Pé de Manga

 

Por Ulisses Andrade
Blog do Ulee

Pé de manga
Pé de manga onde nasceste?
Na rua das Palmeiras, mas é mangueira!
Por tanto tempo se escondeste
Plantada na calçada, sua parceira

Só hoje reparo em ti
Que solidão assistida
Vou chegar até ai
E te salvar desta vida

Vou te levar pra minha terra
Que tem palmeiras e sabiá
E de lá não se espera
Que tu não voltes a sonhar

Lá tem chuva, vento e brisa
Uma casinha apenas, que abriga
Um bom senhor de boa vida
Que trata de natureza agredida

Daí teus frutos voltarão a brotar
Tuas folhas ficarão verdejantes
Tua sombra irá nos contemplar
E meus olhos ficarão radiantes

Avalanche Tricolor: Programa especial

 

Palmeiras 0 x 0 Grêmio
Brasileiro – Canindé (SP)

 

Uma semana depois do aniversário e uma antes do Dia dos Pais, este fim de semana teria tudo para ser apenas mais um no calendário. Foi especial, porém. Nem tanto pelas coisas do futebol, motivo desta coluna sempre escrita na sequência de alguma partida. Até poderia ser, afinal havia em campo, na noite de sábado, dois times que fizeram alguns dos mais emocionantes embates do futebol brasileiro. Lembro de partidas memoráveis na história do Grêmio contra o Palmeiras, de quanto sofri e sorri quando estas duas equipes se enfrentaram principalmente lá na década de 90. Os dois times, contudo, não estão com esta bola toda. No Canindé, também, havia a expectativa pela estreia do novo-velho técnico Celso Roth, recém-chegado ao clube após mais uma aventura da diretoria gremista em pleno voo. Confesso, porém, que não esperava tanto quanto alguns torcedores amigos, já que o treinador havia tido pouco tempo para ajeitar a casa.

Foi especial o fim de semana pela visita ilustre que recebi na minha casa. Esteve por aqui aquele que acendeu meu interesse pelo Grêmio, mostrando-me o caminho certo a seguir. É provável que você saiba que quando se nasce no Rio Grande do Sul tem-se apenas uma chance de acertar na escolha do time pelo qual se decide torcer. Eu tive todo o direito de escolher. Pelo Grêmio, lógico. Assim como meu irmão, o Christian, e minha irmã, Jacque. Lá na Saldanha Marinho, onde vivi meus primeiros muitos anos de vida, todos éramos adeptos do azul, preto e branco. Primeiro por “sugestão”, depois por razão e, finalmente, por paixão.

A esta altura do campeonato, você já deve ter ideia de que o visitante que tornou estes dias de folga diferentes foi meu pai, que você lê às quintas neste blog. E de quem já escrevi muitas vezes. Tê-lo em São Paulo não é comum, porém. Faz tempo que não gosta das viagens de avião, após a overdose que as jornadas esportivas o impuseram. Assim, a oportunidade de tomar café pela manhã, almoçar, jantar, passear e – claro – assistir ao jogo do Grêmio pela televisão ao lado dele, em São Paulo, é, sem dúvida, um programa especial – mesmo que na tela a bola continue rolando “quadrada”.

Avalanche Tricolor: Um time dos sonhos

 

Grêmio 1 x 2 Palmeiras
Brasileiro – Olímpico Monumental

bandeira-gremio-preto-branco

– O que é ser gremista ?

– É ser imortal – e ser imortal não é não perder, é nunca desistir.

A pergunta me foi feita pelo jornalista Rafael Alaby da rede social KiGol no fim da tarde de hoje, que preparava reportagem especial em homenagem aos 107 anos do Grêmio, completados neste dia 15.

Antes, pediu para que eu relacionasse o melhor Grêmio de todos os tempos. Foi daí que lembrei de lista que tinha preparado há alguns anos encomendada pela Revista Placar, baseada única e exclusivamente na minha paixão, nunca na razão. Alguns nomes se não são unânimes, se encaixam sem dor em qualquer dos times preferidos do torcedor gremista. Outros, certamente serão relegados. Azar de quem não gosta, como este é um time dos sonhos, nos meus estes jogadores eram craques, cada um a seu modo

No gol, Lara – lenda não se discute, se admira

Dentro da área, Airton – prova de que há vida inteligente na terra dos zagueiros; e Ancheta – para fazer justiça a quem a história não foi justa.

Nas laterais, Eurico – autor do carrinho ético, rapava a bola com elegância; e Everaldo – único jogador a se transformar em estrela de uma bandeira.

O meio de campo é ocupado por Vitor Hugo – pois volante de conteção que se preza marca bem e não marca gol; Iúra – nenhum outro chorou abraçado comigo por uma derrota tricolor; e Ronaldinho – genial, magnífico, espetacular, o melhor do mundo, etecetera e tal

O ataque tem Renato – pelo Mundial alcançado; André Catimba – dei cambalhota com ele para comemorar meu primeiro título gremista; e Loivo – o Coração de Leão foi o melhor ponteiro esquerdo do mundo no meu imaginário infantil.

Para comandar esta seleção, Ênio Andrade – estrategista, inteligente, ético e meu padrinho.

Completando a enquete, o repórter quis saber qual o jogo marcante e não titubiei ao dizer que foi a final do Campeonato Gaúcho de 1977, que assisti em um Olímpico completamente tomado pelo mesmo amor que levou a torcida a lotar as arquibancadas na noite desta quarta-feira.

Aliás, enquanto assistia ao jogo de hoje imaginava se ali haveria alguém capaz de desbancar algum dos ídolos do meu time ideal. Tínhamos Vítor no gol que impressiona e motiva, mas está na função de alguém insubstituível. Renato estava lá, porém com um papel que não lhe cabe muito bem. Felipão também estava, mas, infelizmente, no lado errado.

De verdade mesmo, do meu time sonhado apenas a torcida e a nossa Imortalidade, testada toda vez que esta equipe entra em campo.

Avalanche Tricolor: Pizza e futebol

 

Palmeiras 4 x 2 Grêmio
Brasileiro – Palestra Itália

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Foram três horas de espera até que o forno alcançasse temperatura próxima dos 450ºC e a massa da pizza passasse a integrar o cenário até então recheado de fogo, brasa e lenha. Com as mãos untadas de farinha, e a satisfação de ter a família e amigos em volta, as lâminas entravam cruas e de lá saiam saborosas. Nada seria capaz de estragar aquela noite de sábado.

A TV estava distante o suficiente para não atrapalhar a conversa e, ao mesmo tempo, nos chamar atenção caso surgisse um grito de gol. Não deixaria de acompanhar a partida, é lógico, mesmo com a ressaca da “peixada” de quarta-feira. Confesso, porém, que a atenção aos convivas era maior.

Era dia de festa em casa. E no Palestra Itália, também.

Foi o último jogo no estádio que serviu de palco para jogadores e jogadas memoráveis, muitas das quais lembradas por parte dos 19 mil torcedores que estiveram, ontem à noite, no capítulo final. Pela importância do feito talvez até merecesse cerimônia mais apropriada, mas a diretoria do Palmeiras não aparentava clima para tanto.

A mesa com pizza foi a minha homenagem com sabor italiano ao Palestra.

Estive algumas poucas vezes por lá. Sempre para assistir ao Grêmio. De saudade, ficará a goleada mais comemorada que o meu time já levou: 5 a 1, em 2 de agosto de 1995. O gol de Jardel, aos 8 minutos de partida, garantiu a classificação à fase seguinte da Libertadores, pois o Grêmio havia vencido por 5 a 0 o primeiro jogo no Olímpico.

Assim como ontem, um dos gols palmeirenses foi em impedimento. Este, porém, é um detalhe que poucos devem se lembrar. Estes momentos acabam escondidos diante de tantos registros considerados significativos em uma conquista.

O Grêmio de ontem ainda responde as emoções enfrentadas no meio da semana pela Copa do Brasil. Sofre de problemas físicos que tem tirado jogadores fundamentais como Borges. Parece não ter acordado ainda para a realidade do Campeonato Brasileiro. Talvez precise de mais algumas rodadas e mexidas de ânimos para sintonizar-se na competição.

Assim como na pizza que agradou a todos, aqui em casa, teremos de ter paciência para que a chama que sempre moveu o Grêmio se ascenda e chegue a tempetura ideal no momento de saborearmos mais um título para o Imortal Tricolor.

Avalanche Tricolor: Eu também não torço contra, pai

 

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Grêmio 2 x 0 Palmeiras
Brasileiro – Olímpico Monumental

 

Quando entra em campo, o Grêmio não disputa título nem uma vaga qualquer, escreve capítulos de uma história. Com esta frase, expliquei a luta até o último minuto na partida em que estávamos com dois jogadores a menos contra o Cruzeiro e nos valeu o empate de jogo praticamente perdido. E explico meu olhar sobre o time que aprendi a amar.

Forjei meu coração tricolor com sofrimento e lágrima. Quando passei a enxergar o futebol com paixão, era uma época em que o título gaúcho era nosso sonho maior. E por oito anos assisti ao principal adversário comemorar esta conquista. Tarefa tão árdua quanto a do Corinthians e seus anos de fila, apenas para traçar alguma referência com os leitores paulistas que são maioria neste blog.

Muitas vezes saí chorando do estádio Olímpico porque não aceitava a derrota, menos ainda torcedores vaiando meus ídolos. Gritava para que os verdadeiros gremistas continuassem a defender o azul, preto e branco de nossa camisa. Queria ouvir o hino sendo cantando com o orgulho de quem reconhece a luta pela vida, mesmo quando a morte surge.

Não entendia cronistas que se anunciavam gremistas e criticavam jogadores do Grêmio. Lembro de uma campanha cruel do jornalista Paulo Santana, muito respeitado no Sul do País e por alguns colegas meus aqui em São Paulo, também, contra o ponteiro esquerdo Loivo, que jogou com nossa camisa entre 1968 e 1975. Ele defendia a presença de Nenê entre os titulares, enquanto meu pai, a quem não preciso apresentar neste espaço, admirava a luta do Coração de Leão.

Loivo era meu ídolo. É meu ídolo até hoje.

Eu era um menino ainda quando ao fim de uma partida no Olímpico, na qual Nenê entrou no segundo tempo e resolveu o jogo para o Grêmio, Paulo Santana se ajoelhou aos meus pés, no espaço conhecido por Pórtico dos Campeões, e pediu para que eu o ouvisse mais do que ao meu pai quando o assunto fosse futebol.

Conheço meu pai e conheço Santana. Os dois, aliás, se respeitam muito e trocaram confidencias recentemente. E por conhecê-los sempre confiei mais no coração gremista do primeiro.

Nesta quarta-feira, enquanto Santana pediu no jornal Zero Hora para que o Grêmio entregasse a partida contra o Palmeiras para prejudicar seu principal adversário no Sul, meu pai me disse por telefone: “Eu não consigo torcer contra”.

Se outros fizeram isto conosco no ano passado, como alega Santana com seu pensamento vingativo, azar deles terem alma tão pequena. Se a vitória desta noite ajudará a alguém mais, sorte daqueles que serão ajudados. Para nós que torcemos pelo Grêmio deve interessar única e exclusivamente a honra de sermos gremistas.

Por isso, pai, eu também não torço contra. Jamais !

Avalanche Tricolor: Minha camisa do Tcheco

 

Minha camisa do Grêmio

Palmeiras 1 x 1 Grêmio
Brasileiro – São Paulo

 

Tenho de acordar às quatro e meia da manhã para mais uma edição do Jornal da CBN. Para os madrugadores, assistir ao futebol é certeza de cansaço no dia seguinte. Por isso, mal terminou a partida desta noite no Parque Antarctica, tirei minha “camisa do Tcheco”e deixe ao meu lado na cama. Merece descansar após todo o esforço de hoje contra o líder do Campeonato Brasileiro.

Ver o Imortal jogando com a personalidade com que se apresentou em São Paulo, me dá certeza de que temos muito a fazer neste campeonato. Se alguns pensam que nosso caminho é a Libertadores, não se surpreenda se, mais uma vez, nos enxergarem disputando o título até a última rodada. Mesmo com todas barreiras que temos pela frente ou que um de nossos jogadores tenha de deixar o gramado desacordado como aconteceu com Réver.

Tcheco, aclamado por muitos e reclamado por alguns, pode não ter sido o melhor em campo. Mas fiz questão de vestir a camisa dele – presente de aniversário que ganhei nesta semana -pois poucos jogadores conseguem incorporar este espírito que faz do Grêmio um time especial. Consegue refinar o passe da mesma maneira que grita com a jugular saltando no pescoço para revelar sua paixão pelo que faz e por quem faz.

Será recompensado por isso. Seremos.