Mundo Corporativo: Saville Alves, da Solos, mostra como estratégias de ESG e economia circular podem avançar com base na tecnologia

“O que a gente não pode perder de vista é que catador, cooperativa, não fica rico com catação. A gente precisa mudar essas relações de trabalho para que a gente possa ter empreendimentos escaláveis, e que coloquem o Brasil numa ponta de índices de reciclagem”

Saville Alves, Solos

Um dos maiores desafios quando o tema é economia circular é a conscientização do cidadão sobre o descarte correto de resíduos recicláveis. No Brasil, a taxa de reciclagem é muito baixa, cerca de 3%; e 90% do material reciclado é coletado pelos catadores, muitas vezes em condições precárias. Saville Alves, CEO da Solos, identificou esse problema e contou ao Mundo Corporativo como a criação da startup gerou oportunidade para o desenvolvimento de soluções nessa área. Ela é a primeira entrevistada de mais uma série especial sobre ESG — que trata da governança ambiental, social e corporativa.

A Solos é uma startup que trabalha com o descarte correto de resíduos recicláveis e economia circular. Além de conscientizar os cidadãos sobre a importância do descarte correto, a Solos percebeu a necessidade de criar um sistema de inclusão socioeconômica para os catadores e estabelecer parcerias com grandes indústrias recicladoras. Essa abordagem visa costurar todas as pontas da cadeia de reciclagem, desde o cidadão que faz o descarte até o reciclador que transforma o material em novos produtos, utilizando matéria-prima reciclável em vez de matéria-prima virgem.

“O nosso negócio é um negócio B2B, ou seja, ele é uma empresa que vende uma solução para outras empresas, mas a gente parte sempre da premissa da geração do impacto. Seja ela através do aumento de volume de resíduos reciclados, da geração de renda para as populações historicamente excluídas dentro desse processo, e, também, pelo número de pessoas que a gente vai alcançando e vai convertendo para participar das nossas ações”. 

A Solos atua em três frentes principais:

  • a primeira é por meio de experiências e conteúdos sustentáveis, que buscam sensibilizar e engajar o público de forma leve e lúdica.
  • A segunda frente é a gestão de resíduos em grandes eventos, oferecendo consultoria e operação logística para aumentar a quantidade de resíduos destinados à reciclagem.
  • A terceira frente é a implementação de operações de logística reversa e micrologística, garantindo o acesso ordenado e estruturado à coleta seletiva em diferentes regiões do país.

Saville Alves Alves  é uma empreendedora que teve sua trajetória marcada por vivências significativas. Ela estudou comunicação na Universidade Federal da Bahia, onde teve contato com um ambiente de pensamento crítico e começou a questionar os paradigmas sociais. Sua participação em movimentos como o Movimento Empresa Júnior e organizações internacionais, como o TETO, despertaram o desejo de fundar um negócio de impacto. A Solos foi então concebida como resultado desse processo de amadurecimento pessoal e profissional.

O Papel da Tecnologia na Reciclagem

No contexto da reciclagem, a tecnologia desempenha um papel fundamental. O Brasil tem a oportunidade de usar algoritmos e sistemas de rastreamento para trazer mais transparência e informações para a população. O lastreamento da cadeia de reciclagem, identificando a origem e o destino dos materiais, pode ser realizado por meio da tecnologia. Além disso, a automação das estações de triagem e beneficiamento contribui para aumentar a eficiência e diminuir as taxas de erro no processo.

De acordo com Saville, a Solos está explorando formas de digitalizar o processo de conscientização da população, especialmente das crianças e adolescentes, para criar um hábito sustentável desde cedo. A empresa acredita que, ao mudar os hábitos das novas gerações, teremos adultos conscientes e engajados na reciclagem. A tecnologia também desempenhará um papel importante nesse processo, permitindo a conexão de informações e a automação de diversas etapas do ciclo de reciclagem.

Dicas para Empresas interessadas na Economia Circular

Para empresas que desejam adotar práticas de economia circular, é importante começar de maneira verdadeira e identificar o que é mais sensível para o negócio. Cada empresa tem suas peculiaridades, e é essencial escolher causas alinhadas aos seus valores e setor de atuação. Inicialmente, focar em questões como resíduos, inclusão socioeconômica ou qualquer outra área relevante pode ser um bom começo. É fundamental buscar parcerias e redes confiáveis, participar de programas de aceleração e capacitação, e aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização para expandir o impacto positivo.

Saiba outras formas de colaborar e investir em economia ciruclar, assistindo à entrevista completa com Saville Alves, CEO da Solos, no Mundo Corporativo, especial ESG:

O Mundo Corporativo tem as participações de Priscilla Gubiotti, Rafael Furugen, Renato Barcellos e Letícia Valente.

Mundo Corporativo: Raquel Scherer, da Melissa, fala do desafio de ser sustentável em uma fábrica de calçados de plástico

“A experiência sempre está em primeiro lugar. É isso que faz um cliente voltar. É isso que faz um cliente se encantar”. 

Raquel Scherer, Melissa

O encantamento que os calçados de plástico da Melissa provoca nas consumidoras é reconhecido internacionalmente e foi construído ao longo de quatro décadas. Os desafios, porém, não se encerraram na conquista de um público fiel que vê na marca um estilo de vida e é mais do que consumidor, é um embaixador. Precisamos lembrar que a sociedade é dinâmica e temas que no passado não estavam no foco das pessoas, tornaram-se essenciais. A sustentabilidade é um deles —- uma pauta que influencia decisões de compra e poderia ser uma barreira para quem tem o plástico como matéria prima. 

Na entrevista com Raquel Scherer, gerente geral da Melissa, no Mundo Corporativo da CBN, feita às vésperas do início da COP-27, no Egito, falamos de como a fabricante de calçados da Grendene se adaptou às novas exigências. Ela explicou que a jornada de sustentabilidade do grupo se iniciou há cerca de 15 anos com uma série de ações, muitas das quais passaram a ser informada para o público em geral, efetivamente, em 2019: 

“A Grendene sempre foi uma empresa que se preocupou muito em ser para depois parecer. Desde 2019, mais concretamente, a Melissa tem falado muito sobre o tema de sustentabilidade para o consumidor final. E a gente tem alguns pilares que regem nossa caminhada na sustentabilidade. O primeiro deles é a logística reversa”.

Raquel contou que todos os ‘Clubes Melissa’ — como a fabricante chama suas lojas — são pontos de recolhimento de produtos onde os consumidores podem entregar seus calçados. Existem dois caminhos para esse material recebido nos cerca de 350 coletores disponíveis: voltar para a fábrica para compor um novo calçado ou ser entregue a recicladores homologados. 

Pesquisar e usar fontes renováveis como material são alternativas consideradas pelo fabricante. Segundo Raquel, a Melissa tem investido no uso de plástico de matéria-prima vegetal e um exemplo é o lançamento da linha ‘Possession’, ícone da marca, que chega ao mercado a base de PVC oriundo da cana-de-açúcar. O modelo Sun, de 2021, por sua vez, usa até 20% de material de origem vegetal, como a casca de arroz. Considerando a capacidade de produção da Grendene  — e da Melissa, especificamente — esses movimentos precisarão ser alavancados nos próximos anos para que a marca não sofra os impactos da forte pressão que já existe por parte do consumidor e de diversas instituições que atuam em defesa do meio ambiente.

A imposição para que a marca atenda o tripé ESG —da gestão ambiental, social e de governança — aumenta a medida que a Melissa se internacionaliza. Ao chegar nos mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia, a fabricante de calçados se viu obrigada a acelerar seus planos na área de sustentabilidade. Apesar disso, Raquel entende que esse movimento ocorreu de forma natural, porque a empresa já vinha se preparando para atender essas demandas. 

A gerente geral da Melissa destacou, ainda, as ações relacionadas à diversidade  e à inclusão que, segundo ela, são um diferencial competitivo pois trazem diferentes visões de mundo para dentro da empresa e proporcionam iniciativas mais criativas. Apesar de não haver metas estabelecidas para contemplar gênero, raça e faixa etária, Raquel diz que é muito claro aos gestores, no momento da contratação, que é preciso pensar em times diversos.

Uma das maneiras de proporcionar o desenvolvimento de seus profissionais é a participação deles na “Universidade Grendene” que oferece uma plataforma de cursos, desde treinamentos específicos para cada área até a formação de novos líderes. Raquel ressalta que, neste momento, a empresa está incorporando a gestão das franquias, até então responsabilidade de um parceiro externo, o que a levará a ampliar sua equipe até fevereiro do ano que vem. Interessados, podem procurar as vagas no Linkedin da Grendene.

Assista à entrevista completa com Raquel Scherer, gerente geral da Melissa, que fala, também, de como a fabricante de calçados conseguiu criar uma legião de fãs e transformar suas lojas em ponto de convivência dos consumidores:

O Mundo Corporativo tem a colaboração de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Priscilla Gubiotti e Rafael Furugen.

Adote um Vereador: o que vereadores propõem sobre coleta seletiva em SP

 

Da equipe do Adote um Vereador

 

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São 55 vereadores na cidade de São Paulo que representam os moradores da Capital e têm a função de propor leis, discutir projetos, provocar debates, fiscalizar o Executivo e atender as demandas do cidadão. Têm, também, gabinetes mantidos por dinheiro público — ou seja, o nosso dinheiro. Por isso, é de se imaginar que as equipes que atuam no gabinete estejam preparadas para responder às questões e demandas apresentadas pelo cidadão, seja presencialmente seja pelos canais de comunicação disponíveis.

 

Diante disso, o Adote um Vereador decidiu encaminhar a cada um dos vereadores, nominalmente, a mesma pergunta, por e-mail, no dia 11 de março, usando como base os endereços eletrônicos informados no site da Câmara Municipal:

 

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Além de entender a preocupação de vereadoras e vereadores em relação a coleta seletiva, estávamos curiosos para ver à disposição dos parlamentares em responder o cidadão.

 

Dos 55 apenas SETE registraram o recebimento de e-mail, duas semanas depois:

Aurélio Nomura (PSDB), Caio Miranda (PSB), Donato (PT), Eduardo Suplicy (PT), Janaína Lima (Novo), Isac Felix (PR) e Soninha Francine (PPS)

Dos sete, Isac Felix (PR), através de sua assessoria, foi o primeiro a se manifestar, no dia 12 de março. Escreveu que “gostaríamos de um contato para poder desenvolver melhor a ideia”. Enviamos outro e-mail informando que queríamos apenas uma resposta por escrito sobre o tema. E nada mais nos foi dito.

 

O gabinete de Eduardo Suplicy (PT) escreveu, no dia 20 de março, que “o questionamento enviado é bastante pertinente, e uma resposta completa sobre o tema será encaminhada por nossa assessoria nesta semana”. Estamos aguardando.

 

Soninha Francine (PPS), através de sua assessoria, informou que soube da pergunta feita pelo Adote um Vereador pelo Jornal da CBN, da rádio CBN. E depois identificou que o e-mail que havia sido enviado estava na caixa de spam: “estamos preparando a resposta com todas as ações e o esforço que nosso mandato tem feito no sentido de conscientizar e solucionar (envolvendo poder público, privado e sociedade civil), a questão da destinação correta de resíduos na nossa cidade”.

 

Aurélio Nomura (PSDB), Caio Miranda (PSB), Donato (PT) e Janaína Lima (Novo) foram os que registraram o que pensam, as propostas apresentadas ou as discussões promovidas.

 

O vereador Aurélio Nomura (PSDB) contextualizou o tema da reciclagem no mundo e destacou que diante da dimensão de São Paulo o problema se potencializa. Por isso, defende o uso dos Ecopontos — são 102 na Capital —- que “suprem a deficiência dos caminhões de coleta seletiva”. Informou que é coautor do projeto que proíbe o fornecimento de canudos plásticos nos estabelecimentos comerciais da cidade: o PL 99/2018, que está em tramitação na Câmara. E destacou que está envolvido na luta contra a instalação da Estação de Transbordo de Resíduos Sólidos de Vila Jaguara — que chama de lixão — e a retirada de outros existentes na cidade:

 

“…é um tipo de construção que degrada o ambiente, prejudica a qualidade de vida no entorno e traz riscos à saúde. Seria preciso, sim, investir em usinas de incineração, pois além de favorecer o meio ambiente, trazem a vantagem de produzir energia elétrica limpa”.

 

O vereador Caio Miranda (PSB), que diz incentivar o cidadão a usar os Ecopontos, informa que apresentou projeto que dispõe sobre a logística reversa de lâmpadas fluorescentes (PL 474/2017)  e de eletroeletrônicos (PL 368/2017)  —- pelo que se percebe, nenhum deles ainda aprovado. Na mensagem enviada ao Adote um Vereador, falou, também, da necessidade de o vereador fiscalizar o Executivo:

 

“… como a coleta de lixo é realizada por empresas selecionadas através de processo licitatório, o melhor a se fazer para ajudar nela, enquanto membro do legislativo, é fiscalizar os procedimentos contratuais e se a execução está nos conformes, sempre cobrando para que as empresas que atendem aqui na capital cumpram integralmente com o que foi licitado”.

 

O vereador Antonio Donato (PT) também fala em fiscalização do trabalho da prefeitura e entende que a coleta seletiva é limitada, assim como o paulistano precisa estar mais bem preparado para lidar com a questão:

 

“Como membro da Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de São Paulo, vou requerer junto à Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) informações detalhadas sobre quais bairros são atendidos pelo serviço porta-a-porta da coletiva seletiva, e, ainda, onde as concessionárias (Loga e Ecourbis) estão investindo em educação ambiental para orientar a população sobre separação e recolhimento de material reciclável, conforme estipula o contrato celebrado com o município. A partir daí poderemos estudar outras providências para melhorar este serviço”.

 

A vereadora Janaína Lima (Novo) diz que, além de acompanhar todas as discussões sobre o tema na Câmara, aborda questões relacionadas a educação ambiental, a expansão de espaços verdes no meio urbano e a outros assuntos correlatos em projeto que defende a desburocratização dos serviços de zeladoria. O PL 30/2018  permite o pagamento desses serviços pelos próprios munícipes e autoriza a prefeitura a criar um canal de plataforma on-line de financiamento coletivo —- tendo como referência proposta em vigor na cidade de Nova York.

 

“Muitas vezes a própria sociedade civil em parceria com o setor privado está disposta a arcar com os custos desses serviços e, ainda, melhorar o espaço comum com a instalação de novos e melhores mobiliários urbanos”.

 

Seguiremos à espera da posição dos demais vereadores.

 

À medida que outras respostas forem enviadas para nosso e-mail, publicaremos neste site para que você tenha ideia de como os vereadores de São Paulo atuam diante do tema da coleta seletiva.

Adote um Vereador: prefeitura quer usar celulares de moradores para aumentar reciclagem em São Paulo

 

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Com o interesse do Adote um Vereador no tema da reciclagem de resíduos na cidade de São Paulo, pesquisei um pouco mais e encontrei algumas reportagens publicadas em fevereiro que podem ser um estímulo a quem defende a ideia de reduzirmos a quantidade de lixo que depositamos nos aterros sanitários.

 

Destaco o texto que está no Blog Avenidas, do jornalista Rafael Balago, na Folha de São Paulo, que fala do interesse da prefeitura em enviar mensagens em massa e anúncios segmentados, em redes sociais, para estimular os paulistanos a separar o material para reciclagem.

 

Leia o que disse Edson Tomaz Filho, presidente da Amlurb — Autoridade Municipal de Limpeza Urbana —- ao jornalista:

“Coloco os PEVs [Postos de Entrega de Recicláveis] e aí começamos a mandar mensagem para quem está no entorno. Hoje, pelas redes sociais, você consegue selecionar bairro, consegue selecionar tudo, é impressionante. Não é caro e eu atinjo diretamente aquela população”

Mais importante do que a ideia lançada é a ideia de permanência da campanha —- já que costumamos ter iniciativas apenas pontuais que não se sustentam ao longo do tempo.

 

Por isso, registro, esperançoso mas sem ilusão, mais esta afirmação do dirigente:

“Antes fazíamos ações pontuais. A ideia agora é fazer uma ação permanente para informar e estimular as pessoas a participar”.

A proposta é que o paulistano tenha mais informação sobre a reciclagem, desde o horário em que o caminhão da coleta de recicláveis passa na sua rua (se é que passa) até o que pode realmente ser reciclado.

 

Leia o post completo do Rafael Balago que mantém blog com proposta que merece nosso olhar: “ideias para melhora a vida nas cidades”

Por um banco de reciclagem na sua cidade

 

Por Devanir Amâncio
ONG EducaSP
Transporte reciclável

Quem são os candidatos à Prefeitura de São Paulo realmente comprometidos com a geração de renda que vem da reciclagem? […]

A reciclagem foi e ainda é vista por alguns setores da sociedade, como atividade – ganha pão – dos miseráveis.Talvez a visão curta de nossos gestores sobre sustentabilidade e desenvolvimento econômico explicaria a falta de uma política de reciclagem na cidade de São Paulo. Quem são os candidatos à Prefeitura de São Paulo realmente comprometidos com a geração de renda que vem da reciclagem ? , e não dos discursos, com frases de efeito sobre o tema ,elaborados por marqueteiros.

Banco de reciclagem

Se a reciclagem dá tão certo para milhares de pessoas , resultando numa importante movimentação financeira para São Paulo e o País, por que não adotá-la como política de prioridade?

Um prefeito ousado e comprometido com o meio ambiente e vida das pessoas criaria o Banco da Reciclagem na cidade de São Paulo […].

Jardins ganhará coleta de lixo em contêiner

 

Lixo na porta do prédio

A cidade não terá os resíduos e material reciclável sugados por encanamento, como o sistema que funciona em cidades americanas e europeias, mostrado neste blog, semana passada. Pelo menos, não por enquanto. Mas um grupo de moradores passará por uma experiência que pode mudar a forma como encaramos a produção, coleta e sepração de lixo (ou o que teimamos chamar assim). Em no máximo três meses, prédios e casas da região dos Jardins receberão contêineres de plástico que serão usados para o depósito do lixo domiciliar, dentro de um projeto piloto a ser realizado pela Loga, uma das duas concessionárias que atuam em São Paulo.

Os resíduos sólidos serão depositados nestas “latas de plástico” que devem ter capacidade de até 1,2m³ em lugar dos malfadados sacos que se amontoam nas calçadas e costumam ser apontados como responsáveis pelo entupimento de bueiros e bocas de lobo, no período de chuva. Os contêineres ficarão sob responsabilidade dos moradores que receberão dois por unidade habitacional: um para resíduos secos e outro para orgânicos. Em alguns locais em que houver maior densidade populacional e espaço serão usados compactadores estacionários de 20m³. Caminhões da Loga retirarão o material através de sistema mecanizado.


Leia a informação completa no Blog Adote São Paulo, da Época SP

São Paulo tira saco plástico e segue tendência mundial

 

Lixo no Jardim Independência

Texto publicado, originalmente, no site Adote São Paulo, da revista Época São Paulo

Faz algum tempo as sacolas plásticas praticamente sumiram da parte de baixo da pia da minha cozinha. Era lá que as mantinha depois de trazer as compras do supermercado. Serviam para cobrir as lixeiras menores nos banheiros e no escritório e depois eram descartadas dentro de outro saco maior que seria depositado na calçada a espera da coleta.

Meu hábito começou a mudar há cerca de oito anos. Deixei de usá-las no mercado, onde antes de fazer a escolha do que vou comprar busco as caixas de papelão que costumam estar depositadas em algum canto qualquer. Quando não as encontro, peço a algum funcionário.

No carro, tem sempre uma ou duas sacolas retornáveis, pelas quais devo ter pago cerca de R$ 3,00 cada uma. Costumam ser suficientes para as passagens rápidas na padaria e armazéns (ainda existe armazém, em São Paulo ?).

Mesmo com todos estes cuidados, às vezes sou surpreendido saindo de uma das lojas com sacolas de plástico nas mãos. É quase impossível ficar livre delas, assim como da enorme quantidade de embalagens que nos é entregue quando compramos uma roupa, um eletrodoméstico, um objeto por menor que seja. Sempre tem um papel a ser retirado, um plástico cobrindo e placas de isopor protegendo, dependendo do produto.

O que vai para dentro da minha casa, sai em menos de uma semana para contêineres de reciclagem no pátio de um supermercado próximo. Mantenho duas latas de lixo grandes, uma para o material reciclável e a outra para o lixo comum. A primeira sempre enche bem antes do que a segunda.

Passei a cuidar melhor desta questão por vergonha. Meu irmão mais novo, o Christian, havia chegado de Porto Alegre, e me perguntou em tom de puxão de orelha: “Você não tem um lugar para o lixo seco?” – tema comum para quem vivia na capital gaúcha. Sem dar o braço a torcer, puxei a primeira caixa que vi e disse que ele podia jogar tudo ali dentro. Anos depois, com a taxa do lixo pesando no bolso, este processo apenas se acelerou.

A cidade de São Paulo agora tem uma lei que proíbe a venda e distribuição de sacos plásticos no comércio. Foi sancionada e publicada, nesta quinta-feira, pelo prefeito Gilberto Kassab, após discussão e briga na Câmara Municipal. Briga mesmo, pois vereadores se agrediram verbalmente e não fosse o “deixa disso” teriam partido para o tapa, no plenário.

A retirada das sacolas plásticas dos supermercados e comércio começa em 1º de janeiro de 2012. A adaptação com incentivo para o consumidor mudar esta prática se inicia agora. Mesmo assim, ainda tenho dúvidas se a lei vai vigorar por muito tempo, pois a indústria do plástico questionará a constitucionalidade da regra, assim como faz em Belo Horizonte.

Tem muito paulistano que também questiona o efeito da lei. Reclama que esta foi criada apenas para beneficiar os supermercados transferindo o custo das sacolas para o consumidor. Entende que será obrigado a usar os saquinhos pois não haveria onde acondicionar o lixo. E que terá dificuldade para levar as compras, principalmente quando não estiver de carro.

Mudar comportamento é mesmo complicado. Bateu-se pé quando a cidade impôs o rodízio de carros e, atualmente, ninguém tem dúvida que sem ele a cidade estaria inviabilizada. Houve protestos quando fomos obrigados a usar cinto de segurança no automóvel e sabemos que a medida impediu a morte de milhares de pessoas. Não seria diferente na questão das sacolas plásticas.

Os fabricantes muito bem organizados e tendo como principal porta-voz a Plastivida – Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos alegam que não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. O presidente da instituição Miguel Bahiense me disse, com base em estudo britânico sobre o impacto ambiental de diversos tipos de sacolas, que o plástico tem o melhor desempenho ambiental em oito das nove categorias avaliadas. Em entrevista comentou, ainda, que as sacolinhas plásticas têm a menor geração de CO2 em seu processo produtivo e consomem menor quantidade de matéria-prima diante das demais opções.

Gritam, porém, contra uma tendência mundial. A Itália já proibiu. Estados americanos aumentam o cerco. E a Comunidade Europeia lançou consulta pública para decidir o melhor caminho para reduzir o uso de sacolas plásticas. No Brasil, Rio e Belo Horizonte também criaram restrições, além de algumas cidades pelo interior.

Para Fábio Feldman, fundador da SOS Mata Atlântica, a decisão de São Paulo é emblemática e influenciará a forma de se produzir lixo nas cidades brasileiras. “Sinaliza a necessidade de gerar um conjunto de medidas e chama a responsabilidade do setor empresarial, o que levará fabricantes, importadores, comerciantes, além do próprio consumidor, a produzir menor lixo”.

Na conversa que tivemos, Feldman chamou atenção para o fato de que o plástico não é o único problema na questão ambiental. Tem toda razão. É preciso mudar o nosso comportamento em relação a produção de lixo – tema que tem se tornado uma constantes neste blog.

Ainda jogamos bituca de cigarro no chão, acumulamos entulho sobre a calçada, não nos dignamos a separar o material reciclável, sequer pensamos na forma com que consumimos, nem nas embalagens que usamos. Assim como a prefeitura – que adora criar uma lei para os outros – segue lenta na implantação da coleta seletiva.

Dúvidas e polêmicas à parte, comece agora a repensar seus hábitos, inclua na próxima compra algumas sacolas recicláveis, cobre do supermercado a disposição de caixas de papelão, peça para retirar as embalagens em excesso e não esqueça de enviar um e-mail para o prefeito, subprefeitos, secretários municipais e vereadores reclamando medidas mais práticas e urgentes para melhorar a gestão do lixo na cidade.

Melhor isso do que continuar passando vergonha quando receber visita em casa.

Como o lixo do condomínio recicla gente

 

Reciclando

Estou de volta ao lixo, assim como faz um sem-número de famílias pobres da cidade mais rica do país. Levo vantagem, porém, sobre todas elas. Volto por escolha e por retórica, enquanto essas são obrigadas a enfrentar a situação vexatória por sobrevivência.

Há duas semanas, escrevi sobre os lixões residenciais que se formam diante dos condomínios mais luxuosos da capital. Criados por gente que não se dá o trabalho de separar lixo seco do úmido nem se envergonha de ver pais e filhos esfarrapados sentados na calçada vasculhando os sacos depositados cheios da sujeira produzida por eles. De sujeira e de dinheiro, também.

Em cada um desses sacos plásticos, geralmente pretos, é possível encontrar lata de alumínio, garrafa PET, potes de vidro ou quantidade considerável de papel que não tenham sido contaminadas pelos restos de comida. Resíduos que levados à reciclagem se transformam em renda mínima capaz de sustentar famílias carentes.

A boa notícia é que há paulistanos convictos de que é possível mudar este cenário.

Há dez anos, Célia Marcondes e um grupo de vizinhos decidiram organizar a coleta seletiva nos bairros de Cerqueira César e Jardins. Convenceram donos de apartamentos a separar lata, garras, PETS, papel e plástico e colocar tudo em sacos de cores diferentes dos usados para o lixo. Conseguiram os caminhões que, desde então, recolhem este material que está armazenado em conteineres e fazem a entrega na sede Cooper Viva Bem, responsável pela triagem, separação e limpeza. Atualmente, 400 prédios integram esta rede.

“A gente pode resolver dois problemas de uma só vez: ambiental e social. Esse povo que vem rasgar saco na porta dos prédios, vem porque falta alternativa de vida. É o alimento que ele precisa para o dia-a-dia. Não podemos condenar este pobre coitado que vive de catar restos dos outros. Na cooperativa, ele tem dignidade e renda”- explica Célia.

Hoje, a Cooper Viva Bem tem cerca de 100 famílias reciclando em torno de 100 toneladas de resíduos por mês, suficientes para gerar a cada uma algo como R$ 800,00. Se a prefeitura ampliasse a área de coleta e aumentasse a quantidade de centrais de triagem, o número de pessoas beneficiadas seria bem maior na cidade de São Paulo.

Por enquanto, temos apenas 21 centrais que recebem o material coletado pelos caminhões das duas concessionárias contratadas da prefeitura, Loga e Ecourbis. Eles ainda não circulam em todos os 96 distritos da capital nem mesmo em todas ruas e avenidas dos 76 distritos que são atendidos pelo serviço. Mesmo assim, muitas vezes têm de deixar de coletar ou misturam no lixo comum o material reciclado por falta de espaço nos pátios das cooperativas.

De acordo com os dados oficiais da prefeitura, das 10 mil toneladas de “lixo” produzidas pelos paulistanos, todos os dias, cerca de 2 mil toneladas poderiam ser reaproveitadas. Deste total, cerca de 7% são coletados de forma correta. O resto desperdiçamos.

Em tempo: ambientalistas dizem que dos resíduos sólidos produzidos na cidade, no máximo 1,5% vai para as centrais de triagem.

Valdecir Papazissis, homem da prefeitura que tem o desafio de organizar a coleta seletiva na cidade, considera “lamentável a situação dessas famílias que vão para frente dos condomínios procurar material reciclável”. Ele mora em casa, faz a separação e entrega em um dos pontos de coleta da cidade que fica, aliás, no mesmo local em que trabalha, o Limpurb – o Departamento de Limpeza Urbana.

Não diz com todas as palavras, mas sabe que São Paulo poderia estar muito mais bem atendida pela coleta seletiva com mais famílias integradas ao sistema, se os contratos assinados pelas concessionárias não tivessem sido renegociados no início do governo Serra/Kassab. “Marcos foram postergados”, se limita a comentar o diretor de Coleta Seletiva do Limpurb.

Quando foi assinado, em 2004, pela administração Marta Suplicy, as duas empresas receberiam R$ 20 bilhões em 40 anos. José Serra achou caro de mais, pagou cerca de R$ 940 mil para FGV analisar os textos e negociou redução de 17% nos valores, em 2005. Aceitou, porém, mudar os prazos para a realização dos serviços propostos como distribuição de conteineres na cidade, recolhimento de lixo porta a porta em áreas de favela e coleta seletiva. Ou seja, pagou menos em troca de menos serviço.

A atual administração também tem sido lenta no sentido de expandir o programa, apesar de Papazissis insistir que os investimentos têm sido feitos. No ano passado eram 16 centrais de reciclagem, hoje temos 21, estão prometidas mais duas até o fim de 2011 e mais três até o ano que vem.

Sobre a participação dos condomínios, Papazissis diz que 1.870 aderiram ao programa da prefeitura e 3 mil conteineres estão disponíveis para a coleta. Quanto ao investimento para aumentar a participação dos donos de apartamentos, alega que existem explicações no site do Limpurb e que são realizadas palestras. Não parece ser suficiente, haja vista termos algo como 30 mil condomínios na cidade.

Não há previsão de campanhas pedagógica e publicitária para mudar o comportamento do cidadão.

“Infelizmente, a prefeitura não contribui como poderia. Estamos abrindo mão de matéria prima de alta qualidade e deixando de integrar esta gente à sociedade. É preciso que todos se convençam de que o maior avanço que temos neste trabalho é a reciclagem de pessoas” – ensina Célia Marcondes.

Deixo, assim, o convite a você que lê este texto agora: comece por reciclar o seu comportamento. Eu comecei, em 1991, quando adotei São Paulo como minha cidade.

A foto deste post é de autoria do jornalista Marcos Paulo Dias e faz parte do meu álbum digital no Flickr.

O poder do lixo

 

Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP

Catador de reciclável 1

Se houvesse um concurso de grafite no centro de São Paulo, o grafite no tapume que cerca a interminável e confusa reforma do Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, seria um dos escolhidos: a imagem de um catador de papelão com o peito estufado puxando a sua carroça carregada de recicláveis.

A grande verdade para muita gente que observa a obra de arte , está nos dizeres da carrocinha: ” Um catador faz mais que os Ministros do Meio Ambiente. Nada !”

Em meio aos recicláveis, ao lado de malas, a imagem de um homem mascarado e engravatado – com um cifrão no paletó – chama a atenção.

O tapume é assinado por Mundano_SP

O poder do lixo

 

Por Devanir Amâncio
ONG EducaSP

Homens vivem do lixo

A melhor resposta para o crônico problema do lixo, seria tirá-lo das ruas com autoridade ,planejamento e determinação. No caso do centro deveria realizar , com urgência, a coleta domiciliar aos sabádos, domingos e feriados . Reafirmo que o maior problema da limpeza urbana na região central está na coleta e não na varrição. Todos os domingos ,uma multidão de homens ultra – pobres são vistos no centro com mãos e cabeças enfiados em sacos pretos rasgados ,em busca de restos de comida. No dia seguinte o cenário é de horror -, inclusive o Palácio Anhangabaú e a Suprefeitura da Sé amanhecem ilhados pelo lixo, o que daria um importante documentário de ecologia urbana – de projeção internacional . Onde o humano se mistura com o além sujeira e a incompetência de gestores públicos que não encontram formas eficientes que resolvam o problema do lixo domiciliar do centro da cidade mais rica do Brasil.

Não podemos esquecer dos mais de 10 mil moradores de rua que vivem largados pelo centro. Uma questão humana que deveria levar a prefeitura à uma profunda reflexão de prioridades… Entre outras medidas , uma assistência de resultados à população de rua, como pensar e colocar em prática um projeto diferenciado de limpeza na região central , pricipalmente com atenção especial à coleta e à reciclagem,geradora de renda para milhares de pessoas. O que poderíamos chamar de gestão solidária do lixo.

Não confundir com a ‘ limpeza’ de agentes municipais , que consiste em acordar todas as manhãs os mendigos de forma – muitas vezes – não apropriada , como se fosse a solução para “a cidade ideal “(…)

Estamos falando da limpeza das empresas concessionárias, que precisam sim de recursos que permitam a modernização dos serviços de limpeza na cidade . Recursos que deveriam ser destinados sem as costumeiras pressões e interferêcias políticas do é” dando que se recebe”. Afinal , nenhuma empreteira deveria ser ou aceitar a ser ‘extensão’ de partidos politicos ou ter o poder de ditar regras na administração pública , o que ocorre com frequência na limpeza e transportes em São Paulo. O poder conferido às duas empresas de coleta do lixo domiciliar na cidade de São Paulo chega a ser perigoso. Insisto : é indecoroso e predatório ao município.

A administração municipal precisará de muita coragem para disciplinar o serviço de coleta em São Paulo.

Um passo importante neste sentido seria os canditatos às eleiçoes municipais não aceitarem recursos financeiros de construtoras a que são ligadas as concessionárias do serviço de limpeza pública (…)

Leia, também: “Condomínios de luxo mantém lixão doméstico, em São Paulo”