Fluminense 2 (4) x 1 (2) Grêmio
Libertadores – Maracanã, Rio de Janeiro/RJ

O Grêmio, mais uma vez, nos deixou com aquela sensação amarga de uma oportunidade perdida. E, embora seja doloroso ver o time que amamos ser eliminado, há uma lição poderosa que podemos tirar disso: o peso da prepotência nas nossas decisões.
Em muitos momentos da vida, somos tentados a acreditar que as vitórias do passado garantem os sucessos do futuro. É fácil nos agarrarmos às conquistas anteriores, esquecendo que cada nova batalha requer o mesmo empenho, a mesma humildade e, muitas vezes, até mais dedicação do que a última. O Grêmio já nos deu tantas alegrias, tantas taças levantadas que, às vezes, podemos cair na armadilha de achar que o simples peso da camisa é suficiente para vencer qualquer desafio. Mas o futebol, como a vida, não perdoa a arrogância. Não é porque fomos grandes ontem que seremos invencíveis hoje.
Aqui entra o mito da imortalidade, uma marca tão forte do Grêmio. Esse mito, que nos enche de orgulho e nos dá esperança em momentos difíceis, precisa ser entendido na sua verdadeira essência: é uma metáfora, uma inspiração, mas não um fato concreto. A imortalidade, no futebol, não é sobre nunca cair, mas sobre sempre se levantar. E, mesmo assim, devemos reconhecer que cada nova ascensão exige esforço, trabalho e, sobretudo, humildade — e tenho a sensação de que esta nos tem feito falta.
Aceitar nossas fragilidades, admitir que nem sempre fazemos as melhores escolhas, não diminui nossos méritos — ao contrário, os enaltece. Há força em reconhecer que podemos falhar, que às vezes o adversário é melhor, que as condições nem sempre estão a nosso favor. Esse reconhecimento não é fraqueza, mas sabedoria. Afinal, quem entende suas limitações está mais preparado para superá-las.
Assim, ao olharmos para mais essa eliminação, é essencial entender que o mito da imortalidade serve para nos motivar a seguir em frente, a lutar com coragem, mas não para nos cegar diante das nossas fragilidades. Aceitar que somos falíveis, que podemos e iremos falhar, não enfraquece o Grêmio — ao contrário, o fortalece, pois nos permite aprender, evoluir e, quem sabe, nos preparar melhor para as vitórias futuras.
Que o mito continue a nos inspirar, mas que jamais nos esqueçamos de que, no futebol, como na vida, a imortalidade é uma ideia, um ideal, e não uma realidade garantida. A verdadeira grandeza está em como reagimos quando confrontados com a nossa mortalidade, quando reconhecemos que, mesmo caindo, somos capazes de nos reerguer, mais fortes e mais sábios. Mas para isso é preciso alguém disposto a aceitar a crítica e rever seus conceitos.








