Guia pra não perder o namorado na Copa

 

Por Dora Estevam

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Verde ou amarelo?
Bandana ou chapéu; corneta ou apito; shorts ou camiseta;
Bandeira grande na janela ou bandeirinha no vidro do carro;

Já escolheu o seu adereço para celebrar ou torcer pelo Brasil na Copa da África do Sul ?

Devo lembrar que neste mesmo mês de muitos jogos, no dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados brasileiro. Será um páreo duro. Saem o vermelho e rosa, entram o verde e amarelo.

Você vai dizer: coisa de mulher pensar em romantismo essa hora. Mas não é mesmo ! Mulheres adoram o Dia dos Namorados e homens amam os jogos que, por coincidência, serão pela Copa do Mundo.

O que fazer? Se você não pode com o inimigo, junte-se a ele.

Hoje no mercado é fácil encontrar tudo na temática da Copa.

Tem lingerie, sapatilhas, lindas camisetas bordadas com muito brilho, brincos… Compre uma bandeira daquela bem grande e use a sua imaginação, só não vale ficar aborrecida. Você pode fazer uma produção bem especial sem sair do ‘climão’ da Copa.

Para abastecer a casa: copos, saco de pipoca, brinquedos, tem muita bugiganga por ai. Encha a casa delas e todos ficarão contentes. Não fique isolada nesta jogada, faça tudo para agradar, entre no clima e se divirta.

Convide casais para assistir aos jogos, divida as funções com os maridos, vai ficar bem bacana.

E se os seus filhos são daqueles que pintam a rua de verde amarelo para torcer não seja chata, saia de uma olhada, converse um pouco e, se der vontade, caia no pagode.

Uma outra dica também é decorar o nome dos jogadores da seleção escolhidos por Dunga (ele é técnico da seleção brasileira, isso você sabe, né ?). Se não consegue, imprima e cole na geladeira, não vai fazer feio dizendo que não sabe nome de jogador, isso é coisa do passado, lembre-se você é uma pessoa antenada.

Confira a lista de Dunga:
• Goleiros: Júlio César, Gomes e Doni
• Laterais: Maicon, Daniel Alves, Gilberto e Michel Bastos
• Zagueiros: Juan, Lúcio, Luisão, Thiago Silva
• Meias: Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Kleberson, Elano, Ramires, Kaká e Júlio Baptista
• Ataque: Luis Fabiano, Nilmar, Robinho e Grafite

E por favor, só use a vuvuzela em casos extremamente conflitantes. Faça tudo com muita alegria e moderação. Afinal, futebol é a grande paixão do brasileiro.

Dora Estevam é jornalista, torce para a seleção brasileira e escreve no Blog do Mílton Jung

Veja outras imagens da galeria de Emarquetti no Flickr

Conte Sua História de São Paulo: Dos velhinhos

Por César Cruz
Ouvinte-internauta do CBN SP

Ouça o texto “A história dos velhinhos” de César Cruz

Como são gostosas as histórias que os velhinhos contam!

Quando eu era menino lembro de ouvir meu pai dizer a cada vez que perdíamos um ancião da família: “Que pena, mais um velhinho que parte levando suas histórias!”. Uma grande pena mesmo!

Meu tio Milton, irmão mais velho do meu pai, contava causos sensacionais passados na meninice deles. Tais histórias envolviam tios e parentes que eu e meus primos nem havíamos conhecido! Era sempre uma delícia ouvir relatos de uma época tão diferente da nossa, e de imaginar nossos pais ainda crianças, aprontando as mais diversas safadezas em uma cidade tão diferente da que conhecemos hoje, com poucos carros, outros hábitos de vida… Tão ingênua!

Minha mãe também era dona de histórias ótimas. Eu gostava de uma em especial.   Nela, papai e mamãe ainda namorados, no final dos anos 50, foram certa tarde ao cinema e depois a uma lanchonete no centro da cidade comer um hot dog, programa típico de casaizinhos jovens da época.

Pouco antes de irem embora, já à noitinha, minha mãe, que era linda – e as fotos não desmentem -, levantou-se e desfilou em direção ao banheiro. Na outra extremidade do estabelecimento havia um grupo de 4 sujeitos mal-encarados rindo e bebendo. Quando ela passou toda graciosa em sua saia e blusa, um deles curvou-se para trás na banqueta e segurou-a pela cintura: “oi chuchuzinho, vem comigo, vem…”. Minha mãe, temperamento forte que sempre teve, não titubeou, desceu-lhe um sonoro tapa na cara.

Meu pai que terminava seu cachorro-quente na outra ponta da lanchonete ouviu o bafafá e quando se virou viu parte da cena. Tomado por uma ira explosiva, característica de sua personalidade, não contornou o balcão em formato de “U” duplo, preferiu ir saltando-o olimpicamente, pisando alternadamente nas banquetas fixas e nas mesas, para desespero dos casais de namorados que, assustados, tiravam da frente suas garrafas de Grapete e Coca-caçula e seus pratos com misto-quente! Em segundos estava cara a cara com os sujeitos!

Deste momento em diante, minha mãe dizia que sua vista havia escurecido e que ela não conseguiu ver mais nada. Apenas alguns flashes teriam ficado tatuados em sua lembrança. Neles via homens sendo arremessados pelo ar e se estatelando sob pilhas de copos e pratos, como nos filmes de saloon.

Em certa parte do relato, Dona Diva passava a falar baixinho e a espiar por cima do ombro, como se houvesse o perigo de alguém, 50 anos depois, ouvi-la. Confidenciava que, na escuridão do seu pânico, pode escutar os sons dos murros, os gritos abafados de dor na voz dos homens e os ruídos secos de maxilares e ossos sendo quebrados… Terminava dizendo que não esqueceria aqueles sons ainda que vivesse 100 anos, e que desde aquele dia, passou a morrer de medo a cada vez que meu pai ficava nervoso: “ninguém segura ele, Cesar… ninguém!”.

No final da história, o jovem Aloísio, atleta praticante de judô e boxe, deixara os 4 maus-elementos moídos no chão em meio aos escombros.

Partiram correndo a tempo de pegar o bonde andando.

Minha mãe, assim como o meu tio Milton, já se foram. Partiram levando com eles todas aquelas apaixonantes histórias… Irrecuperáveis, por mais que nós, os filhos, tentemos reproduzi-las.

Eu, infelizmente, não tenho mais avós nem pais vivos. Transformei-me precocemente em um órfão de causos sensacionais como estes… Arrependo-me tanto por não ter gravado os meus velhos contando alguns deles!

O autor de hoje foi César Cruz. A sonorização é de Cláudio Antonio. Você também participa enviando seu texto ou arquivo de áudio para  contesuahistoria@cbn.com.br.