De pegadinha milionária

 

Olá,

 

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hoje é sábado, e faltam poucas horas para eu enviar meu texto para o Mílton postar aqui no blog.

 

Poderia começar dizendo que é difícil encontrar assunto e escrever semanalmente sem cansar o leitor com meu estilo, mas eu gosto tanto de escrever, de falar e de pensar, que não sei o que seria se mim, se não pudesse rabiscar meus sentimentos nesta página imaterial onde tenho escrito há tanto tempo.

 

Essa manhã, fui dar aulas num bairro bem distante do meu, e resolvi ir de carro. Tenho usado muito transporte público, mas tem vezes que me ofereço uma dirigida pela cidade. E essa “dirigida” saiu cara!

 

Logo depois que o prefeito atual desta cidade resolveu mexer na velocidade permitida nas ruas, por tudo o que é canto, e pintar e bordar, literalmente, sem um projeto de quem realmente sabe o que está fazendo – para isso vamos às Universidades e quebramos o pescoço de tanto estudar – e sem discussões públicas, coisas que eu imagino devam ser feitas quando se mexe no cotidiano e no hábito dos habitantes que pagamos o seu salário, diga-se de passagem. Tem placas de 30 até 70 Km/hora ziguezagueando por vias, ou pela mesmíssima via, e eu nem saberia descrever o caos que é dirigir hoje nesta cidade engessada. Virou a esquina? O radar te pegou, porque o limite de velocidade mudou! Há!

 

… mas nas duas primeiras vezes que usei o carro, logo depois da doideira instalada em cada via, a cada velocidade diferente – deve ser a diversidade que agora está na crista da onda – já levei duas multas.

 

Moro na Vila Andrade, e para chegar ao meu Hortifruti favorito, preciso pegar a Guilherme Dumont Villares. Desde que eu me mudei para este bairro, o limite de velocidade para veículos nessa avenida, assim como em tantas outras vias da mesma importância, era de sessenta quilômetros por hora.

 

Saí de casa toda faceira, com minhas sacolas floridas, e lá fui eu. Não ultrapassei os sessenta por hora, cuidadosa. Fui ao Hortifruti, passei momentos deliciosos comprando minhas frutas, legumes, boa carne e outras gostosuras que não dá para ficar sem, e na volta, na mesmíssima via pela qual tinha ido, voltei.

 

Pá! Na minha cara, no primeiro quarteirão, uma placa de limite de velocidade de 50 Km. Não! logo a seguir dois enormes radares gulosos, escandalosos e vergonhosos, miram e fotografam teu carro e a placa dele. E você recebe, logo a seguir, um aviso em casa, te informando de que foi pega pelo radar. Trouxa!.

 

Quer dizer que quem vai paga para ir e voltar? Nem uma plaquinha pequeninha para avisar quem vai, que a velocidade mudou? Num percurso de não mais de seis quilômetros a gente tem que ser assaltada assim, a vias armadas?

 

Valha-me Deus!

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Escreve no Blog do Mílton Jung

A velocidade supersônica do tempo

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Parece mentira, mas já chegamos, nesta quinta-feira, ao vigésimo-quarto dia de janeiro. Estivesse eu com 18 anos, idade na qual, para um certo desgosto paterno, iniciei minha carreira no rádio, não estaria preocupado com o que me parece ser, para não exagerar, a velocidade supersônica do tempo. Janeiro de 2013 está mais perto de fevereiro do que eu gostaria. Lembro-me, ao citar este tipo de velocidade, que alguns motoristas aqui do sul, segundo levantamento do jornal gaúcho Zero Hora, estão tentando rivalizar com o tempo em matéria de correria. Não é que, na manhã do último sábado, um desses destemperados foi flagrado voando a 167 quilômetros por hora na Estrada do Mar, a RS-389.

 

Explico, para quem não conhece essa rodovia, que ela liga Torres, cidade balneária situada na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, a Osório. Trata-se de uma estrada utilizada principalmente nos meses de verão. Possui 90 quilômetros de extensão e dá acesso as praias do litoral norte do estado. É controlada por 12 pardais que multam os motoristas que ultrapassam a velocidade máxima permitida na via, isto é, 80 km/h. Os controladores, porém, não impedem que muitos excedam esse limites. Por força disso, o número de acidente, muitos deles fatais, não sei se crescem a cada verão, mas, no mínimo, não diminuem. Apesar dos pesares, os velocistas se queixam de que os controladores de velocidade – um a cada 7,5 km – são demasiados.

 

Demasiados? Não, são é suficientes para desaconselhar os maluquinhos a romperem o limite. Ah, sim, os danados acham que esse limite de velocidade deve ser mais amplo. Na free-way passou para 110km/h, o que, para mim, é um exagero. No que diz respeito à Estrada do Mar, para que os meus leitores de outros estados percebam que não existe demasia no número de pardais, lembro mais dois que foram flagrados pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar, no último fim de semana, além do que citei no início deste texto: os pilotos (?) de um Fiat Strada que trafegava a 145km/h, e o de um Gol, conduzido a 130km/h. Os três dirigiam no sentido Norte-Sul. Já no sentido contrário, 150 motoristas (não sei se devo os chamar de motoristas) foram detectados pelo radar fotográfico dirigindo acima do limite de 80 km/h.

 

Trato de assuntos de trânsito, neste blog, com alguma insistência. Em geral, encerro os textos lembrando que os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos para que se transformem em bons motoristas. O que as crianças aprendem deles necessita, porém, de um grande reforço na escola. Todos os colégios que se prezam têm de manter aulas sobre a matéria trânsito, tão importantes quanto as de matemática, português etc. Afinal, se essas preparam os alunos para as suas futuras profissões, as de trânsito, aprontam-nos para viver socialmente no tráfego.

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Menos armas na mão e na direção

 

Por Milton Ferretti Jung

Li ,nas últimas semanas,  duas notícias que me chamaram especial atenção, ambas tratando de assuntos rio-grandenses. Que me desculpem os leitores de outros estados se pareço puxar brasa para o meu assado. Creio que os assuntos, embora tratem de questões locais, possam interessar, de alguma forma ,a quem me acompanhar. A primeira dessas notícias dá conta de que o Rio Grande do Sul lidera a adesão à Campanha Nacional do Desarmamento. Os números são alvissareiros. Garantem que um de cada 4 mil gaúchos entregou armas entre os meses de maio e setembro. Os paulistas, por exemplo, tiveram contribuição menor: um por 7,7 mil. Para o estado, que era um dos mais apegados às armas no país, é uma melhora considerável, com certeza. É claro que algumas alterações no Estatuto do Desarmamento, favoreceram a mudança de atitude do povo gaúcho. Os pontos de coleta aumentaram, não é mais necessário que a arma tenha registro ou número de identificação, o proprietário pode permanecer no anonimato e quem se dispõe a ficar desarmado recebe, ainda por cima, entre R$100 e R$300 por arma recolhida. Assalta-me, porém, uma dúvida crucial. As pessoas de bem (ou do bem, como se diz hoje em dia) concordam como desarmamento. As do mal, principalemnte aquelas que lidam com drogas, bem pelo contrário, enriquecem os seus arsenais com armamento pesado. Terão as autoridades, ditas competentes, capacidade para impedir que os bandidos se reforcem com armas dos mais diversos e poderosos calibres? Esta dúvida, evidentemente, já foi exposta por muita gente boa…e preocupada.

E chego à segunda boa notícia, esta bem mais recente, porque publicada nessa  terça-feira, mas  sem chamada na capa do jornal que a divulgou, embora merecesse. A Polícia Rodoviária Federal, diante do crescimento dos acidentes na estradas e vias urbanas gaúchas, principalmente nos malditos feriados prolongados, apelidados bestamente de “feriadões”, começou a se valer da tecnologia para aumentar a vigilância sobre os motoristas. A BR-116, com trânsito pesado nos 36 quilômetros que separam Porto Alegre de Novo Hamburgo, passou a ter vigilância total por meio de 24 câmeras e quatro viaturas  equipadas com geradores de imagens. Trata-se da Central de Controle Operacional (CCO), colocada na confluência das BRs 290 e 116. Não preciso dizer que, com este equipamento de alta qualidade técnica, não haverá pontos cegos no trajeto. Os maus motoristas, abundantes no Rio Grande do Sul, que se preparem. O trecho fiscalizado custou R$2 milhões de reais. Por enquanto, portanto, é pequeno. Que a PF faça dele, porém, bom proveito. Talvez, graças ao CCO, o número de acidentes, muitos fatais, se torne consideravelmente menor.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele).