Pot-pourri da corrupção

 

Por Carlos Magno Gibrail

Na canção, é comum ordenar músicas com afinidades, para tributos a estilos, compositores ou épocas. Por que não na corrupção? Para cumprimentar autores de textos atuais sobre a corrupção, destacamos:

O que retém a voz da rua” – Notas & Informações Estadão. As manifestações de rua não refletem o desconhecimento da população, mas a melhora sem precedentes no padrão de vida, que não as anestesia, apenas não as incentiva.

“Faz diferença” – Editoriais Folha. Sem novas mobilizações populares, dificilmente medidas para coibir a corrupção encontrarão meios de implantação. Entretanto, a faxina de Dilma se conclusa, o voto aberto no Congresso, a Ficha Limpa e a diminuição dos 25mil cargos nomeados, poderão contribuir no movimento contra a corrupção.

“Abaixo a corrupção” – Eliane Catanhêde. A onda contra a corrupção está crescendo. A Ficha Limpa e sua ampliação ao Executivo e Judiciário, o fim do voto secreto no Congresso, a abrangência do CNJ, começam a tomar corpo.

“Um campo e um tiro” – Carlos Heitor Cony. Nesta batalha contra a corrupção não há rosto, ou tem tantos que dificulta a identificação. Jacó corrompeu Esaú, Judas vendeu o seu mestre, Collor ganhou um Elba. Rostos em todos os casos. Até num caso às avessas. Getúlio quando soube que um de seus filhos comprara um campo no Rio Grande do Sul com Gregório, seu guarda-costas corrupto e mandante de assassinato, perguntou-lhe se era verdade. Ao ter a confirmação, deu um tiro no peito.

“A ‘primavera’ brasileira não chega” – Fernando Rodrigues. O copo meio cheio ou meio vazio é propício à análise das recentes manifestações públicas contra a corrupção. Seu raquitismo não desmerece o movimento. A realidade é que ainda não temos um caldo de cultura já pronto e desaguando em grandes protestos contra a roubalheira do dinheiro público.

“A corrupção é hoje fato normal no Brasil” – CBN Arnaldo Jabor. A dificuldade é que tudo está corrompido. Os comentaristas se esgoelam em vão, e os canalhas não tiram as mãos das cumbucas. Será que um dia teremos uma “primavera” brasileira?

“Presidente: sonhar e não ceder” – Miguel Srougi. Presidente, a senhora adotou algumas medidas corretivas diante da corrupção, tragédia que nos assola, mas isso foi só um começo, talvez pouco. Como médico luto contra o câncer de próstata que ameaça 140 mil homens, mas escrevo para falar de outra doença que ameaça toda a sociedade brasileira.

E, assim por diante. Não há espaço para todas as manifestações. Felizmente.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

A foto deste post é do álbum digital de Saulo Cruz, no Flickr