Perguntei ao Siri: “você já se apaixonou?” E ele respondeu

 

Por Biba Mello

 

 

FILME DA SEMANA:
“Ela”
Um filme de Spike Zonze.
Gênero: Drama ou Romance
País:USA

 

Theodore é um escritor que, evidentemente, tem muitos problemas para se relacionar. Então, se apaixona por um sistema operacional chamado Samantha! Realmente, não sei se é drama ou romance.

 

Resenha:
Desta vez vou abandonar minha forma costumeira de escrever, para abrirmos uma discussão maior a respeito deste filme.

 

Assisti-o junto com meu marido e um casal de amigos, que ficaram bastante impressionados com as questões levantadas após seu término. O personagem se apaixona por um sistema operacional chamado Samantha. É um sistema extremamente evoluído, capaz de sentir. Ele é um mini celular que fica ligado por bluetooth a um fone de ouvido. Como uma namorada, o sistema faz ligações para Theodore no meio da noite, viajam juntos, saem com amigos… Tudo exatamente como em um namoro normal só que sem a presença física. Essa é uma das questões…

 

Que triste nosso destino, não? Nos relacionar com máquinas!?? Se você pensar bem, já estamos a meio passo disto, pois não nos relacionamos com as máquinas, mas através delas… Cadê aquela despedida de telefonema onde um fala “desliga você primeiro…”, “não, tudo bem desligo eu…”. “você…”, “eu…”. Ou, então, a espera por uma ligação desejada?

 

Hoje, você consegue ver se alguém leu ou não sua mensagem/email… Rastreia as pessoas por redes sociais…Aplicativos… Nossa privacidade e mistério são zero, sem falar na frieza e superficialidade que nossos relacionamentos estão se moldando a ponto de nos tornarmos seres não sociáveis, travados de uma maneira que realmente só conseguiremos nos relacionar com sistemas…Fim do mundo!

 

Fora isto, no filme o sistema tem vontade própria e acaba mandando uma compilação das cartas de Teodore para uma editora… Ah que legal! O sistema ajudou o seu dono! Mas pensem comigo, se conseguiram codificar o amor, podem muito bem codificar o ódio e o sistema se virar contra seu dono e/ou criador! E aí?? Tudo é sistema, certo? E se o sistema ficar amigo de outro sistema e resolverem juntos começar uma guerra? Da maneira como pensam os sistemas no filme, isto é perfeitamente possivel…

 

Faça uma brincadeira:

 

Quem tiver Iphone, pergunte ao Siri se ele te ama. Resposta que obtivemos: “a cada dia que passa gosto mais de você”. Outra: “Siri, você já se apaixonou?”. Resposta: “acho improvável já que sou incapaz de amar”. Humm, será?… MEDA!

 

Não é para pensar? Onde vai parar a evolução das máquinas? E a nossa involução?

 


Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Toda semana, sugere e escreve sobre filmes aqui no Blog do Mílton Jung

Acesse nossos APPs e compartilhe suas ideias na CBN

 

Duas mãos, muitas palavras e a música no ritmo da notícia que você ouve na CBN. Estas são marcas do vídeo que incentiva os ouvintes-internautas a acessar os novos aplicativos para Android, Iphone e Ipad. A campanha abre espaço para você compartilhar conosco palavras e mensagens que representam o que sente, deseja ou sonha. Escreva no seu corpo, fotografe, grave e mande para cá: milton@cbn.com.br. Vou adorar dividir estas emoções com toda a comunidade que acompanha a rádio CBN.

 

Mercado criativo faz applemaníacos driblar burocratas em Cuba

 

 

Um All Star de cano alto era o sonho de consumo de todos meus colegas de basquete, nos anos de 1970 e 1980, no Rio Grande do Sul. Para tê-lo era preciso contar com a viagem para os Estados Unidos, raras na época, de algum parente, conhecido ou conhecido do conhecido. Havia ainda a possibilidade de encontrarmos um “canal tri-legal”. Que o legal aqui seja entendido como bacana, interessante, pois o tal canal não tinha nada de legal, era algum muambeiro que trazia os produtos para o Brasil. Antes que você me condene, explico que nunca comprei destes tênis, naquela época. E antes que você me enalteça, digo que não o fiz por falta de dinheiro. Contentava-me com o Charrua, comprado no Uruguai, mais barato, de boa qualidade e confortável.

 

Lembrei dos tênis All Star e o que eles representavam nos pés dos meus colegas – pareciam saltar mais, correr mais e jogar mais do que eu (e o faziam mesmo mas apenas porque eram melhores do que eu)- ao ler a coluna da jornalista cubana Yoani Sánchez, no Estadão de domingo, escrita sob o título Apple causa furor em Havana. A marca criada por Steve Jobs, evidentemente, não tem loja nem revenda oficial no país comunista – assim como nenhuma outro fabricante americano. É proibido vender Iphone por lá. Isto não impede que seus consumidores façam fila na porta de uma assistência técnica que anuncia no cartaz trabalhar com o produto. “Estão ali aqueles que conseguem comprá-los no mercado informal graças ao ingresso de alguns pesos conversíveis ou os que receberam os aparelhos de algum parente ou amigo radicado no exterior”, escreve a mais famosa blogueira da terra de Fidel. Ter o aparelho nas mãos é sinal de status para os cubanos, os torna especiais, descolados, assim como acontecia com o All Star calçado pelos outros.

 

O contrabando não é novidade em Cuba mas o que considero mais interessante no relato de Yoani é o fato dela ter identificado o desenvolvimento de um mercado criativo de grande sucesso com soluções inteligentes capazes de contornar todos os bloqueios impostos pela burocracia e tecnologia. Há uma versão da Wikipédia em espanhol que é instalada na memória do celular, têm mapas de Havana e de toda Cuba que podem ser ativados por um sistema de localização que não necessita de satélite e, um dos grandes sucessos, um aplicativo que funciona como identificador de chamada capaz de oferecer além do nome e do número de quem está ligando, também o endereço e o registro de identidade dele. Imagine os avanços que Cuba e seu povo teriam se esta criatividade fosse incentivada em um mercado aberto e com acesso a tecnologia no exterior.

 

Em tempo: hoje tenho uma coleção de All Star e ainda não tenho nenhum Iphone. Quem sabe compro um quando viajar para Cuba

Ele não aprova as invenções de Steve Jobs

 

Por Milton Ferretti Jung

Maria Helena e eu adquirimos o nosso primeiro computador, um Compaq, em 1996. Comprei-o sem sequer atentar para o fato de ele já ter sido manuseado por outros clientes da loja, porque estava em exposição e liberado para ser testado. Foi um erro, mas, felizmente, sem conseqüências. PCs têm de chegar virgens às mãos de seus compradores. A primeira providência que nós dois tomamos foi contratar um provedor para que, sem demora, pudéssemos nos transformar em navegadores da internet. O computador passou daí para a frente a fazer parte das nossas vida. Não podemos viver sem um deles. Ou melhor, mais do que um. Afinal, por isso os chamamos de Personal Computer. Depois do Compaq, com sua memória fraquíssima, parentes bem mais poderosos o substituíram, com acréscimos de periféricos e outros que tais, como é normal.

Para quem vem acompanhando os avanços tecnológicos dos últimos tempos, mesmo sem ainda ter adquirido algumas das maravilhas que estão no mercado e às quais se somam outras num piscar de olhos, causa espanto que existam pessoas avessas às modernidades. E que não se envergonham de confessar a sua recalcitrância. Fosse eu um desses, poria minha violinha no saco. Li num jornal gaúcho o texto produzido, provavelmente num PC, por um cavalheiro que não aprova as invenções de, imaginem, Steve Jobs. Ninguém é obrigado a ter iPhone,iPod e iPad. Estes aparelhos, que tanto facilitam a vida da gente, seja no trabalho, seja no lazer, ainda não são baratos. Escrever, porém, que essas maquinazinhas e outras, como o telefone celular, tiram a concentração dos aluno, transformando-se em tormento para os professores, é um baita exagero. Os alunos perdem a concentração na sala de aula quando os professores são muito chatos.

Sim, os avanços tecnológicos têm preço. Quem disse que não tinham. Já não concordo que, com um iPhone, por exemplo, as pessoas deixem de apreciar, num parque, o que existe de belezas naturais e andem como se fossem zumbis. Não entendo que, quem destesta novidades como as citadas, se atreve a criticar aquilo que não conhece. E não sabe sequer porque os nomes da agenda de celulares com touch screen deslizam tão rápidos que mal consiga os acompanhar.


Milton Ferretti jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)