Reforma Política é uma miragem

 

Por Antônio Augusto Mayer dos Santos

 

Carecendo de tradição democrática mais profunda, o país que está na sexta Constituição Federal em menos de um século e meio de república necessita redefinir seu formato politico-institucional. O atual não convence mais. Não funciona mais. Não satisfaz mais.

 

Mas qual, dentre tantos, seria o adequado? Aquele que melhor conciliar as características nacionais. Para isso, é essencial levar em conta que não há sistema perfeito que tenha satisfeito, satisfaça ou vá satisfazer a unanimidade. Por quê? Porque como tudo na vida, cada um contém os seus defeitos e virtudes, em maior ou menor escala. No Brasil não é diferente. Basta referir que conceitos como cidadania e mandato, ainda que muito abstratos e não chegando ao cotidiano da maior parcela da população, não a impede de atribuir níveis acachapantes de desconfiança e rejeição à política e aos políticos a cada pesquisa de opinião que é realizada. As últimas propostas votadas não qualificam substancialmente a democracia.

 

O lamentável é que mesmo diante dessa penúria, a reforma política é apenas uma miragem, uma palavra solta sem conexão. Só existe na teoria, na retórica das entrevistas, das frases-feitas e dos bordões de campanha. Nunca foi objeto de uma agenda parlamentar realmente ambiciosa e conclusiva. Transformada numa espécie de obsessão nacional adornada com argumentos sedutores, foi amesquinhada, virou palavrório, bolor e até piada. Ninguém acredita na sua efetivação. Da distante Comissão Temporária instalada em junho de 1995 para cá, vinte anos e seis legislaturas escoaram sem qualquer mudança, embora o Congresso Nacional tenha produzido um volume considerável de projetos dotados de potencial reformador.

 

O cenário de falcatruas e de dinheirama desviada evidencia que nem os abalos institucionais mais recentes geraram aprendizado para efetivá-la. Porém, não obstante um parlamento integrado por maiorias autointeressadas e eficientes na blindagem do modelo atual para sobreviver eleitoralmente, há espaço para reações. Essa fadiga levada quase à exaustão pode ser um campo fértil para pautas menos intrincadas e mais convincentes.

 

Trabalhosa mas possível, a edificação de uma nova engrenagem representativa depende do interesse dos cidadãos não apenas exigi-la como saber de que maneira isso pode realmente aperfeiçoar a modesta democracia do Brasil. Do contrário, o tema continuará raso e saltitando de legislatura em legislatura, como se fizesse parte de uma peça teatral monótona e de longa temporada onde cada ato repete o anterior e não empolga quem assiste mais do mesmo.

 

Antônio Augusto Mayer dos Santos é advogado especialista em direito eleitoral, professor e autor dos livros “Prefeitos de Porto Alegre – Cotidiano e Administração da Capital Gaúcha entre 1889 e 2012” (Editora Verbo Jurídico), “Vereança e Câmaras Municipais – questões legais e constitucionais” (Editora Verbo Jurídico) e “Reforma Política – inércia e controvérsias” (Editora Age). Escreve no Blog do Mílton Jung.

A moda na República Federativa do Brasil

 


Por Carlos Magno Gibrail

 

 

Os nossos Estados Federados, há tempos em combate agressivo na disputa pelas montadoras de automóveis e caminhões, seguiram no mesmo ritmo na questão das cidades sede da COPA 14. Surpreendentemente se uniram agora no caso do petróleo. Partiram para assaltar as riquezas futuras do Rio e do Espírito Santo. Chegamos então ao limite. A competição passa a ser usurpação.

 

Em resposta, o Rio de Janeiro, através de seu governador Sergio Cabral, informou que o estado não poderia realizar a COPA nem a Olimpíada sem o capital do petróleo. Insensatez que o prefeito Eduardo Paes assimilou. E, após apresentar o velódromo e o autódromo da cidade do Rio para demolição, ao receber um terreno para a futura construção do novo autódromo, atacou São Paulo, advertindo que tiraria dos paulistanos a F1 e a levaria para os cariocas. Fala bélica e inoportuna.

 

Mas, voltando ao universo competitivo padrão, percebe-se que os Estados deveriam ter mais foco e menos abrangência, competindo, mas apostando no talento e na cultura regional para apresentar produtos e serviços diferenciados ao mercado nacional. Evitando assim a oferta exagerada do mesmo, que não fortalece, enfraquece. Na literatura, na música, no cinema, no esporte, na gastronomia, enfim nas múltiplas possibilidades, será mais eficiente escolher setores peculiares ao Estado do que apostar a esmo.

 

Uma moda que a própria atividade industrial e comercial da Moda também se defrontou. Caminha agora para o equacionamento deste canibalismo. A Moda como indústria tem tido muitas cidades competindo para se tornar polo de criação e comercialização. Justamente numa fase de transição, onde um processo de concentração de empresas se intensificou ao mesmo tempo em que grande número de novos players internacionais aporta no país.

 

Ao encerrar o ciclo de lançamentos com a feira mineira, que também apresentou diminuição de marcas e de público, como já tinha ocorrido em São Paulo e no Rio, desponta uma tendência positiva. É a provável segmentação de estilos e produtos, de acordo com o potencial natural de cada cidade.

 

São Paulo, historicamente com a moda mais urbana e atualmente mais autoral, fica com o SPFW e a porta de entrada das grandes operações internacionais de moda.

 

O Rio, imbatível na modinha, hoje “fast fashion”, dominará a moda praia e a moda descartável, levando ao mundo o alegre espírito carioca através do Fashion Rio.

 

Belo Horizonte, através do Minas Trend Preview, dominará na moda festa e nos tricôs.

 

Tudo indica que desta forma os talentos da indústria de moda de cada região estarão fortalecidos e contribuirão para a maior racionalidade das marcas, dos compradores e da imprensa. Uma moda que deveria ser copiada por todos. Inclusive os de fora da moda.

 

O Brasil agradece. A todos, e aos Estados Federados.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

Foto-ouvinte: coreto dos moradores de rua

 


Por Devanir Amâncio

 

Sem-teto da República

 

O coreto todo quebrado da Praça da República – a praça dos mais de três milhões de reais em reforma no Centro – abriga 12 mendigos de todas as idades. Perguntados quem são os candidatos a prefeito da cidade, responderam: “Lula e Fernando Henrique.” Para alguns, mendigo é coisa de Deus, do destino; para outros, da vadiagem, do sistema ou da administração municipal ruim que não cuida de nada -, ou ainda fruto da corrupção. Para alegrar o coreto os mendigos da República vão ganhar um churrasco de abacaxi.

Lago morto, peixe posto na panela

 

Peixe morto na República

Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP

Nesta quarta-feira, 24, a Prefeitura deu  início à remoção dos peixes e tartarugas do lago que está secando na Praça da República. À tarde, moradores de rua disputaram entre si, com unhas e dentes, cerca de 50 carpas, retiradas sem vida da água esverdeada e malcheirosa, segundo testemunhas. Os peixes foram encontrados dentro de dois sacos na praça, ao lado de um banheiro abadonado.

Também foi retirado muito lixo do lago: pneu, carcaça  de geladeira, guarda – chuvas e dezenas de camisinhas / preservativos.

Os buracos da República

 

Buracos da Republica

Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP

Há seis meses os dois principais buracos da praça da República causam transtornos aos pedestres. O engraxate Francisco Manoel da Silva, 68, o Paraíba, protestou e encenou para mostrar como uma senhora de idade caiu, ao se enganchar no cone que fica dentro do buraco. “Em setembro, os funcionários da Prefeitura colocaram um cone aqui e um cavalete no outro buraco e nunca mais voltaram. E tem mais, se alguém vier me incomodar por causa da história desses buracos, vou direto à Delegacia do Idoso”, adverte o engraxate.

Paraíba trabalha há 40 anos na praça da República e diz nunca ter visto nenhum Prefeito andando na praça.