Passageiros secretos flagram motoristas sem respeito

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

Sem-ponto de ônibus

 

Não se sabe se a inspiração veio de Ian Fleming, o criador de James Bond, ou de modernas corporações que usam o cliente secreto. O fato é que as velhinhas cariocas estão se vingando dos motoristas de ônibus que não estavam parando para elas e para os demais idosos que tem o direito de viajar gratuitamente.

 

As autoridades cariocas decidiram contratar senhorinhas voluntárias para surpreender os motoristas desrespeitadores da lei, juntando-as a fiscais que, no ato da ocorrência, solicitam por rádio o bloqueio do veículo. Ao parar, o motorista recebe a multa de R$ 1.183,00, ouve a informação da obrigatoriedade de um curso de reciclagem e assiste ao fiscal expondo a sua falta diante dos passageiros para justificar o tempo de espera.

 

A prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Transportes, lidava com a informação que idosos, e estudantes, não estavam conseguindo usar o transporte público com regularidade. Foi criada então a Operação Gratuidade, em novembro de 2012, que já arrecadou R$ 566 mil, multando 478 coletivos.

 

Podemos prever que, dentro em breve, o problema de idosos e estudantes terá sido resolvido. E o passageiro secreto será mantido como manutenção. Um final feliz que poderia servir de exemplo pioneiro do uso do cliente secreto para o poder público. As mesmas vantagens obtidas no mundo corporativo com as técnicas de pesquisa do comprador camuflado poderiam ser potencializadas no setor público, que é muito mais amplo e suscetível a desvios.

 

Obras gigantescas com orçamentos de bilhões de reais poderiam ser mais bem controladas por fornecedores e clientes secretos. Temos a COPA, as OLIMPÍADAS, as obras do PAC e usinas hidroelétricas, metrôs, aeroportos, rodovias, ferrovias, portos, etc.. O cliente secreto como sistema, poderia vigiar, controlar, punir, motivar e premiar.

 

A propósito, também no Rio de Janeiro nos dias 5 e 6 de agosto haverá a 2ª Conferência Internacional do cliente secreto, coordenada pela MSPA – Mistery Shopping Providers Association Latin America. Que não será secreta, e exporá os mistérios do comprador misterioso.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Coisas de Paraty…

 

Por Julio Tannus

 

Paraty RJ

 

Comecei a viver estudando e acabei estudando para viver.
Dois olhos, duas orelhas, duas narinas. Quer dizer que é mais prudente ver e ouvir do que falar.
Bons conselhos sem bons exemplos é costurar sem linha.
Quem busca um amigo sem defeito, fica sem amigo.
Se a ferradura fosse sorte, o burro não puxaria carroça.
Se o corpo nada no prazer, a consciência morre afogada.
Não há medicina que cure a dor de uma saudade.
Agir sem pensar é como atirar sem fazer pontaria.
Quem bate para ensinar, está ensinando a bater.
Se você sacode uma árvore, fique por perto para colher os frutos.
Na árvore, se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.
Quando a sonhar me vejo na cidade. E bebo a tarde e sinto a madrugada. E a noite de janeiro é só luar. É sol e mar, praia e serenata. São pedras ladrilhando a rua. O mar passa solitário na calçada, espelhando a lua cheia nas beiras e nas calçadas. Como é bom amar aqui, na praça, no caís, nas praias. Tudo isso é Paraty!

 


Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Às terças-feiras, esrceve no Blog do Mílton Jung

Avalanche Tricolor: A imagem de Fernando

 

Grêmio 1 x 0 Palmeiras
Brasileiro – Olímpico Monumental

 

 

Estou no Rio de Janeiro, onde ficarei toda esta segunda-feira, para discutir um tema importante nos dias atuais: a inovação para o desenvolvimento sustentável. Participarei de uma maratona de discussões e ações com gente criativa e rica de conhecimento para compartilhar, todos reunidos a convite da Embaixa da Suécia no Brasil que pretende, assim, antecipar parte do debate que haverá dentro de algumas semanas, na Rio+20. A tarde e o início de noite de domingo foram dedicados à organização do evento que contará, entre outros destaques, de um grupo de estudantes de mestrado e doutorado que ficarão confinados por 72 horas em duas salas desenvolvendo projetos ligados à inovação. O compromisso me fez chegar ao hotel na beira de Ipanema quando a partida já havia se iniciado há algum tempo, mas ainda estava zero a zero. Começava ali a minha corrida pelo jogo, pois a TV à cabo do quarto que me foi reservado teimava em não mostrar a imagem do Grêmio, apenas o som. No computador, a lentidão da conexão oferecida impedia captar qualquer dos sites que reproduzem imagens da televisão. No Ipad, o aplicativo da CBN foi a salvação com Marcelo Gomes transmitindo a partida com todo seu talento, mesmo que o que narrava não parecia ser muito talentoso.

 

O jogo era truncado e, logo soube, quando se teve chances de gol, desperdiçamos. Aliás, alguém conhece um time que perdeu tantos pênaltis quanto o Grêmio nestes últimos meses? Confesso que quando o juiz marca um a nosso favor já não comemoro mais como costumam fazer os jogadores dentro de campo e mesmo a torcida, na arquibancada. Se gato escaldado tem medo de água, sinto-me um toda vez que temos a oportunidade da cobrança na marca fatal, como diriam antigos e imprecisos locutores de rádio. Fatal seria se o gol fosse uma garantia e quando cobrado por jogadores gremistas, sei lá bem por qual motivo, esta certeza está distante. Por mais que curta a voz e velocidade do Marcelo, estava ansioso para assistir ao jogo e após algumas tentativas a gerência do total convocou um técnico para resolver o problema. O cara foi melhor do que Luxemburgo e Felipão no momento que tiveram de substituir seus jogadores. A imagem reapareceu e Fernando cobrou a falta que foi parar na cabeça de André Lima. Grêmio, 1 a 0. Parecia jogada ensaiada. A intervenção do técnico do hotel e o chute de nosso volante goleador (perdão, sei que para nossos conceitos de bravura Imortal a expressão é quase uma heresia) ocorreram ao mesmo tempo. Lá ainda contamos com um desvio de André que só estava em campo pelo destino que teima em nos tirar jogadores por lesão. A propósito: na próxima vez que encontrar o Mano, agradece por ele não ter convocado o Fernando, por favor.

 

Foi a primeira vitória do Grêmio no Campeonato Brasileiro e espero que tenha sido uma prévia do que teremos na semifinal da Copa do Brasil contra este mesmo Palmeiras. Minha expectativa é que consigamos, além do resultado, desenvolver nas próximas semana um futebol mais criativo e inovador. Pois se estas são habilidades cruciais para o sucesso do evento em que estou participando no Rio de Janeiro, também serão para que o Grêmio faça campanha sustentável nas duas competições.

Paraty … quantas saudades você me traz !

 

Por Julio Tannus

 

 

É parte da letra de uma música que cantávamos há muitos anos, décadas de 40/50, quando acordados víamos o sol nascer por detrás do mar alto em Paraty.

 

Ainda menino, vivia entre a cidade e a roça, com avô por parte de mãe fazendeiro, grande produtor de cachaça – as famosas Branca do Peroca e Azulada do Peroca – e avô por parte de pai sírio-libanês, principal negociante da cidade.

 

E aí chegam as lembranças. A leitura, o cinema aos domingos, a maré cheia limpando toda a cidade, a pescaria na noite de lua cheia, a cata de caranguejos no mangue quando roncava trovoada. Y otras cositas más!

 

A Leitura – além dos clássicos, lembro-me de versos e histórias contadas. Um provérbio “Quem compra o que não precisa, vende o que precisa”. Um ditado “Raposa na governança, não há frango em segurança”. Ao pé do ouvido: “Quem caminha descalço não deve plantar espinhos”; “A primeira ilusão do homem foi a chupeta”; “Nossas mentes são como paraquedas, só funcionam bem quando abertos”; “Quem não leva tombo não aprende a andar”. Não é a toa que a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty tem tudo a ver com a cidade.

 

O Cinema – era a janela para o mundo. Sempre aos domingos, assistíamos ao noticiário pós-Segunda Grande Guerra, além é claro do Zorro, E o Vento Levou, Branca de Neve e os Sete Anões. O seu Pedro, dono do cinema, ficava na porta de saída auscultando a pulsação dos presentes para encomendar filmes que agradassem aos gostos de todos.

 

A Maré Cheia – a sabedoria dos portugueses construiu a cidade de tal maneira que a maré alta cobria as ruas da cidade, lavando-as e levando toda a sujeira para alto mar. Até que um prefeito chegou a conclusão que “Paraty não é nenhuma Veneza”, e então construiu um dique de pedras para acabar com “essa coisa absurda”. A maré continua firme e forte, mas o dito prefeito conseguiu transformar a saudável praia da cidade em um lago de sujeira.

 

A Pescaria – saíamos de canoa tarde da noite de lua cheia para a pesca com anzol. Os peixes eram tantos que o simples toque do remo emitindo sons levava peixes para dentro da canoa. No arrastão de rede na Praia do Sono experimentava as delícias de uma massagem inigualável: deitado na proa da canoa carregada de peixes vivos até a borda.

 

Os Caranguejos – eram a fonte de dinheiro para compra de picolés, marias-moles, bolas de gude, gibis e outras guloseimas mais.

 

E hoje vejo Paraty com seu caráter nuclear ainda presente, intocável, fazendo parte dessa nossa pós-modernidade. Foi lá que encontrei minha companheira de sempre, e em sua homenagem escrevi esses versos:

 

Uma Ode a Sonia amiga

 

Oh! Sonia querida
Hoje não tem alegria, só tristeza.
Você que alegrava meu silencio com seu olhar;
Você que tirava minha solidão com sua presença;
Você que conquistava meu coração com sua coragem;
Você que carregava a tristeza de tantos com sua sabedoria;
Você que iluminava a escuridão de todos com seu pensamento;
Você que diminuía a dor de muitos com sua generosidade;
Você perdeu seu corpo, mas ganhou o olhar de todos nós;
Oh! Sonia querida
Hoje não tem alegria, só tristeza…

 

Julio Tannus é consultor em estudos e pesquisa aplicada, co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Escreve às terças-feiras, no Blog do Mílton Jung

Um dia de turista no Rio de Janeiro

 

 

Caros amigos,

 

Como muitos de vocês podem perceber, estamos no Rio de Janeiro comemorando o aniversário do maridão – nesta altura ele merece que se dedique muitos dias a festa. Não é a primeira vez que visitamos a cidade, mas, desta vez, fizemos passeio de turista. Viemos com nosso filho em idade gostosa (oito anos), e ele já estudou sobre a colonização do Brasil e, consequentemente, a formação da capital fluminense, o que tornou o passeio mais empolgante.

 

Conferimos a meteorologia e o tempo estava a nosso favor. Deu certo. Um sol agradável para passeios abertos nos aguardava. Depois de nadar, o primeiro desejo foi conhecer de perto o Cristo Redentor. Confesso, no início torci o nariz achando que seria chato, sem graça e cansativo. Me enganei completamente. O que parecia ser difícil ficou fácil, o chato ficou gostoso. E com gosto de quero mais, quero ficar. Ver o Cristo de perto dá uma sensação tão boa. E, perdão pelo clichê, como ficamos pequeninos perto dele.

 

Saímos do hotel e tomamos um táxi até lá. Compramos o ingresso para o trem do Corcovado que nos levaria até o Cristo. Que delícia de passeio. No caminho, lembramos o quanto os escravos trabalharam na construção do trem, na época de Dom Pedro II. Após alguns degraus, chegamos aos pés do Cristo em um lugar muito bem conservado, tudo limpo e organizado. Era sexta-feira e não estava cheio. Movimentado mas não lotado.

 

O tempo passou e não percebemos o quanto ficamos lá curtindo a vista de toda a cidade, de norte a sul. Fiz muitas fotos pensando em vocês e no momento que estávamos vivendo.

 

 

Quando falam que o Rio é a cidade maravilhosa, não exageram. É mesmo.

 

Outro fato interessante foi que almoçamos, lanchamos e jantamos e, em todos os lugares, as pessoas nos receberam com  “sejam  bem-vindos” em inglês. A cidade tem turistas por todos os lados: franceses, americanos, italianos – as mais diferentes línguas. Muito surpreendente a relação deles com a cidade e da cidade com eles.

 

Ouvi de um guia turístico: “faça da sua visita um momento inesquecível”.

 

Fizemos.

 

De Dora Estevam

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Na contramão do Ficha Limpa

 

Os deputados estaduais do Rio de Janeiro aprovaram projeto de emenda constitucional que institui a exigência de ficha limpa para ocupar cargos comissionados (nomeados) nos três poderes do estado. Estas vagas não poderão ser assumidas por quem foi condenado pela Justiça em segunda instância. A Câmara de Vereadores do Rio e o estado de Minas também aprovaram projetos com o mesmo objetivo.

Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin perdeu boa oportunidade de demonstrar seu interesse em qualificar os quadros do Estado e implantar o projeto Ficha Limpa. Conforme nota publicada no Painel da Folha, escrito por Renata Lo Prete, Alckmin desistiu de incluir em pacote sobre transparência um decreto que instituiria a Ficha Limpa para o funcionalismo paulista. A medida forçaria o afastamento de José Bernardo Ortiz, aliado histórico do governador na Fundação para o Desenvolvimento da Educação, pois ele tem condenação em segunda instância.

Se Alckmin tivesse tomado a mesma precaução que os deputados do Rio não pagaria este mico. Lá, a lei só vale para quem for nomeado a partir da sua promulgação, portanto não pega quem já garantiu seu emprego.

A morte de um repórter cinematográfico

 

Última imagem gravada pelo repórter Gelson Domingos

Filho de jornalista, sobrinho de jornalista, afilhado de jornalista e casado com jornalista, jornalista que sou sofro quando sei que um colega de profissão foi morto à bala, vítima da troca de tiros entre policiais e bandidos. Gelson Domingos, 46 anos, foi alvo encontrado de um tiro de fuzil durante a cobertura de uma operação da PM contra o tráfico de drogas na favela de Antares, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Estava com colete de segurança, insuficiente para impedir a morte.

Um dos meus tios, Tito Tajes, foi repórter em guerra – por favor, parentes de melhor memória, me digam em qual delas. Mesmo sendo uma das pessoas mais queridas por mim, infelizmente nunca conversamos muito sobre as aventuras dele naquela cobertura, mas imagino como difícil deve ser o campo de batalha. Minha mulher, repórter de televisão, apesar de evitar as pautas mais perigosas, invariavelmente se depara com situações complicadas. Às vezes, uma simples gravação de rua a coloca no meio de um assalto ou no caminho de um caso policial. Sem contar que, atualmente, babacas sem causa têm atacado também estes profissionais quando entram ao vivo.

Apesar de alguns anos trabalhando no conforto de um estúdio de TV e rádio – onde vivenciamos outros tipos perigosos -, antes de ser âncora estive na rua, também. Como repórter, porém, poucas vezes tive de me deparar com ações de violência. Lembro de uma perseguição na qual transmiti ao vivo a fuga de bandidos que estavam em três carros com reféns após longa e dura rebelião de presos no Presídio Central de Porto Alegre. Entre o carro de um dos chefes da quadrilha e o da polícia estava o da rádio na qual trabalhava. Deste narrei boa parte do caminho por onde os bandidos passavam. Em nenhum momento eu e motorista levamos em consideração o risco de sermos atingidos por balas disparadas de um lado ou de outro.

No trajeto da notícia nem sempre calculamos o risco real da situação. Verdade extrapolada quando nos referimos aos repórteres cinematográficos e suas câmeras sempre apontando para o alvo mais significativo. Apesar de experientes, são repórteres bem menos valorizados do que aqueles que aparecem diante das câmeras e em algumas emissoras sequer lhes é dado o direito de serem chamados como tal. Mesmo assim, motivados pelo desejo de registrar a melhor história ao público esquecem o medo, as balas e a guerra na qual estão metidos. Transformam-se em vítimas de suas próprias escolhas e do compromisso que assumem ao entrar na profissão, o que em nada exime a responsabilidade das empresas nas quais trabalham, das condições e equipamentos que lhe são oferecidos e do País em que vivemos, no qual guerras diárias são travadas nos morros e favelas expondo não apenas jornalistas, mas cidadãos que aqui sobrevivem.

Orelhão com internet grátis deve ser incentivado

 

A decisão de retirar os “orelhões” da Oi com internet grátis das calçadas de Ipanema, no Rio, chama atenção por uma série de aspectos que se misturaram no debate sempre acirrado que se desenvolve nas redes sociais e blogs.

Para relembrar: a concessionária instalou nove cabines que, além de servirem como telefone público, ofereciam wi-fi de graça a um raio de 50 metros. Os “orelhões” foram plantados nas calçadas da avenida Visconde de Pirajá, no bairro de Ipanema em um projeto-piloto que poderia – ou pode – se estender a outros pontos da cidade. Bastava estar próximo de um deles e você seria capaz de entrar na rede com seu Ipad, por exemplo.

A ideia de espalhar sinal gratuito de internet pelas cidades é bem-vinda, portanto a iniciativa da Oi, neste sentido, é correta e deveria ser incentivada. Imagine se cada orelhão se transformasse em um hotspot, a medida que seu uso como telefone público tem sido cada vez menor em função da popularização do telefone celular.

Você aí na rua da Praia, em Porto Alegre, passearia pela internet sem dificuldade; na avenida Ipiranga, em São Paulo, também; assim como fariam os passantes da Visconde de Pirajá, no Rio. Ninguém teria mais benefício do que os moradores de comunidades pobres que poderiam acessar serviços de internet disponíveis em seus celulares. Em tese.

Seria necessário entender melhor os aspectos técnicos e financeiros que envolvem esta operação, mas não deu tempo de testar a funcionalidade do negócio. Em uma semana, a prefeitura entendeu que o impacto visual e de circulação provocado pelas cabines era ruim e mandou retirar os equipamentos. Moradores de Ipanema, entrevistados na imprensa, concordaram com a decisão. Não encontrei nenhuma palavra de alguém que tenha acessado a internet pública e gratuita.

Do ponto de vista da mobilidade, cravar mais uma barreira arquitetônica nas calçadas não faz sentido mesmo. Cada dia se tira mais espaço dos pedestres, não bastasse o piso ser irregular e impróprio em muitas vias. É banca de jornal, banca de ambulante, armação de ferro para sustentar saco de lixo, puxadinho do comércio, canteiro mal acabado, carro estacionado irregularmente, além dos próprios orelhões. Aliás, estes exigem há algum tempo uma revisão em seu desenho, pois da maneira como foram projetados no Brasil se transformaram em uma armadilha para deficientes visuais, tema sobre o qual já conversamos neste blog.

A Oi deveria ter tido cuidado ao pensar em um novo modelo de cabine telefônica e buscar um desenho menos agressivo a paisagem urbana, que se parecesse menos com um totem publicitário, assim como identificar os pontos em que ficariam mais bem colocados. Algumas vezes as empresas parecem subestimar o bom gosto do cidadão e de forma prepotente tentam impor trambolhos arquitetônicos (o poder público, também). Talvez deva convocar a criatividade nacional em busca de uma linha mais apropriada para a paisagem urbana.

A prefeitura do Rio não deve, porém, desperdiçar a oportunidade gerada. Tem de convidar a empresa, sentar e conversar sobre como estes pontos de acesso a internet, acoplados aos telefones públicos, podem ser implantados com menor impacto urbanístico. Pois a ideia, era substituir os orelhões atuais – ou alguns deles – que já não são grande coisa e colocar equipamento mais moderno. Seria um grande exemplo para as demais cidades brasileiras.

E você, caro e raro leitor deste blog, não perca tempo. Recomende ao prefeito da sua cidade – mande e-mail, twitter, carta ou ligue de um telefone público – que procure as concessionárias de telefonia da região e tome a iniciativa de discutir maneiras interessantes e criativas de oferecer internet grátis ao cidadão.

Orelhão com wi-fi tem câmera e tamanho de orelhão (publicado às 18h50)

Está cada vez mais claro para mim que erros de comunicação estão por trás da polêmica sobre os orelhões com wi-fi grátis da Oi que foram retirados de Ipanema. E reforço: responsabilidade que deve ser dividida entre a empresa e a prefeitura. O leitor Julio Abreu foi em busca de mais informações sobre o equipamento e nos conta, em comentário publicado neste post (recomendo a leitura), que as cabines teriam também câmeras de vídeo com imagens monitoradas por serviço de segurança. A intenção era colocar estes equipamentos diante de escolas púbicas, substituindo os tradicionais orelhões, medida que ofereceria duplo benefício: vigilância e internet livre aos estudantes. Outro aspecto interessante é que o espaço ocupado pela cabine é o mesmo do orelhão e o desenho mais robusto se faz necessário para proteger os equipamentos que estão embutidos.

Uma vantagem – esta ressaltada por mim – é que o desenho do orelhão com wi-fi não impõe aos cegos o mesmo risco que os orelhões tradicionais.

Procura-se uma explicação

 

Desde às 8h45 de ontem quando entramos no ar com a notícia desta tragédia – e ainda não tínhamos a dimensão exata do acontecido – até agora cedo, estamos ouvindo especialistas, acadêmicos, cidadãos; gente da pedagogia, da psiquiatria, da segurança pública; doutores e professores; estamos numa busca sem-fim a resposta que explique o ataque na escola em Realengo.

Já se pensa em mais um funcionário na porta, alguém pedindo identificação – como se a demência estivesse no RG -, muro mais alto, porta de ferro, tranca e cadeado; alguns mais ansiosos e outros aproveitadores logo se anteciparão a enviar propostas pedindo detector de metal na entrada da sala de aula; vigia nos corredores; e mais uma parafernália mágica para reduzir a dor da nossa consciência.

São medidas que tomamos para não admitirmos o quanto somos pequenos diante deste fato; e quanto somos frágeis à bestialidade humana. Não sabemos nos prevenir; nem mesmo identificar com exatidão; e, às vezes, ainda bem que isto ocorre apenas às vezes, nos deparamos com situações como essa.

Na escola, com raridade. Mas essa se revela, também, dentro da família, contra os pais, os irmãos. Na rua, no trabalho. Em algum momento, o ser humano se revela. E a violência explode. Nos choca, choramos e queremos buscar uma resposta, uma explicação, uma justificativa por que não aceitamos esta condição.

Infelizmente, somos nada aqui. Temos de nos indignarmos, sem dúvida, mas admitir que o ser humano também é isso que assistimos nessa quinta-feira, no Rio de Janeiro. E agradecer porque dentre estes existe ainda muita gente boa, disposta a melhorar a vida, fazer pelos outros, se solidarizar e agir.

Criminosos vão recuar e Estado tem de se manter alerta

 

O Rio de Janeiro está sob ataque de uma confederação criminal disposta a difundir o medo na população e enfraquecer a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) por meio de ações espetaculares. A avalição é do especialista em combate a violência e a máfia Walter Maierovitch, publicada no blog Sem Fronteiras. No entender dele, a primeira onda coordenada dos criminosos atingiu sua finalidade e a tendência agora é submergir para voltar a surpreender. Por isso, alerta a necessidade das forças de segurança se manterem em prontidão.

Por “confederação criminal” entenda-se a união de facções rivais para promover, nos centros de grande concentração urbana, ameaças contra o Estado e a população. Internacionalmente, a Camorra campana – da região meridional da Campânia, na Itália – é a mais conhecida. São grupos que não tem cúpula nem governo.

No Rio, a confederação é formada pelo Comando Vermelho (CV), Amigos dos Amigos (ADA) e Milícias (organização paramilitar). Maierovitch esclarece que apesar de empregar método terrorista, “não se confunde com as organizações terroristas, cuja ideologia não é o lucro”.

Para ele os ataques ocorrem por “ordem de líderes não devidamente isolados em presídios de segurança máxima” que reagem a retomada de território e do controle social pelo Estado que abalaram e desfalcaram financeiramente as facções. Várias facções se deslocaram para o Complexo do Alemão e para Vila Cruzeiro e os migrantes passaram a concorrer, economicamente, com os grupos que já estavam instalados por lá.

Imagina agora que haverá o recuo destas facções até que o Estado saia de prontidão e os cidadão voltem à rotina. Por isso, recomenda: Espera-se que o governo do Rio não negocie com a criminalidade e agilize a implantação das UPPs


Leia o artigo completo no Blog Sem Fronteiras