Franquias, a técnica e a emoção

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

Graças ao crescimento do setor de franquias no Brasil, em grande parte devido ao fato da compatibilidade entre a cultura aspiracional do brasileiro aliada ao seu espírito empreendedor, temos hoje um vasto arsenal de informações técnicas do sistema de franquias.

 

Dentro deste conhecimento geral embasado no acúmulo de experiências de sucesso e insucesso, o processo da escolha é um dos aspectos mais relevantes.

 

Da revista Exame, dentre outros tantos exemplos, podemos extrair um resumo bem elaborado dos procedimentos a seguir para uma boa decisão da franquia a adquirir. Eis seis passos para fazer uma boa escolha:

 

1. Conheça o setor de franquia
2. Avalie-se
3. Elimine opções
4. Calcule o capital
5. Cheque a região
6. Investigue o franqueador

 

Acompanhando há 30 anos o desempenho do setor de franquias, posso ressaltar que no processo de escolha as técnicas e as informações acumuladas têm municiado de forma suficiente os candidatos à franquia. Destacaria apenas a importância de não confundir empreendedor com consumidor, pois uma coisa é gostar de pão de queijo e outra é cumprir a rotina de lojista, acompanhando os processos de atendimento, compras, finanças, etc. embora tal conjunção quando possível é quase certeza de sucesso.

 

Assim como o franqueado embora empreendedor, precisa seguir padrões e tem pouco espaço para criação. O capital também deve ser tratado com a importância necessária, evitando financiamentos e considerando capital de giro próprio suficiente para manter saudável o fluxo de caixa. Por fim, ter sempre em mente que os Ps do marketing mix devem ser checados, ou seja, Pessoas, Produto, Ponto, Propaganda e Promoção.
Entretanto, é a emoção que poderá fazer a diferença entre o trivial e o sensacional.

 

Selecionar uma marca para ser franqueado ultrapassa a técnica, que é necessária, mas não é suficiente. Quando as marcas passam a pertencer aos consumidores e o intangível determina seu valor de mercado, fica claro que os números ajudam, mas não resolvem. É imprescindível o empreendedor de “espírito animal”. E, mais uma vez Keynes desponta: “A decisão de investir depende em larga medida da confiança do empresário – uma questão de psicologia, e não de prospecção matemática. A condição ideal para o investimento ocorre quando o cálculo racional se complementa e se sustenta pelo espírito animal, de modo que o pensamento sobre o fracasso é posto de lado, como um homem saudável coloca de lado a expectativa da morte”. E complementa: “O espírito animal associa-se a um instinto de otimismo espontâneo, uma propensão natural para a ação, em vez da inação. Essa tendência inata para a atividade é que faz a engrenagem da economia e dos empregos girar”. 

 

Livros, artigos, entrevistas e palestras sobre franquias tem esquecido Keynes. Fica aqui a lembrança.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

Keynes: é melhor conhecer o cara

 

Por Carlos Magno Gibrail

Keynes é um fenômeno. Não é herói contemporâneo. Nem artista, nem esportista. É economista, mas é mais acessado no Google do que Leonardo di Caprio.

Keynes anda infernizando a vida de muita gente O governador texano Rick Perry ficou tão irritado com a presença incômoda que interrompeu um debate republicano para informar aos adversários que Keynes, afinal, estava morto.

Estas notas contidas no artigo de Silvya Nasar, dias atrás no New York Times e publicadas em Visão Global no Estado, traduzem a ressência de Keynes no panorama atual.

John Maynard Keynes nasceu e faleceu na Inglaterra em 1883 e 1946 respectivamente. Economista e otimista defendeu a intervenção do Estado na busca pelo pleno emprego. Considerou que o ciclo econômico não é auto regulado e, portanto, as teorias clássicas precisariam ser revistas.

Keynes consolidou a sua teoria no livro “Teoria geral do emprego do juro e da moeda”.

“A teoria atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do salário mínimo, do seguro-desemprego, da redução da jornada de trabalho (que então superava 12 horas diárias) e a assistência médica gratuita. O Keynesianismo ficou conhecido também como “Estado de bem-estar social”. Wikipédia

A atualidade keynesiana foi marcante na ultima crise econômica mundial, quando a maioria das nações, encabeçada pelos Estados Unidos de Obama seguiram a sua cartilha. Hoje, ainda com a Europa em discussões frenéticas, assombradas pelos gregos, nada de Aristóteles, Sócrates e Cia.

Lord Keynes, o britânico, é o “cara”.

Como se não bastasse ter brilhado na vida profissional, o inglês de Cambridge foi diferenciado na vida pessoal. Participou do Grupo de Bloomsbury, onde intelectuais como a ensaísta Virginia Woolf, o pintor Duncan Grant e o escritor Lytton Strachey deram margens a controvérsias pelas posições e ações.

Lord Keynes esteve envolvido com Duncan Grant que conheceu em 1908 e, também, com o escritor Lytton Strachey, antes de se apaixonar e casar com a bailarina russa Lydia Lopokova no ano de 1925. Ela engravidou em 1927, mas a gestação não vingou.

Keynes não deixou filhos, mas sua obra está viva, para perturbar republicanos e neoliberais.


Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung às quartas-feiras.