Nove dicas (e mais uma) para criar senhas seguras

 

 

Em questões de segundos, o dinheiro da conta vai parar no cartão de viagem e do cartão de viagem no caixa do comerciante. A operação eletrônica envolve meu computador e o terminal de pagamento da loja. No computador, acesso minhas contas bancárias no Brasil e dependendo a instituição são exigidas uma ou duas senhas, o token eletrônico e algumas confirmações de datas de nascimento. No terminal de compras, basta deslizar o cartão e assinar o recibo na própria maquininha, sem necessidade de apresentar qualquer identificação ou senha. Mais rápido do que colocar as compras nas sacolas de plástico usadas aos borbotões por aqui, tanto quanto no Brasil, apesar das várias campanhas pelo consumo sustentável.

 

A vida ficou muito mais fácil com o uso dos meios eletrônicos, pois somos capazes de fazer transações sem por a mão no dinheiro e pagamos contas à distância, como tenho feito quase todos os dias aqui dos Estados Unidos. Ainda agora agendei o pagamento do IPVA através da minha agência eletrônica que armazenava todos os dados do meu carro (principalmente o número do Renavam) que está no Brasil, graças a transação feita no ano passado.

 

Tudo isso pode se transformar em transtorno caso você seja alvo de hackers dispostos a roubar seus dados, seu dinheiro e tranquilidade. Apesar de estar ciente de que não existem senhas totalmente seguras nem sistemas imunes a ataques, é sempre importante tomar alguns cuidados. O serviço No-IP relacionou nove dicas para se reduzir o risco de fraude eletrônica:

 

1. Não seja preguiçoso e evite as senhas mais comuns:

 

123456
123456789
password
admin
12345678
qwerty
1234567
111111
photoshop
123123
1234567890
000000
abc123
1234
adobe1
macromedia
azerty
iloveyou
aaaaaa
654321

 

2. Embaralhe tudo e escolha senhas com letras, números e símbolos (!, #, %)

 

3. Esqueça seus dados: evite usar dados relacionados a você, como nome do animal de estimação, data de nascimento ou suas iniciais.

 

4. Exercite sua memória: escolha uma senha para cada serviço.

 

5. Deixe o dicionário de lado: nunca use palavras encontradas nos dicionários. Você pode substituir o L’s por 1’s ou O’s por 0’s

 

6. Escolha senhas com oito caracteres ou mais (isso me faz lembrar meu irmão que em Porto Alegre tem senha de acesso ao wi-fi caseiro maior do que o poema Navio Negreiros, do Castro Alves)

 

7. Use o teclado virtual quando entrar com a senha. Esses teclados não deixam programas espiões capturar a informação

 

8. Use uma sequência de palavras aleatórias, como as sugeridas por xkcd Password Generator. Isto pode parecer difícil de lembrar (e é mesmo), mas existem estratégias para memorizar a senha (leia esta história em quadrinhos). Adianto-lhe que não consegui entender.

 

9. Use um protetor de senhas como Keepass, LastPass ou 1Password – programas de gerenciamento de senhas que vão ajudá-los a gerenciar suas senhas com segurança. Suas senhas são armazenadas por trás de uma senha mestra. Você só precisa se lembrar de uma senha para acessar o restante. Estes programas irão até mesmo gerar senhas seguras para você usar.

 

Se me permite, acrescento a dica de número 10: reze toda noite antes de dormir, diante de tanta facilidade e fragilidade “só Deus salva!”

De cartas

 

Por Maria Lucia Solla

 

 

E a senha serve para quê?

 

Senha era coisa de pós-guerra, quando cada família recebia uma, para comprar mantimentos básicos a preço de tabela. Mas não foi aí, o começo do seu reinado. Os egípcios já usavam senhas. Ah, os egípcios!

 

A senha para fins eletrônicos nasceu no início dos anos 1960, no Massachusetts Institute of Technology, e está dominando o mundo. é a mais nova pandemia. Seu reinado engorda como a dona Redonda, e por mim, poderia explodir. Tem senha que não acaba mais, e eu realmente não me dou bem com elas. Perco tanto tempo e energia tentando administrar senhas e nomes de usuário quanto os hackers tentando quebrá-las. Porque não inventam um leitor de digital acoplado ao computador? Onde estão os inventores deste Brasil?

 

Agora a App Store cismou comigo. Mudei meu e-mail, fui lá, bonitinho, como manda o figurino e mudei os dois campos: usuário e senha. No lugar no endereço antigo, o novo. A senha, no entanto, imaginada às pressas, é mais fácil de ser decifrada do que palavras cruzadas para criança. Prometo inventar uma bem cabeluda! Recebi a confirmação, tudo certo, dona Maria Lucia, sua senha já foi trocada. E lá fui eu, toda faceira, fazer o upgrade de programas que são essenciais para o meu trabalho.

 

Qual foi a retribuição da App Store? Há dias não reconhece meu novo endereço de e-mail. Entro na sala de gerenciamento da minha conta, e lá está, tudo certinho, com tique verde pra dizer que está tudo ok. Mas eu digo primeiro: não está tudo ok. Grrrrrrr!

 

Estou prestes a jogar a toalha, me livrar das máquinas e voltar a escrever em lindos cadernos. Vou comprar verduras na quitanda da esquina, o jornal na banca, na rua de trás, ler lindos livros de papel e escrever cartas. Muitas cartas.

 


Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung