Avalanche Tricolor: Roger, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem

Roger em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Jamais deixarei de torcer pelo Grêmio. Jamais! Nada do que fizerem com meu time será suficientemente forte para desconstruir a paixão que forjei desde criança com o meu Imortal. Se tivessem essa capacidade seria a derrota final. A falência da esperança, contra a qual lutarei sempre. Uma luta que promoverei em todas as dimensões da minha vida, porque sou um apaixonado pelas coisas que me envolvem: família, mulher, filhos, amigos, colegas, trabalho, projetos e, sim, meu time de futebol.

Assisti ao Grêmio em seus piores momentos. aprendi a torcer por este time quando sequer o mais próximo dos títulos possíveis, o Gaúcho, era possível. Acreditei nele mesmo quando assisti do gramado aos torcedores explodindo foguetes contra os meus ídolos. Mantive-me fiel apesar das picuinhas que infernizavam o ambiente do clube e me eram contadas por pessoas que viviam intensamente aquele momento. Vi o Grêmio ser rebaixado três vezes e se reerguer. Vi o Grêmio sobreviver a Batalha dos Aflitos.

Crente nos seus méritos, leguei aos meus filhos o amor que o tricolor havia me proporcionado. Os fiz gremistas mesmo à distância. Os fiz acreditar que aquele era o caminho a ser percorrido. Que o meu sofrer e o meu prazer serviriam de inspiração para a caminhada que eles estavam iniciando nessa incrível jornada que o esporte é capaz de oferecer ao ser humano. 

Lembro do dia que fiz os dois guris chorarem ao meu lado porque havíamos vencido a mais incrível das batalhas. E da noite em que os dois vestiram orgulhosos a camisa do Grêmio para entrar no estádio Hazza bin Zayed, em Al Ain, nos Emirados Árabes, e torcer pelo time que disputaria uma vaga à final do Mundial de Clubes, em 2017.

Esses momentos que tive o privilégio de vivenciar são muito maiores do que a mediocridade de dirigentes incapazes de enxergar a grandeza de uma história. 

Por isso, hoje, primeiro de setembro de 2022, decreto que não deixarei de torcer pelo Grêmio mesmo diante da maior das injustiças que poderíamos cometer nesse instante de instabilidade: a demissão de Roger. Esse homem que foi vítima do racismo estrutural que impera no Brasil e sofre a intolerância dos incapazes de entender que no futebol podemos ter pessoas com inteligência e senso crítico, agora é demitido em um ato de covardia do seu presidente que, um dia antes, havia confirmado a manutenção dele diante do comando técnico da equipe. 

Roger paga pelo que fala, pelo que pensa e pelo que conhece da vida.  Paga por sua inteligência e sua consciência. Paga pela incompetência de quem fez o clube refém de pretensões políticas. As mesmas aspirações que tentaram apagar a história de Luis Felipe Scolari, que venceu sete títulos no clube, entre Libertadores, Copa do Brasil, Brasileiro, Recopa Sul-Americana e Campeonato Gaúcho; ou de Vagner Mancini, que conquistou Libertadores e Campeonato Gaúcho, como jogador. 

Na primeira vez que Roger foi demitido como técnico, escrevi que “cheguei a imaginar que a política interna do clube seria insuficiente para influenciar o trabalho dele e conseguiríamos desenvolver um planejamento de longo prazo”. Hoje, vejo que sou um iludido, um desatinado diante das coisas podres do futebol,  incapaz de ver que o desejo de poder e a vaidade se sobrepõem aos interesses do clube. 

Roger mais uma vez é sacrificado. Sofre injustiça. Arca com a responsabilidade que não é dele. Merecia mais respeito do Grêmio e de seu torcedor. Mas, infelizmente, o futebol não é feito de justiça, assim como a vida. A me consolar, está a crença de que Roger saberá ser maior do que estes que o demitiram e o criticaram, porque tem caráter, tem personalidade forte e tem propósitos que estão acima do resultado dentro de campo e da política que corrói o ser.

A demissão dele e a contratação de Renato —- o mesmo que foi incapaz de manter a trilha vitoriosa e nos levou ao caminho da Segunda Divisão — são resultado de uma política covarde, sem personalidade nem índole, que contamina o ambiente do clube, impacta o empenho em campo e mancha nossa história. Um política que apenas visa o poder.

Roger — se é que você um dia lerá essa Avalanche — peço desculpas pelo que os atuais diregentes do Grêmio fazem mais uma vez com sua história. Perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem (e há algum tempo não sabem). E peço que você me entenda — e tenho certeza que entenderá por gremista que nunca deixará de ser: a despeito do que decidam e façam, jamais deixarei de torcer pelo Grêmio. Jamais!

Avalanche Tricolor: esperança e desvario

Grêmio 0x0 Criciúma

Brasileiro B – Arena Grêmio, Porto Alegre RS

Roger observa o time em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

O caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche me conhece bem. Sabe o quanto torço, sofro e acredito, mesmo diante da descrença do futebol jogado. Sou daqueles que conservo a esperança de que em algum momento alguma coisa haverá de acontecer e mudará nosso destino. A bola que resvala no poste, vai voltar para o pé do goleador; a que desvia no zagueiro, seguirá a caminho do gol; a que chega na cabeça do atacante terá o destino das redes. 

Verdade que diante dos acontecimentos do ano passado, temos motivos para desconfiar da nossa confiança. Mas aí vem um outro jogo e a crença se expressa mais uma vez. A bola começa a rolar e a gente tem a impressão de que o futebol vai desencantar. Até percebe que o passe não é mais o mesmo, a velocidade é menor e a intensidade prometida no discurso do vestiário desaparece no decurso do jogo. A despeito disso, nos entregamos à ilusão, do primeiro minuto ao apito final.

Apesar dos pesares, prefiro não depositar toda essa crença no desvario que sempre me moveu quando trato das coisas do tricolor. Se tenho a expectativa de que o dia da grande revelação está por vir é porque reconheço em Roger capacidade para tal. O treinador que tem comandado o time com a estratégia da tentativa e erro, levando a campo formação e posicionamento diferentes na busca de desempenhos melhores, terá de contar com a paciência do torcedor — quem ainda a tem? 

Roger precisará de tempo para fazer com que os jogadores entendam o papel de cada um dentro do time. Mais tempo ainda porque tem o desafio de encaixar na sua forma de pensar os jogadores que herdou dos comandos técnicos anteriores. Que a paciência do treinador seja maior do que a do torcedor e os resultados – aqueles nos quais deposito minha esperança e desvario – comecem a aparecer o mais breve possível, antes que entremos em mais um caminho sem volta.                                            

Avalanche Tricolor: o Gre-Nal de Roger!

Inter 0x3 Grêmio

Gaúcho – Beira-Rio, Porto Alegre/RS

Roger em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Roger completou, neste sábado, um mês no comando do Grêmio, nesta sua segunda passagem como técnico. A estreia dele na ‘casamata’ foi em 19 de fevereiro, com uma goleada pelo Campeonato Gaúcho. Quatro semanas e seis jogos depois, voltou a golear, agora no clássico e na casa do adversário —- um resultado que deixa o time muito próximo da final da competição.

Se Elias, Bitello e Diego Souza foram os jogadores que fizeram os três gols gremistas, a goleada foi por obra e graça de Roger, que soube, no pouco tempo que teve para trabalhar, entender o elenco que tem em mãos e construir uma estratégia apropriada para essa primeira “semi-decisão”.

A mão do técnico começou a funcionar nas escolhas que passou a fazer algumas partidas atrás, quando ainda estava tateando o grupo e tentando enxergar as soluções disponíveis. No gol, deu segurança a Breno, definindo-o como titular. 

Não se acanhou em deslocar o zagueiro Rodrigues para a lateral direita, ao perceber que ele tem força na marcação, habilidade para levar a bola e velocidade para sair de trás. Com isso, ainda pode contar com o cacoete do zagueiro que fecha na área, ao lado de Geromel e Bruno Alves. Eles, a dedicação de Nicolas na esquerda, e o sistema defensivo de Roger foram imbatíveis, nesta tarde de sábado.

Roger também mexeu no meio de campo, recuando Lucas Silva e deixando Villasanti e Bitello um pouco mais à frente — os dois com boa saída de bola e chegando rápido ao ataque. Todos com a missão de não dar espaço ao adversário —- o que havia sido fatal no último clássico. 

No ataque, mesclou o talento de Campaz, a velocidade de Elias e o incômodo que Diego Souza provoca nos marcadores — só de estar em campo já causa frisson entre os zagueiros que conhecem o histórico de gols dele em clássicos. Como nosso treinador sabia da necessidade de um sistema compacto para evitar o toque de bola adversário, fez com que os dois atacantes que jogavam aberto, se revezassem na volta para a defesa; sempre ficando um mais à frente para escapar em direção ao gol. 

Foi em uma dessas escapadas, ainda aos dez minutos de partida, que se iniciou a goleada, construída por Roger no vestiário. Depois de a defesa interceptar duas tentativas de ataque, Nicolas encontrou Elias correndo por trás dos marcadores. Aos 22, foi a vez de Bitello fazer o seu com mais um chute atrevido de fora da área, em uma bola que o Grêmio interceptou quando forçava a marcação perto do gol adversário. O terceiro, já no segundo tempo, também foi fruto de uma roubada de bola, que culminou no pênalti em Elias, muito bem cobrado por Diego Souza.

Roger ainda tem muito a fazer neste time. E sabe disso. Está ainda tentando implantar o futebol de aproximação, triangulação e movimentação rápida do qual é admirador. Precisará de um pouco mais de tempo, apesar de nos poucos lances em que estivemos com a bola, se perceber que alguns jogadores já conseguem rascunhar a ideia do treinador. 

Com um mês ao lado do campo, Roger corrigiu defeitos, ajustou peças, e tirou o que pode de cada um dos jogadores à disposição. 

O Gre-Nal 436 foi o Gre-Nal de Roger!

Avalanche Tricolor: dois gols de um Grêmio que já conhecemos



Lanus 1×2 Grêmio

Sul-Americana — estádio La Fortaleza, em Lanús (ARG)

Festa de Ferreirinha no segundo gol, em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Há quem já enxergue o redesenho do futebol do Grêmio, que está sob nova direção há pouco mais de uma semana. E veja nos dois gols marcados no freguês argentino, na noite dessa quinta-feira, as mudanças impostas pelo técnico Thiago Nunes. Longe de mim querer tirar o mérito do treinador ao escrever esta Avalanche, na manhã de sexta-feira, após ler parte da crônica esportiva e especializada do Rio Grande do Sul. A despeito de a chegada dele provocar o efeito ‘chefe novo’ que influencia o desempenho tanto de acomodados quanto de  desmotivados, tem potencial para tornar o time ainda mais forte, pelo que já mostrou na carreira que construiu até aqui. Porém, por mais que confie —- e eu sempre irei confiar —-, é preciso parcimônia na análise e um refresco na memória. 

Em 2017, o Grêmio enfrentou o mesmo Lanús em competição mais nobre e fase mais decisiva. Disputamos o título da Libertadores e vencemos a primeira partida no mesmo estádio de ontem —- La Fortaleza —- e com o mesmo placar de ontem. Coincidências, é lógico. Pois nem Grêmio nem Lanús conseguiram na temporada anterior alcançar a mesma performance da época em que se candidataram ao maior título sul-americano. Haja vista que hoje temos de nos contentar com a Sul-Americana.

Resgato o primeiro jogo daquela decisão porque basta um Google —- veja no vídeo a seguir —- para lembrar que os dois gols que nos abriram caminho para o título surgiram de jogadas semelhantes a que nos permitiram chegar aos gols de ontem: pelas pontas, com velocidade e talento.

Em 2017, o Grêmio saiu na frente no placar após a cobrança de escanteio do adversário. A defesa despachou a bola da área e foi parar nos pés de Fernandinho. Nosso atacante disparou contra os marcadores em altíssima velocidade até chegar na cara do gol e marcar. 

O segundo gol começou em outra arrancada de trás, com jogada  pelo lado esquerdo, em alta velocidade. A bola caiu nos pés do iluminado Luan e  nosso 7 usou de seu talento, driblou quem podia, deixou os zagueiros para trás e de cavadinha encobriu o goleiro para marcar aquele que foi o gol mais bonito da Libertadores.

A vitória de ontem começou a ser construída após a defesa tirar uma bola da área, o meio de campo brigar pela disputa dela e encontrar Ferreirinha inspirado na ponta esquerda. O guri, atrevido, fez um giro sobre o marcador e correu em direção ao gol para servir Leo Pereira, que também vinha em velocidade. 

Depois de levarmos o empate, reagimos novamente pelas pontas. Luis Fernando — aquele que fazia alguns arrancar os cabelos quando Renato mandava aquecer ao lado do gramado — arrancou pela direita, deixou o marcador para trás e serviu a quem estivesse chegando na área. Era Tiago Santos que estava a espera da bola quase na pequena área. Sim, aquele “volantão”, “perna de pau” e “velho”, que ao ser contratado foi motivo de críticas e pedidos de demissão de Renato, estava, aos 41 minutos do segundo tempo, lá no ataque para dar assistência à Ferreirinha que, mais uma vez, usou de talento para fazer a bola chegar nas redes.

A esta altura, você, caro e raro leitor desta Avalanche, deve estar pensando: o Mílton parece viúva do Renato. Que pareça!

A minha admiração e respeito por ele sempre será enaltecida neste espaço, mesmo com todas as ressalvas que já fiz e registrei em Avalanches passadas. Mais do que isso, porém, é que faço questão de dar crédito a quem merece, sem desmerecer os demais. 

Assim que Renato chegou ao comando do Grêmio, em setembro de 2016, muitos passaram a elogiar a maneira como o time estava se apresentando em campo —- como se aquela performance tivesse sido inventada naquele momento. Esquecíamos de que a lógica do jogo havia sido montada por Roger,  que mudou a maneira do Grêmio se comportar em campo, valorizando a bola no pé, o toque rápido e o deslocamento em velocidade. Renato aprimorou a marcação e soube aproveitar muito bem a estrutura deixada por seu antecessor. Fez o nosso futebol evoluir e se tornar campeão.

Com Tiago Nunes nossa expectativa é a mesma. O treinador vai implantar o que pensa ser o futebol moderno, a partir de um modelo de jogo que já conhecemos há algum tempo e se transformou em uma de nossas marcas. Ele não vai reinventar o Grêmio. Vai evoluir com o Grêmio. E nos fazer campeão, mais uma vez! É a minha esperança.

Avalanche Tricolor: O Grêmio voltou!

 

 

Grêmio 1×0 Atlético PR
Brasileiro – Arena Grêmio

 

 

29679478824_8b76d47bdf_z


Pedro Rocha em mais um lance de ataque, em foto de LUCASUEBEL/GRÊMIOFBPA
 

 

 

O Grêmio venceu. E isso seria suficiente nesta altura do campeonato. Mas o Grêmio não se limitou a vencer. Venceu e voltou a jogar bem.

 

 

Vimos desfilar na Arena o futebol que fez do Grêmio sensação na primeira parte da competição, que havia sido esquecido em algum lugar qualquer do vestiário a ponto de nos levar a perder Roger, técnico que deixou um legado importante à equipe.

 

 

Há algum tempo não via movimentação tão intensa em todas as partes do campo. A troca de passe veloz, o apuro no toque da bola e o deslocamento de jogadores por um lado e outro reapareceram sob o comando de Renato.

 

 

Já disse algumas vezes, que o futebol bem jogado servia-me de consolo mesmo quando o placar não estivesse a nosso favor. Fazia-me sofrer menos. E temia que a mudança de técnico nos levasse de volta àquele futebol sofrido de garra e determinação – lugar comum nos times de coração, mas sem muito talento.

 

 

A passagem de Roger deixou-me exigente. Queria ver o Grêmio lutador de sempre, mas com o futebol qualificado. Nesta noite, liderado por Renato, parte de meu desejo se fez realidade.

 

 

Michael, Walace, Douglas, Ramiro e Luan trocaram passes com qualidade. E dava prazer ver a bola correndo de pé em pé, às vezes de um calcanhar para outro. Os laterais, especialmente Edílson, apareceram para auxiliar o ataque.

 

 

Dentro da nossa área, Bruno Grassi, Geromel e Kannemann seguraram qualquer tentativa de ataque adversário.

 

 

E aqui um parênteses: Kannemann me parece muito com aqueles zagueiros de antigamente, que tinham um missão a cumprir, despachar a bola para longe de seu gol. E cumpriam do jeito que desse, chutando a bola para o lado em que o nariz estiver apontado. Função que faz com maestria.

 

 

Deixei Pedro Rocha por último nesta lista. E não foi por acaso. Quando tenho a impressão de que vamos desistir dele, o atacante aparece. Seja chutando e provocando o rebote; seja rebotando, como, aliás, fez hoje para marcar o único gol da partida.

 

 

Lembrei de entrevista que fiz com o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, em março deste ano, quando comentei que Rocha perdia muitos gols: “mas ele está sempre lá”, disse o dirigente.

 

 

Rocha estava lá mais uma vez e para resolver a partida.

 

 

O Grêmio voltou a brigar em campo e jogar com talento.

 

 

Com a vitória, cola no G6 e a Libertadores está logo ali.

 

 

O Grêmio voltou!

Avalanche Tricolor: com a cara do Grêmio

 

Grêmio 2×1 Palmeiras
Copa do Brasil – Arena Grêmio

 

29701818300_a8d33e0869_z

Nossa torcida na foto de LUCASUEBEL/GRÊMIOFBPA

 

Havia algo diferente no ar. Mesmo com um público aquém da nossa necessidade, a concentração de torcedores em alguns setores da Arena passava a sensação de que o espírito copeiro estaria em campo. E foi o que se viu do primeiro ao último minuto de partida.

 

O toque de bola e a movimentação no ataque, tendo Luan como coringa, atuando em todas as posições do meio para a frente (às vezes até lá atrás), uniram-se a marcação alta e futebol com intensidade – legado de Roger.

 

A obsessão por ganhar toda disputa, marcar o adversário a qualquer custo  e afastar a bola da nossa área mesmo que seja com um chutão, também estavam lá. Assim como a velocidade no ataque e a bola alçada para a área na expectativa de uma conclusão certeira de um dos nossos – ao estilo Renato.

 

E na união do futebol desejado por Roger e por Renato – dois campeões ao seu estilo -, o Grêmio foi Grêmio na primeira partida destas quartas-de-final, na Copa do Brasil.

 

Ver Ramiro aparecendo na entrada da área e acertando um chute indefensável no primeiro gol é animador. Gosto de saber que temos jogadores dispostos a superar suas limitações e críticas (justas ou não).

 

Ver que no segundo gol tínhamos ao menos dois jogadores dispostos a empurrar a bola para dentro, além de um terceiro que aparecia livre para concluir, sinaliza a disposição da equipe em superar o mau momento.

 

É assim que gostamos de ver o Grêmio. É assim que queremos o Grêmio: lutador, copeiro e com talento, seja na Copa seja no Brasileiro!

 

Avalanche Tricolor: é uma pena, Roger não volta mais

 

Ponte Preta 3×0 Grêmio
Brasileiro – Campinas/SP

 

0_20160914_alexandrebattibugli_pontexgre_-3_l

Luan em meio a marcação adversária em foto do site Grêmio.net

 

Só esperava o Jornal da CBN sair do ar para começar a escrever esta Avalanche. Abri mão de escrevê-la ontem após a partida, como é de costume, não apenas pelo adiantado da hora, mas porque, confesso, desisti de vê-la quando faltavam cinco minutos para o fim.

 

Eu não sou de desistir. Quem me conhece sabe disso. Os torcedores contrários aqui de São Paulo também sabem disso: à primeira provocação, vou sempre em busca de uma resposta à altura. Sempre acho um viés favorável ao nosso tricolor. Faço isso pelo prazer de não dar o braço a torcer e por ser adepto da ideia de que roupa suja se lava em casa (e não no WhatsApp)

 

Na noite desta quarta-feira, porém, desisti antes de o jogo se encerrar.

 

Deveria tê-lo feito já na primeira meia hora de partida quando percebi que a ligação direta, o chutão da defesa para o ataque, voltara. Uma estratégia que tem tudo para dar errado, especialmente em um time que não tem o centroavante típico, aquele grandalhão que fica trombando com os zagueiros e faz qualquer coisa pra empurrar a bola para o gol. Nossos atacantes precisam da bola rolando, passando de pé em pé e colocada em posição privilegiada.

 

Esperei o intervalo na esperança de que haveria mudanças. Houve, mas apenas na escalação. Mesmo porque no meio de campo não tinha ninguém com capacidade de receber a bola, fazer a transição e entregá-la em boas condições ao ataque. Giuliano que ajudava muito nesta função e também na marcação, protegendo nossos volantes e a defesa, já não veste mais nossa camisa, foi para o estrangeiro para em seguida ser convocado à seleção brasileira. Por força dos cartões amarelos, Douglas que faz isso com maestria também estava fora da equipe (menos mal que volta em seguida). E fez uma tremenda falta naquele jogo truncado de ontem.

 

Mesmo assim, insisti. Acreditei na possibilidade que em uma escapada qualquer, um dos nossos conseguiria chegar ao gol adversário. E quase sem querer, empurrando a bola pra frente, Marcelo Oliveira criou essa oportunidade.

 

Deveria ter desistido quando vi o primeiro gol do adversário. Mais um de cabeça. Mas acreditei que, mesmo que fosse em um lance de sorte, poderíamos empatar. Quem sabe, virar.

 

Poderia ter desistindo ao assistir ao segundo gol de cabeça do adversário. Mas pensei comigo mesmo: não somos nós os Imortais? Quis acreditar que poderia estar diante de mais uma epopeia da nossa história.

 

Nos minutos que se seguiram, perdemos uma cobrança de escanteio, batemos falta na barreira e desperdiçamos cruzamentos na cabeça dos defensores. Sem contar que escapamos de tomar mais um ou dois gols. Mesmo assim, eu insisti.

 

Só fui abatido quando faltavam cinco minutos e em rara tentativa de ataque: logo após termos tropeçado na bola, erramos mais um passe em direção ao gol.

 

Apaguei a televisão e desisti.

 

Ainda de madrugada, quando acordei para trabalhar, soube que havíamos tomado mais um gol. Mais triste do que isso: Roger, assim como eu, também havia desistido. A diferença é que eu, amanhã, estarei de volta à “arquibancada”, torcendo e sofrendo pelo Grêmio. Acreditando que dá pra dar a volta pro cima. Que as coisas vão dar certo para nós. E Roger não estará mais.

 

É uma pena! Ele era a esperança de que estávamos diante de um outro olhar sobre o futebol. Fez-me acreditar que seríamos capazes de implantar um modelo inteligente de atuar. Cheguei imaginar que a política interna do clube seria insuficiente para influenciar o trabalho dele. Que conseguiríamos desenvolver um planejamento de longo prazo, como fazem as grandes equipes do futebol mundial. Que formaríamos um time de dar orgulho pela maneira de jogar e, claro, em breve, nos desse também os títulos que tanto almejamos.

 

Avalanche Tricolor: hora de transformar limão em limonada

 

Coritiba 4×0 Grêmio
Brasileiro – Couto Pereira/Curitiba-PR

 

0_20160907_agb_coritiba_x_gremio-33_l

Ramiro (foto do site Grêmio.Net)

 

Foi uma goleada como a de ontem à noite que eternizou na alma tricolor a ideia da imortalidade. Em 2005, quando ainda nos acostumávamos com os jogos da segunda divisão – se é que dá pra se acostumar com estas coisas -, levamos quatro do Anapolina, em Goiás, e voltamos para casa na 12a posição da série B. Coisa pra envergonhar qualquer vivente.

 

No Olímpico, sim, naquela época tínhamos o Olímpico e sua história para preservar, Mano Menezes reuniu o grupo e conseguiu transformar em obstinação a tragédia que se aproximava. Como dizem no popular: transformar limão em limonada.

 

Mano reconstruiu a equipe, mexeu no espírito e na cabeça de cada um de nossos jogadores, ao menos aqueles em quem ele ainda podia confiar, e nos levou a um dos momentos mais épicos do futebol mundial.

 

O resultado de ontem está longe da catástrofe de 2005, pois estamos muito mais bem posicionados e distante da zona de rebaixamento – o que nem todos que nos leem podem dizer com a mesma firmeza. A Libertadores segue logo ali. Verdade que o título ficou bem mais difícil. Apesar de não ser impossível.

 

Tudo vai depender de como Roger recuperará a cabeça dos jogadores que não anda bem e não é de ontem. Terá de mostrar que a recuperação depende de nós mesmos, já no próximo domingo, diante de sua torcida e contra o líder.

 

Aliás, aqui vai mais uma coincidência: logo após a goleada de 2005, encaramos o líder naquela altura do campeonato e em casa, o Santo André. Ganhamos, avançamos e fizemos história.

 

Tudo bem, o Santo André não é o Palmeiras. Mas o Grêmio daquela época estava anos luz atrás do Grêmio de hoje.

 

Sei que hoje no Rio Grande do Sul falar de Segunda Divisão não é bem nossa preocupação. Porém, talvez resgatar a história e mostrar o quanto somos capazes, pode ajudar neste momento de abatimento.

 

Da partida de ontem à noite, peço licença apenas para mais um registro: o juiz errou duas vezes contra nós, no início do primeiro e no início do segundo tempo; mas nós erramos muito mais ao longo de toda partida.

Avalanche Tricolor: estas mal traçadas linhas

 

Botafogo 2×1 Grêmio
Brasileiro – Arena Botafogo

 

0_IMG_5262_l

Luan bem que tentou nesta jogada, em foto do site Gremio.Net

 

Imagino que você, caro e raro leitor desta Avalanche, já tenha se deparando com o desafio de ter de começar a escrever um texto e a falta de criatividade impedir-lhe de avançar além do primeiro parágrafo. Escreve, descreve e reescreve. Vai e volta. Arrisca seguir por um lado. Não dá certo. Tenta o outro. Também não rola. Apaga tudo e recomeça.

 

Algum tempo depois, diante da página vazia ou cheia de frases mal começadas, você percebe que pouco tinha a dizer. E o que tinha, não sabia como fazer. Pensa em desistir, mas o texto já está encomendado. Não tem jeito. Chuta pra frente e torce para que uma frase colada na outra faça algum sentido. Na maioria das vezes, o máximo que se consegue são mal-traçadas linhas.

 

Assim foi o futebol do Grêmio na tarde deste domingo.

 

Esqueceu da inspiração em algum lugar qualquer no caminho entre Porto Alegre e Rio de Janeiro. O comentarista que ouvi na televisão chegou a supor que o problema se devia aos desfalques na equipe. Estranhei, porque exceção a Miller, que sequer é unanimidade entre os torcedores, os demais ausentes estão longe de serem artífices da criatividade, apesar de importantíssimos para a segurança do time. E nesse caso, claro, refiro-me a Marcelo Grohe e Geromel.

 

O time simplesmente não conseguiu jogar. Parecia desconfortável naquele estádio com cara de interior, apelidado de Arena e gramado precário. Apresentou-se desajeitado, com jogadores fora de posição e se deslocando de maneira acanhada, o que prejudicou a qualidade do passe.

 

Se na frente a coisa não andava, atrás desandava.

 

A impressão é que o sistema defensivo jamais havia jogado junto. Sempre aparecia um atacante livre para receber e colocar perigo no nosso gol. Era tanta liberdade que até o árbitro e seu auxiliar se atrapalharam logo no início da partida quando não sabiam se davam impedimento ou validavam o gol adversário. Acertaram ao anular o lance, não sem antes fazerem uma baita confusão e influenciarem os ânimos dos jogadores dos dois times.

 

Diante dos fatos, deixamos de somar mais três pontos, no Campeonato Brasileiro. Dos nove últimos disputados, conseguimos apenas um. Nos afastamos ainda mais do líder. E seguimos fora da zona de classificação. O jogo que deveria ter acontecido no início de agosto, nos pegou no pior momento desta temporada nacional.

 

E agora?

 

Apaga tudo e começa de novo, até porque apesar da falta de criatividade deste domingo, ainda confio muito no talento de Roger e sua turma. E o Grêmio sempre encontra inspiração para reescrever sua história.

Avalanche Tricolor: começamos muito bem a Copa do Brasil

 

Atlético PR 0x1 Grêmio
Copa do Brasil – Arena da Baixada/Curitiba

 

0_20160824_AGB_-25_l

Grêmio comemora gol da vitória em foto do site Grêmio.net

 

Começamos bem. O jogo e a Copa do Brasil.

 

A Copa começamos bem porque marcamos gol fora de casa, o que sempre faz diferença, e vencendo, o que faz uma baita diferença.

 

O jogo começamos bem porque o time se movimentou com uma desenvoltura incrível, no primeiro tempo.

 

Molharam o piso para atrapalhar o domínio de bola, mas sequer essa estratégia foi suficiente para nos fazer parar. Nossos jogadores deslizavam pelo gramado artificial com uma facilidade de impressionar.

 

Supostamente havia três volantes na equipe: Wallace, Jaílson e Ramiro. E provavelmente houve quem torcesse o nariz imaginando que jogaríamos fechado atrás.

 

Assim que pegávamos a bola, e a mantivemos sob domínio quase todo o primeiro tempo, os homens de trás disparavam pelos lados, e os da frente encostavam para tabelar O time dos três volantes ganhava ao menos quatro atacantes. Coisas típicas do Roger, este técnico que nos ensinou a jogar diferente.

 

Ninguém guardava posição do meio para a frente. Ninguém ficava fixo a espera da bola. Todos se deslocavam de uma lado para o outro, deixando a defesa adversária atordoada. E foi dessa maneira que chegamos ao gol.

 

Walace conduziu a bola pela intermediária, Douglas apareceu centralizado para receber e com um passe daqueles que só se dá na pelada do fim de semana colocou Miller na cara do gol. Era só matar. E ele matou. E eram apenas seis minutos de partida.

 

Só percebemos que havia adversário no segundo tempo quando até tivemos boas chances de ampliar o placar, mas perdemos o domínio da bola e nos deixamos pressionar. Foi então que entraram em cena o protagonismo de Marcelo Grohe e Geromel, tendo Kannemann como coadjuvante em sua estreia.

 

Começamos muito bem a Copa do Brasil!