Avalanche Tricolor: um gol para Walter Kannemann

Grêmio 1×1 Botafogo
Brasileiro – Arena do Grêmio, Porto Alegre RS

Reprodução do canal Premiere

Thiago Volpi que me perdoe — e sei que há de entender —, mas se pudesse dedicar esse gol de empate no minuto final, entregaria a autoria a Walter Kannemann. O capitão do Grêmio fez uma partida colossal dentro da área: ganhou todas as disputas, não deixou sobrar espaço para os atacantes e lutou do jeito que só ele sabe lutar.

Logo no primeiro contra-ataque inimigo, ainda no início, foi Kannemann quem se atirou contra o adversário de forma espalhafatosa e necessária, impedindo a finalização certeira contra o nosso gol. A cena parecia a de um guarda-costas se jogando na frente do protegido para deter a bala fatal. No caso, a bola fatal. Minutos depois, já estava ele do outro lado, na área ofensiva, chutando forte e obrigando o goleiro rival a fazer defesa complicada.

Durante toda a partida, foi Kannemann quem mais bem representou o desejo do torcedor: devolver ao Grêmio o caminho da vitória em casa. Nos últimos três jogos na Arena havíamos perdido dois, empatado um e, pior, não marcado nenhum gol — sequência absurda para quem sempre transformou o estádio em diferencial.

Nada, no entanto, foi tão Kannemann quanto o momento em que ele arrancou do árbitro a marcação do pênalti que nos deu o empate. A bola mal havia saído para escanteio e nosso zagueiro já corria em direção ao juiz, gesticulando, denunciando a infração.

Sim, foi ele quem marcou aquele pênalti. Havia árbitro em campo, auxiliar na beira do gramado e VAR com câmeras de todos os ângulos. Mas, sinceramente, duvido que alguém tivesse visto a irregularidade se não fosse a eloquência do nosso capitão. O gestual teatral, a dança quase grotesca imitando o movimento dos homens da barreira, a braçadeira erguida com orgulho quando o juiz o mandou calar — tudo isso foi decisivo para que ninguém ousasse ignorar o que acontecera.

Kannemann brigou como um soldado disposto a morrer pela batalha, até a confirmação da penalidade. Depois, restou a Thiago Volpi a execução perfeita: frio, sereno, certeiro na cobrança, como já havia feito no Maracanã em situação semelhante.

Volpi tem nossos aplausos, claro, pelo que tem feito e decidido a nosso favor. Mas Kannemann, ah, esse merece uma homenagem especial. Foi ele quem transformou o empate em conquista, num jogo em que o resultado teve gosto de alívio diante da fase recente na competição. Ainda não ganhamos em casa, como desejávamos, mas como não vibrar ao assistir à bravura de Kannemann nos permitindo seguir em frente no Campeonato Brasileiro.

Avalanche Tricolor: Kannemann voltou!

Grêmio 1×1 Inter
Brasileiro – Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)

Foto: Lucas Uebel/GrêmioFPBA

Seis meses após ser submetido a uma nova cirurgia no quadril, Kannemann voltou. E voltou em grande estilo: no Gre-Nal deste Sábado de Aleluia, substituiu Wagner Leonardo aos 29 minutos do primeiro tempo. Foi ovacionado pelo torcedor e aplaudido a cada bola interceptada na defesa.

De verdade, Kannemann já estava em campo antes mesmo de ele entrar. O zagueiro, que é símbolo maior de raça e determinação, lembrança dos maiores títulos que conquistamos nos últimos anos, esteve presente no espírito do time que entrou na Arena para o seu quarto clássico regional do ano.

Desde os primeiros minutos, era possível perceber uma postura diferente por parte dos jogadores escalados pelo interino James Freitas. De novidade, apenas Marlon na lateral esquerda e mais duas mudanças na escalação dos últimos jogos: Dodi e Monsalve entraram como  titulares. Todos os demais vinham jogando nas partidas anteriores, mas o comportamento em campo era completamente outro.

Jamais saberei explicar que fenômeno é esse que a demissão de um treinador provoca nos brios dos atletas. O fato é que o time apático das rodadas anteriores se transformou: impôs marcação forte na saída do adversário, soube jogar de maneira mais compacta e ofereceu menos espaço para o toque de bola. Não havia dividida perdida nem jogada desperdiçada. Quando partia para o ataque, colocava a bola no chão e explorava especialmente o talento de Cristian Oliveira. Houve até troca de passes no meio-campo como alternativa aos lançamentos longos.

Era como se o espírito de Kannemann tivesse sido incorporado pelos onze titulares antes mesmo de ele entrar em campo. Por isso, não surpreendeu a ninguém (a não ser alguns repórteres de campo) o fato de, ainda ao lado do gramado, enquanto esperava a autorização para substituição, Villasanti já haver passado a braçadeira de capitão ao nosso maior zagueiro. O time sabe o que ele representa e o poder de sua liderança.

Em campo, Kannemann voltou a brilhar com a nossa camisa e encheu de esperança o torcedor que, justificadamente, estava acabrunhado com o que vinha assistindo nestes primeiros meses da temporada. Infelizmente, o retorno não foi ainda mais marcante porque, mais uma vez, fomos claramente prejudicados pelo árbitro da partida (alguém sabe me dizer se, nas mudanças das regras, existe alguma proibição de marcar pênalti a favor do Grêmio?). Mas até nesse momento, foi Kannemann quem nos representou, reclamando da injustiça cometida.

Sim, caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche, Kannemann está de volta. Que o Grêmio e a sua história voltem aos gramados também neste ano de 2025.

Avalanche Tricolor: Kannemann volta, levanta mais um troféu e renova nossa crença!

Glória 0x5 Grêmio

Recopa Gaúcha – Altos da Glória, Vacaria/RS

Kannemann voltou, em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

“Vâmo, vâmo tricolor

Hoje eu vim te apoiar

Para te ver campeão

Para te ver ganhar”

O canto da torcida soava baixo ao meu lado. Era o filho mais velho, sentando comigo diante da TV, que entoava à boca pequena um dos gritos mais tradicionais da torcida gremista. Foi ele quem me convocou para a decisão da Recopa Gaúcha, após ouvir meu muxoxo e desdém quanto ao título que seria disputado. Tinha razão em me cobrar. Logo eu que insisto, nunca desisto. Que estou sempre disposto a acreditar que algo melhor acontecerá. Que o ensinei o por quê da imortalidade nos acompanhar. Logo eu, estava ali, frente a ele, revelando minha desmotivação?

Nada como o sangue jovem para mexer com a gente, aquecer nosso ânimo, provocar nosso brio. Se era uma final, se era uma taça que estava em jogo, se era o Grêmio que estava em campo, não me cabia o abatimento, apesar dos últimos acontecimentos. E só tenho a agradecer pelo chacoalhão que o guri me deu. Graças a ele, tive o prazer de ver o retorno de Kannemann aos gramados, parado desde o fim do ano passado devido a uma cirurgia no quadril.

Ver nosso zagueiro com a faixa de capitão entrando em campo me fez mais feliz nesta noite. A intensidade e a dedicação que ele impôs a cada disputa de bola — e algumas vezes em que a bola nem em disputa estava — renovaram meu entusiamo. Jogou pela primeira vez  sem a dor do sacrifício pela lesão que o tirou de combate e, ao fim do primeiro tempo, disse ao repórter de campo: “agora quero curtir” — e curtir o futebol do seu jeito, tomando a frente dos atacantes, reduzindo os riscos a qualquer custo, jogando-se sobre a bola se necessário, expondo-se sem medo à violência do adversário, esbravejando com o árbitro se preciso for, e impondo respeito a quem o ameaça. O espirito Kannemann de ser está de volta ao Grêmio. E volta, não por acaso, na noite em que levantamos mais um troféu regional, que confirma a hegemonia tricolor no Rio Grande do Sul.

A decisão teve outros destaques, sem dúvida. Janderson, com participação em praticamente todos os gols do time, além de ele próprio ter marcado de bicicleta. Elkeson, que demonstrou seu compromisso com o clube ao pedir para jogar, e foi premiado com o primeiro gol da partida —- um gol com jeito de centroavante. Além de Campaz, Ricardinho e Jhonata Varela que completaram a goleada. 

A despeito do tamanho do troféu e da importância do título, ver Kannemann liderando mais uma conquista reforça minha crença — que andava descrente — na nossa capacidade de nos recuperarmos e, no ano que vem, estarmos de volta às finais que realmente nos interessam.

Enquanto este tempo não vem: 

“Dá-lhe, Grêmio! Tricampeão da Recopa Gaúcha!”

Avalanche Tricolor: por Geromel e Kannemann

 

Atlético GO 1×1 Grêmio

Brasileiro – Estádio Olímpico/Goiânia-GO

 

Kannemann é gigante na área; foto de LUCAS UEBEL/GRÊMIOFBPA

 

Antes de o domingo acabar, convido você a fazer comigo um exercício de imaginação. Faz de conta que o time para o qual você torce tenha disputado sete partidas em um campeonato de pontos corridos e só tenha perdido uma delas. Você olha os demais adversários e descobre que apenas um deles perdeu menos; três perderam tanto quanto; e os demais 15 perderam mais do que o seu time.

 

Isso não seria motivo de otimismo para você?

 

Depende. 

 

E depende porque no futebol não basta não perder. É preciso ganhar. Mais do que ganhar. É preciso jogar bom futebol. Especialmente se o seu time o acostumou a ver a bola sendo rolada com maestria no gramado, e os jogadores se movimentando em uma coreografia capaz de encher os olhos do torcedor e atrapalhar a visão dos marcadores. 

 

Assim tem sido desde 2016 com o Grêmio. Nosso time entra em campo e, independentemente do resultado, o futebol jogado é de alta qualidade —- com as exceções de praxe. Muitas vezes a perfomance era capaz de nos deixar satisfeitos apesar do revés no placar. Competições foram perdidas, mas nosso time deixava o gramado com a certeza de que enfrentou o bom combate; e de cabeça erguida se preparava para o confronto seguinte.

 

O futebol do Grêmio pós-Covid tem se revelado muito abaixo daquilo que nos acostumamos e do que somos capazes de fazer, levando em consideração os jogadores que integram o elenco. Esse desempenho tem dado espaço a críticas, estimulado teorias de conspiração e levado a escolhas precipitadas — dentro e fora de campo. 

 

Se a você —- caro e raro leitor desta Avalanche —-, no primeiro parágrafo deste texto, convidei a fazer um exercício de imaginação; faço agora um pedido à diretoria gremista, comissão técnica e seus jogadores: um exercício de humildade. 

 

Deixemos as conquistas recentes em seu devido lugar —- na memória e no passado. Encaremos a realidade. Saibamos ouvir uns aos outros. Identificar as fragilidades. Corrigir nossas fraquezas. Solucionar nossa escassez. Fortalecer nossos méritos —- e se há mérito e motivo que ainda me fazem felizes quando assisto ao Grêmio em campo, é saber que Pedro Geromel e Walter Kannemann vestem nossa camisa.

 

Os dois seguem sendo a maior dupla de zaga do futebol latino americano. Jogadores que se diferenciam pela maneira de se portar em campo. Ao contrário da maior parte dos zagueiros brasileiros, não têm medo de atacar o adversário, de dar o bote — como se diz no jargão do futebol. E o fazem com precisão, na maior parte das vezes. Se necessário for, dão a vida pelo time. Foi o que fizeram neste domingo de futebol muito mal jogado em Goiânia.

 

Geromel entregou-se a uma rara expulsão em sua carreira para evitar o mal maior. Kannemann sacrificou seus músculos. Os dois foram gigantes para manter vivo o desejo de vermos o Grêmio ser o time que admirávamos — aquele Grêmio que já jogou o melhor futebol do Brasil e da América do Sul. Que um dia haverá de voltar aos estádios.

 

Avalanche Tricolor: não é pra tudo isso

 

Grêmio 1×1 São José
Gaúcho – Arena Grêmio

 

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Kannemann está de volta, em foto de LUCAS UEBEL/GREMIOFBPA

 

Teve empate e frustração de torcedor, nesta noite de domingo, em Porto Alegre.

 

Teve coisa boa, também.

 

Particularmente, gostei muito de ver a troca de passe pelo lado direito com Miller Bolaños, Léo Moura, Ramiro, Everton e quem mais aparecesse. Foi assim que quase abrimos o placar. Se o gol não saiu por ali, ao menos o ensaio das jogadas me pareceu interessante. E pode render um bom caldo a medida que o entrosamento aumentar.

 

Gostei mais ainda de ver que Kannemann está em plena forma: praticamente não perdeu uma só jogada na defesa. E escrevo “praticamente” porque às vezes sou traído pela memória. Ganhou na bola e no grito, quando preciso. Com Geromel ao lado, formam a defesa ideal.

 

Sigo apostando que o talento de Miller será nosso ponto de desequilíbrio nesta temporada. Hoje, todas as boas jogadas passavam pelos pés dele e mesmo tendo de recuar um pouco mais do que de costume, esteve presente nos lances de gol. E no lance do gol, também. Pena ter usado o braço para ajeitar a bola, pois a cena se sobrepôs a bela jogada com a participação de Lincoln.

 

Aliás, dos que entraram no segundo tempo, ando doido pra ver o guri Ty Sandows jogar por um pouco mais de tempo. Mesmo em condições adversas, ele demonstra um talento e tanto. Hoje, na primeira jogada possível, dominou e chutou com muita precisão, obrigando o goleiro a uma bela defesa.

 

Como disse, porém, além de coisas boas, a partida deste domingo teve frustração, também. E não estou aqui me referindo a Maicon que tirou o pé em uma jogada lá no nosso ataque e de lá a bola passou pelo nosso meio de campo, chegou a nossa lateral, cruzou a nossa área, bateu e rebateu e foi parar dentro do nosso gol.

 

Frustrou-me ver que alguns torcedores têm memória curta e pouca paciência. Vaiar o capitão como fizeram é esquecer sua importância para o time e os serviços prestados até aqui. Sei que muitas vezes reclamamos por reclamar, precisamos encontrar bode expiatório para as coisas que não saíram como imaginávamos e já havia uma irritação do torcedor provocada pelas seguidas trapalhadas do árbitro. De repente, perde-se a bola no ataque e tomamos o gol de empate … é bronca na certa.

 

Mas não era pra tudo isso, como, aliás, bem disse Maicon ao fim da partida.

 

Você, caro e raro leitor desta Avalanche, há de convir que foi muita briga pra pouca coisa. Transformar aquele momento em crise, é desperdiçar energia em algo pequeno diante dos desafios que temos pela frente nesta temporada e para os quais teremos de contar com todo o grupo mobilizado, unido e apoiado pela torcida.