Semana de quatro dias de trabalho: um ano depois, estudo mostra o que deu certo e o que tem de melhorar

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Um ano após o início do projeto-piloto de semana de trabalho de quatro dias no Reino Unido, a maioria das empresas participantes decidiu manter essa política, com resultados positivos notáveis. De 61 organizações que participaram do programa, que se iniciou em fevereiro de 2023, 89% continuam aplicando a medida, e 51% a tornaram permanente. É o que mostra relatório “Making it stick: the UK four-day week pilot one year on” divulgado pela Autonomy, que coordenou o projeto em parceria com pesquisadores das universidades de Cambridge e Oxford, bem como do Boston College.

A pesquisa aponta um impacto “positivo” ou “muito positivo” na maioria das empresas, com melhorias no bem-estar dos funcionários, redução da rotatividade e aprimoramento no recrutamento. A partir da avaliação feita pelos principais executivos das organizações que aceitaram testar o modelo constatou-se que 82% observaram que melhoraram os níveis de bem-estar dos funcionários, 50% notaram efeitos positivos da diminuição de rotatividade de trabalhadores e 32% apontaram que o recrutamento foi aprimorado. 

Benefícios sustentáveis e estratégias de implementação

Os benefícios para a saúde física e mental dos funcionários, assim como o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mantiveram-se ou melhoraram desde o início do piloto.  Para Juliet Schor, professora de Sociologia no Boston College, os resultados são “excelentes”:

“Os resultados globais mantiveram-se e, em alguns casos, continuaram a melhorar. A saúde física e mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional estão significativamente melhores do que aos seis meses. As melhorias no esgotamento e na satisfação com a vida mantiveram-se estáveis. A satisfação no trabalho e os problemas de sono diminuíram um pouco, mas a maior parte da melhoria original permanece”.  

Um aspecto importante para avaliarmos as possibilidades de desenvolvermos essa ideia na empresa em que trabalhamos é entender em quais setores o modelo funciona melhor. A maior parte das empresas que participaram neste projeto-piloto é da área de marketing e publicidade, serviços profissionais e setor sem fins lucrativos. As demais são ligadas a indústria da construção, manufatura, varejo, saúde, arte e entretenimento.

O estudo também identifica que as organizações adotaram estratégias diversas para sustentar a política de quatro dias semanais de trabalho, incluindo revisão de reuniões e aprimoramento da comunicação. Ficou evidente a necessidade de se ter regras claras de como essa política vai ser implementada e, principalmente, de quais serão os compromissos que as partes envolvidas terão de assumir.

Desafios e reflexões para o futuro

A implementação parcial da semana de quatro dias em algumas empresas revela um panorama misto, onde esse modelo é encarado mais como um “privilégio” do que um “direito” inalienável. Para ter direito ao dia de folga adicional, é imprescindível que todas as tarefas sejam previamente concluídas. No entanto, a aplicação dessa regra varia significativamente entre as equipes. Enquanto algumas adotam plenamente a nova cultura, organizando suas agendas para garantir um dia livre toda semana, outras ainda mantêm o foco nos compromissos profissionais, relegando a folga a um plano secundário.

Diante dessa realidade, surge a reflexão sobre como diferentes organizações administram suas comunicações externas e internas. A chave para o sucesso parece residir na definição clara de expectativas, na delimitação de horários de trabalho até em comunicações por e-mail e na introdução de certa flexibilidade. Essas estratégias, embora originárias de setores diversos, sugerem que a preparação antecipada e a os processos de adaptação são fundamentais para superar obstáculos ao longo do período experimental.

Esse cenário sublinha a crucial importância do engajamento conjunto de funcionários e gestores na mudança proposta, desde o início até a conclusão do período de testes. A falta de um comprometimento contínuo pode levar a resultados insatisfatórios, com a adoção de soluções que não atendam plenamente às necessidades da equipe ou da organização. Portanto, a colaboração e a comunicação efetiva entre todas as partes interessadas emergem como elementos vitais para o êxito da semana de trabalho de quatro dias.

Brasil: bom na produção, mau na distribuição

 

Por Carlos Magno Gibrail

Dim Dim!

Vaidade e humildade são tudo que precisamos neste momento em que passamos a ocupar a sexta posição no ranking mundial do PIB. Estar atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França na produção de riquezas é tão importante quanto ter preenchido o lugar do Reino Unido – potência econômica e política mundial que liderou globalmente de 1820 até a primeira Grande Guerra, quando apresentava um PIB 12,4 vezes o brasileiro.

Previsto inicialmente pela EIU Economist Intelligence Unit da revista The Economist e pelo CEBR Centre for Economics and Business de Douglas Mc Williams, o avanço nacional foi ratificado pelo FMI ao informar que o PIB do Brasil atingirá US$ 2,51 trilhões e o britânico US$ 2,48 trilhões.

É um feito inédito que merece ser olhado como tal. O fato da concentração de renda fica mais visível e mais premente à solução. Se levamos 92 anos para tirar uma diferença de mais de 12 vezes, vamos certamente precisar de tempo menor para empatar uma distância de 3,2 vezes. É o que indica os US$ 39 500 de PIB per capita britânico contra US$ 12 500 de PIB per capita brasileiro. Como o aumento per capita não garante a distribuição mais humana, vamos precisar encarar a tarefa com humildade e determinação.

Corrupção, corporativismo, incompetência administrativa, terão que ser combatidas com educação, saúde, habitação. É hora de agir, mesmo porque o ano de 2015 está aí e o FMI sinaliza que até lá seremos a quinta potência econômica do mundo. 2011 fica na história do nosso país quando a economia ocupa o lugar do futebol, ainda que não percebida por Douglas Mc Williams, o CEO do CERB. Ele ainda nos vê derrotando os europeus.


Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve, às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung


A imagem deste post é da Galeria de CRLSE (Carlos Eduardo), no Flickr