ONG acusa empresa de não descontaminar Lixão da Alemoa

 

 

 

O terminal marítimo do Porto de Santos pode estar sendo construído sobre um terreno capaz de provocar uma série de riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. A acusação é feita pela ONG Educa Brasil que questiona o trabalho de descontaminação no antigo Lixão da Alemoa, que por 50 anos serviu para despejo de resíduos da Baixada Santista, ação que teria contaminado aproximadamente 680 mil metros cúbicos de solo. De acordo com a ação civil pública da entidade, as empresas BPT – Brasil Terminal Portuário e Codesp – Companhia Docas do Estado de São Paulo não teriam concluído o trabalho de descontaminação, condição única para que a construção do terminal se realizasse.

 

O advogado Paulo Morais, com quem conversamos no Jornal da CBN, disse que até agora as empresas não apresentaram documentação que comprove a conclusão do serviço. Além disso, o Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional não teria sido consultado apesar de a remoção no terreno ser uma operação de risco ao patrimônio devido a existência de riquezas arqueológicas no local (ouça a entrevista aqui). A ONG Educa Brasil entrou com ação civil pública pedindo explicações às empresas envolvidas na operação.

 

Uma curiosidade identificada nas fotos aéreas feitas do terreno do Lixão da Alemoa antes do início do trabalho nas áreas contaminadas (marcadas em amarelo) é a mudança na geografia do terreno que fica na orla de Santos: “a intervenção da empresa mudou o mapa do Brasil”, disse o advogado.

 

Agora o outro lado (publicado às 11h22)

 

A BPT, em entrevista na manhã de hoje no Jornal da CBN (ouça aqui), afirma que o trabalho de descontaminação do terreno foi concluído e não há nenhum risco à saúde das pessoas ou ambiental. O advogado da empresa Marco Antonio Martorelli nega que o Iphan não tenha sido comunicado das operações realizadas no local. À assessoria de imprensa da BPT foi pedido o laudo que comprova as declarações do advogado, mas a informação é que não havia condições de enviá-lo à redação da rádio CBN

Futebol em rede e na rede

 

O mundo vive em rede muito antes do Twitter, Orkut e Facebook surgirem, mas a ideia da conexão e seu reflexo na sociedade atual ganharam ressonância neste século e têm sido referência para todas as relações que mantemos. O que se assistiu na final do Mundial de Clubes é um símbolo dos modelos de administração vigente nas corporações como demonstrou em dois gráficos Paulo Ganns, da Escola de Redes, que conheci pelo Twitter de Augusto de Franco. Os quadros mostram como Barcelona e Santos se comportam em campo e não é preciso muito esforço para entender qual o tipo de relacionamento é mais produtivo em nossas vidas:

Avalanche Tricolor: Na chuva, no barro e histórica

 

Santos 0 x 1 Grêmio
Brasileiro – Vila Belmiro

No futebol quando o time perde vai para o brejo, se o jogador tem talento dá o drible da vaca e quando despacha a bola manda para o mato porque o jogo é de campeonato. Se a partida está ruim, dizem que é de várzea. Mato, brejo, várzea e vacas nos acompanharam no encharcado que se transformou a Vila Belmiro após dias seguidos de chuva forte em parte do Estado de São Paulo. Jogadores torciam a camisa para tirar o excesso de água, a grama foi ficando marrom do barro que subia a cada passada e a bola, pobre dela, era empurrada para frente do jeito que dava. A estatística na televisão mostrou a certa altura que as duas equipes haviam errado 70 passes sem que os 90 minutos tivessem se encerrado. Deveriam informar quantos foram os certos.

Se a chuva não para, o campo encharca e o barro aparece, azar dos outros. Para quem cresceu jogando nos gramados do interior gaúcho estes são desafios que se aprende a superar quando pequeno. Se a bola não quer entrar na primeira, empurrasse para dentro do gol na segunda, como no pênalti não convertido por Douglas e concluído por Escudero, este argentino que dribla os esteriótipos ao jogar calado, concentrado e disposto a aparecer apenas com o seu talento (repito aqui definição publicada em Avalanche anterior).

A vitória histórica – a primeira em um Campeonato Brasileiro na Vila – renova minha esperança, mesmo que o futebol jogado não tenha sido lá estas coisas. Mas ver Fernando dando um carrinho dentro da área para impedir o gol adversário, como ocorreu quando ainda estava 0 a 0, me entusiasma. Olhar a tabela de classificação e ver que saltamos dois postos neste fim de semana, me instiga pensamentos maliciosos. Ler como li em reportagens pós-jogo que o Grêmio ainda tem chances remotas de chegar a Libertadores e saber que a turma lá de cima se digladia como louca, me faz pensar. Será que ainda dá ? Não sei, não. Mas se continuar a chover deste jeito, quem sabe isto não acabe em uma incrível Avalanche Tricolor.

Avalanche Tricolor: Steve Jobs, o Imortal

 

Grêmio 1 x 0 Santos
Brasileiro – Olímpico Monumental

Vibrava com as jogadas de um time que se transformou neste campeonato; vibrava ao ver Douglas jogar como um guerreiro, do que jamais imaginei lhe chamar um dia; assim como vibrava com os dribles de Escudero e as descidas alucinadas de nossos laterais; quando um torpedo aterrissou em meu celular com a não inesperada notícia da morte de Steve Jobs.

Nasci no jornalismo, em 1984, quando o mentor da Apple trazia ao mundo o Mac II, que tinha como grande façanha permitir o acesso dos cidadãos comuns a um mundo até então reservado aos nerds. Mas apenas fui descobrir as coisas fantásticas que ele e sua equipe criaram muitos anos depois ao comprar o primeiro PowerBook, na virada do século. Rapidamente me apaixonei pela praticidade e criatividade das máquinas e da marca. Airbook, MacBook, IMac, Ipod, Iphone, Itouch e, finalmente, o Ipad se misturaram aos móveis da minha casa. E da minha vida. Consumi cada novo livro que citava Jobs, cada página de revista que trazia informações sobre ele. Considero-me relativamente informado sobre o homem que liderou uma das empresas mais revolucionárias do mundo a ponto de não me iludir com as fantasias e mitos que surgiram em torno dele. Nada me tirou, porém, a paixão por sua obra e criatividade. A arte de Steve Jobs é a inovação e isto nos marcará para todo e sempre.

O ritmo alucinado do Grêmio na tela da televisão, porém, arrancou a tristeza que me abatia. E sem perceber estava novamente ligado pelas emoções do futebol fascinante que o time impôs no estádio Olímpico. Voltei a vibrar e socar o ar quando a vitória de realizou.

Grêmio, só tu pra me fazer sorrir nesta noite em que lamento a morte de um dos grandes gênios que já passaram entre nós.

Pensando bem, Steve Jobs é como o Grêmio, um Imortal.

Referendo para decidir número de vereadores em Santos

 

A cidade de Santos tem 17 vereadores, mas a lei permite até 23, pois tem cerca de 400 mil moradores. Resta saber se eles querem o aumento no número de parlamentares. É com esta intenção que foi proposta a realização de uma consulta popular, durante debate promovido pela OAB, na quarta-feira. A ideia do referendo pode ajudar na mudança de comportamento do cidadão, afastado das discussões legislativas.

Além da baixa participação popular nas decisões tomadas pela Câmara Municipal, advogados, estudantes, ativistas e representantes de partidos políticos reclamaram da judicialização da política brasileira e das despesas dos poderes públicos, entre outras questões.

Antes do debate, conversei com o coordenador da Comissão de Assuntos Legislativos e Direitos Políticos da OAB, subseção de Santos, Renato Luiz de Jesus, que ressaltou para o fato de que o aumento no número de vereadores não garante maior representatividade da população. “Se perguntar às pessoas quantos vereadores a cidade precisa, muitas dirão que nenhum”, falou ao comentar o baixo nível de confiança da classe política.

Ouça a entrevista do advogado Renato Luiz de Jesus, ao Jornal da CBN

Você acha que a sua cidade precisa de quantos vereadores? Seja quantos forem, eu recomendo: adote um vereador, é uma das ferramentas que temos para garantir que ele será um representante seu no parlamento.

Santos Futebol Clube paulistano

 

A Vila é a sede, Santos é a cidade. Desculpe-me, porém, torcida peixeira, mas temos de admitir que cada vez mais o tricampeão da Libertadores é um time paulistano. Ter decidido o mais importante título de sua história pós-Pelé no estádio municipal do Pacaembu não é mero acaso.

Das oito conquistas neste milênio, apenas duas foram em casa e ambas pelo Paulistinha que não costuma mesmo ser muito exigente nem levar tanta gente assim para a arquibancada. Em quatro delas, a festa foi na capital como na noite desta quarta-feira em que quase 37 mil torcedores do Santos tomaram o Pacaembu e de lá saíram a comemorar um justo título pelas ruas da cidade.

Leia este texto completo no Blog Adote São Paulo, da revista Época SP

Avalanche Tricolor: Reféns de nossas façanhas

Santos 0 x 0 Grêmio
Brasileiro – Vila Belmiro (SP)

Mal terminado o jogo, ouvi do comentarista de plantão que se o Grêmio quisesse a vaga da Libertadores precisaria jogar mais do que na noite deste sábado. Fui navegar e leio na capa do Terra que o “Grêmio só empata com o Santos”.

Foram motivadoras as afirmações. Consagradoras, também.

O adversário era o time sensação do ano, atuando em casa e disposto a tirar o Grêmio da Libertadores como confessou o seu técnico interino. Por mais de uma hora de partida teve um jogador a mais em campo – o goleador do Brasileiro havia sido expulso -, um pênalti corretamente marcado a seu favor e um árbitro que usou medidas diferentes para punir e, assim, agradar os da casa.

Este cenário nāo amedrontou o Grêmio que teve de redescobrir a maneira de chegar ao ataque sem o seu artilheiro, seja pelos gols que faz seja pela movimentação e atenção que exige do adversário, principalmente. Com a bola no chão, de pé em pé, algo difícil de se fazer quando há maioria do lado de lá, se aproximou do gol santista, fez o goleiro contrário se esforçar para impedir nossa vitória e jogou como se 11 vestissem sua camisa.

Lá atrás, o incrível VÍtor haveria de marcar o seu gol ao repetir contra o Santos o que fez em todo este campeonato. Ele terminará a competição com feito inédito, pois defenderá mais pênaltis do que levou.

Foram nove no Brasileiro. Como é fácil marcar pênalti contra nós, talvez seja pela admiração que os árbitros tenham de assistir ao Vítor defendendo-os. Os atacantes só tiveram sucesso em três deles.

Nosso goleiro muda a ordem natural dos fatos com este desempenho. Que ninguém mais diga que o pênalti é o martírio dos goleiros. Pênalti contra Vítor é o pesadelo dos atacantes.

Apesar de tudo isso, os críticos ainda tiveram coragem de dizer que seria preciso mais, que fizeram pouco. Mal acostumados que estão com nossos feitos, provavelmente. Parecem considerar normal que o Grêmio atue com um jogador a menos – e o seu gioleador, pois devem se lembrar que já fomos campeões com apenas sete. Parecem acreditar que pênaltis são para serem defendidos, afinal é o que Vítor mais faz.

Talvez tenham razão mesmo. Foi assim que forjamos nossa imortalidade, na intempérie, contra o destino traçado pelo adversário, tenha ele uma camisa diferente ou um apito na boca.

Somos reféns da nossa própria história. E todos estāo sempre a espera de um grande façanha.

Nós também.

Avalanche Tricolor: Obrigado, Vitor ! E nos desculpe

 

Grêmio 1 x 2 Santos
Brasileiro – Olímpico

ESPECIAL+VICTOR

Vítor é majestoso com seu rosto tranquilo e gestos calculados. Gigante ao abrir os braços. Ágil para mudar o corpo de direção quando a bola tenta enganá-lo. Impõe respeito aos mais atrevidos atacantes do futebol brasileiro, mesmo diante da desvantagem de uma cobrança de pênalti. E apenas confirma o acerto de Mano Menezes de convocá-lo como titular da seleção brasileira. Deve ter enchido o técnico de orgulho na noite dessa quarta-feira com as defesas inacreditáveis que fez. Que seja feliz ao menos por lá, ele merece.

A nós, cabe pensar que um grande time começa por um grande goleiro. E entender que se este time não está grande, a necessidade é que o goleiro seja ainda maior.

Obrigado, Vítor !

Aprender com a derrota

 

Airton Gontow é jornalista, gaúcho e gremista como eu. Temos diferenças, porém. Ele esconde os quadros vermelhos da casa quando o Grêmio aparece na televisão. Dá um baita azar, garante. Eu desisti das minhas supertições e resolvi, inclusive, deixar de lado a mania de pedir a Deus uma ajudinha. Ele tem tantas coisas para resolver entre nós que prefiro não ocupá-lo com mais estes assutos (pelos Deuses do Futebol, é verdade, costumo chamar).

Apesar das manias, Gontow é mais racional ao analisar o desempenho do nosso time. Escreve com conhecimento e argumento, enquanto eu pego a flanela e me esforço em lustrar cada feito, mesmo quando somos derrotados. Ontem à noite, pouco depois do jogo com o Santos, Airton Gontow já tinha traçado a avaliação que você lê, assim que clicar no link abaixo:

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Avalanche Tricolor: Vale a pena ver


Santos 3 x 1 Grêmio

Copa do Brasil – Vila Belmiro


Vi Pelé jogar, ao vivo, uma única vez, no fim dos anos 60. Não tinha mais do que cinco anos de idade e fui ao estádio grudado na mão de meu pai, ansioso para assistir ao maior jogador de futebol do mundo. Da minha casa ao Olímpico, o caminho era curto e precisava passar por uma ruela de areia, com esgoto correndo dos dois lados.

Lembro pouca coisa daquele dia. O estádio cheio, um alambrado dividindo as arquibancadas da pista que circunda o gramado e eu driblando o corpo das muitas pessoas que estavam em pé na minha frente para enxergar Pelé. Arrisco dizer que minha memória guarda a imagem dele conduzindo a bola no meio de campo. Mais não sei dizer.

Mas eu vi Pelé jogar. E ninguém será igual a ele.

Hoje à noite, meu Grêmio enfrentou um grande adversário. Que não tem mais Pelé, mas tem Ganso, um craque que por seu equilíbrio é capaz de desequilibrar qualquer partida. E o fez no único momento em que sua marcação esteve desatenta. Assim são os jogadores excepcionais.

O futebol jogado pelo Grêmio, em especial no primeiro tempo, esteve a altura do que se esperava para esta partida. E encheu os olhos do torcedor. Demonstrou segurança e maturidade, foi eficiente na marcação, não deixou o adversário jogar,  fez a bola passar de pé em pé com velocidade e chegou várias vezes ao gol.

Cada roubada de bola e saída para o ataque me davam orgulho de torcer por um time como este. Faziam aumentar minha esperança em uma temporada que apenas se inicia. Abria meus olhos para o jogo de qualidade que somos capazes de executar, e para o quanto podemos evoluir ainda este ano.

Porém, o Santos tinha Ganso e isto faz diferença.

Ganso não é nem nunca será Pelé.  Mas é um atleta que vale a pena assistir em campo, mesmo quando enfrenta nosso time do coração.