição para negociar, um dos tripulantes anunciou:

“Sou um navio de guerra russo!”

Na sequência, deixou evidente suas inteções:

“Baixem as armas, se rendam e evitem que se derrame sangue e morram pessoas desnecessariamente. Caso contrário serão bombardeados”

A resposta veio de forma inusitada por um dos soldados que estavam em vigília:

“Navio de guerra russo, vai se fuder!””

Os 13 guardas foram fuzilados sem dó.

A história que se passou na Ilha da Serpente foi gravada pelo sistema de segurança, divulgada no portal de notícias Ukrayinska Pravda, e confirmada por um funcionário ucraniano ao The Washington Post. Está nas redes sociais. É destaque no TikTok com uma cena na qual parece ser um guarda de capacete e balaclava praguejando, depois de ter sido atingido pelo fogo. Seria um jovem de 23 anos que morava no porto de Odessa, que viria a ser atacado depois pelos russos.

O presidente Volodimir Zelenskii anunciou que os 13 guardas receberão o título de “Heróis da Ucrânia”, a maior honra que um lider ucraniano pode conceder.

(com informações do jornal português Público)

Conte Sua História de São Paulo – 464 anos: minha primeira decepção de criança ao fim da II Grande Guerra

 

Por Aldo Bertolucci
Ouvinte da rádio CBN

 

 

No Conte Sua História de São Paulo, para comemorar os 464 anos da nossa cidade, o texto do ouvinte da CBN Aldo Bertolucci, que completa 78 anos de vida e de São Paulo:
 

 

Meus pais eram italianos e morávamos na Alameda Ribeirão Preto, paralela a Paulista. De nossa casa, afinal o bairro era Bela Vista, víamos os prédios Martinelli e do Banespa, com toda uma várzea e casas pequenas aos nossos pés. Nossa rua era de paralelepípedos por onde todos os dias passava a velha Amulari – uma portuguesa que ficou assim conhecida porque ao trazer suas cabras para vender o leite sempre se desculpava que estava ali para “amulari as pessoas” ou incomodar as pessoas. Soube-se depois que ela, andrajosa e maltrata, era dona de várias casas de aluguel no bairro.

 

Do outro lado do vale havia um campo de futebol, ali perto da Rua dos Ingleses, onde os times do bairro jogavam peladas nos fins de semana. Durante a guerra, os poucos automóveis a gasogênio não nos incomodavam e jogávamos futebol na rua mesmo. Às vezes, éramos interrompidos pelo Salomão, o verdureiro, que vinha com sua carroça puxada pelo Caxambu, um cavalo alazão que estacionava à espera dos clientes. Quando o cavalo fazia cocô, meu avô saia correndo de casa para catar o esterco que ele punha nas suas plantas. Alguns meninos mais corajosos de nossa rua entravam em um bueiro de um lado da rua, passavam pelo cano que ia até o outro lado e saiam pelo outro bueiro.
 

 

Em frente de casa havia um convento de freiras de clausura, cercado de muros muito altos, que ocupava todo o quarteirão desde a Ribeirão Preto até a São Carlos do Pinhal, a Rua Pamplona a Alameda Campinas. Parte desse espaço é ocupado agora pelo Hotel Maksoud. Nós garotos subíamos até o segundo andar de nossas casas para espiar alguns movimentos das freiras que mantinham uma horta. Havia uma capela onde íamos à missa. Mas era construída em duas asas. Nós ficávamos em uma e as freiras em outra sem que pudéssemos vê-las.

 

Um dos passeios mais esperados era atravessar a Paulista em direção aos Jardins – que não tinham ainda se consolidado – e chegar ao ponto final do bonde 40 – Jardim Paulista, na Rua Veneza. Do ponto final seguíamos a pé em direção ao que é hoje o Itaim Bibi, andando no meio do mato e do brejo para chegar aos sítios onde se criavam os cavalos que corriam no Jóquei. Hoje a Avenida São Gabriel substituiu as chácaras.
 

 

Lembro o fim da guerra mundial com as rádios festejando a paz e meu pai com uma bomba manual enchendo os pneus de seu Chevrolet 1938, que estava parado havia vários anos, para ir comprar gasolina e darmos uma primeira volta. Ficamos decepcionados, meu irmão e eu, porque nossa mãe se apoderou do assento da frente que achávamos ser de nosso direito.

 

Lembro também que, naquela época, a Cruz Vermelha abriu um posto ao lado do Correio Central para receber doações para vários países europeus. Fomos com minha mãe levar um saco de roupas para nossos avós e tios que tinham sobrevivido ao conflito, na Itália.
  

 

Aldo Bertolucci é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Venha comemorar os 464 anos da nossa cidade: escreva o seu texto para milton@cbn.com.br.

“O Contador”: aproveite que ainda é Carnaval e assista a este ótimo filme

 

Por Biba Mello

 

 

FILME DA SEMANA:
“O Contador”
Um filme de Gavin OConnor
Gênero: Ação/Suspense
País:USA

 

Christian é autista e desde criança sofre as agruras desta condição. Essa mesma condição o faz ter uma habilidade incomum com números, e em seu escritório de contabilidade acaba ajudando organizações criminosas. Em determinado momento, é contratado para checar os livros contábeis de uma empresa de próteses, pois uma contadora jr. descobre que há algo de errado… Chris revela uma fraude que coloca em risco sua vida, mas vocês verão, que, além de contador, ele é uma máquina de guerra…

 

Por que ver:

 

Esse tipo de filme acaba colocando em cheque nosso julgamento moral, pois o Crhis é aquele personagem que você não consegue definir se é bom ou mal… te faz perceber que nem tudo é assim tão preto no branco…

 

Se segura na cadeira pois as cenas de luta e ação são fantásticas e violentas.

 

Roteiro instigante, que é revelado aos poucos, e bastante coerente apesar da estranheza que o personagem, que parece um nerd, é capaz de causar. A história explica como ele virou aquela super máquina de combate, mas, mesmo assim, se a gente pensar bem, é estranho.

 

Um filme que vale a pena ser visto!

 

Como ver:

 

Amigos, família… Mas lembre-se: tem muita violência e mortes.

 

Quando não ver:

 

Com os menorzinhos…. Vai roalr muitos pesadelos…

 

Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Dá dicas de filmes e séries aqui no Blog do Mílton Jung

Conte Sua História de SP: a Revolução de 1932 e a Nona

 

Por Elza Conte
ouvinte-internauta da CBN

 

 

Eu sempre discursei muito a vida toda, sobre a importância para os paulistas do dia 9 de Julho. Quando o governador Covas decretou este feriado, foi uma emoção muito grande para mim. Sempre que converso sobre o assunto, lembro de minha Nona, Dona Marieta. Todos conheciam bem a história dela, viúva com 32 anos (1928) e, segundo conta-se, quase morreu ao perder seu grande amor. Com quatro filhos pequenos para criar, a maior com sete anos e a menor com oito meses, trabalhou e lutou muito para sobreviver.

 

Convivi pouco com essa adorável criatura, mas o suficiente para lembrar as homenagens, ainda após 30 anos do falecimento do vovô Vicente, nas datas referentes. Todos precisavam fazer muito silêncio. Varrer o chão jamais. No dia anterior a essas datas, os alimentos eram cozidos, para que o fogão não fosse utilizado. No máximo, apenas esquentar a comida. Tudo estava direcionado ao silêncio. O fósforo sendo riscado, já poderia ser uma forma de sair do estado de concentração. E nós netos, seguíamos a Nona sempre com muito interesse e respeito.

 

Bem, toda esta descrição é para mostrar-lhes o quanto de amor eterno nossa amadinha Nona tinha pela lembrança do vovô Vicente. Ainda assim ela não tinha sua aliança de casamento original, porque havia sido doada no movimento da Revolução Constitucionalista de 1932. Imaginem a importância dessa doação.

 

Este fato por si só, sempre me fez prestar muita atenção nas lindas histórias românticas que ouvi sobre esse episódio em São Paulo. A revolução de 1932 liderada por São Paulo tem precedentes desde 1920 e que faz caminhar até os anos do Estado Novo e aos 15 anos de Ditadura, no Brasil.

 

 

Alguns aspectos muito importantes gostaria de destacar, que ainda fazem parte das mentes dos nossos patrícios. Muitas vezes eu ouvi:

 

– Ah, se a revolução de 32 tivesse dado certo, hoje estaríamos separados do Brasil.

 

Esta propaganda inteligente, porém destrutiva, foi uma das principais armas do governo da República, para motivar os soldados a combater os paulistas, e fazer muitos Estados, que inicialmente iriam aderir ao movimento, desistir.

 

Fundamentalmente, a Revolução Constitucionalista de 1932 combatia o governo provisório de Getúlio Vargas, instaurado em 1930. Os revolucionários exigiam uma nova Constituição e eleições presidenciais para o Brasil. Nunca foi intenção do movimento separar São Paulo do Brasil. Foram três meses de conflito. O movimento congregou toda a sociedade paulista e paulistana, que atingiu o emocional da população quando da morte, em 23 de maio, do mesmo ano, de quatro jovens: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o MMDC. Houve uma organização exemplar para confecção de uniformes, compra de material bélico, suporte aos soldados. Foi onde entrou a aliança de minha avó. Sinônimo de amor sem precedentes para mim.

 

Além da propaganda enganosa sobre as intenções dos paulistas, o suposto erro foi a falta de estratégia dos nossos soldados, muito mais alimentados de sonhos do que de metas. A suposta aliança entre Minas Gerais e Rio Grande do Sul acabou voltando-se contra São Paulo, seduzidos pelo populismo de Getúlio Vargas.

 

“E São Paulo, sozinho, descobriu que de nada valeriam seus 25 mil voluntários animados e idealistas, sem armas e munição. Os dois meses de luta que se seguiram foram pródigos em criatividade e heroísmo. A eloqüência dos tribunos, as histórias guardadas nas sagas familiares paulistas – em cujas casas as sucessivas gerações preservaram as relíquias constitucionalistas, capacetes, granadas e cartuchos, e esconderam a “bandeira das 13 listas” cantada pelo poeta Guilherme de Almeida e queimada e proibida por Getúlio – formariam acervo precioso de que hoje ainda bebem historiadores.” (Cecilia Prada)

 

Aqui cabe uma explicação muito interessante sobre a velocidade das informações na época. Nos últimos dias de setembro de 1932, o governo republicano já considerava terminada a revolta. Enquanto os comandantes trocavam consultas e protocolos de um possível armistício, as tropas decidiam em vários pontos prosseguir a luta. Inconformados, oficiais e praças fogem para tentar continuar a campanha em Mato Grosso. Somente em três de outubro foi considerada terminada uma revolução que na verdade, já havia se encerrado há um mês. Um ex-combatente, que fez certa vez uma palestra na faculdade que eu estudava, disse que não havia como eles saberem que a Revolução havia terminado. Hoje se sabe destas informações, quase ao mesmo tempo de seu acontecimento.

 

As histórias envolvendo Getúlio Vargas são surpreendentes. O seu poder de persuasão era muito forte. A minha avó, que deu sua aliança para o “bem de São Paulo”, nunca admitiu que o Pai dos Pobres, como conhecido, pudesse trair seus vizinhos. Em 1955, quando Getúlio Vargas morreu, ela chorou copiosamente, repetindo o que ouvia no velho rádio: Estamos órfãos….

 

Elza Conte é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte mais um capítulo da nossa cidade, envie um texto para milton@cbn.com.br ou agende entrevista no Museu da Pessoa no e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net.

Encontre o “defeito” de Sniper Americano e concorra ao livro “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’nRoll Salvou Hollywood”

 

Por Biba Mello

 

 

FILME DA SEMANA:
“Sniper Americano”
Um filme de Clint Eastwood.
Gênero: Guerra, Drama.
País:USA

 

Conta a história verdadeira de Chris Kyle, texano, cowboy e caçador; que se emociona com os ataques de 11 de setembro e resolve se alistar no exército para servir o seu país e acabar com os terroristas. Logo seu talento para o tiro é percebido e ele vira o soldado mais “efetivo” (matou mais de 160 inimigos) da história do exército americano.

 

Por que ver:

 

Clint Eastwood consegue criar um épico atrás do outro. Neste caso, é um filmão de guerra de primeira grandeza, que te envolve e te faz segurar o fôlego algumas vezes. Não vou discutir sobre política internacional, ou posicionamento politicamente incorreto do diretor, relacionados aos iraquianos, e/ou ao patriotismo americano exacerbado….Afinal já esperamos isto vindo dos USA, assim como também esperamos um filme que seja impecável e que sirva como um excelente entretenimento.

 

Bradley Cooper cresceu para todos os lados. Esta mais forte e mais gordo, bem parecido com o Chris original. Sua interpretação esta irretocável. Uma das melhores de sua carreira.

 

Como ver:

 

Comendo um hambúrguer para entrar no clima enquanto procura um único defeito na produção de Clint (contarei para o Mílton Jung para não ter marmelada). Vou até lançar um desafio: o primeiro que achar o defeito até 30 de junho, vai ganhar meu livro predileto sobre a história do cinema na década de 70: “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’nRoll Salvou Hollywood”… (só vale resposta aqui no Blog)

 

Quando não ver:

 

Se detestar filmes americanóides…Mas aviso, vai perder um filmaço!!!

 


Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos e agora está te desafiando: vai amarelar!?

Uma garrafa no Mar de Gaza: mais um de Guillaume, sem floreios

 

Por Biba Mello

 

FILME DA SEMANA:
“Uma Garrafa no Mar de Gaza ”
Um filme de Guillaume Galliene.
Gênero: Comédia
País:FRANÇA

 

 

Uma menina judia, classe média, nascida na França, de 17 anos, foi morar em Jerusalém com a familia. Em meio a guerra entre Israel e Palestina, tenta encontrar uma resposta do porquê desta guerra que a assusta e faz tantas vítimas. A garota pede ao irmão, que está no exército, para que jogue uma garrafa ao mar com uma carta que ela escreveu. Um rapaz de Gaza, mulçumano, encontra a garrafa. Na carta, a menina pede que eles se comuniquem por email e, então, nossa história fica bastante interessante.

 

Por que ver: A diversidade cultural é o que mais me encanta neste filme. De um lado, os judeus; vivem com conforto e são os que mais se aproximam da cultura ocidental. De outro os palestinos; sofridos, pobres e com limitacões impostas pela religião que não se assemelham em nada com nossa cultura. É um filme profundo, quase documental, sobre essa guerra. A atuação é bem próxima da realidade, sem floreios.

 

Como/quando ver: Toda vez que sentir raiva da situação política atual. No meu caso, toda vez que assisto ao jornal. Pense que a situação poderia ser pior. Ao menos não estamos em guerra. Será?

 

Quando não ver: com aquele seu amigo de “esquerda radical”. Vai deixar de ser um entretenimento e sua casa vai virar um palanque político.

 

Biba Mello é diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Sugere ótimos filmes aqui no Blog do Mílton Jung, todas as semanas.

Livre-se dessa laia, Koff

 

gremioracismo

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Quinta coluna: as gerações brasileiras que nasceram durante a Segunda Guerra Mundial talvez,dando tratos à memória,se lembrem dessas duas palavras. Se algum leitor deste blog se der ao trabalho de abrir o Google,com certeza,ficará sabendo o significado delas. Os sites especializados nos mais diversos tipos de pesquisa,comuns na internet e,diga-se de passagem,muito úteis para esclarecer dúvidas ou desconhecimentos,foram bondosos ao definir a expressão “quinta coluna”. Explicam que ela teve origem na Guerra Civil Espanhola. Nessa, o General (o Google,pelo menos,não esclareceu o nome do dito cujo)referia-se a sua tropa que ía para Madri,como quinta coluna. A expressão foi mais uma vez usada durante a Segunda Guerra Mundial para chamar os soldados que apoiavam a política dos nazistas e de seus aliados.

 

Nasci em 1935 e me criei ouvindo notícias e,mais do que isso,tomando conhecimento da ida daqueles que eram chamados,carinhosamente, de “pracinhas”,para combater os alemães e quem quer que estivesse ao lado dele. Muitos não voltaram aos seus lares. Durante boa parte da minha infância ouvi pessoas chamarem os seus desafetos ou,o que é mais grave,de quintas colunas quem fosse contrário a ida dos nossos soldados para a Europa e coisas do tipo. Alguém – se é que tenho quem me leia nas quintas-feiras – está intrigado com o motivo de eu ter ressuscitado o termo quinta coluna,inusitado nesta época de tantas palavras novas – e mal usadas – por parte das mídia,pode se espantar. E já explico o por quê.

 

O jogo entre Grêmio e Santos,no decorrer do qual “torcedores gremistas”,postados atrás do gol defendido pelas teias construídas por Aranha,ofenderam o goleiro santista com termos racistas,deixou o Imortal Tricolor em maus lençóis,o que era de se esperar,especialmente porque o STJD não gosta dos nossos representes. E não é de hoje. Escrevo este texto numa terça-feira.Como não sou adivinho,não posso saber o que o Tribunal, que não simpatiza historicamente conosco, decidiu.

 

Gostaria, mais ainda de saber,porém,que tipo de penalidades o Grêmio aplicará nos torcedores bem identificados,que contra a grande maioria dos gremistas,não só cometeu racismo na partida contra o Santos como fez de conta que não viu as faixas que os bons torcedores levaram para a Arena em Grêmio x Bahia. Pessoas desse nível têm de ser banidas do clube,especialmente aqueles que conseguiram,por interesses de ordem política,se transformarem – pasmem – em “conselheiros” do Grêmio. Chega de maus elementos,Dr.Koff! Ou isso ou os bons vão acabar sumindo da Arena.É evidente que o Grêmio tem os seus quintas colunas e ainda vai se dar mal caso não se livres desta laia.

 

Em tempo: na quarta-feira, o STJD decidiu excluir o Grêmio da Copa do Brasil.

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)