A mensagem é forte e provocadora: nós criamos o sistema e sabemos o mal que ele pode lhe causar; então, saia do sistema. É o que alertam os protagonistas do documentário The Social Dilemma, dirigido por Jeff Orlowski, que, certamente, está entre as sugestões que o Netflix lhe oferece sempre que você acessa o serviço —- e o faz baseado nos mesmos algoritmos manipuladores que são parte do sistema criticado por Tristam Harris, ex-designer ético do Google e co-fundador do Center for Humane Tecnhology e mais 20 professores, cientistas, pesquisadores, executivos, engenheiros e criadores que trabalharam nas maiores empresas de tecnologia do Vale do Silício.
O documentário se presta a que veio: colocar uma dúvida na cabeça de cada um de nós sempre que olharmos para a tela de nosso celular. Faço por vontade própria ou estou sendo impulsionado a tomar essa decisão? Geralmente é a segunda opção, porque a engrenagem digital que está por trás dessas máquinas nos ensina a não pensar por vontade própria, nos conduz pelo caminho que lhe convier ou pelo qual seu patrocinador pagou. Causa distorções de comportamento, põe em risco sua saúde mental e o equilíbrio político que deve haver nas democracias.
Vale dedicar uma hora e meia de um só dia para assistir ao documentário e refletir sobre a manipulação que sofremos todas as vezes que acessamos o celular ou entramos na internet. É muito pouco perto das oito horas e meia, em média, que você despende clicando, arrastando, escorregando seu dedo para cima e para baixo na tela do celular em busca de imagens, vídeos, informações, comentários e da aceitação social representada por likes, corações e emojis.
Oito horas e meia? Não acredita? Dá uma conferida no seu celular e procure “tempo de uso”. Fiz isso e tomei um susto.
Os 21 entrevistados do documentário fazem alertas, ensinam como funcionam as máquinas e sugerem caminhos para escarpamos das armadilhas digitais. Listei 14 dessas dicas:
- Desinstale todos os APP do celular que apenas tomam seu tempo
- Desligue ou reduza o número de notificações
- Elimine qualquer notificação que gere vibração no seu celular
- Substitua o Google pelo Qwant que não armazena o histórico de busca
- Nunca clique em um vídeo recomendado para você no YouTube — sempre escolha você mesmo
- Use extensões do Chrome que removem recomendações
- Antes de compartilhar, cruze informações, veja outras fontes, pesquise
- Obtenha diferentes informações por conta própria
- Siga pessoas no Twitter das quais discorda para ser exposta a outros pontos de vista
- Se algo parece ter sido criado para lhe desestabilizar emocionalmente, provavelmente é
- Não deixe nenhum dispositivo nos seu quarto depois de um determinado horário da noite
- Permita redes sociais apenas na adolescência — a pré-adolescência já é difícil, deixe isso para depois
- Decida com seu filho uma quantidade de tempo para usar os dispositvos eletrônicos. Pergunte “quantas horas por dia você quer passar no seu dispositivo?” Eles costumam dizer um bom número.
- Saia do sistema
Depois dessas 14 dicas, duas perguntas minha:
Você tem coragem de adotar uma das sugestões acima?
O que você faz para reduzir o impacto das redes sociais na sua vida?

