Avalanche Tricolor: como assim, o que nos resta é a Libertadores?

 

Grêmio 1×1 Fluminense
Copa do Brasil – Arena Grêmio

 

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O que nos resta é a vaga na Libertadores … Opa, que história é essa? Desde quando falamos em Libertadores neste tom de lamento quando nascemos para a Libertadores. Forjamos nossos caminhos pelos campos duros do interior do Rio Grande, subimos a Serra, invadimos o Pampa, atravessamos fronteiras e tomamos o Brasil, apenas porque queríamos ter o direito de conquistar a América.
Então, meu amigo, caro e raro leitor desta Avalanche, deixe de lamentações.

 

É claro que ter perdido a classificação à semifinal da Copa do Brasil em casa por não termos marcado gols fora de casa é sempre muito ruim. O resultado, porém, precisa ser analisado com a frieza que os minutos seguintes à desclassificação não permite. Entender o que impediu que a bola chegasse em condições de marcamos gols ou por que quando esta chegou até lá não entrou.

 

Azar? Jamais. Detalhe? Às vezes. Falta de precisão? Com certeza. Imaturidade? É algo a se pensar.

 

E por que falo na falta de maturidade? Porque temos de ter na nossa perspectiva a ideia de que iniciamos um ano com um time desmontado, mesmo que motivado pela relação emocional com nosso treinador na época. Vivenciamos uma reviravolta com a descoberta das qualidades de Roger e seu novo olhar na forma de jogar e se posicionar em campo. Recuperamos jogadores, revelamos outros, redescobrimos uma trajetória vencedora que nos colocou em uma privilegiada condição dentro da maratona que é o Campeonato Brasileiro. Mas é incontestável que este jogo que estamos jogando precisa amadurecer, ter suporte no plantel para que não se perca qualidade nas trocas necessárias, e reforçar alguns setores diante do desgaste natural.

 

Assim como aconteceu na época em que Mano Menezes levou o Grêmio à final da Libertadores, pouco tempo depois de nos recuperarmos da Batalha dos Aflitos, hoje, também, o time foi muito além do que estava planejado. Chegou à reta final antes da hora e por seus próprios méritos, diga-se. Produz muito mais do que a maioria de nós desenhava após os primeiros passos na temporada. E, principalmente, produz muito mais do que a maioria dos seus adversários, inclusive aquele que enfrentamos na noite de ontem, mas que, por circunstância do regulamento, nos superou no mata-mata.

 

Copa do Brasil e noves foras, o Campeonato Brasileiro está aí no nosso caminho e resistir ao assédio dos que tentam tirar nossa posição é preciso. Se os resultados paralelos colaborarem, por que não pensar em ir além, mesmo que o time ainda tenha de crescer e aprender a ser decisivo também nos momentos decisivos? Você e eu estamos ansiosos por um título, com certeza, mas não se pode perder de vista que temos de estar prontos é para vencer a Libertadores no ano que vem e, portanto, conquistar o direito de disputá-la e aproveitar o ano que nos resta para deixar o time mais “cascudo”.

Avalanche Tricolor: com time e futebol para garantir a vaga em casa

 

Fluminense 0x0 Grêmio
Copa do Brasil – Maracanã (RJ)

 

Marcelo Oliveira, assim como o time, jogou para o gasto no Maracanã (foto: site www.gremio.net)

Marcelo Oliveira, assim como o time, jogou para o gasto no Maracanã (foto: site http://www.gremio.net)

 

Há partidas que me levam a escrever esta Avalanche antes mesmo de seu fim, tão ansioso que fico para compartilhar com os caros e raros leitores deste Blog o que vi e admirei. Outras me geram angústia, não porque não tenha gostado do que vi em campo. Muito antes pelo contrário. Geram angústia porque terminarão tarde da noite e me faltará tempo para descrever tantos feitos e fatos ocorridos no decorrer do jogo, a medida que tenho de tentar dormir imediatamente após o apito final, já que é de madrugada que se iniciam meus compromissos profissionais.

 

Desta vez demorei para chegar até aqui. Trabalhei, gravei, me reuni, conversei e, somente agora, início desta tarde infernal de São Paulo, encontrei tempo e vontade para sentar diante do computador e descrever a sensação proporcionada pelo empate na primeira partida das quartas-de-final da Copa do Brasil, na casa do adversário. É bem provável que esse meu desdém ao jogo no Maracanã tenha muito a ver com o nível de exigência do torcedor gremista nesta temporada. Quando se assiste ao time fazer apresentações de gala como tantas que assistimos desde a chegada de Roger (o 5×0 que o diga), o sarrafo fica mais alto, expressão que costumamos usar para mostrar que nos permitimos impor metas mais ousadas do que as conquistadas até então. É como se quiséssemos ver o Grêmio e sua excelência 100% das vezes. Eu sei que isso é impossível!

 

Na noite passada, o Grêmio foi competente para reduzir ao máximo o risco de tomar gol, seguiu empenhado em marcar a saída de bola do adversário e diminuir os espaços em campo, tanto quanto em mantê-la em seus pés com muita aproximação e trocas de passe. Ou seja, fez o que aprendeu a fazer bem há alguns meses sob nova orientação. Mas não fez muito mais do que isso, o que o impediu de sair com uma vitória que praticamente o encaminharia à semifinal da Copa do Brasil. A bola não passou de pé em pé com a mesma velocidade nem a troca de jogadores para abrir espaços na marcação foi tão evidente. Até vimos em um ou outro lance ensaios nesse sentido. Não o suficiente para merecer a conquista.

 

Sem ser chato, e se tem coisa que eu, como autor desta Avalanche e torcedor do Grêmio, não pretendo nunca ser é chato, apesar de acreditar que muitos pensem assim, ontem à noite, o Grêmio fez um jogo “Ôxo”, que é como o locutor esportivo Walter Abrahão definia as partidas encerradas em zero a zero, principalmente aquelas em que nenhum dos dois times fez por merecer um gol.

 

O resultado final nos faz decidir em casa por apenas um resultado: a vitória. Outro empate “Ôxo” nos remeterá ao drama da decisão de pênaltis, enquanto os demais placares todos favorecem o adversário. Na Copa do Brasil e seu regulamento estranho as coisas são desse jeito: se o time da casa empata sem gols na primeira partida não tem muito a lamentar. Enquanto quem jogou fora, fica se lamuriando por não ter marcado um golzinho só que fosse para desequilibrar a decisão no segundo jogo.

 

Seja como for, o Grêmio tem time, talento e muito futebol para chegar a semifinal com uma vitória maiúscula (perceba como hoje estou saudosista nos termos do esporte) diante de sua torcida.

Avalanche Tricolor: vitória deixa o Grêmio na briga pelo título

 

Atlético(PR) 1×2 Grêmio
Brasileiro – Couto Pereira/Curitiba

 

Time comemora o gol da vitória em Curitiba (foto Portal Grêmio.net)

Time comemora o gol da vitória em Curitiba (foto Portal Grêmio.net)

 

Dos gremistas que andam por São Paulo, é o Sílvio quem compartilha comigo as percepções sobre o Grêmio com mais frequência. Praticamente toda a semana trocamos telefonema para falar de nosso time, em geral nos dias que antecedem a partida e, com certeza, no dia seguinte. Hoje não foi diferente, e quando o Sílvio me ligou querendo saber o que seria desta noite, em Curitiba, não tive dúvida em dizer que era o jogo definitivo.

 

Explico porque resposta tão drástica (ou definitiva): depois de duas partidas sem vitória, de vermos o líder do campeonato se distanciar e, principalmente, os demais concorrentes à vaga para Libertadores se aproximarem, teríamos pela frente duas disputas fora de casa. Vencer, hoje, poderia não nos deixar mais próximo do topo, mas nos manteria na briga do título, fora do alcance daqueles que vêm logo atrás e, fundamentalmente, dentro da Libertadores. Perder ou empatar, além de revelar uma fragilidade que ainda não havia se revelado desde a chegada de Roger, passaria a se ver ameaçado por uma quantidade grande de times que vêm reagindo nas últimas rodadas.

 

O que vimos no Couto Pereira foi a manutenção de um futebol que tem sido jogado desde que Roger assumiu o Grêmio. Até tivemos momentos de baixa produção neste campeonato, mas o tipo de jogo imposto pela nova gestão se manteve durante toda a competição: intensa troca de passe e movimentação de jogadores, além de marcação eficiente desde a área adversária. Isso se repetiu nesta noite, mesmo diante da forte pressão. Até poderíamos ter ficado mais tempo com a bola no pé, mas houve um ingrediente que me chamou atenção e agradou muito: privilegiamos o passe para frente em detrimento do recuo de bola. Isso faz com que o time se torne mais ofensivo ainda e fique mais perto do gol.

 

Os dois gols que assistimos foram resultado do mesmo tipo de jogo. Deslocamento de jogadores com troca de posição constante, confundindo a marcação, e passes precisos que deixaram nossos atacantes na cara do gol. Tudo isso se somou a categoria e a tranquilidade com que Douglas e Luan concluíram as duas jogadas fatais.

 

Em resumo: estamos na briga!

Avalanche Tricolor: faltam seis pontos para chegar ao topo

 

Grêmio 2×1 Goiás
Brasileiro – Arena Grêmio

 

Everton comemora o gol da vitória contra o Goiás (foto do álbum do Grêmio Oficial, no Flickr)

Everton comemora o gol da vitória contra o Goiás (foto do álbum do Grêmio Oficial, no Flickr)

 

Só faltam seis….sim, é isso mesmo, só faltam seis pontos para chegar ao topo.

 

Não, você não está enganado, não! Eu comecei mesmo a contagem regressiva para alcançar a liderança do Campeonato Brasileiro. É provável que você, caro e raro leitor desta Avalanche, estranhe esta minha abordagem. Logo eu, sempre tão comedido, cuidadoso com as palavras, jamais querendo colocar a carroça na frente dos bois – como costumavam dizer antigamente -, estou aqui fazendo projeções tão otimistas?

 

Sei que pode parecer estranho e arriscado, diante do tamanho do desafio e da força dos adversários que disputam o título, mas a partida desta tarde de domingo, teve elementos que me proporcionaram esta confiança.

 

Comecemos pelo fato de que eram oito pontos de diferença do líder antes de a partida se iniciar. Apenas nossa vitória não seria suficiente para nos aproximar do topo da tabela de classificação. Havia a necessidade de os adversários, que continuo tratando com o merecido respeito, cederem dois ou três pontos para a contagem começar. E deu certo. Talvez por linhas tortas, é verdade. Mas foram essas mal traçadas linhas em campo que me trouxeram tal confiança.

 

Hoje, encarávamos mais um daqueles times que estão na categoria “touca” do Grêmio. Confesso desconhecer a origem da palavra, mas imagino que venha da expressão “marcar touca” que significa bobear diante de uma situação qualquer. No futebol, “touca” são aqueles times que, por uma razão não muito bem justificada, costumam ser difíceis de vencer. É sempre contra eles que bobeamos.

 

Para não desmerecer o título que carrega, o adversário, contra toda a lógica da partida, na qual o Grêmio tinha mais de 70% da posse de bola, jogava no ataque, tinha um pênalti à sua disposição e vantagem numérica em campo, graças a expulsão do zagueiro oponente, conseguiu se safar de um gol, com a cobrança de Douglas no poste, e, na segunda jogada de ataque em todo o primeiro tempo, marcar o seu de cabeça. Só mesmo o futebol e seus deuses alucinados para explicar essas distorções. Convenhamos que sequer podemos reclamar deles – os deuses -, pois os mesmos já conspiraram muitas vezes a nosso favor.

 

Em campo, estavam todos os elementos indispensáveis para as coisas darem errado ao tricolor. O histórico contra o adversário era apenas um deles. O pênalti desperdiçado e o gol tomado estavam ali, também, para ajudar a construir esse drama. Bem antes disso, no vestiário, Roger já havia tido a necessidade de montar uma equipe com muitos desfalques e alguns imprescindíveis, que começavam no gol, passavam de forma cruel por dentro da nossa área e se estenderiam até o comando do ataque com nosso goleador e craque Luan mais uma vez cedido para jogar sei-lá-o-que e por sei-lá-quem.

 

A retranca justificável que viríamos a enfrentar no segundo tempo apenas tornaria mais complicada nossa tarefa, pois a falta de espaço atrapalha o toque de bola e impede que o nosso jogo se desenvolva com naturalidade. Quando os times se fecham muito, o ideal é ter um atacante fincado lá na frente a espera de uma espirrada de bola. E nós não o temos.

 

Foi, então, que minha esperança começou a surgir de maneira mais concreta. Pois ficou claro que Roger pediu paciência aos nossos jogadores. Insistiu para que eles não desistissem de jogar como têm jogado desde que ele assumiu o comando da equipe, aliás contra este mesmo adversário, no primeiro turno, quando, só pra justificar o título de “touca”, lembro agora, empatamos.

 

Seguimos mantendo o domínio da bola e acelerando o passe para dar velocidade ao jogo na expectativa de uma brecha para chutar. E não esperamos mais de seis minutos para que isso acontecesse, em jogada que se iniciou na nossa defesa e com uma visão incrível de jogo do zagueiro Geromel – que baita zagueiro, amigo! – que encontrou Everton partindo para o ataque isolado no meio de campo, que viu Bobô se deslocando para a ponta esquerda, de onde cruzou para encontrar Douglas dentro da área. Nosso maestro precisou de apenas um toque para desviar a bola e fazer aquilo que não havia conseguido na cobrança de pênalti.

 

O gol de empate não seria suficiente para tirar a “touca” do caminho e ainda fez o adversário fechar-se mais, o que exigiu nova dose de paciência e muitos passes trocados até encontrar outras oportunidades de gol. Uma foi para fora, a outra ficou perdida entre os zagueiros e houve uma em que o goleiro teve de fazer um milagre.

 

Coincidência ou não, a jogada do segundo gol se iniciou novamente na defesa, desta vez no desarme de Willian Schuster que substituíra o combalido Maicon. Passou pelos pés de Giuliano, Douglas e Yuri Mamute antes de se apresentar para Everton, que, mesmo com o ângulo fechado, conseguiu encontrar um espaço entre as pernas do goleiro adversário e o travessão, onde a bola se chocou antes de entrar. Iria para fora em outros tempo. Desta vez, não!

 

Com os três pontos retomados, restou-nos fazer a bola correr de pé em pé para reduzir o risco de uma nova surpresa. Verdade que ainda passaríamos por um grande susto que me parece ter ocorrido apenas para que pudéssemos ver o nosso goleiro Tiago se redimir das saídas desvairadas que costuma dar sempre que a bola é cruzada na área. Fez uma defesa que mereceu comemoração de punhos cerrados, os dele e os meus.

 

O time mostrou maturidade apesar de todas as mudanças na escalação e adversidades que nós próprios construímos. Superou o histórico e suas fragilidades. Venceu nosso ceticismo e espantou a assombração desta “touca” em momento oportuno.

 

Só faltam seis pontos para chegarmos ao topo.

 

PS: por falar em contagem regressiva,alguém sabe quantos jogos faltam para Erazo voltar?

Avalanche Tricolor: futebol eficiente leva o Grêmio a mais uma vitória

 

Figueirense 0 x 2 Grêmio
Brasileiro – Orlando Scarpelli (SC)

 

O primeiro gol de Bobô (imagem: site oficial do Grêmio)

O primeiro gol de Bobô (imagem: site oficial do Grêmio)

 

Houve um tempo em que iniciava esta Avalanche antes mesmo do apito final e arriscava um raciocínio, sempre em favor do nosso time, é claro, que poderia ser desmentido no chute a gol a seguir. O tempo, a prudência e a apreensão me desestimularam a persistir neste hábito. Esta noite, porém, talvez pelo primeiro gol marcado tão cedo, a mão coçou e o desejo de começar a escrever antes do fim da partida me fez abrir o computador e ensaiar este parágrafo. Ainda estava 1 a 0 quando iniciei-o, parei duas ou três vezes, assustado por alguns ataques do adversário e vacilos da defesa, mas não me contive ao ver o segundo gol se concretizar.

 

Curiosamente, comecei esta partida sem a mesma ambição de jogos anteriores, talvez desconfiado da capacidade de nosso elenco que seria mais exigido do que em qualquer outra oportunidade neste campeonato. Por lesão, por cartão e por convocação entramos em campo sem cinco importantes jogadores: três que fazem parte da nossa fortaleza, Marcelo, Erazo e Maicon; um maestro, Douglas; e o craque e goleador, Luan. A tarefa não seria fácil, mesmo porque estaríamos jogando fora de casa e diante de um daqueles adversários que sempre causam problemas, dada a rivalidade regional.

 

A despeito de todos esses problemas que poderíamos ter, conseguimos uma vitória importante. Uma importância forjada pelas nossas próprias carências. Soubemos entendê-las e superá-las, mesmo que alguns dos substitutos não se mostrassem a altura dos titulares. Foi, contudo, no padrão jogado pelo Grêmio de Roger que chegamos ao primeiro gol. Pois se é verdade que o fizemos após cobrança de escanteio, também é verdade que o escanteio foi resultado de intensa troca de passes e movimentação de nossos jogadores pelo lado esquerdo. Já quanto ao escanteio, destacam-se o cruzamento de pé esquerdo de Maxi e o cabeceio de Bobô, dois dos que estavam entrando no time.

 

Estávamos construindo pouco e destruindo muito, impedindo o adversário de jogar com um sistema defensivo coeso. Quando erramos feio, consertamos, haja vista a defesa feita por Bressan no lance em que não tínhamos mais goleiro para nos defender. Nosso zagueiro, outro dos substitutos, bem que poderia ter comemorado como se fosse um gol. Foi, então, que mais uma vez o futebol ensinado por Roger fez a diferença em campo. No contra-ataque, com pouco mais de cinco toques, rápidos e precisos, e o deslocamento de nossos jogadores, Pedro Rocha apareceu na frente do goleiro adversário para fazer aquilo que nos esperamos dele: concluir em gol.

 

Nesta noite, não fizemos muito, mas fizemos o suficiente. E a vitória deixa o Grêmio mais próximo do líder, encostado no vice-líder, e, principalmente, muito mais consolidado na vaga para a Libertadores.

Avalanche Tricolor: o Grêmio privilegia a diversidade na busca do gol

 

Grêmio 3 x 1 Coritiba
Copa do Brasil – Arena Grêmio

 

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Gostei muito dos gols do Grêmio. Sei que esta frase vai soar óbvia demais para você, caro e raro leitor deste Blog, afinal gol é gol, de cabeça, de calcanhar, com o bico da chuteira ou com a mão (que os puritanos não me leiam), se a favor do nosso time, a gente sempre gosta, principalmente quando estes gols nos deixam mais próximos de um título, que foi o que aconteceu na noite de ontem, na disputa por uma vaga às quartas-de-final da Copa do Brasil. Para que não pareça tudo tão óbvio assim, explico por que gostei tantos dos gols que nos deram a vitória na Arena.

 

O primeiro contou com a participação de nossos dois zagueiros e surgiu da cobrança de escanteio. Na última temporada e boa parte desta, havíamos deixado de marcar ou tornamos raros os lances de “bola parada”, como os entendidos descrevem os gols feitos a partir de cobrança de falta e de escanteio. O que era contraditório, pois durante muito tempo fomos “acusados” de só ganhar jogos e campeonatos com “bola parada”. Quantas vezes, ouvi críticos dizendo que este era o forte do Grêmio, como se não soubéssemos jogar de outra maneira. Gols de escanteio e faltas são armas importantes no futebol e resultado de treinamento intensivo para que não se transformem em acaso. Nas últimas partidas, já havíamos assistido a algumas vitórias conquistadas desta forma. Ontem, foi o recurso mais perigoso até marcamos o gol de abertura e contamos com a presença decisiva de Erazo e Geromel.

 

O segundo gol foi de “bola jogada”, se é que você me permite usar esta expressão para contrapor à “bola parada”. Foi resultado deste novo Grêmio que temos assistido surgir na Arena sob a batuta de Roger. Passes rápidos e precisos, movimentação de jogadores com intensa troca de posição e, claro, apuro técnico, fundamental para que a bola role de pé em pé até seu destino final. Fernandinho foi genial ao perceber o aparecimento de Luan no meio dos zagueiros, quando todos imaginavam que o melhor seria Marcelo Oliveira que chamava atenção da marcação. Luan foi brilhante ao deslocar o goleiro com um toquinho de lado e oferecer a Douglas a oportunidade de concluir a jogada em gol. E Douglas, foi Douglas, o nosso camisa 10.

 

O terceiro gol, fruto de um erro do árbitro que marcou pênalti em falta que ocorreu na meia lua da área adversária, me deixou feliz porque mostrou quanto seguro está Luan vestindo a camisa do Grêmio. Pediu para bater, teve o aval do técnico e o fez de maneira magistral, tirando qualquer chance de o goleiro alcançar a bola antes dela chegar ao fundo do poço (expressão que roubei sem pudor do nosso Milton Ferretti Jung).

 

Ao descrever os lances, acredito que você já tenha percebido o motivo da minha alegria. Em uma mesma partida, mesmo que o desempenho geral não tenha sido excelente, fomos capazes de usar diferentes recursos para chegar ao mesmo objetivo: o gol.

 

O Grêmio de Roger joga futebol com a arte da diversidade.

Avalanche Tricolor: quanto mais treina, mais sorte o Grêmio tem

 

Coritiba 0 x 1 Grêmio
Copa do Brasil – Couto Pereira (PR)

 

Marcelo Oliveira em imagem reproduzida da transmissão da SporTV

Marcelo Oliveira em imagem reproduzida da transmissão da SporTV

 

Ouve-se cada coisa no futebol. Algumas explicam bem o que acontece dentro de campo, outras se distanciam da realidade. A primeira história que lembro nesta Avalanche, aliás, sequer do futebol é, faz parte do folclore do esporte mundial. O protagonista teria sido Michael Jordan, astro do basquete americano, que, consta, falou, certa vez, que quanto mais treina, mais sorte tem no esporte. Teria dito assim – e falo no condicional porque nunca vi a afirmação de fonte oficial – para chamar a atenção para a importância de treinar exaustivamente arremessos à longa distância, o que o levava acertar bolas consideradas impossíveis. Lance de sorte, comentavam alguns. Muito treino, ensinava Jordan.

 

Outra história, bem mais antiga, que lembrei hoje, é de Neném Prancha, roupeiro, massagista e técnico de futebol, chamado pelo jornalista Armando Nogueira de o ‘Filósofo do Futebol” devido as suas frases engraçadas e definitivas. Uma delas surgiu quando tentava ensinar um jogador qualquer a tocar a bola para seus companheiros em lugar de despachá-la de qualquer maneira: “bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama”. Na verdade, há quem diga que a frase nunca foi proferida por ele, mas criada por jornalistas que o admiravam. Seja qual for a verdade, o certo é que entrou para a história como sendo de sua autoria.

 

E você, caro e raro leitor deste blog, deve estar me perguntando por que abro esta Avalanche com lembranças do passado se a ideia é falarmos sobre a presente vitória gremista em gramados da Copa do Brasil? Porque as duas histórias me vieram à lembrança enquanto assistia ao Grêmio vencer, fora de casa, a primeira partida das oitavas-de-final da competição.

 

Apesar de o mau desempenho, a dificuldade para nos encontrarmos em campo e a pressão do adversário desesperado atrás de um gol no primeiro tempo, tivemos a sorte de irmos para o intervalo com o empate em zero a zero.
Mais uma vez, foi lá no vestiário que Roger acertou os ponteiros do time, literalmente. Trocou Rocha por Fernandinho, jogadores que atuam como antigamente faziam os ponteiros esquerdos, esses que o tempo aboliu, disparando com dribles pelo lado do campo. E essa troca fez uma baita diferença (aliás, mais uma vez). Que sorte que o Roger fez a mudança, não?

 

Nossa sorte voltou a prevalecer no segundo tempo, assim como a lição de Neném Prancha, pois resolvemos colocar a bola no chão e fazê-la girar com velocidade e precisão, marca deste time armado por Roger. Foi em uma dessas trocas de passe, seguindo a risca o ensinamento do “Filósofo”, que Douglas encontrou Marcelo Oliveira chegando livre, sem marcação e com espaço para disparar um bomba, que resultou no primeiro, único e necessário gol da partida. Pegou bem no pé e colocou a bola distante do goleiro. Um lance de sorte, dirão alguns. Resultado de muito treino, lembrará Oliveira.

 

Por falar em coisas que ouvimos no futebol. Hoje, acompanhei o bate-papo de meus colegas de rádio CBN, Juca Kfouri e Roberto Nonato, no Jornal da CBN 2a. Edição. O primeiro apostou na vitória do Coritiba e o segundo, no empate. Ambos concordaram com a ideia de que o time paranaense teria mais chances por seu bom histórico na Copa do Brasil e a necessidade de se recuperar do fraco desempenho no Campeonato Brasileiro. Erraram os dois, talvez porque ainda não tenham percebido que o Grêmio não segue a lógica do futebol (como, aliás, já escrevi em Avalanches anteriores). Diríamos que o Grêmio é um time de sorte, principalmente quando entende que a “bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama”.

Avalanche Tricolor: a essência de ser gremista

 

Grêmio 2 x 1 Joinville
Brasileiro – Arena Grêmio

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Só quem não é gremista ou esqueceu o que é ser, imaginava que após duas vitórias retumbantes no Campeonato Brasileiro, teríamos um resultado tranquilo apenas porque estávamos diante de nossa torcida e enfrentávamos um time da zona de rebaixamento. Sem dúvida, a goleada no clássico regional, domingo passado, e a conquista alcançada na casa do adversário, que disputa o título diretamente com a gente, na última quarta-feira, seriam motivos de sobra para acreditarmos que os três pontos desta rodada eram favas contadas. Perdão, mas o Grêmio não joga com a lógica do futebol. E o torcedor do Grêmio tem consciência disso. Se não o tem, está na hora de aprender a lição. Nascemos e escolhemos torcer por esse time porque o sofrimento nos torna maior, mais gremistas ainda.

 

Tudo bem, apesar dessa saga histórica que enfrentamos, não esperávamos um time tão apático no primeiro tempo. Tão distante daquele futebol que encantou nas últimas rodadas. Parecia queremos dar razão aos críticos que ainda põem em dúvida a qualidade técnica do Grêmio e a capacidade de disputar o título. Erramos o que não vínhamos errando ultimamente: na forma de marcar, de pressionar a saída de bola e de partir em velocidade. E deixamos de acertar o que foi nosso grande diferencial nas duas últimas vitórias: o passe.

 

Sei que agora é fácil escrever, mas se nada dava certo no primeiro tempo – nosso único mérito foi contar com a sorte – tinha esperança de que no vestiário as coisas se ajeitariam. Minha esperança era Roger. Têm falado muito das qualidades estratégicas dele e da maneira como conseguiu mudar a forma de jogarmos futebol e recuperou alguns jogadores que estavam desacreditados. Essa é uma obra que se realiza no cotidiano dos treinos e foi nele que ajustou a equipe, reposicionou jogadores e implantou o estilo moderno que vemos em campo. Hoje, porém, Roger foi colocado à prova, pois precisaria mudar o ânimo e o jogo nos poucos minutos que tinha entre o primeiro e o segundo tempos, no intervalo da partida. E conseguiu.

 

O Grêmio que voltou do vestiário foi o Grêmio que nos tem feito vibrar neste campeonato. Era um time completamente diferente já no primeiro minuto quando partiu para cima do adversário com força, velocidade e prudência. Curiosamente, nossa virada se deu por caminhos que não costumamos trilhar: na cobrança de escanteio, aproveitada por Erazo, e na de falta muito bem batida por Galhardo. “Fizeram gols de bola parada”, dirão alguns na tentativa de desmerecer nosso resultado. Ledo engano. Fizemos gols porque a equipe voltou para o segundo tempo convencida, por seu técnico, da qualidade e força que tem, e sabendo de que ambas somente fariam diferença se executadas à exaustão.

 

Daqui pra frente será sempre assim. Somos um dos times a serem batidos pelos adversários. A cada partida estaremos disputando uma decisão. É bem possível que algum revés apareça. Portanto, é bom que você esteja preparado, pois ainda haverá muito sofrimento até a conquista final. Essa é a essência de ser gremista!

Avalanche Tricolor: eu já fiz a minha escolha

 

Criciúma 0 (3)x(4) 1 Grêmio
Copa do Brasil – Heriberto Hülse/Criciúma (SC)

 

Time comemora classificação com Grohe (foto do Grêmio Oficial no Flickr)

Time comemora classificação com Grohe (foto do Grêmio Oficial no Flickr)

 

Decidir nos pênaltis estendeu minha noite para além do prudente, mas o resultado final fez a espera valer a pena, e acordar ainda de madrugada nessa quarta-feira não foi um fardo para este “trabalhador do Brasil”. Aliás, meus amigos Dan, Teco e Zé, colegas do Hora de Expediente,no Jornal da CBN, ressaltaram a felicidade emitida na voz a despeito do cansaço, durante o programa de hoje. Motivos não faltaram, pois, em campo, não disputávamos apenas uma vaga à próxima fase da Copa do Brasil, precisávamos mostrar a nós mesmos que os resultados positivos da gestão técnica de Roger não haviam sido ocasionais. O revés na primeira partida, em casa, também dava munição aos que ainda não confiam na capacidade dele e, principalmente, na da equipe em apresentar futebol qualificado e diferente. E se os sintomas ruins persistissem, eu temia pelo reflexo no restante da temporada, principalmente no Brasileiro.

 

Mesmo diante de um estádio cheio e provocativo e de um time bastante motivado, com outro jovem e criativo técnico no comando, que tinha a vantagem do empate para seguir em frente, o Grêmio demonstrou personalidade, impôs seu jeito de jogar e soube encontrar o ponto de equilíbrio entre a coragem e a prudência. Há quem entenda que fomos adiante por acaso, com um gol sem querer, alguns lances de sorte no decorrer da partida e a ajuda da imprecisão na cobrança de pênaltis do adversário. Análise muito aquém do que realmente fizemos na noite de terça-feira quando demonstramos, antes de mais nada, a capacidade de reação do time.

 

O gol de Pedro Rocha, por exemplo, foi resultado da movimentação constante dos jogadores de meio e de ataque mais a precisão na troca de passes, que aumenta consideravelmente quando Douglas está inspirado. Mesmo não estando com sua melhor formação, o que nos leva a pensar na necessidade de reforços para o setor,a defesa se comportou com a firmeza exigida e contou com Marcelo Grohe em seus melhores dias. Nos pênaltis, aliás, Marcelo foi genial e não vê-lo como o principal responsável pelas cobranças desperdiçadas do adversário é uma tremenda injustiça com o baita goleiro que nós temos.

 

A propósito, já que demos mais um passo à frente na Copa do Brasil,antes que alguém me pergunte, antecipo-me a dizer: quero, sim, que o Grêmio deposite todo seu esforço na conquista desta competição, apesar de disputá-la em paralelo com o Campeonato Brasileiro. Ainda não é hora de abrir mão dessa ou daquela competição. Temos de jogá-las dispostos a fazer o nosso melhor a cada partida e cobrar que a diretoria ofereça a Roger um elenco com capacidade de suportar o desgaste da sequência de jogos. Entre a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, eu já fiz a minha escolha: ganhar sempre. Ou, lutar sempre para ganhar!

Avalanche Tricolor: a superstição não é capaz de resolver todos os nossos problemas

 

Flamengo 1×0 Grêmio
Brasileiro – Maracanã/RJ

 

Confio mais em Roger do que em superstição (foto Grêmio Oficial no Flickr)

Confio mais em Roger do que em superstição (foto Grêmio Oficial no Flickr)

 

Houve época em que para assistir ao clássico gaúcho no campo adversário, seguia para lá acompanhando parte da diretoria e comissão técnica do Grêmio. Era jovem ainda e meu pai, que narrava as partidas, por segurança, entregava minha guarda a um de muitos amigos que tinha no clube. Isso me permitia, por exemplo, o privilégio de chegar ao estádio e frequentar dependências restritas à delegação visitante. Lembro de quando entramos no vestiário que, em seguida, receberia os jogadores gremistas, e encontramos os espelhos pichados com palavras de ameaça religiosa. Se é que a memória não falha, havia coisas do tipo “suas pernas serão presas pelo santo-sei-lá-qual”. Isso foi pelas décadas de 1970 e 1980. Prontamente pessoas que estavam comigo começaram a apagar as frases pois disseram que se os jogadores lessem as ameaças teriam seu desempenho afetado em campo. Parece-me que vencemos aquele clássico.

 

As superstições sempre fizeram parte da nossa vida e, na maioria das vezes, de forma inexplicável. Aliás, essa é uma de suas características já que são crendices, estão baseadas em situações de casualidade que não podem ser analisadas de forma racional ou empírica. O esporte é rico nessas histórias. Você há de se lembrar de Zagallo que impôs ao número 13 a responsabilidade pela classificação do Brasil para o Mundial da Alemanha, em 2006. Muito antes disso, em 1962, os jornalistas que cobriam a Copa foram levados a repetir em todos os jogos a mesma roupa que vestiram na primeira partida. Fomos bicampeões. Tem jogador que se trocar o número da camisa marca menos gol, há os que tomam o cuidado de entrar em campo pisando com o pé direito ou fazem o sinal da cruz inúmeras vezes.

 

No Grêmio, até algumas rodadas atrás, a camisa azul em degradê foi vestida à exaustão, partida após partida, pois seria ela a responsável pelo bom desempenho da equipe e a sequência de vitórias que nos levaram ao topo do Campeonato Brasileiro. Sexta-feira passada, um amigo tricolor me ligou pois soube que eu havia assistido à derrota contra o Criciúma, pela Copa do Brasil, em casa, aqui em São Paulo, e não no exterior, como fiz nos jogos anteriores em que tivemos muito mais sucesso. Fiquei na dúvida se a sugestão dele era que eu estendesse minhas férias até o fim do Brasileiro ou apenas desistisse de ver o jogo contra o Flamengo. Eu assisti ao jogo de sábado à noite em casa da mesma maneira que havia feito na terça-feira. Perdemos, como você já sabe.

 

Bem que eu gostaria de acreditar que foi a minha decisão a responsável pelo mau desempenho gremista, no Maracanã. Mas, infelizmente, a falta de precisão do meio para frente e de inspiração do meio para trás têm outras causas muito mais de caráter técnico e tático do que sobrenatural. E para resolvê-las prefiro confiar na capacidade de Roger.