Texto publicado no Blog Adote São Paulo, da revista Época SP

Há oito anos, pouco depois da eleição municipal fiz enquete com personalidades paulistanas no programa que apresentava na rádio, o CBN São Paulo, com a intenção de saber o que gostariam de pedir ao prefeito que assumiria o cargo em breve, no caso José Serra (PSDB). Fiquei surpreso ao descobrir que para boa parte dos entrevistados calçadas bem cuidadas seriam suficientes para deixá-los mais felizes e satisfeitos com a administração municipal. Justificavam-se os pedidos feitos pelo rádio, afinal é nas calçadas que a cidade vive, somos todos pedestres, por mais que a maioria de nós seja fanática por carro. E como são mau cuidadas as calçadas que estão em nosso caminho. São tantos buracos, desníveis, barreiras e falta de espaço que se transformam em cenário de cerca de 100 mil acidentes por ano.
Nessa quinta-feira, conversei com Marcos de Souza, editor do Mobilize Brasil, site que acaba de concluir relatório sobre as condições nas calçadas do país, a partir de consulta feita em 228 lugares de 39 cidades com jornalistas e voluntários pela internet. A nota média das calçadas brasileiras foi de 3,55 e a capital paulista não foi muito além disso, pouco mais de 3,6. Nos dois casos, bem abaixo do 8, avaliação considerada aceitável para uma calçada. Se olharmos os dados apenas da cidade de São Paulo veremos que as calçadas também espelham a desigualdade que encontramos em outras áreas, pois temos a avenida Paulista com nota que chega a 9,3 e a rua Barão de Itapetininga com 8,75, no topo da lista. E lá embaixo, aparecem as calçadas da avenida Guarapiranga, na zona Sul, que receberam nota zero e as da rua do Oratório, na Mooca, que levaram nota 1.
Em São Paulo, temos 32 mil quilômetros de calçada usadas por cerca de 7,5 milhões de pessoas que fazem mais ou menos 14 milhões de viagens por dia. Por lei cada proprietário é responsável pelo seu espaço diante das casas e prédios, mas a prefeitura tem papel fundamental para a boa qualidade destas calçadas a começar pelo papel fiscalizador. Mais do que isto, porém. Deve dar prioridade ao tema, investindo o dinheiro que está reservado no Orçamento Municipal, calcula-se R$ 26 milhões, nas áreas em que o movimento é maior. Sabe-se que se houver uma força-tarefa em 10% das vias 80% dos problemas de acessibilidade serão resolvidos. Importante para isso mapear os locais onde ocorre a maior parte das viagens e acidentes.
Quem sabe o próximo prefeito não se comprometa com esta ideia!?