Rio 2016, competência e paixão

(reproduzo este post, que havia sido publicado na quarta-feira, porque problemas técnicos ocorreram e impediram o registro de comentáriosna data)

 

Por Carlos Magno Gibrail

A recente vitória do RIO sobre cidades com genes “capitalistas” pode por à prova a teoria do escocês Gregory Clark, autor do recente livro Adeus ás Esmolas.

A disposição para o trabalho duro, a paciência, a inventividade, a habilidade com números, a facilidade de aprendizado e a aversão à violência, são qualidades essenciais para se vencer numa economia de mercado, de acordo com Clark. A revista Veja após entrevistá-lo considera sua tese, perigosa. E, há indícios suficientes para isso, pois o escocês afirma que as instituições não bastam para efetivar o crescimento econômico, mas sim as qualidades dos indivíduos acima citadas na teoria que chamou de “Sobrevivência dos ricos”, pois são eles que as possuem.

O jornalista Diogo Schelp, bem observa que fora a questão racista, o autor procura explicações para o sucesso das nações. Analisa Marx e a acumulação de capital, considera Jarred Diamond nos aspectos de que geografia e clima são fatores essenciais para desenvolvimento de tecnologias, foca Max Weber na valorização do trabalho e da riqueza, enfatizando a ética protestante presente em países como Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha e por fim aceita em parte Adam Smith, que preconizou a necessidade das instituições. Entretanto reafirma que por si só elas não são suficientes.

A população do Brasil não tem o gene “capitalista” de Clark, mas será que temos uns poucos que nos fizeram chegar lá?

Clovis Rossi relata que em 1997 em Amsterdã ao chegar para cobrir uma cúpula da União Européia um jornalista holandês perguntou “You came all the way from down there just to this” (“Você veio lá do fundo do mundo para isto?”). E, continua: “Nos 12 anos seguintes, o ‘Brasil’ no meu peito, nas credenciais de cúpulas, passou a ser cada vez menos down there, em Hokkaido, no Japão, e Áquila , na Itália, em Londres como em Pittsburgh. Sou, portanto, testemunha viva da história da transformação do Brasil de “down there” para “primeira classe”, como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após “o RIO derrotar Obama”, segundo a manchete do Financial Times”.

O brasileiro Alberto Murray Neto, árbitro do Tribunal Arbitral do Esporte em Lausanne parece ser um dos discípulos de Clark: “A decisão do COI foi indigna. Mais do que isso, foi hipócrita. Tentaram fazer história à custa do desespero dos pobres”.

E, Juca Kfouri também não se esqueceu dos pobres: “Nenhum governo antes tirou tantos milhões de brasileiros da linha de pobreza, diferença maior dele em relação a todos os seus antecessores. Porque, de fato, um presidente preocupado com os excluídos, coisa que os outros só conheceram na teoria, enquanto Lula foi um deles, na prática. Bem ele, o único que não falava inglês na comitiva quase totalmente da elite branca que o país mandou para Copenhague”.

“No final de tudo, valeram os atributos de um projeto mais consistente. Aí, sim, é que contou a união estabelecida entre o presidente Lula, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do COB, Carlos Nuzman. Os Jogos Olímpicos não são mais apenas competições entre atletas. São espetáculos dotados de uma capacidade única de alavancar economias e transformar cidades. Essa é a força da vitória conquistada agora”. É o que diz a revista Veja desta semana, onde encontramos o articulista Diogo Mainardi, autor do “Lula minha anta” e que nesta semana parece que está escolhendo o empresário Eike Batista, um dos primeiros a participar do Projeto Rio 2016, como a sua segunda anta.

Contundências à parte fixemos naquilo que faltou a Clark em seu trabalho e que Nuzman e Lula brilhante e competentemente protagonizaram como registrou Carlos Heitor Cony: “ A louvar , o sucesso de Nuzman, louvor também a Lula, a quem não poupamos críticas diversificadas, mas que na hora das horas veste a camisa do povo com seu jeitão inconfundível. Num pequeno – e feliz – discurso em Copenhague ele expressou uma aparente contradição, falando que a vitória do Brasil foi a vitória da paixão e da razão”.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda, escreve às quartas no Blog do Mílton Jung e não tem dúvida qual camisa vai vestir quando aprontar a mala para o Rio, em 2016.

Kassab culpa o passado, não assume erro do presente

 

Bueiro jorra água

Um dia após a enchente que parou a cidade e matou duas crianças, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM) em vez de assumir a responsabilidade pelos problemas que ocorreram prefere atacar seus antecessores – entre os quais, ressalta, não está o governador José Serra (PSDB), que faz parte da gestão iniciada há cinco anos. Usou números de 2008 para comparar com investimentos da gestão Marta Suplicy (PT) e reclamou da falta de ação no combate as enchentes nos últimos 50 anos. Sendo assim, sobrou até para o ex-governador Mário Covas (PSDB) que foi prefeito na capital paulista entre 1983 e 1985.

Kassab disse que nunca antes se fez tantos investimentos nesta área como no governo dele, usando de estragégia que ganhou popularidade na boca do presidente Lula (PT). Não admite que o corte de 20% no valor pago às empresas que fazem a varrição de rua seja um dos motivos que tenham causado tanto transtorno ao paulistano. Repetiu a “excelência” da sua administração na limpeza de bocas de lobo, galerias de águas pluviais, córregos etecetera e tal.

Ouça o que o prefeito Gilberto Kassab disse à repórter Luciana Marinho

 

“É choradeira de exportador”, diz economista

 

Ao vetar artigos de lei que permitia o pagamento do crédito-prêmio do IPI aos exportadores, o presidente Lula fez aumentar o tom das críticas por parte de industriais brasileiros que ainda entendem ter o direito de receber algo que pode variar de R$ 50 bi a R$ 280 bi. No fim de semana, alguns já alegavam que a decisão iria quebrar os exportadores. Nesta manhã, no Jornal da CBN, o presidente da Associação das Empresas para Integração de Mercados, o economista Miguel Alabi, foi taxativo ao dizer que “é choradeira de empresário”. Ele defendeu, porém, a necessidade de se ter regras mais claras e “segurança jurídica” para a atuação no País.

Ouça aqui a entrevista com Miguel Alabi

Neste blog, dedicado ao cidadão e a cidadania, o tema ganhou espaço após a participação do colunista Carlos Magno Gibrail que trouxe o assunto para falar do papel do Senado na discussão de temas nacionais. A falta de espaço para o debate na mídia fez com que continuássemos acompanhando o debate sobre o crédito-prêmio do IPI.

Leia aqui mais posts sobre o assunto:

STF julga negócio de R$ 288 bi

De volta ao Senado

O Senado não é mais aquele …

STF derruba prêmio de R$ 288 bi para exportadores

 

Foi unânime. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o crédito-prêmio do IPI, aquela conta de R$ 288 bilhões sobre a qual temos conversado com você aqui no Blog, não existe desde 1990. Portanto, os exportadores não teriam razão de apresentar a “nota fiscal” à sociedade como pretendiam fazer, pois alegavam que o benefício não havia sido extinto até hoje.

A opinião dos ministros do STF pode ajudar o presidente Lula a vetar projeto de lei aprovado no Congresso Nacional, há uma semana, que autoriza a compensação das dívidas de empresas exportadoras com a União com créditos antigos de IPI até 2002.

O Procurador-Geral da Fazenda Nacional Luis Inácio Adams, ao fim da sessão, disse que “a regra fica claramente inconstitucional”, se referindo a projeto de lei. Mas neste ponto não tem apoio de todos os colegas. Caberá ao presidente Lula resistir ao lobby dos exportadores – que perderam muito dinheiro desde o início da crise financeira – ou a pressão da área econômica do Governo.

Foto-ouvinte: Está na rua, Lula 2010 !

Terceiro mandato

O deputado federal Jackson Barreto (PMDB-SE) vai apresentar proposta de emenda constitucional para que o presidente Lula concorra ao terceiro mandato dentro de um mês, conforme disse a Terra Magazine, mas a campanha já está na rua. A constatação é do ouvinte-internauta Paulo Capelo após ver a faixa estendida no Paço Municipal de São Bernardo do Campo, ABC Paulista, durante a Virada Cultural promovida pelo Governo de São Paulo.