Fim do São Vito é um pecado contra São Paulo

“Querido São Vito! A vós recorro porque em vós eu vejo uma esperança para a minha saúde, uma luz para a minha vida. Sinto que a vossa proteção me reanima na minha fraqueza. De vós espero alívio na minha aflição, calma nos momentos de irritação, equilíbrio na perturbação, força de vontade para superar tudo o que é negativo. A vossa bênção me dará um pensamento positivo, paz, segurança, tranquilidade”

Da oração de São Vito, padroeiro dos epiléticos, destaco trecho acima em um rasgo de imaginação no qual o Centro de São Paulo estaria a clamar de joelhos por uma ajuda desesperada do combalido prédio, batizado com nome santo, na avenida do Estado.

Bem sabemos que nem o Centro fala, nem o São Vito ouve. Menos ainda a prefeitura haverá de mudar seus planos para a edificação. Sem fé na recuperação do espaço, aguarda a demolição total do São Vito e seu vizinho Mercúrio até o fim deste mês de março para construir em seu lugar parque e estacionamento de carro (é lógico !).

Alucinação pós-carnavalesca esta minha, talvez. Provocada não pelas ideias mirabolantes cantadas nos sambas-enredo das escolas paulistanas, mas pela foto enviada, nesse feriado, pelo jornalista Marcos Paulo Dias que passou pelo que resta do São Vito. Coberto por uma rede de proteção, deste ponto de vista o prédio parece um gigantesco carro alegórico a homenagear não sei bem a quem e ao que.

Destruição do São Vito

A boa intenção do São Vito – o prédio -, projetado por Aron Kogan e Waldomiro Zarzur, era permitir que um número maior de famílias morasse no centro da cidade, onde haveria mais estrutura e serviço à disposição, evitando os custosos deslocamentos que enxergamos atualmente. Ao ser inaugurado em 1959, tinha 624 pequenos apartamentos, comércio no térreo e sobreloja, e auditório na cobertura (moradia, serviço e cultura). Seguia os mesmos moldes de prédios paulistanos famosos como o Conjunto Nacional (de 1956) e o Copam (de 1961).

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