
A velocidade com que gadgets chegam em nossas mãos é muito maior do que nossa necessidade. Neste momento me deparo com esta situação ao testar um Ipad, presente da família. Corri para a revista com a qual tenho maior intimidade por ser especializada nos produtos da Apple, a Mac+, e passei a folheá-la com ansiedade. Queria logo uma resposta para minha dúvida: por que preciso de um Ipad?
Lógico que o primeiro aplicativo que baixei foi o da CBN, tinha de testá-lo. E ouvir rádio nestes equipamentos para mim é a prova inconteste de que este veículo está sempre disposto a evoluir, característica que o levou a sobreviver e frustrar aqueles que por vezes assinaram seu atestado de óbito. No entanto, o Ipad me obriga apenas a ouvir rádio. E faz o som desaparecer, enciumado, se busco nova tarefa, comportamento nada mais natural nestes tempos (o meu, não o do Ipad).
Nas sugestões do editor e na navegação pela loja de aplicativos da Apple descobri outras funcionalidades. O acesso ao banco em um clique – menos o HSBC que teima em andar atrás da concorrência -, a leitura do jornal que já recebo em casa e do outro que demora a chegar na banca, algumas revistas e muitos livros de graça – nenhum em português que realmente valha a pena ler (se você souber de um deixe a indicação, por favor). De qualquer forma, livros que chegam pelo Ibook são ótimos de ler pelas facilidades oferecidas, dicionário prático, espaço para anotações e agilidade na busca.
A bateria dele é viciante, parece não terminar nunca. Falam em até nove horas ininterruptas. Uma goleada sobre qualquer outro equipamento eletrônico.
Ensaiei este post no Pages do Ipad – o Word da Apple -, demorei para encontrar algumas facilidades que havia nele e mais ainda para dar sequência aos parágrafos. Preferi correr para meu MacBook que já está totalmente dominado. Devo me acostumar com o teclado na tela, mesmo que não cosiga digitar com a mesma velocidade e muitos dedos além do ‘indicador’. Há uma irritante mania do programa sugerir palavras com letra maiúscula onde não deve. Até parece que não sabe falar em português (e não sabe mesmo).
O Keynote do Ipad é nota 10. Sou tão fã deste programa de apresentação que nem mesmo o fato de eu ser um neófito em Ipad me incomoda. Montar as telas com os dedos é fácil e interessante. Soube, porém, que arquivos do Keynote migrados para o Ipad tiveram problemas de adaptação. A Apple já teria feito os ajustes necessários. Não descobri como, pois minha primeira migração “deu pau” e arquivos de vídeo desapareceram.
No aplicativo do WordPress não consigo cadastrar meu blog ‘desenhado’ sobre esta plataforma mas com endereço Globo.com. Isto não chega a ser um problema. Encrenca é quando tento editá-lo pelo Safari, pois não dá pra rolar o texto nem a área de ‘categoria’. Ou seja, se depender do Ipad para atualizar o blog, tô ferrado. Pra escrever outro blog no qual sou colaborador e foi todo criado no WordPress, funciona de maneira razoável.
Sei que não tem máquina de fotografia nem vídeo, ruim para quem usa o Ipad para se comunicar via Skype, mas apenas por isso. Mesmo porque não vejo senso em tirar fotos com o equipamento, não é prático.
A resposta definitiva sobre a necessidade de estar com o Ipad em mãos não é muito clara para mim, ainda. Bem verdade que enquanto escrevia este post – e isto foi feito cada dia um pouco – mexi muito naquela tela e a quantidade de digitais que deixei é testemunha disso. Houve momentos, em que não fui capaz de abandoná-lo pelo Imac ou o MacBook que estavam sobre a mesa de escritório. Um comportamento revelador, sem dúvida.
Com todas estas dúvidas e sem ter explorado parte de aplicativos interessantes que estão a espera de um clic, não por acaso fui encontrar no conselho de uma terapeuta, nossa colega de blog Maria Lucia Solla, a melhor justificativa até aqui. O Ipad, assim como muitas das novidades eletrônicas que chegam ao mercado a todo momento, fascinam os adultos da mesma maneira que os brinquedos chamam atenção das crianças.
Portanto, pegue o seu e se divirta, sem dor na consciência.