Grabois quer união socialista além da eleição

 

Na última entrevista da série com os candidatos ao Governo do Estado, não havia militantes na porta nem equipe de televisão no corredor. A presença de Igor Grabois, do PCB, mobilizou apenas a sua assessora de comunicação – mais do que isto, uma defensora dos ideais socialistas pregados pelo partido. Foi dela que veio o alerta para o fato de que a entrevista seria transmitida pela internet, portanto “cuidado com a imagem”.

Gola da camisa e blazer arrumados no que era possível, Grabois começa a falar com a tranquilidade de quem dá aula e domina o tema. A união dos partidos socialistas, a atuação dos conselhos populares, o fim das privatizações e o não pagamento da dívida de São Paulo com a União são assuntos que fazem parte do cotidiano dos comunistas brasileiros – sim, eles existem para espanto de alguns ouvintes-internautas que teimam em não entender como seria possível inserir na sociedade o discurso anti-capitalista. E para a surpresa dos institutos de pesquisa que não conseguem registrar um só voto em favor do candidato.

Grabois sabe bem qual o papel do PCB nesta eleição e defende o Poder Popular, a principal plataforma política do partido. Não dá sinais, porém, de esperança de vitória. Seria preciso, como ressaltou na entrevista, uma frente socialista que reunisse não apenas os partidos de esquerda, mas os movimentos sociais, também. Um encontro que não visasse apenas a eleição. Uma utopia quase tão distante quanto a sociedade que deveria surgir após a derrocada do sistema capitalista.

Houve essa tentativa de união na eleição presidencial de 2006 quando o PCB se juntou com o PSOL e o PSTU. Não funcionou: “a candidatura ficou concentrada em uma personalidade”, disse o candidato em referência a Heloísa Helena.

Grabois, assim como a maioria dos candidatos ao Governo de SP, também não se inscreveu no site do Ficha Limpa, no qual se compromete a atualizar as contas da campanha a cada semana, divulgando o nome dos doadores e a forma como o dinheiro é gasto. Nem tanto pelo custo da campanha – R$ 50 mil -, muito mais pela falta de organização: “sei lá o que aconteceu no partido”.

Fora do ar, seguimos a falar de educação, tema que tem sido discutido de forma superficial no debate político. Ele é a favor da progressão continuada, mas não da maneira como foi instituída na rede pública paulista; e se espanta quando ouve candidatos propondo boletim de notas contra todas as recomendações pedagógicas em vigor. Porém, não se assusta ao saber da ideia de um de concorrentes ao cargo de Governador de que para resolver o problema vai colocar dois policiais na porta de cada escola. “Se ouve de tudo”.

Antes de ir embora, a assessora de Grabois, em tom entusiasmado, anuncia: voltaremos aqui com o Poder Popular constituído.

Perguntômetro

Seis perguntas e comentários foram encaminhados diretamente para o candidato Igor Grabois. Todas foram repassadas para a assessoria do PCB, juntamente com questões que haviam sido enviadas para todos os candidatos entrevistados pela CBN.

Igor Grabois, do PCB, fecha série de entrevistas

 

CBN SP painelDesde 1922 quando foi fundado, esta é a primeira vez que o PCB lançou candidato ao Governo do Estado de São Paulo. Igor Grabois, mesmo não pontuando e na maioria das vezes não tendo seu nome lembrado nas pesquisas eleitorais, aproveita os poucos espaços que tem nos meios de comunicação para defender a principal plataforma de governo dos comunistas, o Poder Popular.

Hoje, Grabois estará no CBN SP para fechar a série com os candidatos ao Governo do Estado, que se iniciou há duas semanas. Ele é professor universitário e economista formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

A entrevista será das 10 e meia às 11 da manhã, com transmissão simultânea no rádio e na internet. E você pode participar com perguntas enviadas para milton@cbn.com.br. Todas as mensagens serão repassadas, após a entrevista, para a assessoria dele.

Para saber como foram as entrevistas com os demais candidatos, acesse os links a seguir:

Dia 08.09 – quarta – Paulo Skaf (PSB)
Dia 09.09 – quinta – Celso Russomano (PP)
Dia 10.09 – sexta – Paulo Roberto Bufalo (PSOL)
Dia 13.09 – segunda – Luiz Carlos Prates, Mancha (PSTU)

Dia 14.09 – terça – Aloizio Mercadante (PT)

Dia 15.09 – quarta – Anai Caproni (PCO)
Dia 16.09 – quinta – Geraldo Alckmin (PSDB)

Dia 17.09 – sexta – Fábio Feldmann (PV)

Dia 20.09 – segunda – Igor Grabois (PCB)

Foi cretinismo parlamentar, disse Mazzeo do PCB

 

Antonio Carlos Mazzeo PCB

Com um dos livros de sua autoria em mãos e dedicatória assinada para este jornalista, Antonio Carlos Mazzeo, candidato do PCB ao Senado, chegou ao estúdio para a entrevista ao CBN São Paulo. Em “Vôo de Minerva”, lançado no ano passado, ele apresenta sua versão professor de sociologia e doutor em história econômica refletindo a “crise estrutural do capital”.

Na campanha, não é muito diferente. Como um professor, tenta ensinar ao eleitor o significado da proposta socialista que o partido defende: um modelo econômico voltado ao mercado interno, todos os bancos nas mãos do Estado, reestatização das empresas privadas, fim dos grandes latifúndios, entre outras.

Os resultados obtidos pelo PCB até aqui porém mostram que o mestre parece ter poucos pupilos. Na opinião de Mazzeo isto se deve ao período de resistência que o partido enfrentou há uma década e meia quando houve a cisão do grupo que estava no PCB para a criação do PPS. “Hoje, estamos em uma reconstrução revolucionária”, explicou. A agremiação está representada em todos os Estados e concorre com candidato próprio desde o cargo de deputado estadual até o de presidente.

Preferia ter se unido aos demais partidos de esquerda, caso do PSTU e do PSOL, para construir a frente socialista, porém questões pragmáticas teriam impedido o acordo, justificou. Dentre os motivos do desacerto, especialmente com o PSOL, esteve a divisão no tempo do programa eleitoral no rádio e na TV. “O cretinismo parlamentar falou mais alto do que a ideia de um programa político que seria muito melhor para a sociedade”, criticou.

Ouça a entrevista de Antônio Mazzeo, do PCB, ao CBN SP

Cobrado por ainda não ter se cadastrado no site do Ficha Limpa, Mazzeo repetiu a promessa dos demais candidatos que o fará, em breve. Para ele, porém, apenas cobrar a divulgação do nome dos financiadores da campanha e como o dinheiro está sendo gasto é pouco: “é preciso uma campanha em favor do financiamento público”.

Provocado pela pergunta de ouvintes-internautas, reclamou da cobertura jornalística que escolheu duas candidaturas – Dilma e Serra – e deixou uma terceira de reserva – Marina – eliminando as demais. Para ele, o espaço desequilibrado para os partidos e candidatos sinaliza que não temos uma “democracia verdadeira”.

Diante do professor, fiquei pensando que nota ele daria para a entrevista.

Como reconheceu que o espaço destinado pelo CBN SP a todos os candidatos permitia a apresentação das diferentes propostas, fiquei com a impressão de que zero eu não levei.

Mazzeo, do PCB, é o entrevistado de hoje

 

CBN SPProfessor universitário e livros dedicados ao socialismo, Antonio Carlos Mazzeo volta-se agora a divulgar o discurso e programa de políticas públicas do Partico Comunista Brasileiro como candidato ao Senado por São Paulo. Nas pesquisas aparece com apenas 1% das intenções de voto e no programa eleitoral tem menos de 1 minuto para dizer a que veio. Hoje, terá 15 minutos no CBN São Paulo quando fechará a segunda semana de entrevistas com os candidatos a senador.

Você pode participar da entrevista enviando sua pergunta para milton@cbn.com.br, pelo Twitter (@miltonjung) usando a hastag #cbnsp ou publicando aqui no blog. A entrevista começa às 10h45 e vai até às 11h.

09/08, segunda-feira, Ana Luiza Figueiredo Gomes (PSTU)
10/08, terça-feira, Afonso Teixeira Filho (PCO)
11/08, quarta-feira, Dirceu Travesso (PSTU)
12/08, quinta-feira, Netinho de Paula (PCdoB)
13/08, sexta-feira, Romeu Tuma (PTB) (não compareceu)
16/08, segunda-feira, Moacyr Franco (PSL) (chegou atrasado)
17/08, terça-feira, Alexandre Serpa (PSB)
18/08, quarta-feira, Orestes Quércia (PMDB) (não compareceu)
19/08, quinta-feira, Ciro Moura (PTC)
20/08, sexta-feira, Antonio Carlos Mazzeo (PCB)
23/08, segunda-feira, Antonio Salim Curiati Júnior (PP)
24/08, terça-feira, Ricardo Young (PV)
25/08, quarta-feira, Aloysio Nunes (PSDB)
26/08, quinta-feira, Marcelo Henrique (PSOL)
27/08, sexta-feira, Marta Suplicy (PT)